Resumo:
O trabalho
tem o objetivo de contribuir para o resgate de conhecimentos sobre o
cultivo e utilização de variedades de hortaliças não-convencionais por
populações tradicionais e pela sociedade como um todo, evitando seu
processo de extinção. Busca incentivar o consumo de hortaliças,
particularmente as variedades locais, visando a diversidade e riqueza da
dieta das populações, além da valorização do patrimônio sóciocultural
do povo brasileiro. As hortaliças não-convencionais, ou
“negligenciadas”, como araruta, mangarito e jacatupé, entre outras, são
restritas a determinadas regiões, e não despertam interesse comercial
por parte de empresas de insumos. O manual traz informações completas
sobre os sistemas de produção, o valor nutricional e o uso alimentar de
algumas dessas hortaliças.
CIOrgânicos – Paula Guatimosim
Acessado em: 22/11/2012
Fonte: http://www.fazfacil.com.br/jardim/capuchinha-tropaeolum-majus/ Escrito por Eng. Agr. Míriam Stumpf
Conheça a capuchinha, planta inteiramente comestível, incluindo as flores. Aprenda a cultivá-la: ela também possui propriedades medicinais.
Nome botânico:Tropaeolum majus L. Sin.: Cardaminum majus (L.) Moench Nome popular: capuchinha, cinco-chagas, agriao-do-mexico Familia: Angiospermae – Família Tropaeolaceae Origem: desconhecida, provável América do Sul
Descrição
Planta herbácea rasteira de caule e talos suculentos de dimensões imensuráveis.
Folhas circulares com pecíolo partindo do meio dando aspecto de sombrinha. Flores de formato original, com uma das pétalas em formato de espora, nas cores creme, amarela, laranja e vermelha.
O florescimento ocorre da primavera até o verão e as flores atraem insetos polinizadores, principalmente abelhas e vespas.
É uma planta considerada ruderal, crescendo em terrenos baldios, sobre qualquer tipo de terreno, inclusive sobre restos de madeira e tijolos de resíduos de construção.
Pode subir em cercas de tela, formando densa cortina. Pode servir como ornamental.
Modo de Cultivo
Pode ser cultivada a partir de sementes em solo úmido de qualquer tipo, em local definitivo, pois mudas transplantadas não se desenvolvem tão bem.
Local de cultivo ao sol com umidade moderada. A duração da muda é variável, de anual a bianual. Sementes caídas e brotadas poderão levar a denso tapete da planta, ficando como permanente no local.
Quando localizada em horta caseira poderá tornar-se invasora, abafando as outras plantas vizinhas.
Propriedades Medicinais do Capuchinho
É considerada medicinal, com vários usos terapêuticos, como antibiótica, expectorante, digestiva, antisséptica, diurética e cicatrizante de feridas.
A capuchinha está repleta de princípios ativos benéficos, tais como vitamina C, flavonoides, ácidos graxos, oxalatos, óleos essenciais, pigmentos, substâncias bactericidas, ferro, iodo, cálcio, enxofre, potássio, frutose e glicose.
Combate a retenção de líquidos, infecções urinárias, algumas alergias de pele e problemas digestivos. Ajuda a cicatrizar feridas e aliviar a caspa.
Além disso, toda a planta é comestível. As flores podem ser usadas em saladas e ornamentação de pratos. As folhas em saladas cruas ou empanadas. Os frutos dão saborosos picles, lembrando as alcaparras.
Seu sabor é forte e característico, nem sempre do agrado de todos.
Realizada no último sábado, 15 de julho, no Posto de Saúde do
Rio Vermelho, a atividade teve colheita e preparação de receitas com
plantas que vemos todos os dias em terrenos e calçadas, mas que não
sabemos como são deliciosas e nutritivas. “Muitas delas dificilmente
encontraremos num mercado ou numa feira, mas que podem ser saboreadas”,
explica o biólogo André Ganzarolli Martins, que facilitou a oficina
junto com a farmacêutica Denise Rodrigues. “Explorar
mais as PANCs na alimentação traz inclusive benefícios ecológicos, pois
aproveitamos mais a biodiversidade”, avalia Denise. Esta foi a última
oficina do ciclo “Saber na Prática”, que contou com suporte do Programa
de Apoio a Projetos da Associação Comercial e Industrial de
Florianópolis (ACIF).
A oficina teve três momentos. No primeiro, André fez uma exposição
dialogada sobre as PANCs. De acordo com ele, existem basicamente três
grupos: plantas nativas, plantas exóticas e também partes de plantas já
conhecidas que não são consumidas frequentemente (como a folha da
batata-doce).
Num segundo momento, as/os participantes visitaram a horta do Posto
de Saúde para começar a identificar algumas PANCs. Olfato e paladar
somaram-se à visão no esforço de perceber o que poderia ser consumido ou
não. Mas a riqueza da biodiversidade das Plantas Alimentícias Não
Convencionais estava do outro lado da rua, num terreno baldio.
Malvavisco, Crespa Japonesa, Folha Pepino, Bela Emília… A cada metro
andado, André e Denise apontavam alguma planta cujas folhas ou flores
poderiam ser saboreadas. Neste ponto da oficina, André faz uma ressalva:
é importante conhecer bem as PANCs para evitar intoxicações. Além
disso, colher e consumir as plantas que estão nos fundos dos terrenos,
não as próximas à beira da estrada. “Muitas dessas eu já conhecia
porque nossos antepassados comiam, mas a aroeira eu não sabia que dava
pra comer”, disse Jucélia Beatriz Vidal, moradora do Quilombo Vidal
Martins, que fica no Rio Vermelho.
De volta ao Posto de Saúde, a oficina continuou com preparação de
receitas, capitaneada por Denise Rodrigues. O cardápio foi: suco de
banana com crespa japonesa, pasta de grão de bico com ora-pro-nobis,
maionese de cará com açafrão e um pesto de capuchinha. Para sobremesa,
um doce de amendoim com passas, ameixa e um calda de manga com hibisco.
Além de deixar a todas e todos com água na boca, Denise trouxe muitas
informações sobre o valor nutricional e propriedades medicinais das
PANCs e ingredientes utilizados, junto com orientações sobre o uso de
sal, açúcar e gordura na nossa alimentação.
Antes da tão esperada degustação, todas e todos montaram pratos com
as receitas preparadas, abusando das cores de flores comestíveis nos
canapés de abobrinha e folhas e capuchinha e ora-pro-nobis. Praticando o
desapego, as pessoas trocaram seus pratos com as/os colegas.
Ao final, como sempre, só elogios para a atividade: “Já tinha ouvido
falar de PANCs, mas não conhecia ainda. Vim por curiosidade e acabei me
apaixonando”, conta Raquel de Souza, que veio do Ribeirão da Ilha até o
Rio Vermelho só para participar da atividade.
Crescendo em locais inimagináveis e donas de rusticidade a toda prova, as plantas alimentícias têm um potencial nutricional dos mais relevantes. O tema ganhou visibilidade a partir da tese de doutorado na UFRGS do pesquisador Valdely Kinupp. Kinupp descobriu que de 1,5 mil espécies de vegetação nativa da Região Metropolitana de Porto Alegre, 311 têm potencial alimentício e são praticamente desconhecidas.
Eliege Fante/EcoAgência
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Silvana e Ingrid mostraram o potencial alimentício e praticamente desconhecido das plantas não-convencionais
Por Glauco Menegheti, especial para EcoAgência de Notícias
Para os amantes da gastronomia, um conselho: nem sempre é necessário pagar caro por iguarias nos supermercados ou lojas especializadas. Elas podem ser encontradas em terrenos baldios, trepadas em cercas ou plantadas no quintal das casas. As plantas alimentícias, ricas em valor nutricional e muitas vezes em sabor, normalmente passam despercebidas pela população urbana.
A Terça Ecológica desta semana, promovida pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS), com apoio da EcoAgência de Notícias e Instituto Goethe, que trouxe a professora titular do Departamento de Horticultura e Silvicultura da Faculdade de Agronomia da UFRGS, Ingrid de Barros, e a engenheira agrônoma e proprietária do Sítio Capororoca, Silvana Bohrer, mostrou que é possível usufruir desse patrimônio no meio urbano. A mediação foi do jornalista e diretor do NEJ/RS Juarez Tosi.
A chave do sucesso da atividade de plantio, segundo a professora Ingrid, está ligada à rusticidade e capacidade de adaptação dessas plantas. “Elas podem ser manejadas ou cultivadas em terrenos baldios, quintais, jardins, muros, cercas-vivas, telhados verdes, entre outros”, explica. As espécies alimentícias subutilizadas também possibilitam a criação de distintos cardápios, favorecendo a segurança nutricional. Elas igualmente podem gerar a diversificação de renda, com potencial econômico para empreendimentos na agricultura familiar.
Hibiscus
Divulgação - As plantas alimentícias ganharam os holofotes a partir da divulgação da tese de doutorado na UFRGS de Valdely Kinupp, que pesquisou 1,5 mil espécies da vegetação nativa na Região Metropolitana de Porto Alegre. Deste universo, 311 possuem potencial alimentício e são praticamente desconhecidas. Parte do estudo foi realizado no Sítio Capororoca, Bairro Lami, em Porto Alegre, de propriedade de Silvana. No sítio, 116 plantas são cultivadas, seja para o uso das raízes e dos frutos. Com essa variedade é possível ter oferta de alimentos o ano todo, pois muitas das espécies vegetais resistem a condições extremas de calor e frio, de excesso de água a estresse hídrico.
Em 2004, “Kinupp” ajudou a implementar no Sítio Capororoca e produzir plantas alimentícias não-convencionais, como a capuchinha, a urtiga, que é usada na massa dos pães, o ora-pró-nóbis, as bertalhas, o lulo, o jaracatiá, o tomate de capote, entre outras, que atualmente são produzidas e comercializadas e podem atingir grande valor econômico. Além de plantar, Silvana passou a testar essas plantas em diferentes receitas. O hibisco, por exemplo, foi trazido ao Brasil pelos escravos, e com o qual pode-se fazer o tradicional chá, suco, geleia e o arroz de cuxá maranhense.
lírio do brejo
Há também o lírio-do-brejo, que das flores extraem-se essências utilizadas na indústria da perfumaria. Já a indústria farmacêutica aproveita a planta inteira na fabricação de medicamentos indicados para doenças cardiovasculares. Assim como o lírio-do-brejo, muitas outras espécies enquadram-se como alimentos nutracêuticos – quando os alimentos vão além de suas funções nutricionais básicas, contribuindo com a redução de risco das doenças crônico-degenerativas.
Do mesmo modo que as plantas oferecem um potencial escassamente conhecido, também podem representar grandes perigos. Um exemplo é o próprio lírio-do-brejo, que tanto a planta, seu chá ou extratos não devem ser consumidos sem acompanhamento médico, pois trata-se de uma espécie muito tóxica que pode levar à morte. De acordo com Ingrid, a evolução deste mercado deve ser acompanhado de cursos de capacitação para a identificação das plantas. Igualmente de políticas públicas que valorizem essa riqueza desconhecida. “Os sem-terra, por exemplo, torravam o inhame e a partir dele faziam café nos assentamentos. Depois que melhoravam de vida, compravam o café convencional. Esses alimentos precisam deixar de serem marginais, para serem incorporados como cultura”, pondera a engenheira Silvana.
Ao final do evento, os participante degustaram pães feitos com hibisco e urtiga, com pasta de hibisco e chimia de abóbora com jaracatiá, fornecidos pelo Sitio Capororoca.
NOMES POPULARES: Ora-pro-nóbis, Orapronóbis, Carne dos pobres, Lobodó, Lobrobó, Labrobó, Orabrobó, Rosa madeira, Groselha de barbados, Groselha da américa.
NOME CIENTÍFICO: Pereskia aculeata.
UTILIDADES: Alimentícia e medicinal.
NÃO TEM NENHUMA TOXICIDADE E NÃO TEM CONTRA INDICAÇÕES
Há diversas variedades de ora-pro-nóbis sendo qua a mais adequada ao consumo alimentício é a mostrada no vídeo pois tem um sabor agradável, as demais variedades diferem dessa nas cores das flores e possuem um sabor um pouquinho amargo.
É rica em proteínas, ferro, cálcio, fósforo, zinco e aminoácidos.
Possui todos os aminoácidos essenciais e em maior quantidade a lisina e o triptófano.
Possui 4 vezes mais vitamina C que a laranja.
Cerca de 25% das folhas são proteína pura sendo que 85% delas são de fácil digestão e aproveitadas pelo ser humano.
É rica em fibras e betacaroteno. ajuda a recompor a flora intestinal, a regular o intestino e o colesterol.
O pólen das flores é quase 100% proteína, para obter deve-se colher as flores bem cedo antes que os insetos as polinizem.
É rica em ácido fólico, essencial na gravidez.
Come-se as folhas e as flores cruas ou em saladas, e come-se as folhas refogadas ou cozidas com outros alimentos.
AS FOLHAS DESIDRATADAS PODEM SER TRITURADAS OU MOÍDAS FORMANDO UMA FARINHA RICA EM PROTEÍNAS, SAIS MINERAIS E AMINOÁCIDOS E QUE PODE SER USADA EM BOLOS, PÃES E BISCOITOS, E QUE TAMBÉM PODE SER ARMAZENADA POR UM BOM TEMPO.
Produz um fruto amarelado com espinhos, mas que pode ser comido e tem valor medicinal no combate a sífilis.
É recomendada como alimento a gestantes, pessoas com anemia e com prisão de ventre.
Na medicina popular as folhas são aplicadas sobre queimaduras para evitar infecções e acelerar a recuperação.
O consumo das folhas é indicado para que tem anemia.
O chá das folhas é usado como depurativo do sangue e tônico, é eficaz no tratamento de cistites, úlceras e problemas de pele.
mudas ora-pro-nobis
O consumo frequente das folhas previne o aparecimento de varizes, câncer de intestino, hemorróidas, diabetes e colesterol alto.
CURIOSIDADE: o nome popular, ora-pro-nobis (“rogai por nós”) vem do latim e se deve ao fato de, segundo a lenda, nos tempos do ciclo do ouro, na Vila de São José, onde hoje se tem Sabará, São João del-Rey, Ouro Preto e Tiradentes, padres europeus residentes, aproveitando a robustez dos espinhos espalhados por toda ela, fazerem cercas vivas com a planta para circundar as igrejas. Em pouco tempo, as qualidades gastronômicas da planta ficaram conhecidas, sobretudo pelos mais pobres do local, que passaram a consumir as folhas como mistura na alimentação diária, fazendo com que ficasse conhecida como carne dos pobres, também por conta de suas proteínas.
Sem o desejo de verem desfolhados seus arbustos espinhosos, os padres vigilantes estavam sempre de prontidão na defesa das cercas. Somente baixavam a guarda durante os sermões da missa, rezada em latim, momento em que os desvalidos apreciadores da iguaria aproveitavam para fazer sua colheita.
Durante o sermão, na ladainha em que se pede aos santos para rogarem por nós, a frase em latim era repetida – ora pro nobis – servindo de deixa e de nome ideal para o alimento recém-descoberto. A ladainha de todos os santos estendia-se por longos minutos.