sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sinfonia Inacabada: A vida de José Lutzenberger – Lilian Dreyer


A obra Sinfonia Inacabada, da jornalista e escritora Lilian Dreyer, descreve a trajetória do agrônomo gaúcho que aos 44 anos abandonou a carreira de executivo da indústria química e iniciou uma jornada que o transformou em um dos grandes nomes do ambientalismo internacional.
José Lutzenberger, falecido em 2002, chegou a ser nominado pela imprensa nacional e estrangeira como “pai do ambientalismo brasileiro” ao receber no Parlamento Sueco, em 1988, o Livelihood Award, o Prêmio Nobel Alternativo.


Um trabalho de pesquisa abrangente permitiu a reconstrução da trajetória do ecologista. Personalidades do ambientalismo, políticos de variadas tendências, familiares, colaboradores e personagens de destaque público, do escritor Fritjof Capra ao ex-presdiente Fernando Collor, contribuiram com entrevistas e depoimentos. A biografia transformou-se assim não só em abordagem multifocal do ambientalismo como em contribuição ao esclarecimento da história recente do Brasil. Estão presentes todos os temas que se colocam hoje na berlinda do ambientalismo nacional e mundial, captados e elaborados por um homem intensamente preparado.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Amendoim Forrageiro e o FRIO HISTÓRICO de -2,9°C EM MONTENEGRO



A geada  é um fenômeno que ocorre quando a temperatura está muito baixa (abaixo de 0ºC). O vapor de água presente no ar sublima (passa do estado gasoso direto para o estado sólido, sem passar pelo líquido) devido ao frio intenso, formando cristais de gelo sobre qualquer superfície.
A principal causa da geada é um fenômeno chamado de “advecção de massa de ar polar”: “advecção de massas de ar” é quando uma massa de ar se desloca horizontalmente através das isotermas de uma região para outra substituindo outra massa de ar com diferentes características de temperatura, podendo causar uma queda ou aumento brusco de temperatura. (Isotermas= linhas traçadas sobre um mapa e que ligam dois pontos com mesma temperatura do ar).
Existem dois tipos de geadas com relação a agricultura: a geada negra, que costuma congelar a parte interna das culturas; e a geada branca, que é a geada comum que congela a parte externa das culturas formando uma camada de gelo branca.
Para que ocorra a geada é necessário que o céu esteja limpo, sem a presença de neblina. Não pode haver vento (o que favorece a formação de geada branca) e a temperatura de relva (medida a mais ou menos 1,5 metro do chão) não pode ser maior que 4ºC.

                             

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Tenente Portela – RS promove seminário sobre sementes crioulas

Tenente Portela – RS promove seminário sobre sementes crioulas

Agricultores familiares e lideranças políticas de 22 municípios gaúchos se reuniram em Tenente Portela, na Região Noroeste do Estado, para defender o resgate e plantio das sementes crioulas. Eles participaram do 3º Seminário Sementes Patrimônio Sociocultural e 1º Encontro Regional pelas Sementes Crioulas, eventos que reuniram aproximadamente 450 pessoas no distrito de São Pedro, no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. “A defesa das sementes crioulas é o ponto de partida de um trabalho que tem futuro”, disse o assessor técnico da Ong AS-PTA, com sede no Rio de Janeiro, Gabriel Fernandes.
leia mais  em : http://pratoslimpos.org.br/?p=4263

domingo, 10 de junho de 2012

Geleia de hibisco


É tempo de hibisco ... de novo


A flor cai depois de fecundada. O fruto cresce e seca com as sementes, enquanto o cálice (ou sépala) avermelhado se espessa - é isto que comemos.

Já falei de hibisco aqui e aqui. De novo é tempo dele. Caruru-azedo, quiabo-roxo, quiabo-róseo ou simplesmente Hibiscus sabdariffa L.. Os mexicanos o chamam de flor da Jamaica e os franceses, de roselle. Não tem nada a ver com as groselhas, frutinhos redondos, em cachos, vermelhos. Mas talvez a similitude com roselle levou a nomes como rosélia e, finalmente, a groselha - já vi escrito assim em hortifrutis. Também não tem nada que ver com ameixas, embora japoneses o chamem de umê, pois pode ser feito em conserva como umeboshis. Quando batido é gosmento como o quiabo. Aliás, são da mesma família, originários da África. Por isto, a melhor maneira de fazer suco com ele é cozinhando ou picando para liberar a cor, mas não a baba (a acidez mais o calor cortam qualquer intenção babenta). Para geléia com pedaços, pode ser triturado ligeiramente ou picado. Para geléias límpidas, o melhor é usar a infusão combinada com suco de maçã. As folhas azedinhas também podem ser usadas como verdura. No Maranhão, é chamada de vinagreira e entra no Cuxá, prato que combina as folhas com camarões secos, gergelim e farinha de mandioca e é servido com arroz.
 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A FOME NO MUNDO - Josué de Castro

O video "A FOME NO MUNDO" foi O resultado de um estudo sobre a situação de fome no mundo, analisando o Livro Geopolítica da Fome, obra de Josué de Castro. Esse video foi apresentado na Escola de Nutrição da UFBA, na disciplina Temas Conteporâneos em Nutrição.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Tecnologias ajudam agricultores durante a seca no Nordeste

A seca já atinge mais de 700 municípios na região. Estar preparado para o período de estiagem pode fazer toda a diferença.
Jornal Nacional
Beatriz Castro
26/05/2012


Clique em cima da imagem para assistir ao vídeo.
Cumaru, PE - A seca já atinge mais de 700 municípios do Nordeste. Nessa hora de sofrimento por falta de água, estar preparado para o período de estiagem pode fazer toda a diferença.

Em Ibimirim, no sertão de Pernambuco, o Rio Moxotó é só uma lembrança. Em um sítio, em Cumaru, no agreste de Pernambuco, é preciso comprar água e palma, uma espécie de cacto que é a última reserva para os tempos mais difíceis.
Nem tudo é desolação no território da seca. Escassez e fartura convivem lado a lado. Com conhecimento e tecnologias simples e baratas, é possível atravessar o período de estiagem sem tanta necessidade e sofrimento.

No sítio de seu Luiz, a novidade é a cisterna telhadão. Ela consegue armazenar 52 mil litros de água que caem da chuva e seguem das telhas para o reservatório. A cisterna menor é o tesouro da dona Josefa. Tem água para beber e cozinhar por mais quatro meses de estiagem.

Os "canteiros econômicos" consomem pouca água. O solo é forrado com plástico. Só é preciso molhar de quatro em quatro dias através de uma abertura que mantém a umidade por mais tempo.

“O canteiro convencional vai gastar cinco vezes mais que o econômico”, diz o agricultor Luiz Eleutério de Souza.

Em outro caso, o capim cobre uma barragem subterrânea. No período de estiagem, um buraco é cavado de uma margem à outra do riacho com até quatro metros de profundidade. O buraco é coberto com uma lona plástica, como se fosse um paredão. De uma estação para outra, o riacho enche e volta a secar. Mas a barragem mantém a umidade do subsolo, possibilitando a plantação.

“Essas tecnologias têm feito com que os agricultores convivam com essa situação de escassez de água”, diz Adeildo Fernandes, técnico agrícola do Centro Sabiá.

”Vivo no céu, graças a Deus. Vivo bem tranquilo. Depois dessas tecnologias, não existiu mais seca para mim", comemora seu Luiz.

FONTE:  http://www.asabrasil.org.br

Rua Nicarágua, 111 - Espinheiro - 52020-190 - Recife/PE - Brasil
Tel.: (55) 81-2121-7666 - Fax: (55) 81-2121-7629

domingo, 3 de junho de 2012

"Fome crônica ou parcial, corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo".

"Mais grave ainda que a fome aguda e total, devido às suas repercussões sociais e econômicas, é o fenômeno da fome crônica ou parcial, que corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo". JOSUÉ DE CASTRO






MAPA DAS PRINCIPAIS CARÊNCIAS EXISTENTES
NAS DIFERENTES ÁREAS ALIMENTARES DO BRASIL

= ORGANIZADO PELO AUTOR =


Mapa da Fome




A fome é, conforme tantas vezes tenho afirmado, a expressão biológica de males sociológicos. Está intimamente ligada com as distorsões econômicas, a que dei, antes de ninguém, a designação de <>.10 A fome é um fenômeno geograficamente universal, a cuja ação nefasta nenhum continente escapa. Toda a terra dos homens foi, até hoje, a terra da fome. As investigações científicas, realizadas em todas as partes do mundo, constataram o fato inconcebível de que dois terços da humanidade sofre, de maneira epidêmica ou endêmica, os efeitos destruidores da fome.5
A fome não é um produto da superpopulação: a fome já existia em massa antes do fenômeno da explosão demográfica do após-guerra. Apenas esta fome que dizimava as populações do Terceiro Mundo era escamoteada, era abafada era escondida. Não se falava do assunto que era vergonhoso: a fome era tabu.4
No mangue, tudo é, foi ou será caranguejo, inclusive o homem e a lama.1
Não foi na Sorbonne, nem em qualquer outra universidade sábia que travei conhecimento com o fenômeno da fome. A fome se revelou espontaneamente aos meus olhos nos mangues do Capiberibe, nos bairros miseráveis do Recife - Afogados, Pina, Santo Amaro, Ilha do Leite. Esta foi a minha Sorbonne. A lama dos mangues de Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejo.1
São seres anfibios - habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo - este leite de lama -, se faziam irmãos de leite dos caranguejos.1
Cedo me dei conta desse estranho mimetismo: os homens se assemelhando em tudo aos caranguejos. Arrastando-se, acachapando-se como caranguejos para poderem sobreviver.1
A impressão que eu tinha, era de que os habitantes dos mangues - homens e caranguejos nascidos à beira do rio - à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama.1
Foi assim que senti formigar dentro de mim a terrível descoberta da fome.1
Pensei a princípio que era um triste privilégio desta área onde eu vivo - a área dos mangues. Depois verifiquei que, no cenário de fome do Nordeste, os mangues eram uma verdadeira terra da promissão, que atraía homens vindos de outras áreas de mais fome ainda - das áreas da seca e da monocultura da cana-de-açúcar, onde a indústria açucareira esmagava, com a mesma indiferença, a cana e o homem, reduzindo tudo a bagaço.1
Vê-los agir, falar, lutar, viver e morrer, era ver a própria fome modelando com suas despóticas mãos de ferro, os heróis do maior drama da humanidade - o drama da fome.1
E foi assim que, pelas história dos homens e pelo roteiro do rio, fiquei sabendo que a fome não era um produto exclusivo dos mangues. Que os mangues apenas atraíram os homens famintos do Nordeste: os da zona da seca e os da zona da cana. Todos atraídos por esta terra de promissão, vindo se aninhar naquele ninho de lama, construído pelos dois e onde brota o maravilhoso ciclo do caranguejo. E quando cresci e saí pelo mundo afora, vendo outras paisagens, me apercebi com nova surpresa que o que eu pensava ser um fenômeno local, era um drama universal. Que a paisagem humana dos mangues se reproduzia no mundo inteiro. Que aqueles personagens da lama do Recife eram idênticos aos personagens de inúmeras outras áreas do mundo assolados pela fome. Que aquela lama humana do Recife, que eu conhecera na infância, continua sujando até hoje toda a paisagem de nosso planeta como negros borrões de miséria: as negras manchas demográficas da geografia da fome.1
O assunto deste livro é bastante delicado e perigoso. A tal ponto delicado e perigoso que se constituiu num dos tabus de nossa civilização. É realmente estranho, chocante o fato de que, num mundo como o nosso, caracterizado por tão excessiva capacidade de escrever-se e publicar-se, haja até hoje tão pouca coisa escrita acerca do fenômeno da fome, em suas diferentes manifestações.2
Quais são os fatores ocultos desta verdadeira conspiração de silêncio em torno da fome? Trata-se de um silêncio premeditado pela própria alma da cultura: foram os interesses e os preconceitos de ordem moral e de ordem política e econômica de nossa chamada civilização ocidental que tomaram a fome um tema proibido, ou pelo menos pouco aconselhável de ser abordado publicamente.2
Ao lado dos preconceitos morais, os interesses econômicos das minorias dominantes também trabalhavam para escamotear o fenômeno da fome do panorama espiritual moderno. É que ao imperialismo econômico e ao comércio internacional a serviço do mesmo interessava que a produção, a distribuição e o consumo dos produtos alimentares continuassem a se processar indefinidamente como fenômenos exclusivamente econômicos - dirigidos e estimulados dentro de seus interesses econômicos - e não como fatos intimamente ligados aos interesses da saúde pública.2
Um dos grandes obstáculos ao planejamento de soluções adequadas ao problema da alimentação dos povos reside exatamente no pouco conhecimento que se tem do problema em conjunto, como um complexo de manifestações simultaneamente biológicas, econômicas e sociais.2
Por outras palavras, procuraremos realizar uma sondagem de natureza ecológica, dentro deste conceito tão fecundo de Ecologia, ou seja, do estudo das ações e reações dos seres vivos diante das influências do meio.2
Neste ensaio de natureza ecológica tentaremos, pois, analisar os hábitos alimentares dos diferentes grupos humanos ligados a determinadas áreas geográficas, procurando de um lado, descobrir as causas naturais e as causas sociais que condicionaram o seu tipo de alimentação, com suas falhas e defeitos característicos, e de outro lado, procurando verificar até onde esses defeitos influenciam a estrutura econômico-social dos diferentes grupos estudados.2
O objetivo é analisar o fenômeno da fome coletiva - da fome atingindo endêmica ou epidemicamente as grandes massas humanas. Não só a fome total, a verdadeira inanição que os povos de língua inglesa chamam de starvation, fenômeno, em geral, limitado a áreas de extrema miséria e a contingências excepcionais, como o fenômeno muito mais freqüente e mais grave, em suas consequencias numéricas, da fome parcial, da chamada fome oculta, na qual pela falta permanente de determinados elementos nutritivos, em seus regimes habituais, grupos inteiros de populações se deixam morrer lentamente de fome, apesar de comerem todos os dias. É principalmente o estudo dessas coletivas fomes parciais, dessas fomes específicas, em sua infinita variedade, que constitui o objetivo nuclear do nosso trabalho. 2 É que existem duas maneiras de morrer de fome: não comer nada e definhar de maneira vertiginosa até o fim, ou comer de maneira inadequada e entrar em um regime de carências ou deficiências específicas, capaz de provocar um estado que pode também conduzir à morte. Mais grave ainda que a fome aguda e total, devido às suas repercussões sociais e econômicas, é o fenômeno da fome crônica ou parcial, que corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo.5
A noção que se tem, correntemente, do que seja a fome é, assim, uma noção bem incompleta. E este deconhecimento, por parte das elites européias, da realidade social da fome no mundo e dos perigos que este fenômeno representa para a sua estabilidade social, constitui uma grave lacuna tanto para a análise dos acontecimentos políticos da atualidade, que se produzem em diversas regiões da terra, como no que se refere à atitude que os países da abundância deveriam ter face aos países subdesenvolvidos, permanentemente perseguidos pela penúria e pela miséria alimentar.4




O ITERRA, juntamente com o MST e a CONCRAB, tem a honra de convidar Vossa Senhoria para a inauguração da ESCOLA JOSUÉ DE CASTRO, no dia 24 de outubro de 1997, com início às 10 horas, no Instiuto de Veranópolis - RS.
Contamos com vossa presença!
REFORMA AGRÁRIA:
UMA LUTA DE TODOS!


Nenhum fator é mais negativo para a situação de abastecimento alimentar do país do que a sua estrutura agrária feudal, com um regime inadequado de propriedade, com relações de trabalho socialmente superadas e com a não utilização da riqueza potencial dos solos.2
Apresenta-se deste modo a Reforma Agrária como uma necessidade histórica nesta hora de transformação social que atravessamos como um imperativo nacional.2
É que cerca de 60% das propriedades agrícolas no Brasil são constituídas por glebas de áreas superiores a 50 hectares de terra, das quais 20% possuem mais de 10.000 hectares. No recenseamento de 1950 ficou evidenciada a existência no Brasil de algumas dezenas de propriedades que são verdadeiras capitanias feudais:proriedades com mais de 100.000 hectares de extensão.2
Do latifúndio decorre também a existência das grandes massas dos sem-terra, dos que trabalham na terra alheia, como assalariados ou como servos explorados por esta engrenagem econômica de tipo feudal. Por sua vez, o minifúndio significa a exploração antieconômica da terra, a miséria crônica das culturas de subsistência que não dão para matar a fome da família.2
O tipo de reforma que julgamos imperativo da hora presente não é um simples expediente de desapropriação e redistribuição da terra para atender às aspirações dos sem-terra. Processo simplista que não traz solução real aos problemas da economia agrária. Concebemos a reforma agrária como um processo de revisão das relações jurídicas e econômicas, entre os que detêm a propriedade agrícola e os que trabalham nas atividades rurais.
Precisamos enfrentar o tabu da reforma agrária - assunto proibido, escabroso, perigoso - com a mesma coragem com que enfrentamos o tabu da fome. Falaremos abertamente do assunto, esvaziando desta forma o seu conteúdo tabu, mostrando através de uma larga campanha esclarecedora que a reforma agrária não é nenhum bicho-papão ou dragão maléfico que vá engolir toda a riqueza dos proprietários de terra, como pensam os mal-avisados, mas que, ao contrário, será extremamente benéfica para todos os que participam socialmente da exploração agrícola...2
É evidente que não bastaria dispor de alimentos em quantidade suficiente e suficientemente diversificados para cobrir as necessidades alimentares da população mundial. O problema da fome não é apenas um problema de produção insuficiente de alimentos. É preciso que a massa desta população disponha de poder de compra para adquirir estes alimentos.4
A fome age não apenas sobre os corpos das vítimas da seca, consumindo sua carne, corroendo seus órgãos e abrindo feridas em sua pele, mas também age sobre seu espírito, sobre sua estrutura mental, sobre sua conduta moral. Nenhuma calamidade pode desagregar a personalidade humana tão profundamente e num sentido tão nocivo quanto a fome, quando atinge os limites da verdadeira inanição. Excitados pela imperiosa necessidade de se alimentar, os instintos primários são despertados e o homem, como qualquer outro animal faminto, demonstra uma conduta mental que pode parecer das mais desconcertantes.5
Querer justificar a fome do mundo como um fenômeno natural e inevitável não passa de uma técnica de mistificação para ocultar as suas verdadeiras causas que foram, no passado, o tipo de exploração colonial imposto à maioria dos povos do mundo, e , no presente, o neocolonialismo econômico a que estão submetidos os países de economia primária, dependentes, subdesenvolvidos, que são também países de fome.4
As massas humanas se deram conta de que a fome e a miséria não são indispensáveis ao equilíbrio do mundo, e que hoje, graças aos progressos da ciência e da técnica, surgiu pela primeira vez na história um tipo de sociedade na qual a miséria pode ser suprimida e com ela a fome.12


A Agenda 21 é o principal documento resultante da Conferência das Nações Unidades para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - UNCED / Rio-92. (1992) - Capítulo 3
A erradiação da pobreza e da fome, maior equidade na distribuição de renda e desenvolvimento de recursos humanos: esses desafios continuam sendo consideráveis em toda parte. O combate à pobreza é uma responsabilidade conjunta de todos os países.



http://www.josuedecastro.com.br/port/fome.html 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O futuro será diversificado ou não haverá futuro, profetiza Vandana Shiva


Valores como cuidado e proteção embasam uma 
democracia viva, que traz a sustentabilidade e atende
 as necessidades de conexão universal entre todas as 
espécies, defende a ecofeminista indiana em palestra
 realizada na capital gaúcha





Por Eliege Fante, para EcoAgência de Notícias Ambientais
A intensificação da biodiversidade é o antídoto para superarmos as crises existenciais, econômicas, sociais,
 sob as quais a humanidade se encontra. A afirmação é da ecofeminista indiana Vandana Shiva, que realizou
 palestra na noite de segunda-feira (28) no Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Reitoria da UFRGS,
 em Porto Alegre. Para ela,“O futuro será diversificado ou não haverá futuro,” profetizou.

A biodiversidade retratada se evidencia através do respeito ao próximo, às espécies, ao diferente, aos indígenas e

 as demais comunidades autóctones. Conforme explicou, são essas comunidades que possuem a sabedoria de 
como viver com uma pegada ecológica leve, ou seja, impactando menos os ecossistemas. “Com cada língua que
 desaparece vai também uma possibilidade de resistência contra a extinção das espécies.”

“Vamos celebrar as culturas, reinserir o bem-estar para a segurança ecológica das identidades, dos cidadãos da 

Terra, reaver o controle do alimento e da água,” disse Vandana. A pesquisadora entende que à globalização
 corporativa, que exclui o cidadão e também o parlamento e os políticos em geral, deve suceder-se uma 
democracia viva. “Temos que passar para economias vivas que proporcionem a sustentabilidade, satisfaçam a 
necessidade de consciência, de conexão universal, de compaixão e solidariedade.”

Felicidade Interna Bruta (FIP) - Como um exemplo desta possível prática, a pesquisadora contou a sua 

 experiência enquanto assessora na transição na economia do Butão para uma produção de alimentos totalmente
 orgânica. “Lá medem o FIB, a Felicidade Interna Bruta. É um ministério da felicidade e não da economia como os 
outros, que busca o equilíbrio e harmonia com a natureza. São responsáveis por criar novas fronteiras do
 pensamento, além do ecoapartheid – a separação do homem e da natureza, por criar uma democracia da 

comunidade da Terra, pois somos uma família na Terra.”

Sobre esta mudança de paradigma, é que Vandana Shiva falará na Rio+20. Adiantou que estará no painel 

“Segurança alimentar e nutricional” e que defenderá a agroecologia como modelo para produção de alimentos em
 contraposição ao agronegócio. “Para a economia verde tudo é mercadoria. Mas, como o slogan do Fórum 
Social Mundial é ‘Um outro mundo é possível’, eu digo 
que, um outro mundo é ‘necessário’ para a humanidade
 ter lugar no planeta,” disse.

Abordar a origem dessa visão da natureza enquanto

 mercadoria, levou a palestrante a citar o início do 
pensamento moderno com Francis Bacon, filósofo autor
 de Novum Organum (ou Novo Instrumento, 1620). 
Bacon pretendia substituir o Organum de Aristóteles, 
ao criar um processo de busca pelo conhecimento dito 
com bases sólidas. 
Contudo, este progresso pretendido, destacou Vandana, 
implantou a visão de que o conhecimento e o saber 
levariam ao poder sobre a natureza. Dando-se a partir 
daí, a separação entre esta e o homem. “Para esta
 ciência masculina, é preciso haver uma refeminização 
da humanidade, no sentido de um resgate dos valores femininos, 
como o cuidado e a proteção,” apontou.

A ciência masculina, aquela que impõe o subjugo da natureza, é a mesma que propõe o patenteamento da vida, 

por considerem-na vazia até que o homem a desenvolva. “O problema das corporações era que os agricultores 
guardavam as sementes, então a Organização Mundial do Comércio elaborou (1996) o Acordo sobre os Aspectos
 dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Na Índia, tínhamos 200 mil variedades de 
arroz, hoje estão reduzidas a um punhado,” denunciou o monopólio das sementes, principalmente pela Monsanto.
 No caso do algodão, cujo mercado a empresa detém 95%, o fracasso na colheita, a dependência financeira e o 
 endividamento dos agricultores devido ao alto custo das sementes e dos insumos, levou 150 mil pessoas ao 
suicídio na década de 90.

Patenteamento da Vida - A ecofeminista explica que o patenteamento da vida nega a criatividade da natureza.

 “A indústria faz de conta que cria muitas características nas sementes, mas só pode colocar uma toxina,” 
lembrou, referindo-se ao Bacillus thuringiensis. Ela criticou também a engenharia genética e o “cassino genético”
 que promove ao desenvolver organismos geneticamente modificados. “Inventaram que impedem que ervas 
daninhas roubem o sol, colocaram as abelhas como ladras de pólen. O resultado foi o uso 13 vezes maior de 
pesticidas e o desaparecimento de 75% das abelhas na Índia.”

Segundo Vandana, a agricultura industrial manipula a produtividade ao medir a produção por unidade de insumo.

 Ela defende o cálculo a partir dos produtos: alimento, excedente a ser vendido e biomassa. Especialmente sobre 
esta última, desmentiu o índice de 75% de não aproveitamento da biomassa. Segundo explicou, somente nas 
grandes cidades o petróleo e os subprodutos facilitam a subsistência, já que no restante delas, as comunidades
 são dependentes da biomassa. Por isso, considera o uso desta para fabricação de combustíveis uma violação 
dos direitos humanos e da economia da biodiversidade.

Ao comparar uma monocultura de milho, explicou que uma propriedade biodiversa, vai produzir além do milho, 

outras culturas também, e o principal, vai produzir nutrição. Em resposta ao público, afirmou que existem centenas
 de alternativas para substituir o capitalismo, sempre se levando em conta que as liberdades fundamentais são 
base para uma democracia viva. Intensificar a biodiversidade e não investir em insumos, que geram resíduos e 
impactos, mas plantar para ter alimento e não para ter mercadoria, são ingredientes da receita da indiana. “Assim
 como cada região tem bacia hidrográfica, deveria ter uma bacia alimentícia. É preciso ocupar os espaços das 
cidades, ter o sistema local, trabalhar com amor e confiança, pois existem mais tipos de alimentos do que o milho
, a soja, e as demais commodities,” disse.

A mudança do capitalismo para um paradigma ecológico vai ocorrer, ela acredita, porque está havendo maior

 conscientização das populações, principalmente a partir da crise econômica mundial de 2008 que provocou o
surgimento dos movimentos “Os indignados” e Occupy Wall Street. Em paralelo, a ativista sugere a ação individual
 por meio do reconhecimento de que somos sujeitos nesta luta, de que podemos fazer opções para criar uma
 revolução alimentícia, comer orgânicos e não químicos e ter a garantia de que a nossa forma de alimentação 
ajuda o avanço dos mercados locais. “Podemos nos tornar coprodutores da propriedade agrícola e da biodiversida_
de. O sistema capitalista não vai durar muito devido suas estruturas artificiais, suas mentiras e falsidades e,
 também, à medida que decidirmos criar um outro mundo,” concluiu.

Vandana Shiva é fundadora do Navdanya, um movimento pela conservação da biodiversidade e direitos dos 

agricultores. Ela também dirige a Fundação de Pesquisa para a Ciência, Tecnologia e Política de Recursos 
Naturais. Durante a palestra, abordou o curso de agricultura orgânica que promovem na Índia, onde falam sobre 
uma economia da resiliência e do qual já participaram 500 mil agricultores.
Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais

Lixão de Gramacho fecha amanhã; catadores querem forma "mais humana" de trabalhar com reciclagem

Fabíola Ortiz
Do UOL, no Rio

    Maior lixão a céu aberto da América Latina, Gramacho (Baixada Fluminense) encerra suas atividades
  • Guillermo Giansanti/UOL
    Maior lixão a céu aberto da América Latina, Gramacho (Baixada Fluminense) encerra suas atividades
Maior lixão a céu aberto da América Latina, Gramacho (Baixada Fluminense) encerra suas atividades nesta sexta-feira (1º) com cerca de 60 milhões de toneladas de resíduos acumulados ao longo de seus 34 anos. O fechamento, adiado por 14 anos, acontece perto de o Rio de Janeiro sediar a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que terá o meio ambiente no centro dos debates.
Segundo Sebastião Carlos dos Santos, representante da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho (ACAMJG), os catadores de lixo que trabalham no local até hoje vão buscar "trabalhar a coleta seletiva, a logística reversa e a cadeia produtiva da reciclagem no Rio de Janeiro de forma mais humana” .
Inaugurado em 1978 e localizado no município de Duque de Caxias, Gramacho recebeu por mais de três décadas o despejo de lixo urbano, químico hospitalar e industrial das cerca de 200 fábricas que compõem o polo industrial da Baixada Fluminense.
Foto 15 de 37 - 31.mai.2012 - Inaugurado em 1978, o lixão de Gramacho é exemplo do que não se deve fazer em matéria de gestão de resíduos Guillermo Giansanti/UOL
Segundo Vera Chevalier, diretora da ONG Ecomarapendi, Gramacho representa um dos maiores desastres ambientais provocados por um lixão no país.
“Gramacho é o exemplo de um grave desastre ambiental no Brasil e na América Latina e tem um passivo ambiental impagável. Não se consegue apagar tudo o que ele causou. Não é mais possível recuperar muitos dos danos causados”, afirma Chevalier, que acompanha o lixão desde 1990.

fim do lixão de Gramacho, no Rio

leia mais em: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/05/31/desastre-ambiental-lixao-de-gramacho-fecha-amanha-com-60-milhoes-de-toneladas-de-residuos.htm

Postagem em destaque

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO ORGÂNICO DOMÉSTICO?   ...