MINHOCULTURA Maria de Fátima Gonçalves de Oliveira
É uma atividade onde se utilizam as minhocas
para conversão e transformação de resíduos orgânicos em húmus.
QUAIS OS PRINCIPAIS CUIDADOS PARA INICIAR A CRIAÇÃO DE MINHOCAS? Alimentação: a matéria-prima mais usada é o
esterco bovino curtido, porém deve ser de boa procedência e não
apresentar contaminação por resíduos de outros
produtos. Mas É aconselhável que o agricultor tenha sua própria
matéria-prima.
Cobertura: o canteiro deve ser coberto
por uma camada de 5 a 10cm de palha seca para manter a umidade e a
escuridão, essenciais à criação de minhocas, que não podem receber luz
solar.
Temperatura: a temperatura interna do canteiro ideal, para criação da espécie vermelha da Califórnia situa-se na faixa de 16o a 22ºC.
Umidade: a umidade do material deve ser em torno de 60%, mantidas através de regas em dias alternados. QUAL A ESPÉCIE DE MINHOCA UTILIZADA NESTA ATIVIDADE?
Na natureza, as minhocas se dividem em mais de
3.000 espécies. Porém a mais indicada para esta atividade é a
vermelha da Califórnia, cujo nome cientifico é (Eisenia foetida). POR QUE ESTA ESPÉCIE É MAIS RECOMENDADA?
Devido aos seguintes aspectos:
apresenta crescimento rápido;
possui precoce maturidade sexual;
melhor adaptação ao cativeiro.
O QUE É HÚMUS DE MINHOCA?
Húmus de minhoca ou vermicomposto é o excremento
das minhocas, um produto natural, estável de coloração escura, rico em
matéria orgânica, tendo nutrientes facilmente absorvido pelas plantas.
QUAIS AS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS PARA PRODUÇÃO DO HÚMUS?
Esterco de animais, bagaço de cana-de-açúcar, frutas, verduras, resíduos industriais orgânicos e restos de podas, etc.
ONDE É PRODUZIDO O HÚMUS DE MINHOCA?
Em minhocários, os quais podem ser feitos em
caixas de madeira, blocos de cimento, manilhas (anéis de concreto),
tijolos ou simplesmente em montes. O QUE É MINHOCÁRIO?
É o local onde a criação de minhocas é conduzida;
geralmente são formados por canteiros construídos de tijolos. O
tamanho varia com o objetivo da criação. ONDE DEVE SER INSTALADO O MINHOCÁRIO?
O minhocário deve ser construído em local
ventilado, sombreado, livre da infestação de predadores, não sujeito a
encharcamento e próximo à fonte de matéria-prima. QUAL O TAMANHO DO CANTEIRO NO MINHOCÁRIO?
É aconselhável começar com um canteiro de 10m de
comprimento por 0,80m de largura e 0,40m de altura. Um canteiro com
essas dimensões consome aproximadamente 2,5t de esterco curtido a cada
35 dias. QUAL A QUANTIDADE DE MINHOCAS NECESSÁRIA PARA COLOCAR NESSE CANTEIRO?
Recomenda-se colocar cinco mil minhocas por metro quadrado de canteiro. QUAL A PRODUÇÃO DE HÚMUS DO CANTEIRO COM ESSAS DIMENSÕES?
A expectativa de produção é de 150 a 170kg/m2 de
canteiro. Portanto teremos uma produção em torno de 1500 a 1700kg por
canteiro. QUAIS OS PRINCIPAIS INIMIGOS NATURAIS DAS MINHOCAS E COMO CONTROLÁ-LOS?
Formiga - principalmente as lava-pés, que
fazem ninho dentro do canteiro; a área atingida deverá ser removida
com todo o cuidado para que possa retirar o maior número de formigas
evitando que elas se alastrem; se houver formigas transitando na
superfície dos criatórios, podemos eliminá-las ateando fogo em folhas de
jornais passando rente ao interior do canteiro, procedimentos estes
que não prejudicam as minhocas. É conveniente colocar em volta ao
canteiro uma faixa de mais ou menos 10cm de carvão moído, evitando,
portanto, o trânsito das formigas, junto ao mesmo.
Sanguessuga - sua identificação é mais
difícil, pois assemelha-se muito com a minhoca. Sua coloração é
vermelho alaranjada ou cor-de-abóbora. Segundo especialistas, a
sanguessuga terrestre é nativa em diversos tipos de solos, e seus ovos
eclodem quando encontram ambiente ácido e bastante úmido, sendo seu
crescimento populacional superior ao da minhoca. É, talvez, o mais
sério dos predadores da minhoca, pois suga todo o sangue do seu corpo,
deixando a minhoca branca, totalmente anêmica, e sua morte é certa.
Para combatê-la, é necessário cimentar o fundo dos canteiros e
controlar a umidade do esterco em que se encontram as minhocas. Quando
descobrimos sanguessuga no canteiro, fazemos a catança manual
revirando todo o substrato do mesmo. Esse procedimento tem-se mostrado
bastante satisfatório, conseguindo-se eliminar as sanguessugas
completamente, e a repetição desse procedimento nos assegurará o seu
controle.
Pássaros - para evitar o ataque de pássaro devemos ter o cuidado de manter os canteiros bem cobertos.
COMO DEVE SER A REMOÇÃO DAS MINHOCAS NO CANTEIRO?
A remoção deve ser feita utilizando a técnica da peneiração. Recomenda-se portanto, uma peneira de malha de 4mm. COMO DEVE SER COMERCIALIZADO O HÚMUS?
O húmus de minhoca, ou vermicomposto, como também
é chamado, pode ser comercializado a granel, em sacos de 20 e 50kg, por
tonelada, ou embalado em pequenas quantidades em sacos plásticos
personalizados de 1,2,3 ou 5kg, com cores e desenhos que possam atrair
o consumidor e facilitar a identificação do produto. QUAL O PRAZO DE VALIDADE DO HÚMUS DE MINHOCA?
O prazo de validade é aproximadamente 3 meses
podendo prolongar por até 6 meses, desde que mantenha acondicionado em
lugar arejado e, semanalmente, feita a reposição de água . QUAIS OS BENEFÍCIOS DO HÚMUS DE MINHOCA PARA O SOLO?
melhora a porosidade e a aeração do solo, aumentando a capacidade de captação de nutrientes pelas plantas;
aumenta vida biológica no solo, com o
desenvolvimento de bactérias e fungos fixadores do nitrogênio e
proliferação dos microrganismos;
diminui a quantidade de adubo químico, proporcionando redução nos custos de produção;
pode ser empregado em todo tipo de cultura;
é um produto natural que não degrada o meio ambiente.
QUAIS AS VANTAGENS DE UTILIZAÇÃO DO HÚMUS DE MINHOCA NA AGRICULTURA?
Ser produzido pelo próprio
agricultor, através do aproveitamento dos resíduos orgânicos gerados
na própria propriedade, diminuindo assim a dependência com aquisição
de insumos industriais, o que acarreta uma redução nos custos de
produção.
QUAL A QUANTIDADE DE HÚMUS DE MINHOCA QUE DEVE SER USADA?
A quantidade varia de acordo com o tipo de solo,
com a sua fertilidade, com a cultura a ser explorada, com o tipo de
adubação, com o custo do fertilizante e o valor da colheita.
É preferível utilizar doses menores e constantes a
aplicações pesadas e espaçadas. Nas atividades agrícolas, utiliza-se
em média, 30t/ha, a lanço. Quando em cova, essas quantidades variam de
4 a 5L por cultura.
O húmus de minhoca é um produto resultante da decomposição de matéria orgânica digerida pelas minhocas. É um adubo orgânico natural, com pH neutro, sendo leve inodoro,
solto, fresco e macio, com aparência lembrando vagamente pó de café. Pode ser aplicado imediatamente no solo e, entre suas qualidades, merecem destaque as seguintes:
- Possui bons teores de macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre e magnésio) e de micronutrientes (zinco, ferro, cobre molibdênio e cloro);
- Apresenta rica e diversificada flora microbiana e uma enorme gama de fitorreguladores, concorrendo para a melhor fertilidade natural do solo;
- Recupera e fertilidade do solo cansado e não tóxico para as plantas, os animais e o homem.
- Proporciona um equilíbrio nutricional às plantas, pois as substâncias que contém são liberadas lentamente. Com isso, melhora a qualidade dos produtos agrícolas, tornando-os mais sadios e duradouros;
- Antecipa e prolonga os períodos de florada e frutificação.
1 Kg de Húmus corresponde a 5 kg de esterco bovino
Dosagens médias para o uso de húmus de minhoca
Cultura
Plantio
Cobertura
Sulco
Observações
Citros
300 a 500g/cova
1000 a 1500 g/pé 2 vezes/ano
Citros Viveiros e Sementeiras
50% de húmus, 50% terra
800 g/m2 de canteiro, 3 vezes/ano
Uva
300 a 500 g/cova
1.000 a 1.500 g/pé, 4 vezes/ano
na cobertura misturar húmus com terra
Morango
500 g/cova
600 g/m2 durante o cultivo
Abacaxi
400 a 500 g/cova
Milho Verde
300 a 400 g/cova
Abóbora, melão, melancia, pepino
400 g/cova
Árvores frutíferas de clima temperado
400 a 600 g/cova
1.000 a 1.500 g/pé, 2 vezes ao ano
Arbustos Frutíferos
500 g/cova
1.500 g/pé, 2 vezes ao ano
Hortaliças de folhas
600 g/m2 ou 100 g/cova
Após 60 dias da germinação ou durante o cultivo, 600 g/m2
200 g/metro linear
Legume em Geral
150 g/cova
Vasos de plantas (Avencas, samambaias, violetas e outros
200 g/vaso
200 g/vaso, 4 a 6 vezes/ano
Na cobertura, mistura húmus com terra
Roseira e arbustos floríferos
200 g/cova ou 500 g/m2
400 g/pé no sulco, 4 vezes/ano
Jardins em geral
500 g/m2 na preparação da terra e 500 g/m2 ou 200 g/cova no plantio
Há 55 milhões de anos, quando os cientistas acreditam que a terra se encontrava em um estado de quase caos, perigosamente aquecida por gases estufa, o Oceano Ártico também era um lugar muito diferente. Era um grande lago, conectado com oceanos maiores por uma abertura primária: o Estreito de Turgai.
Quando este canal se fechou ou foi bloqueado cerca de 50 milhões de anos atrás, o corpo de água fechado se tornou o habitat perfeito para uma samambaia de folhas pequenas chamada Azolla. Imagine o Ártico como o Mar Morto de hoje: era um lago quente que se tornou estratificado, sofrendo por falta de trocas com águas externas. Isto significa que a água se tornou carregada de nutrientes em excesso.
A Azolla tirou vantagem da abundância de hidrogênio e dióxido de carbono, dois de seus alimentos favoritos, e se espalhou. Grandes populações formaram tapetes grossos que cobriram todo o lago. Quando a precipitação de chuvas passou a aumentar, graças a mudanças climáticas, enchentes criaram uma fina camada de água fresca para a Azolla se espalhar para fora, em partes dos continentes nos arredores.
Azolla surgiu e desapareceu em ciclos por aproximadamente um milhão de anos, cada vez acrescentando uma camada adicional de sedimentos ao grosso “tapete” formado por eles, que foi encontrado em 2004 pela expedição Arctic Coring.
O fato de que esta planta só precisa de pouco mais de uma polegada (2,5 cm) de água para crescer faz com que todo o cenário pareça ter sentido – isto é, até você saber o quanto de dióxido de carbono esta planta faminta absorveu no decorrer destes milhões de anos.
“Cerca da metade do CO2 disponível na época” disse Jonathan Bujak, que estuda poeira e partículas finas de plantas como um palinologista. “Os níveis despencaram de 2500-3500 [partes por milhão] para entre 1500 e 1600 PPM.”
Enquanto o que acabou a era Azolla ainda é incerto, os 49 milhões de anos seguintes viram a terra cair em um ciclo que causou ainda mais quedas drásticas nos níveis de CO2.
Os continentes ao sul se separaram, e, enquanto a América do Sul e a Índia migravam para o norte, a Antártica se tornava isolada e cada vez mais fria, absorvendo mais CO2 e criando correntes de ar frio que perpetuavam o gelo. Uma sucessão de eras glaciais foi iniciada assim que o CO2 atmosférico caiu para menos de 600 PPM, há aproximadamente 26 milhões de anos, apenas 200 PPM acima da estimativa atual.
Eras glaciais cíclicas começaram, alternando entre 10 mil anos de glaciação massiva, seguidos de uma pausa de 10 mil anos. Na metade do século 18, o CO2 atmosférico estava a uma concentração de 280 PPM.
Encontrando usos modernos para uma planta heroica
“O que é realmente incompreensível”, disse Bujak, “é que os processos do nosso planeta de resfriamento e queda de CO2 levaram 50 milhões de anos para acontecer. Agora, estamos revertendo isso em uma questão de séculos”.
O que sabemos sobre as funcionalidades da Azolla ainda é superficial, mas pessoas ao redor do mundo, como Kathleen Pryer, uma professora da Duke que idealizou o sequenciamento do genoma desta pequena samambaia, vem encontrando formas criativas para explorar suas possibilidades. Alan Marshall, um ex-radiologista vivendo na Tasmânia, Austrália, é apenas um exemplo de cidadão-cientista que acredita queAzolla pode ajudar o planeta a encontrar um equilíbrio.
Após dois sofridos anos como um radiologista voluntário no leste africano, Marshall começou a ver que os avanços tecnológicos não são sempre conseguidos por um bom preço. Ele passou a pesquisar meios de empregar o que ele chama de tecnologia alternativa apropriada.
“’Alternativa’ significa que, em oposição á tecnologia industrial cara e que só pode estar disponibilizada quando se tem uma equipe de manutenção, você emprega um meio local e mais simples para realizar o mesmo trabalho.” disse Marshall. “’Apropriado’ leva em consideração o que o povo local vai aceitar de acordo com suas necessidades, tradições, religião, capacidade técnica, etc”.
Marshall estava procurando por um método de tratar a água das pias e da banheira de sua casa, para que pudesse ser usada em seu jardim, quando ele encontrou aAzolla.
“Eu estava no jardim de um vizinho, quando notei uma planta rosada nascendo na superfície de sua lagoa; peguei uma amostra, levei pra casa e pesquisei sobre ela na internet.” Disse Marshall. “Quando descobri que era uma espécie de Azolla, e que ela podia remover fosfatos e nitrogênio da água, pensei que isto poderia ajudar.”
Ele começou a experimentar com Azolla como parte de um sistema de filtragem e compartilhava seu projeto na internet com outros entusiastas da planta e de tecnologia alternativa. Marshall criou um sistema de filtragem de três partes que é efetivo em eliminar o cheiro da água suja, mas não em remover patógenos e vírus.
Ele disse que o desenvolvimento desses mecanismos simples e de pequena escala é ideal como uma tecnologia alternativa, mas também pode ser adaptado para um sistema maior. Este é o motivo pelo que se precisa tanto de profissionais da área para guiar trabalhos futuros.
Coma sua Azolla, faz bem pra você
Outros indivíduos experimentaram com os aspectos alimentícios da Azolla, incluindo Andrew Bujak, um chef, filho de Jonathan Bujak. Andrew vem cultivando-as em sua casa, no Canadá. Inicialmente interessado no conceito de slow-food, um movimento italiano que surgiu em oposição à crescente influência das empresas de fast-food, como o McDonald’s, Bujak pensou em um uso pessoal para a Azolla.
“Eu percebi que ela não era apenas uma boa fonte alimentar, sendo nutritiva e praticamente sem sabor, mas também pode ser cultivada por qualquer um, em (quase) qualquer lugar do planeta. Ela é fácil de encontrar, seja online ou em lojas de aquários. É só adicionar água, literalmente”, afirmou Bujak, com uma risada. Quando pedido para descrever o sabor da planta, Bujak a comparou com uma folha de grama.
Azolla cresceu não apenas no Canadá, mas quase em todos os lugares do mundo, segundo Bujak, então, ela é naturalmente adaptada para muitos climas e regiões diferentes. Isto faz com que seja fácil que as pessoas possam simplesmente pegar a planta e usá-la.
“Talvez você seja um pequeno fazendeiro em Alberta e você queira cortar gastos e diminuir a emissão de carbono”, disse Bujak. “Cultive Azolla. Agora você tem um fertilizante valioso, uma fonte de alimentos para seu gado e algo para você mesmo comer.”
Ele adicionou que Azolla também pode ser um superalimento no futuro, tanto por causa de seu valor nutritivo quanto pela quantidade mínima de espaço que ocupa.
“Mesmo se nós as cultivarmos em safra, nós não iriamos estar desperdiçando áreas agricultáveis. Ela seria simplesmente adicionada a sistemas já existentes, como as que são usadas agora em lavras de arroz”, declarou Bujak. “Em situações onde a terra para cultivo de alimentos é extremamente limitada, Azolla oferece muita nutrição para pouco terreno. Já está sendo pesquisado até mesmo seu uso no espaço!”
Bujak relatou que seu próximo projeto é recriar nori, tiras secas e compressas de algas marinhas, utilizando esta planta. Atualmente, Azolla pode ser encontrada como nutracêutico [junção de “nutricional” e “farmacêutico”] no Canadá, em cápsulas ou em pó, com a afirmação de ser um antioxidante e de trazer outros benefícios gerais à saúde, mas ainda não foi aprovada nos Estados Unidos. Bujak afirmou que não vai demorar até que isto aconteça.
“Essa planta é tão incrível, em todos os sentidos”, ele disse. “Eu não ficaria surpreso com nada que fosse descoberto sobre suas capacidades”
A China se torna favorável
Duas semanas atrás, o Instituto de Genômica de Pequim (BGI), dono da plataforma de sequenciamento mais sofisticada do mundo, concordou em adotar o projeto de Pryer para financiar o mapeamento do genoma da Azolla. Até este ano, os mistérios do passado desta planta e suas aplicações para o futuro poderão se tornar dados de acesso aberto.
Gane Ka-Shu Wong, uma das fundadoras do BGI, que também ensina na Universidade de Alberta, no Canadá, disse que a origem pouco ortodoxa do grupo combina, de algumas formas, com o projeto de Pryer. Enquanto trabalhava no projeto Genoma Humano, no final dos anos 90, Wong começou a pensar que o processo de ciência tinha se tornado muito institucionalizado.
“O sistema de recompensa de um governo típico ou de um laboratório universitário é muito focado no indivíduo, não na equipe”, declarou Wong. Se juntando com outros cientistas que pensavam o mesmo, Wong procurou um lugar para abrir suas portas.
“Nós decidimos que, se quiséssemos mudar essa cultura, nós precisaríamos ir para um lugar em que praticamente não houvesse competição, na época”, disse Wong. “Na década de 90, um lugar era muito, muito diferente do que é hoje – esse lugar é a China”.
Sabendo que o genoma humano estava prestes a ser decodificado, a equipe rapidamente se mudou para o outro lado do oceano. Para a surpresa de seus colegas, eles conseguiram terminar sua contribuição de 1% a tempo.
“Nós provamos que conseguíamos, então nós crescemos rapidamente. O governo ficou interessado, empresas privadas ficaram interessadas, e, de repente, nós nos tornamos importantes”, relatou Wong.
Agora fornecendo testes hospitalares, além de oferecer um enorme espectro de outros serviços biológicos, a empresa logo começou a gerar lucro.
“Começamos a usar dinheiro de projetos comerciais para financiar o que chamamos de ‘ciência divertida’”, disse Wong, se referindo aos projetos que despertam a curiosidade de cientistas apenas porque respondem a uma pergunta, não necessariamente servindo a uma função econômica.
“Basicamente, somos um bando de cientistas que amam a ciência e querem ganhar a vida. Até então, está dando certo”, disse Wong. “Nosso objetivo é levar estas informações ao público para que o máximo de pessoas possa ter acesso”.
O BGI também vai focar em desvendar a relação complexa entre Azolla e as cianobactérias que são suas companheiras próximas, algo que o BGI vê como um elemento chave no uso futuro da planta e na extensão dos estudos.
Outros que vêm trabalhando com Azolla por décadas estão entusiasmados com a notícia.
Uma fortuna no futuro de uma plantinha?
“Este conhecimento vai nos dar controle sobre a Azolla de um jeito que não tínhamos antes”, disse Francisco Carrapico, da Universidade de Lisboa. “Nós poderemos aumentar a captura de carbono e a fixação de nitrogênio, ou dar propriedades da Azolla para outras plantas. Até encontramos compostos químicos naAzolla que param a divisão celular. A questão quase chega a ser ‘precisamos encontrar o que esta planta não consegue fazer’”.
Esta planta tem, sim, um problema, que vem dando a ela uma má reputação em partes da Europa e a designação de erva-daninha na América do Norte. Azolla pode,como a maioria das algas, formar enormes proliferações, como ela fez há 49 milhões de anos, no ártico, asfixiando toda a vida de baixo.
Mesmo nesses casos, Jonathan Bujak argumenta, “a proliferação é um sintoma”, normalmente causado por níveis altos de nitrogênio.
Enquanto Pryer diz que suas motivações para pesquisar Azolla são, em maioria, acadêmicas, ela certamente vê o potencial para que o empreendedorismo cresça em volta da planta no futuro.
“Nós queríamos um genoma para o povo, pelo povo”, disse Pryer, com um sorriso. Mas, outros pensam em algo além do aprendizado acadêmico, aplicações ambientais ou industriais que serão possíveis com o trabalho de Pryer.
“Azolla me fez perceber que as coisas na vida são muito diferentes do que nos ensinam que seja”, disse Carrapico. “A vida é como a internet: Tudo está conectado invisivelmente, mas nós nos esquecemos disso. Não vemos como impactamos uns aos outros. Podemos olhar para essas conexões e, através da biologia, investir em mudanças que irão melhorar o mundo que deixaremos para o futuro”.
A busca por financiamento para pesquisas adicionais já terminou*, mas este certamente não é o capítulo final na saga da Azolla, uma história que começou muito antes de os humanos habitarem o planeta e, provavelmente, continuará até bem depois de nós irmos embora.
*O Azolla genome Project recebeu doações através deste site até o dia 17/07/2014, quando atingiu 147% do valor que era preciso.
Com a mensagem inspiradora de que sustentabilidade começa em casa, o Planeta no Parque, evento do Planeta Sustentável realizado hoje (25) no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, teve início com a oficinaMinhocário Doméstico. Foi ministrada pela Morada da Floresta e levantou pontos importantes para a discussão sobre o meio ambiente, como a reciclagem de materiais orgânicos com o processo de compostagem.
Muitos ainda têm dúvidas e não sabem como colaborar na redução de lixo orgânico. A palestrante Ligia Nicacio Santos, educadora ambiental, mostrou como a compostagem orgânica doméstica pode ser uma saída fácil, prática e muito educativa para esse problema, por diminuir o volume do lixo levado aos aterros sanitários e gerar uma fonte de renda para as famílias.
Com um público diversificado, a oficina explicou como implantar esse sistema em casa através de três possibilidades: leiras – deixa o lixo empilhado em um espaço grande e fechado –, alambrado – também é realizado em um quintal de grandre – e minhocário – feito em três caixas e minhocas californianas, pode ser implantado tanto em espaços grandes, quanto pequenos.
A compostagem com os minhocários podem causar má impressão a primeira vista –justamente por usar as minhocas californianas – mas a Morada da Floresta garante: o processo não leva insetos inconvenientes para sua residência; recicla seu lixo e ainda possibilita a propagação da educação ambiental entre familiares e amigos.
Para fazer é necessário apenas de três caixas, que variam de tamanho de acordo com o espaço destinado a elas, e do lixo produzido pela família. Na primeira caixa e segunda caixa são colocados terra; componentes orgânicos molhados; secos; minhocas californianas e, pronto! É só esperar as minhocas realizarem o resto do trabalho com a transformação do material em adubo – o qual é despejado na terceira caixa.
A fim de incentivar a ação, a família de Júlia, de oito anos, veio em peso ao evento para mostrar aos colegas que é possível, sim, montar um minhocário em casa. “Sempre que posso ajudo a minha mãe a separar os compostos secos – como os papéis que eu junto da escola – dos molhados, e depois colocamos nas caixas e esperamos o resultado”, explica.
Para seu pai, o jornalista Renato Krausz, a implantação do sistema de compostagem doméstica ajudou a reduzir o lixo produzido pela família e contribuiu diretamente na educação de suas duas filhas. Ele aponta que “conscientizar as crianças sobre a importância do meio ambiente é pensar no futuro, e colocar essas ações em prática é uma maneira delas aprenderem em casa”.
Minhocultura,
ou vermicompostagem é o processo de reciclagem de resíduos orgânicos
através da criação de minhocas em minhocários, oferecendo importante
alternativa para resolver economicamente e ambientalmente os problemas
dos dejetos orgânicos, como o lixo domiciliar. O produto final da
vermicompostagem constitui num excelente fertilizante orgânico (húmus)
capaz de melhorar atributos químicos (oferta, melhor retenção e ciclagem
de nutrientes), físicos (melhoria na estruturação e formação de
agregados) e biológicos do solo (aumento da diversidade de organismos
benéficos ao solo).
Técnicas de Criação:
O
local de construção do minhocário deve situar-se o mais próximo
possível do mercado consumidor e da matéria-prima utilizada como
substrato. Além de situar-se em uma área de fácil acesso, de preferência
em locais parcialmente sombreados, mas com boa insolação, e em terrenos
elevados, com pouca declividade, facilitando a construção dos canteiros
e os sistemas de drenagem. Um fator limitante que devemos estar atentos
na fase de elaboração do minhocário é a disponibilidade de
matéria-prima e água em abundância e limpa no local, principalmente nos
períodos de seca, quando é mais necessária para a irrigação dos
canteiros.
Tipos de Criatórios:
- Caixas de madeira ou tonéis de 200 litros, cortados longitudinalmente, com furos na parte inferior.
-
Canteiros de blocos, tijolos, madeira ou bambu, normalmente possuem 1
metro de largura por 0,30 a 0,40 cm de altura e o comprimento possível
ou desejado. O piso do canteiro poderá ser cimentado ou terra batida.
- Sistema de montes com o piso em terra batida ou cimentado.
Fontes de matéria-prima:
Toda
matéria orgânica de origem animal e vegetal passada pela
pré-compostagem, ou seja, semi curado, livre de fermentação, pode ser
usada na alimentação das minhocas. As minhocas exigem alimentações
balanceadas, rica em nitrogênio, fibras e carboidratos. Quanto mais rica
for à matéria-prima, maior será o sucesso econômico do seu
empreendimento. Podemos utilizar como fontes de matéria-prima: estercos
de boi, cavalo e coelho, restos de cultura (uma leguminosa, pois fixa
nitrogênio, palha, folhas e cascas de frutas), resíduos agro-industriais
(bagaço de cana), lixo domiciliar, lodo de esgoto.
Manejo do Minhocário:
A
quantidade necessária de minhocas para iniciar a criação é de 1 litro,
aproximadamente 1500 minhocas /m². Para um bom desenvolvimento do
minhocário além de matéria-prima suficientemente rica para alimentar as
minhocas, devemos proporcionar um ambiente adequado para o bom
desenvolvimento e reprodução das minhocas, monitorando a temperatura
(entre 20-25°C), umidade (70-85%), pH ( pH 7,0), aeração e drenagem do
meio (o meio não deve ser compactado e nem encharcado). É interessante
depois de preenchido os canteiros com as diferentes fontes de
matéria-prima semi-curada, cobrir os canteiros com folhas de bananeiras
ou restos de capina para manutenção de umidade e proteção contra
incidência direta da luz solar, além de dificultar fuga das minhocas. A
minhoca possui alguns inimigos naturais que devem ser controlados,
dentre eles galinhas, sanguessugas, pássaros e formigas lava-pés. Se o
ambiente natural não for favorável ao desenvolvimento das minhocas
haverá fugas das mesmas, inviabilizando a produção do seu
empreendimento.