Engº. Agrº. José Zugno
Ganhei de uma sobrinha da minha irmã sementes de uma planta desconhecida que chamam de capote e plantei. Dá uma frutinha que meu neto gosta de comer. Mando algumas de amostra. Dá para consumir à vontade? Gostaria de obter mais informações sobre a planta.
Helena Scherner
Feliz – RS
Pelo exame trata-se de uma fruta conhecida pelo nome de fisalis, cujo nome científico é Physalis angulata, e é mais uma das tantas plantas úteis que crescem em nosso país. Pertence à família das solanáceas, da qual fazem parte também o tomateiro, a batateira, a berinjela, o pimentão, as pimentas e outras. Já abordei o assunto nesta coluna, na edição de 21 de maio de 1997.
A planta é um arbusto que pode atingir até 2 m de altura, parecido com o juá. Inicia a produção 4 a 5 meses após o plantio e pode produzir por um período de até 6 meses, quando tutorada e bem cuidada.
O fruto é semelhante a um pequeno tomate, bonito, delicado e de sabor único, levemente ácido e adocicado, que não tem comparação com outra fruta. Sua cor vai do amarelado até um forte alaranjado. O fruto mede 1 a 2 cm de diâmetro, pesa 3 a 5 gramas e é protegido por delicadas folhas secas, que uns chamam de capote (cálice concrescido, que envolve o frutinho). Cada planta pode produzir 2 a 4 kg de frutos e num hectare cabem 6.000 plantas.
Parece fruta exótica, mas não é. É brasileira pura, nativa de uma enorme área que vai desde a região sudeste até a Amazônia, passando pelo Nordeste.
São conhecidas 5 variedades. Tem vários nomes populares, dependendo da região. Na Amazônia, os índios a denominam de camapu. Na Bahia recebe os nomes de juá-de-capote, bucho-de-rã e outros. Na Europa e Estados Unidos, é conhecida como physalis.
Solo e clima – Não é exigente em solos, mas como toda solanácea cresce melhor em solos bem drenados, férteis e bem preparados. Muitas pessoas cultivam-na na horta ou no quintal. Produz em todo o Brasil, mas não tolera geadas. A Colômbia é o maior produtor mundial e exporta para os Estados Unidos e Europa a até U$ 16,00 o quilo. Os mercados das grandes capitais começam a oferecer a fruta, que chega a custar até R$ 80,00 o quilo.
Valor medicinal – O fisalis é rico em vitaminas A e C, fósforo, ferro, além de flavonóides, alcalóides e fitoesteróides, alguns recém-descobertos pela ciência. Os índios utilizam a raiz, as folhas e os frutos para o controle da hepatite e da malária. Tem ação fortificante, purifica o sangue e ajuda no tratamento do câncer de próstata, colesterol elevado e diabetes.
Culinária – Na culinária é muito apreciada pelos grandes chefs e gourmets da cozinha internacional na forma de doces, sorvetes, geléias, compotas, no fondue de chocolate, licor e como tira-gosto na degustação de vinhos. Uma delícia é a fruta coberta de chocolate. Não se conhecem restrições ao seu consumo, mesmo por crianças, mas como qualquer outra fruta, não se deve exagerar.
Esta fruta começa a se tornar conhecida no meio urbano brasileiro. Pelas informações da Estação Experimental Santa Luzia, telefone (15) 3258.2024, Guareí (SP), é uma planta com amplo futuro, podendo se constituir numa boa alternativa para a agricultura familiar, tanto para consumo "in natura" como para indústria, contanto que seu incremento seja feito de forma organizada e com assistência técnica agronômica. No RS começa a despertar interesse e já há algumas plantações em produção. Além disso, é planta muito ornamental.
Agradeço a colaboração do engº. agrº. Lírio Londero, chefe da Emater de Feliz. Em Caxias do Sul sementes de fisalis podem ser encontradas na Ruzzarin Agropecuária, rua Bento Gonçalves nº 2221 – telefone (54) 3223 4144.