quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Biologia sintética: “Essa tecnologia é necessária?” Entrevista com Silvia Ribeiro


“Não existem legislações adequadas à biologia sintética e há total ignorância acerca dos efeitos dos produtos derivados da biologia sintética sobre a saúde”, adverte a pesquisadora do Grupo ETC.
Foto:sp.es-static.us
“Supostamente mais amigável com o meio ambiente”, tendo a biomassa como matéria-prima para produzir combustíveis e plástico, a biologia sintética não é uma proposta para sair da dependência dos combustíveis fósseis, diz Silvia Ribeiro àIHU On-Line.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, ela adverte que as transnacionais petroleiras, empresas químicas e farmacêuticas que financiam as pesquisas de biologia sintética visam à “construção em laboratório de sequências genéticas sintéticas para construir, por exemplo, rotas metabólicas que alterem funções específicas em microrganismos ou para criar micróbios sintéticos inteiros com novas funções, capazes de produzir substâncias industriais”. Segundo ela, a manipulação ou criação de micróbios através da biologia sintética possibilitará “processar qualquer fonte de carboidratos como base para a construção de polímeros que podem ser processados, como combustíveis, farmacêuticos, plásticos ou outras substâncias industriais. Atualmente, isto é em grande parte teórico ou está apenas na fase experimental, mas em alguns setores já funciona no âmbito da produção industrial”.
Silvia adverte ainda que, com o desenvolvimento da biologia sintética, a tendência é de que haja um “aumento exponencial da exploração da biomassa planetária”, já que “tudo o que esteja vivo ou tenha estado, seja natural ou cultivado, seja resíduos de colheitas ou plantações florestais, alimentos, algas, fibras vegetais, passa a ser categorizado como ‘biomassa’, uma matéria-prima universal que pode ser processada com biologia sintética”. Nessa perspectiva, enfatiza, os territórios e produções camponesas e indígenas “se verão despojados por esta nova indústria baseada na biologia sintética”.
Apesar de as principais pesquisas sobre biologia sintética estarem sendo desenvolvidas nos Estados Unidos e naEuropaSilvia informa que “a indústria está deslocando a produção – não a pesquisa – para países como o Brasil, com biomassa abundante e barata e, no caso da produção da cana-de-açúcar, até com trabalho semiescravo”. E acrescenta: “Por isso, no Brasil, há empreendimentos como o da Amyris, que além do farneseno estão produzindo esqualeno (naturalmente derivado da oliva) e patchouli para a indústria cosmética”.
Silvia lembra também que, além das implicações relacionadas ao meio ambiente e à vida de comunidades indígenas e camponesas, a biologia sintética permite a possibilidade de “fabricar vida totalmente artificial a partir do zero e micróbios com capacidades que não existiam. Por essa razão, sua liberação intencional ou acidental – o que é muito fácil de acontecer, pois os tanques não são instalações de alta segurança, apenas outro processo industrial a mais – poderia ter consequências imprevisíveis e potencialmente devastadoras”.
Silvia Ribeiro é pesquisadora e coordenadora de programas do Grupo ETC, grupo de pesquisa sobre novas tecnologias e comunidades rurais, com sede no México. Ela tem ampla bagagem como jornalista e ativista ambiental no UruguaiBrasil e SuéciaSilvia também produziu uma série de artigos sobre transgênicos, novas tecnologias, concentração empresarial, propriedade intelectual, indígenas e direitos dos agricultores, que têm sido publicados em países latino-americanos, europeus e norte-americanos, em revistas e jornais, bem como vários capítulos de livros. Ela é membro da comissão editorial da Revista Latino-Americana Biodiversidad, sustento y culturas, e do jornal espanhol Ecología Política, entre outros.
Confira a entrevista.
Foto: www.etcgroup.org
IHU On-Line - Como e a partir de quais interesses a biologia sintética se desenvolveu nos últimos anos?
Silvia Ribeiro - No final do milênio e facilitada pela manifestação de múltiplas crises globais, começou a tomar forma a visão de uma economia “pós-petroleira”, supostamente mais amigável com o ambiente, baseada no uso industrial da biomassa como matéria-prima. Sem uma análise cuidadosa, isso poderia representar uma opção sensata para sair da dependência de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão e gás. Mas, o que é realmente?
Assim como as outras propostas englobadas na chamadabioeconomia ou “economia verde”, a economia industrial da biomassa não faz nenhum questionamento aos padrões dominantes de consumo e produção, nem às injustiças sociais, econômicas e ecológicas globais que estes provocaram. Propõe apenas outras rotas para poder continuar com o mesmo modelo, neste caso mudando a fonte das matérias-primas e as tecnologias usadas.
Um elemento central para esta nova “economia da biomassa” é o uso da biologia sintética: a construção em laboratório de sequências genéticas sintéticas para construir, por exemplo, rotas metabólicas que alterem funções específicas em microrganismos ou para criar micróbios sintéticos inteiros com novas funções, capazes de produzir substâncias industriais.
Com micróbios manipulados (ou criados) com biologia sintética, seria possível processar qualquer fonte de carboidratos como base para a construção de polímeros que podem ser processados como combustíveis, farmacêuticos, plásticos ou outras substâncias industriais. Atualmente, isto é em grande parte teórico ou está apenas na fase experimental, mas em alguns setores já funciona no âmbito da produção industrial.

“A primeira pergunta a ser feita é se esta perigosa tecnologia é necessária. A resposta é ‘não’”

Neste horizonte, toda a natureza, os ecossistemas, tudo o que esteja vivo ou tenha estado, seja natural ou cultivado, seja resíduos de colheitas ou plantações florestais, alimentos, algas, fibras vegetais, passa a ser categorizado como “biomassa”, uma matéria-prima universal que pode ser processada com biologia sintética. Por isso, esta perspectiva implica um aumento exponencial da exploração da biomassa planetária.
Sem contar que esta “biomassa”, em muitos casos, não é tal, mas são territórios e produções camponesas e indígenas que se verão despojados por esta nova indústria baseada na biologia sintética. Há, pois, um problema global: a apropriação industrial de biomassa planetária, segundo os institutos que calculam apegada ecológica, como o Global Ecological Footprint Network, já rebaixou em muito os limites da sua capacidade de renovação. Isto quer dizer que já antes mesmo desta nova expansão industrial, consome-se a biomassa mais rapidamente que sua capacidade de regeneração, pelo que já não é um recurso renovável.
Investidores em biologia sintética
Entre os grandes investidores em biologia sintética encontram-se seis das dez maiores empresas petroleiras e de energia, seis das dez maiores empresas químicas, seis das dez maiores empresas de agronegócios e as sete maiores farmacêuticas em nível global. Agora se somaram também muitas das indústrias de cosméticos e aditivos alimentares.
Por exemplo, encontramos empresas como a ShellExxonBPChevronTotal, BasfDowDuPontMonsanto,CargillADMBungeValePfizerSanofi-Aventis, GlaxoSmithKlineNovartisRocheMerck, e agora também aGivaudanInternational Flavours & Fragances Inc. Várias dessas empresas têm investimentos em biologia sintéticano Brasil, assim como também a Petrobras. Em geral, com acordos com companhias novas menores, dedicadas especificamente à biologia sintética, como AmyrisSolazymeCodexisLS9 e outras similares.
IHU On-Line - Quais são os objetivos da biologia sintética no longo prazo?
Silvia Ribeiro - O objetivo fundamental, porque é o mais lucrativo, é a produção de combustíveis, e em segundo lugar de plásticos, o que explica que todas as grandes petroleiras e a indústria petroquímica estejam investindo nesta indústria. No entanto, encontraram dificuldades para aumentar a produção, motivo pelo qual parte da indústria se voltou, com as mesmas tecnologias, para outros ramos, sem abandonar o setor energético. O setor industrial debiologia sintética que mais rapidamente cresce é a produção com biologia sintética de fármacos, saborizantes e fragrâncias de origem botânica, que, ao contrário da produção de combustíveis, se concentra em produtos de pouco volume e alto valor agregado. Este setor da indústria ameaça diretamente milhões de camponeses e camponesas doTerceiro Mundo que vivem deste tipo de produção como sua fonte de sustento.
O caso mais avançado em combustíveis derivados com biologia sintética é o produzido pela Amyris, companhia líder do setor, que inclusive instalou uma subsidiária no Brasil. A partir de contratos com grandes companhias de grãos e cana-de-açúcar no Brasil (CosanAçúcar Guarani e a transnacional Bunge no Brasil), começou a produzir o farneseno a partir de uma levedura modificada com biologia sintética, que é usado como combustível em ônibus emSão Paulo. A Amyris, por sua vez, fez outros acordos para a produção de combustíveis com petroleiras (Total,ChevronShell) e outras do setor automotivo, como a Mercedes Benz e a Michelin Tire.
IHU On-Line - Quais são os produtos desenvolvidos pela biologia sintética?
Silvia Ribeiro - Como já mencionei, além do farneseno da Amyris no Brasil, há “biorrefinarias” da DuPont produzindo algo parecido ao plástico, para o que usam milho, mas o resultado não é biodegradável. Procuram enganar o público dizendo que é “biobaseado”, mas na realidade tomam mais de 150 mil toneladas de milho para produzir aproximadamente 45 mil toneladas desse produto, ou seja, não tem nada de sustentável e, além disso, exacerba a competição com a produção alimentar e provoca o aumento do preço dos alimentos, situações já graves porque osEstados Unidos destinam 40% do milho a agrocombustíveis. A chamada segunda e seguintes gerações de agrocombustíveis baseiam-se, em sua grande maioria, em biologia sintética e absolutamente não vão resolver o conflito com os alimentos.
Afora que todos os produtos de biologia sintética que estão desenvolvendo são substituições de produtos que já existiam no mercado, derivados botânicos que são usados para farmacêuticos, saborizantes, fragrâncias e produtos de higiene, como o óleo de vetiver, baunilha, açafrão, esqualeno (umectante), patchouli, óleo de ácido láurico e mirístico (que são comumente derivados da palma e babaçu). No ramo farmacêutico, a empresa Sanofi está produzindo artemisinina, para a malária.
Em todos os casos, são produtos que já existiam, são mercados que não necessitavam de uma produção maior e que vêm da produção natural camponesa. Portanto, a biologia sintética não agrega nenhum benefício. São grandes transnacionais que tentam substituir os produtos camponeses de alto valor agregado por produção industrial em tanques, com o único objetivo real de aumentar seus lucros.

“Assim como as outras propostas englobadas na chamada 'bioeconomia' ou 'economia verde', a economia industrial da biomassa não faz nenhum questionamento aos padrões dominantes de consumo e produção, nem às injustiças sociais, econômicas e ecológicas globais que estes provocaram”

IHU On-Line - Em quais países a pesquisa sobre biologia sintética está sendo desenvolvida?
Silvia Ribeiro - A pesquisa está sendo desenvolvida, sobretudo, na Europa e nos Estados Unidos, embora haja também alguma pesquisa em alguns poucos países do Sul. Por exemplo, a Embrapa tem um laboratório de nanotecnologia e biologia sintética.
O que está claro é que a indústria está deslocando a produção – não a pesquisa – para países como o Brasil, com biomassa abundante e barata e, no caso da produção da cana-de-açúcar, até com trabalho semiescravo. Por isso, noBrasil, há empreendimentos como o da Amyris, que além do farneseno estão produzindo esqualeno (naturalmente derivado da oliva) e patchouli para a indústria cosmética.
Também a Solazyme associou-se à Bunge, e receberam um financiamento do BNDES, em 2013, da ordem de 246 milhões de reais para produzir óleo de ácido láurico e mirístico, que substitui o óleo de palma, coco, cacau e babaçu. Esta produção é feita com algas manipuladas com biologia sintética, mas feita em tanques, ou seja, são heterotróficas, não usam a luz para se reproduzirem, mas têm que ser alimentadas com açúcares, o que aumenta também essa demanda. Portanto, não trazem nada de novo; somente deslocam a produção de camponeses e indígenas, como as quebradeiras de coco babaçu e outras produções similares. A transnacional Unilever comprometeu-se a comprar daSolazyme a sua produção, que é usada em sabonetes e outros produtos de higiene.
IHU On-Line – Em que medida a biologia sintética impacta as comunidades indígenas e camponesas? Pode dar alguns exemplos de como isso acontece?
Silvia Ribeiro - O que acabo de relatar é um exemplo claro, que se repete em todos os produtos derivados botânicos citados. Por exemplo, o óleo de vetiver é uma renda econômica fundamental para 60 mil famílias camponesas em países como o Haiti; o mesmo acontece com o açafrão no Irã. A baunilha natural é fonte de ingressos para mais de 200 mil camponesas e camponeses no MéxicoIndonésia, Madagascar e outros países.
Talvez o caso mais brutal seja o da artemisinina. A produção com biologia sintética foi desenvolvida, com recursos públicos dos Estados Unidos, por Jay Keasling, que depois fundou sua empresa, a Amyris. A Amyris licenciou a tecnologia para a transnacional Sanofi para produzir o princípio ativo para os tratamentos contra a malária e afirmou que seria mais barato que a já existente. Ambas as empresas e cientistas, que não conhecem bem o caso, percorrem o mundo tomando isso como exemplo das contribuições da biologia sintética para a saúde.
No entanto, a realidade é que a artemisinina, que é derivada da planta Artemísia annua (absinto doce), já era produzida, em quantidades suficientes para suprir todo o mercado mundial, por mais de 200 mil camponeses, sobretudo na África, mas também na América Latina e na Ásia. A produção é feita em propriedades rurais de em média 0,2 hectare, além de produzir alimentos. Portanto, a artemisinina, além de ser um composto natural, era também a fonte de renda efetiva de 200 mil famílias camponesas, que, dessa maneira, podiam permanecer no campo.
Com o anúncio da Sanofi de que venderia a artemisinina sintética mais barata, o preço pago aos camponeses caiu aproximadamente pela metade, tornando inviável para eles a produção. Com o desaparecimento da artemisinina natural, a Sanofi voltou a aumentar o preço, que passou a ser vendida novamente pelo mesmo preço de antes ao consumidor, mas os lucros agora são das transnacionais.
A artemisinina de biologia sintética da Amyris-Sanofi, além disso, produz resistência mais rapidamente, razão pela qual estão destruindo, além dos meios de vida de camponeses pobres da África, o único remédio atualmente eficaz contra a doença.
IHU On-Line - Quais são os dilemas éticos implicados no desenvolvimento e rendimento da biologia sintética?
Silvia Ribeiro - Além dos já citados, estamos falando da possibilidade de fabricar vida totalmente artificial a partir do zero e micróbios com capacidades que não existiam. Por essa razão, sua liberação intencional ou acidental – o que é muito fácil de acontecer, pois os tanques não são instalações de alta segurança, apenas outro processo industrial a mais – poderia ter consequências imprevisíveis e potencialmente devastadoras. Imagine a fuga de micróbios que comem celulose, que está presente em toda a matéria vegetal.
IHU On-Line - Que problemas e relações são fundamentais numa discussão sobre o desenvolvimento da biologia sintética?
Silvia Ribeiro - Assim como com os transgênicos, a primeira pergunta a ser feita é se esta perigosa tecnologia é necessária. A resposta é “não”. Os transgênicos produzem menos e usam muito mais agrotóxicos que as sementes híbridas, que já trazem embutidos muitos problemas e não resolveram a questão da fome. A biologia sintética vai no mesmo sentido: substituir o que existe, mas mudando quem obtém os benefícios, neste caso, que os lucros fiquem com as transnacionais. O impacto socioeconômico e cultural da biologia sintética pode ser devastador e não foi debatido nem em público nem muito menos com as populações atingidas.
Além disso, a biossegurança relacionada à biologia sintética é um tema novo, já que as legislações existentes não a cobrem. O deficiente funcionamento da CNTBio no Brasil mostra-se novamente autorizando produtos de biologia sintética como se fossem simples transgênicos, quando se trata de inserir até 200 genes, mudar rotas metabólicas, usar tecnologias que nunca antes foram liberadas, etc. Não existem legislações adequadas à biologia sintética e há total ignorância acerca dos efeitos dos produtos derivados da biologia sintética sobre a saúde.

“O impacto socioeconômico e cultural da biologia sintética pode ser devastador e não foi debatido nem em público nem muito menos com as populações atingidas”

Brasil, como país cultural e biologicamente megadiverso, corre riscos muito maiores e, por isso, este tema merece uma ampla discussão pública. Mas, para que não soframos os impactos antes de poder decidir, faz-se necessário uma moratória da liberação comercial e ao ambiente da biologia sintética. Isto é urgente, até porque todos os produtos dabiologia sintética já existem, e não há nenhuma urgência. A única coisa que justifica a não adoção de uma moratória para abrir um amplo debate público informado é proteger os lucros das transnacionais.
IHU On-Line - Quer acrescentar algo?
Silvia Ribeiro - Em outubro, reúne-se a 12ª Conferência das Partes do Convênio da Diversidade Biológica na Coreia. O tema da biologia sintética está na agenda e há a proposta de uma moratória da liberação comercial e ao ambiente. Mesmo que não se proponha uma moratória da pesquisa, o Brasil é dos poucos países que se opõe a essa moratória. Isso vai contra os interesses nacionais e do povo brasileiro, já que os únicos beneficiados da comercialização desta tecnologia são empresas transnacionais.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Controlando a erosão do arroio com soluções simples,após dois anos


outubro 2012

Frente a força das águas e sem recursos financeiros, temos que partir para soluções simples que estão ao nosso alcance.Conservar as matas e ou vegetação ciliar (na beira de cursos dágua) é fundamental.
Utilizei dois vegetais: o capim elefante Pennisetum purpureum e o amendoim forrageiro Arachis pintoi.
Depois de dois anos conseguimos estabilizar a erosão, vejam as fotos.








Em outubro de 2012 plantei o capim elefante para minimizar a erosão do arroio e recompor a mata ciliar. 
Abaixo a foto do mesmo local em setembro de 2013. Agora plantei 20 mudas de uva-do-japão atrás da linha dos capim elefantes.
outubro 2012

setembro 2013
novembro 2014
Vejam que após dois anos, não conseguimos enxergar o solo na margem esquerda, devido ao crescimento do capim elefante.
Adubei nosso pomar de laranjeiras do céu com o biofertilizante e já observei o crescimento das mudas de amendoim forrageiro que havia plantado nas entrelinhas das laranjeiras em julho deste ano.

 O amendoim forrageiro é uma excelente adubação verde, que fixa o nitrogênio do ar no solo, melhorando a qualidade e diversidade.Suas raízes crescem até 40 cm de profundidade, por isso estabiliza a erosão.

amendoim forrageiro


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Sobreviver Sem As Abelhas é Impossível

Por: Pensando ao contrário
No filme Interestelar, que estreou recentemente, o planeta Terra está prestes a se tornar um lugar inabitável para humanos. De fato, um fenômeno similar a desertificação de todo o planeta se evidencia pelas tempestades de poeira que assolam o local e pelo fato da maioria das hortaliças e plantas alimentícias (exceto o milho) não existirem mais.
No filme não se explica o porquê da derrocada do planeta a um local inóspito e sem vida, mas nós bem podemos imaginar o que levou um planeta cheio de vida a um local seco e inabitável: o ser humano.
É fato que o filme é uma ficção científica, mas o quão longe estamos disso? O quão longe nossos hábitos e desejos por um sabor (carnes e derivados), pela vaidade (cosméticos e químicos), sexo e luxo (uso de energias não renováveis como fonte imediata de lucros) e pura preguiça (viver na ignorância por comodismo), não irão transformar o famoso planeta azul em planeta bege?
Recentemente, um artigo publicado em uma das revistas científicas mais conceituadas da atualidade, a Nature, demonstrou que uma família de pesticidas conhecida como neonicotinóides, está ligado ao declínio na população de polinizadores em geral e outras espécies. De fato, correm na internet dados conturbadores com relação a possível extinção em massa de abelhas, devido ao uso excessivo de venenos no agronegócio, porém, no estudo realizado por Hallmann et al. (2014)mostra-se que a situação é ainda mais alarmante: não são só as abelhas que correm perigo, mas também diversas espécies de pássaros e isso se deve ao fato de que muitos deles se alimentam dos insetos mortos pelos pesticidas.
Além disso, os pesticidas não são totalmente absorvidos pela planta, sendo levados pela chuva e contaminando lençóis freáticos e outras espécies de insetos não-alvo, como as abelhas. Aparentemente, as doses não seriam letais, como antigamente se esperava, porém como estas pequenas doses infiltram-se em espécies de insetos-alvo ou não-alvo, muitas espécies de pássaros que se alimentam destes insetos tendem a desaparecer pela queda de alimento disponível.

E o que eu tenho a ver com isso?
As abelhas estão desaparecendo e também muitas espécies de aves campestres, mas qual a relação disto com o bem-estar da espécie humana? Bem, o maior problema do declínio de espécies polinizadoras é que sem polinizadores não há sementes e se não há sementes, não há mais alimentos para a espécie humana. Além desta conseqüência mais imediata, também existe o problema de isso afetar outras espécies e com isso a cadeia alimentar como um todo, pois se não há mais insetos para as aves e não há mais aves para seus predadores, cria-se uma bola de neve que leva à extinção generalizada de outros seres vivos, ou seja, não estamos tão longe de um futuro em que a Terra seja de fato um grande deserto.

Como posso me informar mais?
Existem muitos materiais didáticos e documentários muito interessantes sobre o problema da iminente extinção de polinizadores em nosso planeta. O documentário “ais que mel” não só mostra o perigo da extinção das abelhas, mas como as abelhas são exploradas e tratadas como coisas pelos capitalistas. Abelhas são um grande negócio e o mel que se come por aí não é nada inocente. Veja o trailer abaixo:


E o que eu posso fazer?
Você pode fazer muito e saiba que nós temos o poder porque quando nos mudamos, inspiramos muito mais gente a se mudar também, então mude-se!
Existem algumas dicas abaixo que todo mundo pode fazer, como:
1)      Comer orgânicos e estimular a agroecologia familiar - Se você não consegue bancar tudo orgânico, veja o post de como economizar em orgânicos: 5 dicas para economizar em orgânicos.
2)      Proteja as florestas - Existem muitas e muitas espécies de abelhas e algumas delas são nativas. Algumas plantas só podem ser polinizadas por uma única espécie de abelha, por exemplo. Assim, é preciso proteger as florestas. Algumas dicas para atuar estão no post abaixo: Entenda como o desmatamento está cobrando sua dívida.
3)      Não deixe nas mãos dos políticos. - A maioria das pessoas ainda vive na lógica de confiar aos governantes medidas extremamente importantes para a sociedade. Na realidade, nós fomos educados para delegar o poder político a um grupo específico, porém isto nunca funcionou para o bem maior e não é agora que irá funcionar. Assim, não confie sua atuação política ao Estado. Aja por você ou em grupos de ativismo.

4) Crie jardins privados e públicos com flores - As abelhas se alimentam de pólen e quanto mais lugares com flores existirem, mais você as ajudará a sobreviver. 

Mais inspiração
Às vezes nós só vemos notícia ruim, o que desanima. Assim, é importante conhecer como seria o mundo se a humanidade resolvesse escolher o caminho da sabedoria, ao invés do caminho do imediatismo. O filme “A bela verde” é um ótimo filme para entender a sociedade do futuro e como ela se transformou de uma sociedade tóxica em uma sociedade justa. O segredo: a escolha das pessoas.


Paz!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Divulgando: ENCONTRO DE AGROECOLOGIA DE JALES E REGIAO

Seminário de Agricultura Orgânica acontece em Jales no dia 25
11/11/2014 - as 10:00:00
JALES - No dia 25 de novembro, Jales será sede do I Seminário de Agricultura Orgânica do Noroeste Paulista, da Feira de Produtos Orgânicos e da Feira de Saberes, Sabores e Sementes.

A ação é voltada para produtores rurais, engenheiros, técnicos agrícolas, profissionais da Saúde, consumidores, estudantes, professores, nutricionistas, compradores e qualquer tipo de profissional interessado no assunto.

O seminário será realizado na Associação Nipo Jalesense com início às 08 horas da manhã. O evento é gratuito e o cadastramento poderá ser feito no dia. Os participantes contarão com palestras com diversos temas e mesa redonda para discussão e relatos de experiências de produtores orgânicos.

Paralelo ao seminário, o público contará com a Feira de Produtos Orgânicos e Feira de Saberes, Sabores e Sementes que acontece no Centro Pastoral da Catedral. A feira de produtos orgânicos visa difundir o consumo de produtos orgânicos que estão disponíveis na região e a Feira de Saberes, Sabores e Sementes tem por objetivo aprimorar os conhecimentos sobre alimentos e sementes orgânicas ao público.

A ação é uma realização do Colegiado de Desenvolvimento Territorial (Codeter Noroeste Paulista) e organização da Prefeitura do Município de Jales, através da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Meio Ambiente; Etec; Centro Paula Souza; Fatec; Fundação ITESP; Embrapa – Viticultura Tropical, SEBRAE; UAB Jales; IBS – Instituto BioSistêmico; ASCORJ; CATI; CODENOP e Rede de Agroecologia do Interior de São Paulo – EcoAção.

O evento conta com o apoio do Sindicato Rural de Jales; Ministério do Desenvolvimento Agrário/ Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário de São Paulo; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jales; Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento; Associação Nipo Jalesense e Igreja Catedral.

PODA E CULTIVO DO PÉ DE SERIGUELA

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Conheça a batata que ajuda a combater o diabetes

A batata YACON ajuda a combater o diabetes
28 de Outubro de 2014 • Atualizado às 11h51


Existem alimentos que funcionam como ferramentas eficientes no combate a doenças. A Batata Yacon é um desses exemplos. De origem andina, o tubérculo é vendido em qualquer mercado e ajuda a reduzir os níveis de diabetes e colesterol.
A sua funcionalidade deve-se principalmente ao alto teor de Frutooligossacarídeos e inulina, que não são digeridos pelo aparelho digestivo. Eles atuam de forma semelhante às fibras alimentares, que ajudam a regular o organismo. Além disso, o tipo de carboidrato presente nesta batata é de absorção lenta, isso evita os picos de glicose e permite o aumento gradual da glicemia.
Para os diabéticos, a Batata Yacon pode ser incluída como um complemento à dieta. Ela possui baixas calorias, ao mesmo tempo em que oferece a sensação de saciedade. O alimento ainda é poderoso para reduzir os níveis de colesterol e ácidos graxos no sangue e aumentar a absorção de minerais.
Cada cem gramas da Batata Yacon possui apenas 30 calorias, quase metade do valor calórico da mesma porção de uma batata inglesa. Para ser usada como lanche durante o dia, ela pode ser ingerida crua mesmo, tal qual uma fruta, já que o seu sabor e consistência se assemelham ao de uma pera.
Redação CicloVivo

terça-feira, 18 de novembro de 2014

5 alimentos poderosos no combate ao diabetes

CICLO VIVO


O Dia Mundial do Diabetes, que acontece nesta sexta-feira (14), é uma data importante para conscientizar a população sobre os sintomas desse mal e quais são as opções para o tratamento. O excesso de peso e o sedentarismo são alguns dos fatores que deixam a pessoa mais propensa a desenvolver o diabetes de tipo 2, que atinge os organismos com dificuldades para metabolizar a glicose.
O CicloVivo separou uma lista com cinco alimentos que podem auxiliar no combate ao diabetes. Além de atentar à alimentação, para que seja saudável e balanceada, é extremamente importante manter o corpo ativo com a prática esportiva.
1. Canela
Esta especiaria de origem asiática é uma ferramenta que contribui diretamente para o emagrecimento e controle do colesterol e diabetes. Por possuir o polifenol MHCP, ela melhora a ação da insulina nas células, ajudando a regularizar os níveis de glicose no corpo. A canela também ajuda a evitar os picos de glicemia.

Foto: ©iStock/Amit erez
2. Linhaça
As sementes de linhaça também possuem inúmeros benefícios, sendo considerado um alimento altamente funcional. Além de proporcionar benefícios ao coração, ela ajuda a combater e a prevenir o diabetes. A linhaça é rica em fibras, proteína e gorduras boas. Essas propriedades ajudam a evitar os picos glicêmicos e a retardar a liberação do açúcar no sangue.

Foto: ©iStock/Elenathewise
3. Abacate
O abacate é famoso popularmente por ser rico em gordura. Isso é verdade, mas não significa que seja ruim. As gorduras presentes neste fruto são boas ao organismo. Por fazer a digestão ser mais lenta, ele aumenta a saciedade e também evita os picos glicêmicos, principalmente após as grandes refeições.

Foto: ©iStock/Lecic
4. Batata doce
Este é um dos alimentos mais consumidos por atletas, principalmente dos que querem ganhar massa muscular sem engordar. Apesar de ter doce no nome, ela é indicada para diabéticos também. Esta batata é uma boa fonte de vitaminas A e B, sais minerais, fósforo, ferro, cálcio e potássio. Além disso, ela possui baixo índice glicêmico, o que faz com que o açúcar seja absorvido lentamente pelo corpo.

Foto: ©iStock/IngaNielsen
5. Cenoura
Assim como a batata doce, a cenoura possui baixo índice glicêmico, ajudando a controlar os níveis de açúcar no corpo. Além disso, ela é rica em betacaroteno, uma substância diretamente ligada a um menor risco de diabetes. Este antioxidante ainda ajuda a melhorar a visão, facilita a digestões e ajuda a manter o bronzeado em dia.

Foto: ©iStock/Lerche&Johnson

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Aos nossos um milhão de visitantes um grande muito obrigado!

Pois é gente, este canal de partilha de experiências e dúvidas, já recebeu a visita de 1.000.000 de internautas. 

Obrigado a cada um que passou por aqui!




Este blog começou para ser um diário do estágio obrigatório do curso de Agronomia da UFRGS, no entanto após o estágio no Sítio dos Herdeiros, fiquei apaixonado pela agroecologia e percebi quantas pessoas cultivam suas plantas, quantas gostariam de ter sua horta , seu vaso, mas deparam-se com inúmeras dificuldades. Este blog quer ser uma ajuda, um incentivo a continuar a administrar a natureza, protegendo e valorizando seu potencial.
Por isso continua ou começa a tua horta, o teu pomar, pois acredito no provérbio:

"Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da Terra".

Lembro que este é um blogue pessoal do Engenheiro Agrônomo Alexandre Panerai Pereira. 
As informações, artigos, textos, imagens, vídeos, fotografias e logos (salvo os da minha autoria) são de propriedade dos seus respectivos titulares e estão aqui expostos com finalidade educativa. Se alguma pessoa física ou jurídica se sentir prejudicada, por favor entre em contato que as correções serão efetuadas imediatamente. 
obrigado





domingo, 16 de novembro de 2014

Minhocas aumentam a produtividade no campo, mostra estudo publicado na revista Scientific Reports


A presença das minhocas no solo aumenta a produtividade agrícola. É o que mostra estudo publicado na revista Scientific Reports. “O resultado já era esperado”, afirma George Brown, pesquisador em ecologia do solo da Embrapa Florestas (Colombo/PR), e um dos coautores do trabalho. “Há centenas de anos as minhocas são consideradas aliadas do agricultor, ajudando no crescimento das plantas. Contudo, o que não sabíamos ainda era a dimensão do efeito positivo nem como ele funcionava”, observa.

A equipe de pesquisa reuniu todos os artigos publicados, o mais velho datando de 1910. Todos os ensaios mediram o efeito das minhocas na produtividade agrícola e biomassa vegetal. Em seguida, foi realizada meta-análise dos dados, que é uma técnica estatística usada para avaliar e buscar padrões em grandes volumes de dados.
O resultado do trabalho foi bastante evidente: “Em média, a presença das minhocas aumentou a produtividade de grãos em 25% e a biomassa aérea de plantas, em especial as utilizadas em pastagens, em 23%. A biomassa das raízes também aumentou em 20%”, revela. Outra conclusão é que as minhocas não afetaram o teor de nitrogênio das plantas, indicando que a qualidade não foi afetada. “Portanto, elas afetam principalmente a produtividade”, completa o pesquisador.


Galerias - Os autores procuraram, ainda, elucidar os mecanismos por trás dos efeitos positivos proporcionados pelas minhocas. “Por meio da construção de galerias, ingestão de solo e produção de coprólitos (excrementos), as minhocas liberam o nitrogênio presente nos resíduos vegetais e na matéria orgânica do solo, transformando o que seria adubo orgânico em mineral”, explica o Dr. Jan Willem van Groenigen, líder da equipe e primeiro autor do trabalho. “E o nitrogênio é um dos nutrientes mais importantes para o crescimento das plantas”, completa.


O efeito positivo desapareceu quando doses maiores de adubo nitrogenado já eram aplicadas pelos produtores, ou quando leguminosas (que fixam nitrogênio do ar) estavam presentes. “Minhocas não produzem nitrogênio, elas apenas ajudam a fazê-lo ficar mais disponível para as plantas”, pondera. O efeito positivo das minhocas foi maior quando retornaram ao solo maiores quantidades de resíduos das culturas, que por sua vez alimentam as minhocas. Os autores concluem, então, que elas são especialmente importantes para agricultores que podem usar somente baixas doses (ou nenhum) de adubo nitrogenado porque não têm condições financeiras ou acesso ao mesmo; e aqueles que não querem usar adubo nitrogenado, pois dependem do processo de decomposição natural da matéria orgânica para liberar nutrientes para as plantas, como no caso da agricultura orgânica.
Para desfrutar de benefícios, produtor deve evitar agrotóxico




Em sistemas intensivos de produção, com alto uso de insumos e adubos químicos, o efeito benéfico das minhocas sobre a produtividade das culturas provavelmente será menor, conforme o estudo. Contudo, ainda há perguntas a serem respondidas. “Encontramos um paradoxo: as minhocas têm maiores benefícios na produção em solos pobres, de baixa fertilidade, onde suas populações também podem estar limitadas por falta de alimento. Portanto, trabalhos futuros devem buscar formas de aumentar as populações de minhocas nesses solos, especialmente através do uso racional de insumos orgânicos. Assim, o agricultor se tornará aliado da minhoca, assim com ela já é aliada do agricultor”, declara George Brown.


Além disso, continua ele, ainda não está claro como as minhocas afetam a disponibilidade de outros nutrientes essenciais para as plantas, especialmente o fósforo.
Estes resultados não significam que o produtor poderá adicionar deliberadamente minhocas ao seu terreno para aumentar a produtividade, pois é uma prática inviável do ponto de vista econômico e ecológico para a maior parte das culturas. “Isso só deve ser realizado excepcionalmente, pois o bom manejo das culturas e da propriedade agrícola já ajudam na manutenção e aumento das populações de minhocas no solo.
Para ser um aliado das minhocas, e desfrutar dos benefícios das mesmas ao solo, o agricultor deve evitar o uso excessivo de agrotóxicos, a movimentação excessiva do solo (por exemplo, inversão do solo com arado), a erosão, compactação e contaminação do solo, e manejar a adição de restos das culturas no solo, visando aumentar a matéria orgânica que serve de alimento para as populações de minhocas”, sentencia Brown.

fonte correio riograndense 
Edição 5.415 – Ano 106 – Caxias do Sul - RS, 01 de outubro de 2014.    

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