segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Hortas comunitárias resistem à urbanização na maior metrópole do Brasil USP

 


Hortas comunitárias resistem à urbanização na maior metrópole do Brasil

Em São Paulo, as iniciativas periféricas trazem novas perspectivas de vida aos agricultores urbanos, homens e mulheres que vivem em condições de vulnerabilidade social

  Publicado: 05/11/2021
Por: Antonio Carlos Quinto, Ivanir Ferreira e Bruna Irala
Arte: Moisés Dorado/Jornal da USP

Do plantio ao prato, seja em um restaurante ou em qualquer residência na cidade de São Paulo, os legumes e as hortaliças passam por um longo caminho. São produzidos, em grande parte, em municípios próximos à capital, como Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Suzano, na região leste, e Ibiúna, Itapetininga, Piedade do Sul e Sorocaba, na região oeste, formando o Cinturão Verde. Essa produção é encaminhada à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Zona Oeste da cidade, que comercializa os alimentos junto a feirantes e comerciantes em geral. Nesse trajeto, os preços vão aumentando a cada etapa, ainda mais se existirem outros atravessadores e intermediários.

Além desta produção, há na capital paulista iniciativas de plantio de legumes e hortaliças nas chamadas “hortas comunitárias”. Nestes casos, o trajeto do plantio ao consumo é mais curto.

A USP vem atuando nesse caminho auxiliando estas iniciativas com pesquisas e estudos que permitem viabilizar novos empreendimentos ou incentivar os já existentes. Estes locais acabam se tornando campos férteis para a Universidade desenvolver estudos e experimentos em educação e segurança alimentar, cultivos de ervas medicinais e geração de conhecimento.

Estas “hortas comunitárias” vão surgindo cada vez mais nesta São Paulo que é a maior metrópole brasileira, com cerca de 12,3 milhões segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021 – distribuídos numa área de 1.521 quilômetros quadrados (km²). Elas brotam em cantos cinzentos das regiões centrais da cidade ou em pedaços de chão esquecidos nas periferias.

Não se sabe ao certo quantas são, mas já passam de centenas, algumas com um caráter mais social de produzir alimentos saudáveis e gerar renda para quem há muito já foi esquecido pelo mercado de trabalho, ou como mote de sobrevivência contra desigualdades estruturais. E outras, instaladas em bairros de classe média, possuem um valor mais simbólico de resistência à frenética urbanização da cidade e mostram uma nova relação de consumo com o alimento.

De acordo com informações da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, da Prefeitura de São Paulo, a plataforma Sampa+rural, que reúne iniciativas de agricultura, turismo e alimentação saudável, registra atualmente 103 hortas urbanas na capital paulista. No site da plataforma é possível visualizar a localização das hortas espalhadas pela cidade.

Fonte: site Sampa+rural

Na USP, grupo de cientistas centraliza estudos sobre agricultura urbana

Dentre as diversas iniciativas da USP junto a hortas urbanas e comunitárias pode-se destacar o Grupo de Estudos em Agricultura Urbana (GEAU) que, em 2016, foi integrado ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Desde então, o grupo traz uma proposta de nuclear debates e estudos sobre a agricultura urbana (AU) e periurbana no município de São Paulo: possibilidades, conexões e contemporaneidade. A coordenadora do grupo é a professora Thais Mauad, pesquisadora do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP, especialista em saúde urbana e fundadora da horta comunitária da FMUSP.

Desde a sua criação, em 2014, o grupo mantém parcerias com instituições de ensino e pesquisa no Brasil e no exterior, além de congregar pesquisadores de várias unidades da USP – da Faculdade de Medicina, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, do Instituto de Energia e Ambiente e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental -, e também permaneceu ativo, inclusive, durante a pandemia. Um dos artigos mais recentes publicado pelo grupo, em março de 2021, na revista Sustainability, foi The Impact of COVID-19 on Urban Agriculture in São Paulo, Brazil.

O artigo, de autoria de pesquisadores brasileiros e da Université Paris-Saclay, Paris, França, mostrou como os agricultores foram afetados por interrupções na cadeia alimentar durante a pandemia de coronavírus. Os pesquisadores mostraram que 50% dos agricultores urbanos de São Paulo foram afetados pela pandemia, o que resultou em sensível queda nas vendas de seus produtos. Os mais prejudicados foram aqueles que dependiam de intermediários, e mesmo entre os que conseguiram se adaptar aos novos canais de venda, 22% afirmaram que ficou mais difícil obter insumos para a horta. “Houve queda significativa no valor de venda dos produtos e aumento no custo dos insumos entre abril e maio de 2020”, descreve o artigo.

Professora Thais Mauad, do Departamento de Patologia da FMUSP, é uma das fundadoras da “Horta da Faculdade de Medicina”. “O ambiente da horta nos faz pensar na origem do nosso alimento e sua importância para manter uma boa saúde”, diz – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Os pesquisadores observaram também que embora os agricultores não tivessem recebido apoio institucional do governo durante a pandemia e os trabalhos nas hortas tivessem diminuído bastante, nenhuma horta foi fechada permanentemente.

Por fim, com todas as dificuldades, os autores reconhecem o papel estratégico da agricultura local no alívio da insegurança alimentar em grandes cidades como São Paulo e defendem a necessidade da melhoria de políticas públicas para a área. “A AU auxilia na diminuição da dependência de produtos frescos transportados por longas distâncias, especialmente em bairros mais carentes, criando renda e empregos para as pessoas que precisam”, relata o estudo.

Os dados foram obtidos a partir da análise de duas pesquisas governamentais, com 2.100 agricultores do estado de São Paulo e 148 da cidade de São Paulo, além de duas pesquisas qualitativas feitas com voluntários de dez hortas comunitárias e sete agricultores urbanos.

Parceria estuda a produção urbana em São Paulo e Melbourne

Em uma das parcerias estabelecidas no exterior, pesquisadores do GEAU e da Universidade de Melbourne, Austrália, buscam compreender como se estabelecem os sistemas de produção urbana de alimentos nas duas metrópoles – São Paulo e Melbourne.

O projeto visa gerar conhecimento e aumentar a capacidade de resiliência dos sistemas de produção urbana de alimentos; entender e aumentar a governança de agricultura urbana nas duas cidades; aumentar a capacidade técnica para melhorar as práticas de irrigação; e melhorar a seleção de plantas comestíveis apropriadas para os dois ambientes.

O projeto também inclui a realização de seminários e visitas técnicas para trocar conhecimento em permacultura (ciência holística e de cunho socioambiental, que congrega o saber científico com o tradicional popular) e irrigação no contexto urbano, além da promoção de eventos com a participação de autoridades do governo local (SP), com o objetivo de ajudar no avanço de políticas públicas locais para a produção sustentável de comida nas cidades e técnicas de manejo de água em tempos de crise hídrica.

“A parceria com Melbourne rendeu dois artigos e um capítulo de livro, cujo tema foi a agricultura urbana em Melbourne e São Paulo, tendo como pano de fundo a questão da terra”, explica ao Jornal da USP a professora Thais. O GEAU também publicou o dossiê Agricultura urbana no município de São Paulo: considerações sobre produção e comercialização na Revista de número 101, do IEA, em abril de 2021; e contribuiu com um capítulo de e-book sobre a fome, que será lançado em breve pela USP.

Conheça mais sobre os integrantes do grupo GEAU:

Partindo para a prática

Não bastam artigos, estudos e projetos. Para além das pesquisas sobre o tema e dos saberes científicos que resultam em benefício dessa nova demanda social da cidade, a USP parte para projetos concretos como o da “Horta da Faculdade de Medicina”, plantada na laje de um dos edifícios da Faculdade de Medicina.

Horta da Faculdade de Medicina da USP. Cultivo feito na laje de um dos prédios da faculdade em bombonas de plástico e vasos de isopor. Professores, alunos, funcionários e voluntários da comunidade se revezam para cuidar da horta.
Crédito: Cecília Bastos/USP Imagens

Além dos benefícios proporcionados pelos alimentos produzidos e colhidos no local de forma orgânica, o espaço também serve de discussão para vários assuntos, como o das práticas integrativas junto à medicina tradicional. Thais Mauad, uma das fundadoras e coordenadora da horta, crê que é importante se pensar nos fatores que estão na gênese das doenças. “O ambiente da horta nos remete a origem do nosso alimento e sua importância para manter uma boa saúde”, diz

Na grade curricular da FMUSP existe a disciplina “Medicina Culinária”. De acordo com a docente, trata-se de uma disciplina optativa que já é ministrada há três anos. “Oferecemos uma vez por ano e, neste 2021, tivemos uma enorme procura, por mais de 100 alunos, e estamos ministrando na forma on-line para os campi de Ribeirão Preto e Bauru, além da capital”, conta. Na matéria, professores da FMUSP, profissionais e chefes gastronômicos ministram aulas e oficinas que abordam o impacto da alimentação na saúde dos pacientes. 

Alguns dos alimentos produzidos na horta Faculdade de Medicina – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Thais fala dos variados cultivos que existem na horta. “Além das verduras e legumes mais conhecidos pela população, como alface, chuchu, cebolinha e couve, temos também as Pancs (plantas alimentícias não convencionais), que eram os alimentos consumidos por uma geração mais antiga – taioba, caruru, beldroega, ora-pro-nóbis, cambuquira, folha de batata-doce, etc. “Essas hortaliças são de fácil cultivo e cuidado, além de serem altamente nutritivas”, diz.

E para mostrar que essas plantas são saborosas, duas pesquisadoras da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP –  Ana Maria Bertolini e Gabriela Rigote – organizaram um e-book com receitas utilizando as Pancs. Acesse o livro de receitas: https://www.fsp.usp.br/sustentarea/e-books/  

Alguns dos alimentos produzidos na horta Faculdade de Medicina
Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Como plantar e cuidar da Ora pro nóbis

Ora-pro-nobis da flor rosa Ora-pro-nóbis arbórea (Pereskia grandifolia Haw.)

 




Hoje vamos falar de outra espécie muito conhecida no Brasil, a Pereskia grandifolia, de uso semelhante à Pereskia aculeata, que é a ora-pró-nobis verdadeira, de uso alimentício e descrita em outro post mais recente. Esta espécie é encontrada com maior facilidade nos jardins, em vários estados do Brasil, como elemento decorativo. Também pode ser utilizada como alimento, mas em menor escala quando comparada à P. aculeata.

Inflorescência e folhas

Descrição botânica: Planta da família Cactaceae, com porte variando entre arbustivo e arbóreo, altura entre 3 a 6 metros. Suas folhas tem coloração verde-escuro, simples, com bordas onduladas e comprimento de até 10 centímetros. Na base de cada folha forma-se os espinhos, em tufos numerosos. As flores possuem seis pétalas de coloração rosa brilhante e textura lisa. No centro de cada flor concentram-se numerosos estames. As flores concentram-se em pequenos cachos (cimeiras), nas pontas dos galhos. Os frutos tem formato de baga e tem coloração verde-avermelhado quando jovens (com presença de pequenas folhas na superfície) e passando a verde-amarelados quando se inicia a maturação. 
Na literatura é relatada a ocorrência de duas subespécies para essa espécie: Pereskia grandifolia Haw. subsp. grandifolia e Pereskia grandifolia subsp. violacea (Leuenb.) N.P.Taylor & Zappi.
 
A) Planta jovem arbustiva; B) Planta adulta com porte arbóreo

Onde ocorre: A espécie é nativa e endêmica da flora do Brasil, ocorre naturalmente nos biomas Caatinga e Mata Atlântica.

Fruto verde.
































Usos: Ornamental, alimentícia e medicinal. Esta planta é bastante ornamental, especialmente, pela sua floração delicada e, mesmo quando sem flores, a folhagem verde brilhante confere um bonito aspecto visual. A presença de espinhos no caule e ao longo dos galhos permite que a planta possa ser utilizada em cercas vivas, no entanto, este fato também limita seu uso principalmente em locais onde brincam crianças ou animais domésticos.
As folhas são uma boa fonte de proteína, vitaminas e minerais, podem ser consumidas refogadas ou no preparo de omeletes, saladas, cozidos e tortas. Os frutos também são comestíveis. Na medicina tradicional as folhas da ora-pro-nobis são empregadas para o controle do diabetes, ou ainda, na preparação de emplastro para infecções da pele. 

Espinhos no tronco da planta adulta.  
             
Flores.




Aspectos agronômicos: No Distrito Federal podem ser observadas plantas floridas entre os meses de outubro a março, no período chuvoso. A produção de mudas é feita através da estaquia de ramos jovens. A propagação por sementes também é possível, no entanto o percentual de germinação é baixo devido a dormência e contaminação das sementes por fungos. 
O plantio das mudas deve ser feito em covas com 50 x 50 cm, em solo fértil e bem drenado. As regas devem ser frequentes até os 90 dias, nesta fase de estabelecimento a planta é bastante sensível a falta de água. Quando adulta, a espécie é resistente à seca e adapta-se bem em diferentes temperaturas, tanto locais frios com geadas ocasionais, como aqueles de temperaturas mais elevadas. Seu cultivo deve ser feito e condição de sol pleno ou em sombra parcial, associada com outras espécies arbóreas 
A planta é cultivada de forma insipiente nos quintais e jardins das casas, não existem dados agronômicos disponíveis sobre o seu cultivo em escala comercial. 








Bibliografia recomendada

GASPARETTO, B.F. Estudo do enraizamento de estacas foliares de Pereskia grandifolia Haw.(ora-pro-nóbis) Cactacea, sob diferentes doses de AIB e diferentes substratos. (2013).
GASPARETTO, B.F. Análise da germinação de sementes de ora-pro-nobis (Pereskia grandifolia Haw.) Submetidas a diferentes condições de temperatura e fotoperíodo. (2014).
Pereskia grandifolia. Disponível em: Link. 2015
Ora-pro-nobis (Pereskia grandifolia). Disponivel em: Link. 2015.

TAYLOR, N. et al. Cactaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: Link. 2015.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

5 Maneiras de faturar dinheiro preservando a natureza!!!

fonte: https://www.efloraweb.com.br/ganhar-dinheiro-preservando-a-natureza/

5 formas de ganhar dinheiro preservando a natureza

Então, confira quais são as 5 principais formas de ganhar dinheiro preservando a natureza:

1- Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

O Pagamento por Serviços Ambientais é uma forma de ganhar dinheiro preservando a natureza. Ele é capaz de minimizar as falhas de gestão que não leva em consideração o valor de um determinado serviço ecossistêmico.

Dessa forma, os usuários ou beneficiários de tal serviço precisam remunerar seus provedores. Aqui, se usa o princípio do “provedor-recebedor” para as devidas atribuições.

Um exemplo é a questão da água. Todos precisam de água (recebedores do recurso) e uma das formas de proteger esse recurso é manter o entorno das nascentes de propriedades privadas (provedores) conservadas. Então, nesse raciocínio, o provedor receberia um valor por conservar as suas nascentes.

O Estado de São Paulo possui uma política de concessão de benefícios através do PSA.

Em áreas de proteção de mananciais para abastecimento público, o programa tem recebido uma série de iniciativas para a sua implementação. Tanto através da conservação de remanescentes já existentes, como também no incentivo e pagamento aos provedores de plantios de restauração ecológica realizados em áreas de recarga de aquíferos e lençóis freáticos.

Para que o PSA seja expandido, é muito importante que as pessoas conheçam tal iniciativa. Assim, elas compreendem bem a noção de serviço ecossistêmico, um recurso natural disponibilizado para a sociedade.

Dessa forma, o PSA é utilizado como ferramenta protetiva e de recuperação da biodiversidade e de recursos hídricos. Com isso, também há a redução das mudanças climáticas através de uma menor emissão de carbono, por exemplo. Os benefícios, portanto, são locais, regionais e, porque não dizer, globais!

O Congresso Nacional está discutindo a implementação de uma Política Nacional de PSAs. Então, saiba mais sobre como ganhar dinheiro preservando a natureza no vídeo publicado em nosso canal do YouTube!

2- Restauração produtiva

Restauração produtiva ganhar dinheiro preservando a natureza

A restauração produtiva pode ser realizada em dois ambientes distintos dentro de uma propriedade: na Área de Preservação Permanente (APP) e na Reserva Legal (RL).

Tanto a APP como a RL possuem funções e usos distintos. Na APP o uso é mais restritivo, ao contrário do que acontece na RL. O novo Código Florestal (Lei nº 12.651) instituiu a possibilidade do aproveitamento econômico de Reservas Legais, desde que para atividades de baixo impacto. Trata-se, então, de uma outra excelente oportunidade para se ganhar dinheiro preservando a natureza e seguindo a legislação ambiental.

Mesmo considerando o uso distinto na ocupação de APPs e RLs, em ambas, preconiza um princípio fundamental que é a conservação ambiental.

A Reserva Legal é uma área especial para o uso sustentável da biodiversidade. Por exemplo, em um bioma florestal, como a Mata Atlântica, é possível plantar espécies nativas madeireiras e frutíferas juntamente com espécies exóticas. Assim, você consegue fazer uso da madeira e das frutas, além de vender sementes.

Em contrapartida, a APP é um pouco mais restrita, já que possui uma função de proteção de um recurso específico e tão importante, a água. Dessa maneira, para utilizá-la com vistas a obtenção de recurso, é preciso realizar ações de baixo impacto que não descaracterizem a vegetação.

Nesse sentido, você pode explorar espécies nativas, frutíferas, produtoras de semente e SAFs, por exemplo.

No nosso canal, há um vídeo muito interessante no qual abordamos com mais detalhes a possibilidade de uso das APPs e RLs. É muito importante que saibamos das peculiaridades de uso de cada uma dessas áreas. Assista a seguir e entenda um pouco mais sobre como ganhar dinheiro preservando a natureza:

3- Manejo sustentável

palmito manejo sustentável

O manejo sustentável é uma forma de ganhar dinheiro preservando a natureza. Trata-se da exploração de um recurso natural através de técnicas específicas e/ou dimensionamento da produção para que o recurso se mantenha viável ao longo do tempo. Sendo uma das formas de ganhar dinheiro preservando a natureza.

No caso da produção de madeira, por exemplo, é realizar um plano de manejo que o indique qual o volume a ser retirado da floresta por período. Sendo capaz de respeitar a estrutura da população da espécie e a manutenção de longo prazo.

Já em relação a produtos não-madeireiros, seria avaliar qual o potencial de produção anual que possibilite a renovação da produção para a próxima estação.

A não preocupação com a renovabilidade dos recursos tem resultado no aumento do número de espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção no Brasil. Além disso, o mesmo ocorre nas respectivas listagens oficiais de uma série de Estados brasileiros que possuem legislação específica. Consulte a lista oficial da flora brasileira ameaçada de extinção!

Na Mata Atlântica, uma espécie com incrível potencial para geração de recursos em comunidades rurais é o palmito-jussara (Euterpe edulis). Trata-se de uma espécie ameaçada de extinção tanto na listagem oficial do Estado de São Paulo quanto na listagem nacional.

O palmito-jussara possui o potencial de exploração na produção do açaí (beneficiamento dos frutos coletados) e no corte dos indivíduos adultos para a produção do palmito em conserva.

Em ambos os casos, é necessário se realizar um Plano de Manejo. Assim, é possível se realizar um diagnóstico específico para a produção do palmito numa determinada área, ainda mais por se tratar de uma espécie ameaçada. Por conta disso, é necessário uma autorização especial do governo para explorá-la.

O que está descrito no Plano de Manejo?

No Plano de Manejo, então, será descrita a estrutura da população, o potencial de produção e medidas mitigatórias para a manutenção da população no médio a longo prazo. Há um programa específico no Estado de São Paulo que trata sobre o incentivo à prática. Com isso, ele se torna muit importante para quem possui esse recurso florestal em sua propriedade particular.

Produzi um vídeo sobre o assunto para que você possa entender um pouco mais sobre um plano de manejo para exploração de recursos naturais na prática! Então, assista a seguir para saber mais!

Há outras espécies com claros potenciais para o manejo sustentável. Outro exemplo para a Mata Atlântica é a Araucária (Araucaria angustifolia).

No caso do Cerrado, há uma série de espécies com potencial de uso. Muitas delas já são usadas para a produção de sorvetes, geleias, compotas e uso em pratos específicos.

São exemplos:

  • Annona coriacea (marolo);
  • Caryocar brasiliense (pequizeiro);
  • Byrsonima intermedia (murici-do-cerrado)
  • Entre outras.

As técnicas usadas na obtenção de recursos através do Manejo Sustentável têm como objetivo a diminuição dos impactos provenientes de alguma ação de exploração do local. Além disso, através de um planejamento estratégico de colheita, portanto, essas técnicas garantem a sustentabilidade da produção.

Com isso, o manejo sustentável combate as fontes de distúrbios naturais para que as florestas manejadas sejam capazes de evoluir de forma semelhante às florestas originais. Esse tipo de manejo é uma das maneiras mais eficazes de se cuidar e utilizar um ecossistema florestal, a fim de que ele produza diversos bens e permita a exploração de serviços no local, sendo uma excelente fonte de renda.

4- Compensação ambiental para ganhar dinheiro preservando a natureza

compensação

A compensação ambiental é uma das principais e mais imediatas formas de ganhar dinheiro preservando a natureza.

Ela nada mais é do que permitir que um agente (empreendedor ou produtor rural) que produziu um dano ambiental (supressão de vegetação nativa) – e/ou possui uma inadequação em sua propriedade (falta ou baixa cobertura de Reserva Legal) – faça a sua compensação ambiental em uma outra propriedade. Isso garante a preservação de um ecossistema já constituído. Ou seja, possibilita ganhar dinheiro preservando a natureza.

Portanto, quem possui excedente de vegetação pode ganhar dinheiro com isso!

Mas como você sabe se uma propriedade possui o tal excedente de vegetação?

O excedente de vegetação nativa é a área correspondente com vegetação que ocorre fora das APPs e Reserva Legal. O percentual de RL é diferente em cada um dos biomas brasileiros. No caso da Mata Atlântica, o % de RL que uma propriedade necessita possuir é de 20%. Esse valor não contabiliza as APPs.

Então, se uma propriedade possui além de 20% dentro do Bioma Mata Atlântica, ela pode oferecer esse percentual da propriedade como área passível de compensação ambiental a quem possui um dano e/ou exigência de adequação. Assim, os valores por hectare dependem muito da localização geográfica da propriedade com excedente de vegetação.

Outros casos

Esse mecanismo tem sido muito utilizado, por exemplo, no caso de produtores agrícolas que precisam realizar a adequação ambiental de suas propriedades. Com o mercado externo cada vez mais exigente quanto à procedência das commodities produzidas, eles precisam garantir ao seu consumidor que executa a produção respeitando a legislação ambiental do produto de origem.

Assim, em muitos casos, esses produtores não possuem área de Reserva Legal suficiente. Então, buscam outras propriedades com excedente de vegetação para concluir a sua adequação ambiental.

Se você possui excedente de vegetação nativa em sua propriedade, você pode se beneficiar disso economicamente!

Nosso parceiro, Flávio Ojidos, possui um Banco de Áreas Verdes! A iniciativa nada mais é do que reunir os proprietários que possuem o excedente de vegetação e desejam realizar operações comerciais com base no mecanismo de compensação ambiental. Saiba mais sobre o banco de áreas verdes e cadastre a sua propriedade!

5- Coleta de sementes e produção de mudas

Coleta de sementes e produção de mudas

Há uma ampla gama de recursos florestais não-madeireiros capazes de gerar renda a proprietários rurais.

A coleta de sementes é um dos recursos mais fáceis de se obter no campo. Assim, mercado de venda de sementes está em franco crescimento no Brasil. Afinal, há uma destinação certa… os viveiros florestais.

Ao longo do tempo, inclusive, foram desenvolvidas uma série de Rede de Sementes. Seu objetivo era auxiliar na destinação, comércio e networking entre os agentes do setor. Um exemplo é a rede de sementes do Cerrado.

A coleta de sementes é permitida fora de Unidades de Conservação. Assim, há outra possibilidade imediata de obtenção de renda a partir da floresta em pé. Há uma série de manuais que auxiliam o interessado a organizar a sua produção, desde a marcação de matrizes, até o beneficiamento e armazenamento dos propágulos (frutos/sementes) coletados.

Um dos manuais muito indicados é o da EMBRAPA, o eBook está disponível gratuitamente e pode ser obtido clicando aqui.

Caso o interesse seja pela produção de mudas, o investimento inicial no negócio será maior. Isso se dá porque haverá a necessidade de se construir uma estrutura capaz de germinar as sementes, de receber as mudas, e de destinar as mudas.

Assim, há o processo de rustificação (preparação para o o plantio). Há, ainda, o custo da mão de obra que deverá ser permanente e mais intensiva, quando comparada a de apenas desenvolver o negócio da coleta de sementes.

Conclusão

Você já conhecia as principais formas de ganhar dinheiro preservando a natureza? Então, conta pra gente a sua experiência aqui nos comentários. Também não deixe de compartilhar esse artigo com os seus amigos!

Se esse assunto for de seu interesse, sugiro que conheça o livro publicado pelo nosso parceiro, Flávio Ojidos! Ele abordou mais de 20 oportunidades de geração de recursos em Reservas Particulares, as RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural).

A valoração dos recursos naturais é uma das missões da Geonoma Florestal, a minha empresa de consultoria ambiental. Conheça o portfólio da empresa e entre em contato conosco. Tire todas as suas dúvidas em relação ao assunto desse post. Nosso e-mail é: contato@geonomaflorestal.com.br!

Aqui no blog do Portal eFlora, você possui uma série de outros conteúdos gratuitos sobre Restauração produtiva e conservação da biodiversidade. Oferecemos também cursos PRESENCIAIS e ONLINE sobre uma série de assuntos relacionados a Meio Ambiente através da minha empresa de cursos de extensão, a Brasil Bioma.

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Elaborador por: Rodrigo Polisel (Instagram: @brasibioma)

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