quarta-feira, 3 de junho de 2020

As plantas e o efeito outonal


Por: Equipe PhenoGlad

 

O amarelo exuberante da folhagem de extremosa indica a preparação da planta para o inverno.

    Em locais de clima subtropical e temperado, algumas espécies vegetais perenes, principalmente as caducifólias, proporcionam belo efeito outonal com a mudança de cores na folhagem. Isto ocorre porque as plantas, com a chegada do outono, sofrem processos fisiológicos estimulados pelas noites mais longas e com temperaturas mais baixas. Os sinais visíveis ocorrem quando as folhas passam da cor verde para diferentes tons de amarelo ao vermelho. Fisiologicamente, estas mudanças são sinais de estratégias que essas plantas estão realizando para sobreviver às temperaturas baixas durante o inverno, quando elas entram em dormência. No final do verão, o fotoperíodo (período de luz ou duração do dia) é mais curto e as noites mais longas, e esse encurtamento do fotoperíodo é o gatilho para desencadear as mudanças hormonais e fisiológicas, que levam à mudança na coloração das folhas. O verde exuberante do verão é trocado pelo amarelo, seguido pelo laranja e, por vezes, o vermelho, e finalmente o marrom, quando as folhas senescem e se desprendem da planta.

Folhas secas nos gramados próximos de árvores caducifólias é o resultado de vários processos fisiológicos que aconteceram na planta antes da queda das folhas.

    Este processo de mudança de coloração das folhas ocorre devido à mudança gradativa de pigmentos existentes nas folhas. No verão, os pigmentos predominantes são as clorofilas, cujas moléculas são ricas em nitrogênio. No final desta estação, pelo estímulo fotoperiódico, inicia a degradação das clorofilas e a consequente translocação de nitrogênio das folhas para o caule e as raízes. Com isso, a concentração de clorofilas diminui drasticamente nas folhas, permanecendo em maior concentração os pigmentos denominados carotenóides, de cor amarela, laranja e vermelha. A coloração das folhas ainda pode evoluir para o vermelho devido a predominância do pigmento antocianina, sintetizado nas folhas em temperaturas ainda mais baixas. Por isso, algumas árvores como o plátano (Platanus spp.), o liquidambar (Liquidambar stiracyflua) e a extremosa (Lagerstroemia indica) não têm as folhas com coloração alaranjada ou avermelhada em todos os anos no Sul do Brasil, pois nem sempre a temperatura outonal é baixa o suficiente para promover a síntese de antocianina. O próximo passo na evolução da cor das folhas é a coloração marrom, quando os pigmentos são totalmente degradados.

O efeito outonal causa mudança de cores na folhagem, proporcionando dinamismo sazonal na paisagem.

    Durante este processo de mudança de cor na folhagem, na base do pecíolo da folha acontece a preparação de uma zona de abscisão, de modo que a separação da folha da planta aconteça sem perda de água e nutrientes. Assim, quando notamos a presença de folhas caídas sob a copa das árvores caducifólias, todos estes processos fisiológicos aconteceram na planta. Nas partes permanentes da planta (caule/tronco e raízes), a translocação dos nutrientes minerais móveis como o nitrogênio, o fósforo e o potássio, antes da caída das folhas, garante que não ocorrerá o congelamento da água no interior da planta em regiões temperadas, onde a temperatura atinge valores inferiores a -10oC no inverno.

    O efeito outonal sobre a mudança de cores na folhagem proporciona dinamismo na paisagem ao longo do ano. Por isso, em paisagismo, a escolha de espécies caducifólias para a composição de um jardim é uma ótima estratégia para marcar a passagem do tempo e das estações do ano, reproduzindo, assim, o dinamismo temporal nas paisagens naturais. As plantas caducifólias são o ponto focal do jardim no outono. O tapete de folhas secas que se forma sob as árvores caducifólias também é uma característica nestes jardins.

 

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Como maturar esterco de cavalo para fazer composto?

Embrapa ensina como produzir minhocas e húmus em pequenas ...

Esterco de cavalo é o composto favorito usado por fazendeiros, jardineiros e paisagistas para enriquecer o solo com nitrogênio, fósforo e potássio, melhorar a sua estrutura e capacidade de reter água. O esterco de cavalo pode ser aplicado cru ou depois da compostagem, mas há muitos benefícios em maturar e fazer a compostagem do esterco. O cheiro é reduzido depois da compostagem, e o processo fica quente o suficiente para eliminar sementes de ervas daninhas e qualquer patógeno que possa estar nele. Maturar o esterco do cavalo é fácil e traz ótimos resultados.

Estágio no Sítio dos Herdeiros: Vermicompostagem ou minhocários

  1. Encontre uma fonte de esterco de cavalo. Qualquer um que tenha um cavalo sabe quanto esterco ele pode produzir. Fazendeiros e criadores terão uma fonte estável de esterco misturado com serragem quando limpam as coxias. Provavelmente, você encontrará uma fonte segura de esterco gratuito.

  2. Decida uma localização para o processo de maturação do esterco. Uma vez que ele esteja maturado, haverá pouco cheiro, mas o esterco fresco produz um odor que talvez seus vizinhos não aprovem. Coloque a pilha longe das casas, incluindo da sua própria.

  3. Monte suas caixas de compostagem. Apesar de você poder fazer a compostagem do esterco em pilhas abertas, o processo será mais rápido e mais fácil de revirar e trabalhar caso esteja em recipientes. Você pode usar barris de plástico ou construir uma caixa com tela de galinheiro e postes de aço colocados no solo.

  4. Acrescente esterco fresco de cavalo e serragem nas caixas de compostagem. A serragem irá se decompor bem com o esterco e aumentar a taxa de decomposição, já que permitirá a entrada de mais ar no centro da pilha. Encha uma caixa completamente com o esterco e a serragem, já que é desejável que a compostagem se complete ao mesmo tempo. Qualquer material novo pode ser colocado em uma nova caixa.

  5. Revire o composto regularmente. A compostagem será mais ativa no centro, e misturar o material irá trazer a parte mais fresca para o centro, tornando o processo mais rápido.

  6. Use o composto de esterco em qualquer estágio do processo. Diferente do esterco de galinha, o de cavalo não contém um nível muito alto de nitrogênio, que queimaria as folhas e raízes das plantas. Você pode espalhá-lo nos leitos de vegetais e flores em qualquer estágio. Permitir que a compostagem se complete irá dar ao solo uma aparência mais suave e bem acabada, mas o esterco composto parcialmente funciona tão bem quanto.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Pesquisa desenvolve primeira cultivar brasileira de amendoim forrageiro propagada por sementes

Fonte site da embrapa

 

Foto: Judson Valentim

Judson Valentim - Pastagem de capim Brachiaria Brizantha com amedoim forrageiro, Fazenda Sinuelo, Rio Branco (AC)

Pastagem de capim Brachiaria Brizantha com amedoim forrageiro, Fazenda Sinuelo, Rio Branco (AC)

Uma nova cultivar de amendoim forrageiro, planta recomendada para o consórcio com gramíneas, pode intensificar a produção pecuária a pasto nos diversos biomas com baixo impacto ambiental. Desenvolvida pela Embrapa, a BRS Mandobi é a primeira cultivar nacional da leguminosa com propagação por sementes. Além de diversificar as pastagens, melhora a fertilidade do solo e a dieta animal e eleva a longevidade dos pastos. O alto rendimento de forragem de qualidade aumenta em 46% a produtividade do rebanho.

Segundo a pesquisadora Giselle de Assis, coordenadora da Rede Nacional de Melhoramento de Amendoim Forrageiro, a intensificação sustentável da bovinocultura a pasto é uma tendência em todas as regiões do Brasil, para assegurar a competitividade da atividade. Um dos modelos utilizados se baseia na associação de gramíneas e leguminosas forrageiras bem adaptadas, produtivas e economicamente viáveis, capazes de fornecer aos animais os nutrientes necessários para a produção de carne ou leite.

Fruto de parceria

Registrada no Sistema Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a tecnologia é resultado do projeto "Desenvolvimento de cultivares de amendoim forrageiro para uso em sistemas sustentáveis de produção pecuária", executado pela Embrapa Acre (AM), em parceria com a Embrapa Rondônia (RO), Embrapa Amazônia Ocidental (AM), Embrapa Amazônia Oriental (PA), Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Gado de Corte (MS), Embrapa Gado de Leite (MG), Embrapa Pecuária Sudeste (SP), Embrapa Pecuária Sul (RS), Embrapa Clima Temperado (RS) e Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), entidade que congrega 31 empresas do setor de produção de sementes.

“Pastagens consorciadas com amendoim forrageiro, quando bem manejadas, apresentam maior longevidade e garantem a manutenção da produtividade da forragem, por meio da fixação biológica de nitrogênio no sistema, com redução de custos com adubação nitrogenada e aumento da produção animal. A BRS Mandobi pode ampliar o uso dessa leguminosa na atividade pecuária, mediante a oferta de sementes nacionais de qualidade a preços mais acessíveis para o produtor rural”, explica a pesquisadora.

Potencial de uso da tecnologia

Entre outros fatores, a produção de forragem de qualidade e o desempenho produtivo de rebanhos bovinos de corte e leite estão relacionados ao uso de fertilizantes nitrogenados no processo de adubação de pastagens, mas, o alto preço do produto restringe a prática entre os produtores, especialmente em localidades da Amazônia. No Acre, a tonelada de ureia chega a custar R$ 2,6 mil, devido à grande distância em relação às indústrias produtoras e problemas na logística de transporte.

De acordo com o pesquisador Judson Valentim, da Embrapa Acre, o uso de gramíneas consorciadas com amendoim forrageiro representa uma alternativa eficiente para suprir a necessidade de nitrogênio nas pastagens, a baixo custo, já que a leguminosa consegue capturar esse nutriente do ar e fixar no solo, em função da associação da planta com bactérias que vivem na terra. A planta consegue incorporar até 150 quilos de nitrogênio na pastagem, o equivalente a 330 quilos de ureia, obtidos de forma natural, resultado que gera uma economia anual de cerca de R$ 600,00 por hectare, para o produtor rural.

“Esse ganho contribui para minimizar o uso de adubação química em pastagens, fator importante para a redução da emissão de gases de efeito estufa, uma vez que o processo de produção desses insumos emite grandes quantidades de carbono na atmosfera, contribuindo para uma pecuária mais sustentável. Outra vantagem do amendoim forrageiro é o elevado teor de proteína bruta presente na planta, entre 18% e 25%, nutriente que impacta diretamente a produtividade e a qualidade do pasto. O aporte proteico na dieta animal eleva o desempenho produtivo de bovinos por área, com baixas emissões de carbono, contribuindo para a mitigação dos impactos ambientais da produção de carne e leite a pasto”, diz Valentim.

Altamente produtiva, a BRS Mandobi produz três mil quilos de sementes por hectare. A tecnologia foi desenvolvida a partir de demandas do setor produtivo, gerada em função do alto custo com mão de obra no processo de implantação do consórcio com as cultivares de amendoim forrageiro disponíveis no mercado, todas propagadas por mudas. A nova cultivar é recomendada para os biomas Amazônia e Mata Atlântica e pode ser utilizada em consórcio com diferentes capins como Marandu, Xaraés, Piatã, Humidícola, Tangola, Decumbens, Mombaça, Massai e a Grama-estrela, entre outros tipos de forrageiras.

Demanda global

Estudos sobre a atividade pecuária na Amazônia indicam a existência de, aproximadamente, 46 milhões de hectares de pastagens cultivadas estabelecidas em áreas já desmatadas na região, com potencial de melhoramento a partir do uso de pastos consorciados com amendoim forrageiro. No Acre, a leguminosa já é utilizada em cerca de 80 mil hectares de pastagens, consorciadas com a cultivar Belomonte, propagada por mudas, mas a escassez de sementes e o alto custo do produto dificultam a expansão do uso da leguminosa.  Atualmente, as sementes disponíveis no mercado brasileiro são importadas da Bolívia e o quilo é comercializado a R$ 200,00.

A oferta de sementes nacionais de amendoim forrageiro é crucial para a adoção da tecnologia em larga escala, por produtores do Acre e de outros estados que já utilizam as cultivares propagadas por mudas, como Minas Gerais, Goiás e São Paulo, por baratear o custo do produto.

Conforme Valentim, há uma procura crescente por sementes de amendoim forrageiro de qualidade, tanto no mercado nacional como em países da América Latina, parte dos Estados Unidos e Austrália. A primeira área para produção comercial de sementes da BRS Mandobi será implantada em Campo Grande (MS), por meio de contrato firmado com uma empresa produtora de sementes de gramíneas forrageiras. “Por ser uma cultura nova, será um aprendizado para os empresários, mas acreditamos que a partir dessa primeira experiência, e com a finalização e recomendação do sistema de produção para a colheita100% mecanizada, outras empresas do ramo poderão produzir sementes da BRS Mandobi em escala comercial, para atendimento dessa demanda global”, ressalta o pesquisador.

Etapas da pesquisa

Realizadas no âmbito do Programa de Melhoramento Genético do amendoim forrageiro, coordenado pela Embrapa Acre, as pesquisas para desenvolvimento do amendoim forrageiro BRS Mandobi reuniram uma equipe multidisciplinar em diferentes frentes de trabalho, durante 20 anos, desde a seleção inicial das plantas que deram origem à cultivar. As diferentes etapas do processo investigativo envolveram análises moleculares da variabilidade genética de plantas de amendoim forrageiro para confirmação da identidade da BRS Mandobi, estudos para identificação dos teores de proteína bruta, fibra e digestibilidade da matéria seca produzida e análises da qualidade de sementes, com foco na obtenção do grau de pureza, vigor e viabilidade do produto, entre outras características genéticas da cultivar.

Em campo, os testes com a tecnologia enfatizaram aspectos como resistência a doenças, tolerância ao alagamento do solo e à seca, capacidade de persistência e compatibilidade da leguminosa no consórcio com gramíneas e eficiência no processo de semeadura das sementes. 

Como alternativa para viabilizar a produção comercial de sementes da BRS Mandobi, a Embrapa tem investido no desenvolvimento de uma máquina colhedora de sementes. O equipamento a ser disponibilizado para a indústria permitirá a colheita de forma totalmente mecanizada, processo estratégico para atrair o interesse de empresas produtoras de sementes comerciais. "Os testes com o primeiro protótipo confirmaram redução de 50% no preço do quilo do produto. A expectativa é diminuir ainda mais esse valor, com a versão final da máquina", diz Giselle de Assis.

Para o gerente da Unipasto, Marcos Roveri, a implantação de pastos consorciados com uma planta de excelentes níveis proteicos, boa palatabilidade para o gado e capacidade de proporcionar ganhos reais, em áreas potenciais do País, principalmente no bioma Amazônia, permitirá a promoção contínua da sustentabilidade na pecuária nacional. “Investimos nessa tecnologia por acreditarmos na viabilidade competitiva de sistemas diversificados com leguminosas de alto valor agregado à produção de carne e leite e ao meio ambiente. Disponibilizar sementes de qualidade a preços compatíveis com a realidade dos produtores, certamente promoverá rápida expansão do uso do amendoim forrageiro no consórcio com pastagens como estratégia de produção”, afirma.

Ganhos de produtividade

Experimentos conduzidos em pastagens consorciadas com a cultivar BRS Mandobi em fazendas comerciais do Acre mostraram que, em sistema de cria e engorda, a tecnologia proporciona ganho de peso e aumenta o desempenho produtivo do rebanho. “Em pastos formados exclusivamente com gramíneas, a produtividade potencial foi de 24 arrobas de peso vivo/hectare/ano, apenas com suplementação mineral. Em pastagens consorciadas, a produtividade chegou a 35 arrobas de peso vivo/hectare/ano. Esse resultado é fantástico se comparado à produtividade média da pecuária nacional, em sistemas completos de cria, recria e engorda, de seis arrobas de peso vivo por hectare/ano em pastos puros”, enfatiza o pesquisador da Embrapa Acre Maykel Sales.

As pesquisas evidenciaram, ainda, que no período da seca, entre abril e setembro, o ganho de peso animal aumentou 86%, passando de sete arrobas/hectare/ano, no pasto puro, para 13 arrobas/hectare/ano, em pasto consorciado, desempenho possibilitado pela quantidade e qualidade da forragem disponível para o gado durante a estiagem. Além disso, a tecnologia reduz a fase de recria – período entre o fim da desmama dos bezerros e a etapa de terminação (engorda) – pela metade, passando de 24 para 12 meses, com impacto direto no ciclo de produção bovina.

Confira as vantagens da cultivar BRS Mandobi no vídeo.

Os efeitos do consórcio de gramíneas com amendoim forrageiro foram observados também em outros aspectos da atividade pecuária. De acordo com os estudos, em pastos consorciados com o amendoim forrageiro BRS Mandobi os animais atingiram o peso ideal para abate aos 30 meses de idade, enquanto em pastagens puras esse tempo é de 42 meses. Essa redução no tempo de permanência dos animais na pastagem proporciona economia com mão de obra, alimentação e vacinas, entre outros cuidados com o rebanho, refletindo-se positivamente no custo de produção da arroba.

“Além disso, a leguminosa melhora a capacidade de suporte das pastagens. Pastos consorciados suportam 20% mais animais quando comparados a pastagens puras. O aumento da taxa de lotação permite criar mais animais em uma mesma área de pastagem, fator que concilia intensificação da produção pecuária com conservação da floresta”, avalia Sales.

Lançamento da tecnologia

Os resultados das pesquisas com a cultivar de amendoim forrageiro BRS Mandobi serão apresentados a produtores rurais, gerentes de fazendas, profissionais de empresas de produção de sementes, proprietários de casas agropecuárias e técnicos que atuam no apoio à produção pecuária, no próximo sábado (07/12). Durante o evento de lançamento da tecnologia serão comercializados 900 quilos de sementes da cultivar, produzidos no campo experimental da Embrapa Acre.

“Como o amendoim forrageiro também tem outras aplicações, incluindo o paisagismo de praças, jardins e o plantio ao longo de rodovias para conservação do solo, essa produção excedente da pesquisa será destinada prioritariamente para produtores da região amazônica que desejam investir no consórcio de pastagens com a leguminosa”, esclarece Valentim.

Implantação do consórcio

Segundo o pesquisador da Embrapa Acre Carlos Maurício de Andrade, pastagens consorciadas com amendoim forrageiro alcançam eficiência máxima quando a presença da leguminosa no pasto representa 20% a 40% da massa de forragem.  Para chegar a esse resultado, a implantação do consórcio pode ser realizada por dois métodos: com o plantio simultâneo da leguminosa com gramíneas, durante a reforma de pastagens degradadas, ou pelo plantio da leguminosa em faixas, em pastagens puras já estabelecidas. Para formar um hectare de pastagem consorciada são necessários 10 a 15 quilos de sementes da BRS Mandobi.

“Como as gramíneas forrageiras geralmente crescem mais rápido que as leguminosas, para assegurar o pleno estabelecimento do amendoim forrageiro na pastagem recomenda-se reduzir em 30% a taxa de semeadura da gramínea. Também é importante realizar o primeiro pastejo no momento adequado, quando a forrageira cobrir totalmente o solo. Além disso, procedimentos como preparo da área com grade ou enxada-rotativa, para o plantio em faixas, e aplicação de herbicida glifosato, na dosagem recomendada, diminuem a competição da gramínea com a leguminosa por nutrientes, água, luz e espaço no solo, e ajudam a garantir os ganhos comprovados pela pesquisa”, ressalta Andrade.

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

Contatos para a imprensa

Telefone: (68) 3212-3250

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Neste Chão Tudo Dá

Versão reduzida do documentário realizado por Felipe Pasini, Ilana Nina e Monica Soffiatti. "Neste Chão Tudo Dá - semeando conhecimento e colhendo resultados" é um registro informal realizado durante uma viagem pela Bahia sobre o trabalho e o pensamento do agricultor e pesquisador Ernst Gotsch. Além disso, ainda conhecemos a vida de agricultores que conseguiram aumentar a qualidade de vida de suas familias através da prática agroflorestal

terça-feira, 19 de maio de 2020

Cerratinga: Agricultores familiares lançam loja virtual com produtos do Cerrado e da Caatinga!!!


Agricultores familiares lançam loja virtual com produtos do Cerrado e da Caatinga

Posted: 18 May 2020 01:40 PM PDT

Foto: Thomas Bauer

A loja virtual da Central do Cerrado reúne mais de 30 associações e cooperativas de diferentes pontos do país 

Baru, jatobá, pequi, umbu. Ingredientes regionais que simbolizam a biodiversidade encontrada nos sabores brasileiros. A safra do Cerrado e da Caatinga inspira agricultores que residem em alguns territórios desses biomas — Minas Gerais, Distrito Federal, Tocantins, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Pará e Goiás — a beneficiarem produtos alimentícios e a produzirem artesanato com riqueza cultural que garante autonomia e renda.

Comunidades de agricultores familiares extrativistas protagonizam esse trabalho, que raramente ocupa as prateleiras dos supermercados. Juntas elas formam a Central do Cerrado: uma cooperativa formada por mais de 30 organizações comunitárias (entre cooperativas e associações) e funciona como uma ponte entre quem produz e quem consome. Em tempos de fortalecimento do serviço de entregas, a Central inaugura uma nova plataforma onde o internauta de qualquer lugar do país encontra mais de 200 itens e pode recebê-los sem sair de casa.

“Com a situação do COVID19 e isolamento social, muitas dessas comunidades tiveram o escoamento de sua produção comprometidos. A venda pela loja virtual é uma forma de escoar os produtos dessas comunidades e garantir renda para as famílias agroextrativistas. A comercialização ajuda a manter o Cerrado e Caatinga em pé, conservar a biodiversidade nativa, incentiva a permanência no campo, valoriza a cultura local e o modo de vida tradicional”, ressalta o secretário executivo da Central do Cerrado, Luis Roberto Carrazza.

As agroindústrias das comunidades de produtores da Central do Cerrado operam observando os cuidados básicos de distanciamento social, uso de máscaras, cuidados redobrados de higienização pessoal, esterilização das estruturas de equipamento e insumos: detalhes também observados pela equipe da Central do Cerrado no preparo e envio dos pedidos da loja virtual.

Produtos da sociobiodiversidade

Entre as opções de compra estão alimentos como farinhas especiais com destaque para o mesocarpo de babaçu (500g, R$ 15) da Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Esperantinópolis (Coopaesp) da comunidade tradicional das quebradeiras, de Esperantinópolis, no Maranhão; as farinha de buriti (1 kg, R$ 50) da cooperativa Grande Sertão de Montes Claros, Norte de Minas Gerais — além do flocão de milho não-transgênico (500g, R$ 7) (matéria-prima para o cuscuz nordestino) da Cooperativa Agropecuária Mista Regional de Irecê (Copirecê), de Irecê, na Bahia.

As castanhas brasileiras também ganham destaque no novo site, entre elas a castanha-de-baru da cooperativa Copabase (300g, R$35), super proteica e energética, um dos grandes ícones do Cerrado. Pouco utilizada pelos chefs de cozinha, a castanha-de-pequi (100g, R$15) também figura entre as oleaginosas oferecidas pela Central do Cerrado lado a lado da amêndoa de licuri torrada (100g, R$7), da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), também chamado de coquinho na Bahia e rico em proteínas. Na categoria bebidas a página apresenta o licor de pequi da marca familiar Savana Brasil (700ml, R$70) e a cerveja de coquinho azedo fruit beer (600ml, R$ 25)  da cooperativa Grande Sertão, de Montes Claros, Minas Gerais.

Além dos produtos, o internauta encontra informações sobre a origem social e territorial das comunidades produtoras. Entre os conteúdos da plataforma estão receitas, fichas técnicas e dicas de uso.

Saiba mais sobre a Central do Cerrado

A Central do Cerrado é uma cooperativa formada por diversas organizações comunitárias de agricultores familiares extrativistas do Cerrado e da Caatinga. Nossa missão é manter os modos de vida tradicionais e conservação dos territórios onde vivem esses povos a partir da comercialização de produtos desenvolvidos através do uso sustentável da biodiversidade nativa.

Entregas em todo o Brasil pelo site:
www.centraldocerrado.org.br

Conteúdo publicado no Cerratinga

domingo, 17 de maio de 2020

Agroflorestar, -Implementação manual e semimecanizada de canteiro agrofl...







Agroflorestar, -Implementação manual e semimecanizada de canteiro agroflorestal.



Nesse video aprendemos, passo a passo, como implementar um canteiro de agrofloresta.

Os agricultores do cooperafloresta nos guiam por cada etapa para podermos



nós mesmos implementar um canteiro.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Cobertura do solo e acumulação de nutrientes pelo amendoim forrageiro

Adriano Perin(2), José Guilherme Marinho Guerra(3) e Marcelo Grandi Teixeira(3)



Resumo – O objetivo deste trabalho foi determinar as taxas de cobertura do solo, produção de biomassa
e acumulação total de N, P e K da parte aérea da leguminosa herbácea perene amendoim forrageiro
(Arachis pintoi Krapov. & W.C. Greg.), em diferentes densidades e espaçamentos de plantio.
O delineamento experimental adotado foi de blocos ao acaso, em arranjo fatorial 2x4, com quatro repetições. Os tratamentos constaram de espaçamentos entre sulcos de plantio (25 e 50 cm), e de densidades de plantas (2, 4, 8 e 16 plantas/m linear). A cobertura total do solo ocorreu aos 224 dias após o plantio. Foram constatadas diferenças de densidades de plantio na taxa de cobertura do solo, produção de biomassa e acúmulo de nutrientes na parte aérea do amendoim forrageiro. Todavia, não foram observadas diferenças quando se variou o espaçamento entre sulcos. Entre as alternativas testadas, a densidade de 8 plantas/m linear no espaçamento de 50 cm entre sulcos de plantio foi a combinação mais adequada para a plena formação da cobertura viva com amendoim forrageiro.

Soil coverage and nutrient accumulation by pinto peanut
Abstract – The objective of this work was to determine the rate of soil coverage, biomass yield and total accumulation of N, P and K in the aerial biomass of the legume Arachis pintoi Krapov. & W.C. Greg.
The experimental design was a randomized block with four replicates arranged in a 2x4 factorial with two levels of row spacing (25 and 50 cm between rows) and four different planting densities (2, 4, 8 and 16 plants/m). Complete soil coverage was achieved 224 days after planting. Planting density affected the rate of soil coverage and the rate of dry matter and nutrient accumulation by the shoot tissue
of the legume, but these parameters were not significantly affected by row spacing. The results suggest that the optimum planting density was 8 plants/m in rows spaced 50 cm apart.
Index terms: Arachis pintoi, plant population, spacing, aerial parts, dry matter contents.

(1)Aceito para publicação em 25 de março de 2003.
(2)Universidade Federal de Viçosa, Dep. de Fitotecnia, Avenida
P. H. Rolfs, s/n, CEP 36571-000 Viçosa, MG. E-mail: aperin@vicosa.ufv.br
(3)Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia, Caixa Postal 74505, CEP 23890-000 Seropédica, RJ. E-mail: gmguerra@cnpab.embrapa.br, grandi@cnpab.embrapa.br

Introdução
Práticas de manejo e conservação, como o emprego de plantas de cobertura, são relevantes para a manutenção ou melhoria das características químicas, físicas e biológicas dos solos. A adubação verde utiliza espécies de diferentes famílias botânicas, nativas ou introduzidas, que cobrem o terreno em períodos de tempo ou durante todo ano.


As leguminosas se destacam por formarem associações simbióticas com bactérias fixadoras de N2, o que resulta no aporte de quantidades expressivas desse nutriente no sistema solo-planta.

Ações de pesquisa têm visado principalmente a geração de base técnico-científica para o emprego de leguminosas anuais. No entanto, há espécies herbáceas de ciclo perene, de uso forrageiro, com grande potencial de utilização como cobertura viva permanente de solo, notadamente em pomares.

A cobertura viva protege o solo dos agentes climáticos, mantém ou aumenta o teor de matéria orgânica do solo, mobiliza e recicla nutrientes e favorece a atividade biológica do solo (Guerra & Teixeira, 1997; Perin, 2001; Duda et al., 2003). Contudo, a identificação e adequação desse grupo de leguminosas nos
sistemas de produção é ainda um desafio. Além disso, as leguminosas perenes competem com espécies de ocorrência espontânea e interferem no ciclo reprodutivo das mesmas, o que reduz a Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 38, n. 7, p. 791-796, jul. 2003 792 A. Perin et al. mão-de-obra empregada no controle da vegetação espontânea (Lanini et al., 1989; Wiles et al., 1989; Sarrantonio, 1992). No cultivo de hortaliças, Kleinhenz et al. (1997) constataram que o uso das espécies centrosema (Centrosema pubescens), siratro (Macroptilium atropurpureum) e desmódio (Desmodium intortum) promoveram o controle das
espécies espontâneas, não prejudicaram o desempenho das hortaliças e forneceram N para as culturas.

Um aspecto importante na implantação da cobertura viva são as taxas de crescimento das leguminosas perenes, inicialmente lentas, quando comparadas com leguminosas anuais (Perin et al., 2000). Desta forma, cuidados que assegurem a supressão da vegetação espontânea, até que as plantas se estabeleçam, são necessários (Perin, 2001).
Trabalhos relacionando arranjos populacionais e desempenho de leguminosas anuais evidenciaram a importância da densidade de plantio para a produção de grãos de soja (Glycine max) (Pires et al., 2000), feijão (Phaseolus vulgaris) (Horn et  l., 2000), e de matéria seca de parte aérea de diversos adubos verdes (Fernandes et al., 1999; Amabile et al., 2000). Observa-se, porém carência de informações relativas às leguminosas herbáceas perenes.

O objetivo deste trabalho foi determinar as taxas de cobertura do solo, produção de biomassa e acumulação total de N, P e K da parte aérea da leguminosa herbácea perene amendoim forrageiro, em diferentes densidades e espaçamentos de plantio.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia, Seropédica, RJ, num Argissolo Vermelho-Amarelo. Os resultados da análise química (0-20 cm) de amostras de terra no início do experimento apresentaram os seguintes valores: pH em H2O (1:2,5), 4,1; Al3+ , 0,4 cmolc /dm3 ; Ca2+, 2,1 cmolc /dm3 Mg2+, 0,9 cmolc /dm3 ; K+ , 34 mg/kg e P, 6 mg/kg de solo.

Apesar dos baixos valores de pH e dos nutrientes avaliados, não se aplicou calcário e fertilizantes no solo porque o amendoim forrageiro é considerado uma espécie rústica.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com arranjo fatorial 2x4, com quatro repetições. Os tratamentos constaram de dois espaçamentos entre sulcos de plantio (25 cm e 50 cm) e de quatro densidades de
plantas (2, 4, 8 e 16 plantas/m linear), perfazendo oito arranjos populacionais (40.000 a 640.000 plantas/ha ou 4 a 64 plantas/m2).
As parcelas constaram de uma área de 4 m2  (2x2 m). As mudas da leguminosa de ciclo perene e hábito de crescimento rasteiro do amendoim forrageiro (Arachis pintoi acesso BR-14951 seção estolonífera) foram preparadas vegetativamente tomando-se por base estacas em bandejas de poliestireno expandido com 200 células que permaneceram no viveiro por 70 dias. Em março/98 (final do período chuvoso), foram transferidas para a área experimental. Estirpes de bactérias do gênero Rhizobium, recomendadas pela Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia, foram inoculadas nas estacas, usando-se a água como veículo. Capinas manuais foram realizadas aos 20 e 42 dias após o plantio (DAP).

As avaliações constaram da taxa de cobertura do solo (%), determinada com auxílio do software SIARCS 3.0 (Sistema Integrado para Análise de Raízes e Cobertura do Solo), desenvolvido pela Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária.

O acompanhamento do crescimento das plantas, até a cobertura total do solo, foi feito por meio de imagens fotográficas aos 8, 21, 34, 49, 64, 83, 104, 125, 149, 178 e 224 DAP. A câmara fotográfica era suspensa por um tripé, de modo que as fotografias fossem tomadas perpendicularmente ao solo, a uma altura de 1,60 m da superfície do terreno. Cada fotografia abrangia uma área de 1 m2 , e foi tomada entre 7h30 e 9h, a fim  e atenuar efeitos adversos de sombra.
Quantificou-se a produção de biomassa de parte aérea, tomando-se por base amostras secadas em estufa de ventilação forçada, a 65ºC. O conteúdo de N foi determinado após digestão sulfúrica e destilação em Kjeldahl (Bremner & Mulvaney, 1982); os conteúdos de P e K foram determinados na parte aérea das plantas, após digestão nítrico-perclórica (Bataglia et al., 1983). O P foi determinado em espectrofotômetro baseando-se na formação da cor azul do complexo fosfato-molibdato em meio sulfúrico, na presença de ácido ascórbico como redutor, e o K em espectrofotômetro de absorção atômica, por ocasião do primeiro, segundo, terceiro e quarto cortes rente ao solo, realizados, respectivamente, aos 8, 12 , 22 e 24 meses após o plantio (MAP).

As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG), versão 5.0 (Euclydes, 1983), e constou da análise de variância, seguida da escolha do modelo que melhor representasse o ajuste das curvas e aplicação do teste F nos coeficientes da equação para detectar significância a 5% e Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 38, n. 7, p. 791-796, jul. 2003 Cobertura do solo e acumulação de nutrientes 793 a 1% de probabilidade. Quanto à taxa de cobertura do solo, as curvas foram ajustadas de acordo com a função logística TC = A/(1 + B-K ´ DAP), em que TC é a taxa de cobertura do solo (em %); A é o limite superior da taxa de cobertura do solo; B está relacionado com o tamanho inicial do sistema; K é a taxa de incremento inerente do sistema.

 Em relação à produção de matéria seca da parte aérea e acumulação total de N, P e K, os modelos testados foram lineares, quadráticos e cúbicos. A escolha do modelo que representasse a distribuição dos dados foi baseada no comportamento biológico, significância (p£0,05) e no coeficiente de determinação (R2).


Resultados e Discussão

A interpretação da análise de variância revelou efeito significativo (p£0,05) da densidade de plantio sobre a taxa de cobertura do solo, produção de matéria seca e acumulação de N, P e K na parte aérea do amendoim forrageiro. Entretanto, não foram detectados efeitos do espaçamento, nem interação entre espaçamento e densidade. Assim, as equações ajustadas aos dados foram baseadas no maior espaçamento testado (50 cm), porque neste espaçamento utiliza-se um número menor de mudas, amenizando os custos de implantação da cobertura com esta leguminosa.

 O amendoim forrageiro cobriu plenamente o solo aos 224 DAP independentemente das densidades testadas (Figura 1). Vallejos (1993) observou que o estabelecimento do amendoim forrageiro em consórcio com café alcançou 80% de cobertura do solo aos 210 DAP. Perin (2001) constatou que esta leguminosa cultivada em condições edáficas semelhantes, porém, semeada no período das águas (dezembro), proporcionou plena cobertura do solo aos 110 DAP. As condições climáticas, em especial a precipitação pluvial durante o verão, foram determinantes na velocidade de cobertura do solo.

As maiores diferenças entre as densidades de plantio ocorreram na fase inicial de estabelecimento da cobertura viva. Densidades de 8 e 16 plantas/m linear proporcionaram 50% de cobertura de terreno, respectivamente, aos 84 e 68 DAP, enquanto nos tratamentos com 2 e 4 plantas/m linear, esse mesmo valor foi alcançado, respectivamente, aos 125 e 103 DAP (Figura 1). Alvarenga et al. (1995) destacam que uma cobertura uniforme de 20% do terreno é capaz de reduzir as perdas de terra em aproximadamente 50%, quando comparado com solo descoberto.

A cobertura mais rápida nas densidades de 8 e 16 plantas/m linear reduziu a população de ervas espontâneas e, em conseqüência, diminuiu a mão-de-obra para seu controle. Segundo Lanini et al.(1989) e Wiles et al. (1989), a menor ocorrência de plantas espontâneas deorrente do emprego da cobertura viva com leguminosas herbáceas perenes minimiza a competição das ervas no cultivo de hortaliças. Bradshaw & Siman (1992) e Vallejos (1993) relacionaram custo/ benefício e eficiência no controle da vegetação espontânea e constataram que o amendoim forrageiro apresentou excelente competitividade com as ervas, resultando em menores custos no controle de invasoras, quando comparado com capinas manuais e químicas.

Por outro lado, se o amendoim compete com as plantas espontâneas, poderá competir também com as culturas de interesse, especialmente quando empregado como cobertura viva em pomares. Perin et al. (2002a) mostraram que a cobertura com esta leguminosa, quando comparada com as coberturas de cudzu tropical e siratro, reduziu o crescimento e a produtividade no segundo ciclo de bananeiras.

Embora o amendoim forrageiro proporcione aporte expressivo de N no pomar de bananeiras (Espindola, 2001), Perin et al. (2002b) observaram que a cobertura viva com esta leguminosa acarretou redução dos níveis de umidade do solo maior do que o detectado com cudzu tropical e siratro. Desta forma, a cobertura com amendoim forrageiro, em condições de déficit hídrico prolongado, pode efetivamente provocar competição por água com a cultura principal.

À medida que aumenta a densidade de plantio, eleva-se linearmente a produção de matéria seca e acumulação de N, P e K na parte aérea das plantas em todos os cortes (Tabela 1). Os modelos lineares indicam que a competição entre plantas não limitou a expressão destes parâmetros, em especial por ocasião do primeiro corte, quando as plantas encontravam-se ainda na fase de estabelecimento. Entretanto, a partir do segundo corte verifica-se decréscimo dos valores do coeficiente dos modelos da regressão para a produção de matéria seca, denotando aumento da competição entre plantas (Tabela 1).

Ao longo do período experimental (dois anos), o amendoim forrageiro acumulou 20 t/ha de matéria seca e 572, 37 e 247 kg/ha, respectivamente, de N, P e potássio. Em condições experimentais semelhantes, Espindola (2001) verificou que 91% do N presente no tecido vegetal do amendoim forrageiro foi obtido pela fixação biológica de N2 (FBN) e quando esta leguminosa encontrava-se consorciada com bananeiras, a FBN alcançou 61%. Assim, pode-se estimar que o aporte de N, via FBN, varia aproximadamente de 350 a 520 kg/ha. Destaca-se, então, o alto potencial do amendoim forrageiro como cobertura viva, representando uma estratégia para a auto-suficiência em N na nutrição de fruteiras, por minimizar ou dispensar a utilização da adubação nitrogenada com fertilizantes sintéticos ou outras fontes.

A utilização de 16 plantas/m linear, quando comparada com 8 plantas, resultou em acréscimo de apenas 0,20, 1,18, 0,85 e 0,30 t/ha de matéria seca, respectivamente, no primeiro, segundo, terceiro e quarto cortes, no espaçamento de 50 cm entre sulcos de plantio (Tabela 1). Destaca-se o potencial de rebrota do amendoim forrageiro após os cortes, apresentando elevada produção de matéria seca, mesmo em curtos intervalos de tempo, como observado entre o terceiro e quarto cortes. Este aspecto é também relevante no manejo da cobertura viva, em face da possibilidade de produzir continuamente matéria orgânica de qualidade in situ.

Conclusões
1. As taxas de cobertura do solo, produção de matéria seca e acumulação de N, P e K na parte aérea de amendoim forrageiro não são afetadas pelos espaçamentos entre sulcos de plantio.
2. As densidades de plantio afetam as taxas de cobertura do solo, produção de matéria seca e acumulação de N, P e K na parte aérea de amendoim forrageiro.
3. A densidade de 8 plantas/m linear no espaçamento de 50 cm entre sulcos de plantio é a Tabela 1. 

Tabelas e bibliografia ; Fonte: https://www.scielo.br/pdf/pab/v38n7/18200.pdf

terça-feira, 12 de maio de 2020

Curso, gratuito, tem foco em Agrofloresta!! Não perca.

A ideia é expandir a atividade de SAFs em todo o estado de São Paulo

Harmonizar produção e conservação. Resgatar a agricultura familiar. Colaborar com a conservação ambiental. Facilitar a adaptação e mitigação às mudanças climáticas. Esses são alguns dos benefícios dos sistemas agroflorestais, uma forma de produção mais sustentável, que conta com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente (SMA), que disponibiliza, a partir deste mês de junho, mais uma ferramenta para ampliar a atividade no Estado de São Paulo: um curso de educação à distância, com conceitos e um passo a passo da implantação.

Destinado a agricultores, técnicos, estudantes e interessados em geral, o curso de educação à distância (EAD) de Sistemas Agroflorestais foi desenvolvido com recursos do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS/Microbacias II) pelo Mutirão Agroflorestal, ONG que trabalha com educação, pesquisa, consultoria e divulgação de agroflorestal desde 2004.

O curso, gratuito, tem foco nos SAFs biodiversos e sucessionais. São treze módulos com vídeos e textos com conceitos e princípios de agroflorestas inspirados na dinâmica dos ecossistemas agroflorestais. Aborda sucessão, estrutura, planejamento, desenho e escolha de espécies, detalha a implantação e manejo, os benefícios e desafios do SAF, além de sistemas agroflorestais implantados em diferentes regiões do estado de São Paulo. Clique aqui para mais informações.

SAFs são formas de uso e manejo da terra no qual árvores ou arbustos são utilizados em consórcio com culturas agrícolas, forragens e/ou integração com animais. E essa diversidade interage e beneficia-se mutuamente.

A produção agroflorestal contribui com a promoção da biodiversidade, melhoria da qualidade dos solos, controle de erosão, menor uso de água, redução de pragas, doenças e ervas daninhas, dispensando ou reduzindo o uso de agrotóxicos.

“Nessa forma de produção há uma maior variedade de produtos, com possibilidade de renda durante o ano todo e sem o risco de perder toda a produção, caso ocorra, por exemplo, um evento extremo, como uma estiagem ou a presença de uma praga ou doença”, explica Neide Araujo, da Unidade de Subprojetos Ambientais – PDRS, da SMA.

Os SAFs são uma alternativa de restauração produtiva para Reservas Legais e, no caso de agricultores familiares, para Áreas de Preservação Permanente.

Para se ter uma ideia, em 21 projetos coletivos de cooperativas e associações de agricultores familiares e organizações não governamentais da área ambiental foram beneficiados 607 agricultores e 600 ha nas diversas regiões do Estado.

Desde 2013, a SMA apoia a implantação de sistemas agroflorestais como uma alternativa ao modelo de produção agrícola tradicional. E, atualmente, desenvolve ações de monitoramento e capacitação nos SAFs implantados e busca parcerias e financiamento para dar continuidade a expansão dessa atividade no Estado.

Além do meio ambiente, os consumidores também se beneficiam. Já se encontram hortaliças, abóbora, feijão, mandioca, milho, banana e muitos outros alimentos que estão sendo cultivadas em meio à floresta em restauração, as agroflorestas. “Para os próximos anos, a previsão é ter produção de mangueiras, abacateiros, goiabeiras. E muitas árvores nativas plantadas são frutíferas, como cabeludinha, cambuci, cereja-do-rio-grande, grumixama, jaboticaba, juçara, pitanga, uvaia, entre outras”, contou Neide.

Ao comprar produtos de sistemas agroflorestais, o consumidor contribui para a geração de renda da agricultura familiar, incentivando a prática de uma agricultura mais sustentável e, consequentemente, promovendo a segurança e soberania alimentar, além de apoiar a recuperação e conservação do meio ambiente.

Texto: Luciana Reis / CBRN
Fotos: Divulgação
Revisão: Cris Leite

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