A busca por alternativas ambientalmente
corretas que contribuam para uma agricultura ecológica e sustentável
cresce cada vez mais no cenário mundial. O controle de plantas daninhas
usando leguminosas herbáceas consorciadas com a cultura do café vai ao
encontro desse pensamento. Esse estudo foi desenvolvido pelo pesquisador
da Embrapa Café, Julio Cesar Freitas Santos, em sua tese de doutorado,
na área de Fitotecnia, realizada na Universidade Federal de Viçosa
(UFV), projeto que teve apoio do Consórcio Pesquisa Café. Entre as
conclusões do trabalho, Julio Cesar confirmou a possibilidade do cultivo
de leguminosa, como lablabe, sirato, híbrido de Java ou amendoim
forrageiro, fazer parte do manejo integrado da lavoura. A leguminosa
vem substituir ou complementar os métodos tradicionais de controle de
plantas daninhas no cafezal, diz.
A tecnologia
consiste em utilizar uma dessas leguminosas herbáceas como cobertura
viva de solo. Existem as coberturas mortas como biomassa de culturas e
casca de café, por exemplo, já utilizada por produtores. As leguminosas
são coberturas vivas que contribuem para boas práticas agrícolas. Elas
também podem ser utilizadas como cultivos intercalares com as culturas
de arroz e feijão, que geralmente acontece em algumas lavouras,
explica. A supressão da infestação das plantas daninhas ocorre pelos
efeitos de competição por sombreamento e de alelopatia, por compostos
químicos liberados pelas leguminosas, proporcionando a maior cobertura
do solo e o maior predomínio da vegetação sobre essas plantas
infestantes. Os benefícios das leguminosas no solo apontados pelo
pesquisador são também adicionais como: redução da compactação, controle
da erosão, fixação de nitrogênio, propiciando economia com adubos e
menos poluição do meio ambiente, aumento da matéria orgânica e
incremento da biodiversidade.
lab lab
A pesquisa foi
realizada na Zona da Mata e na Região do Cerrado, respectivamente em
áreas de declive acentuado, com espaçamento estreito e mecanização
limitada, e de relevo plano, com espaçamento largo e mecanização
constante. Julio Cesar verificou que, na Zona da Mata, a lablabe e o
sirato no primeiro ano e o amendoim forrageiro no segundo ano
proporcionaram menor densidade e biomassa de plantas daninhas. No
Cerrado, os mesmos resultados foram constatados pelo híbrido de Java no
primeiro ano, que manteve a maior produção de biomassa, e pelo amendoim
forrageiro no segundo, que expandiu a cobertura de solo. A longo prazo, o
pesquisador verificou ainda que o amendoim apresenta maior capacidade
de reduzir plantas daninhas por ser uma espécie perene, de porte baixo,
rastejante e de fácil propagação vegetativa, tendo resistência ao
período seco e bom revigoramento no período chuvoso, além de facilidade
de regeneração após a realização de podas.
O
pesquisador explica ainda que, na convivência das plantas daninhas com
cafeeiros, ocorrem interações que propiciam benefícios ou prejuízos. Em
cultivo solteiro, principalmente em lavoura nova, sobram espaço e
recurso, que facilitam a maior ocupação das plantas daninhas. Nos
modelos de consórcios, essa ocupação é muito reduzida, devido à área ser
preenchida por arranjos de espécies que exercem o controle cultural
sobre essas plantas. A tecnologia contribui com as demandas das lavouras
novas de café e das lavouras adultas do Cerrado e de regiões com
declive acentuado, que são mais propícias à infestação por plantas
daninhas.
Segundo o pesquisador, a prática é
recomendável para o produtor. Um único sistema de manejo é inviável no
controle das plantas daninhas, por isso esse manejo deve ser
diversificado e dinâmico, como o próprio desenvolvimento da infestação
dessas espécies.
Em dois anos de avaliação
das leguminosas, verificou-se que elas não influenciaram o crescimento
vegetativo e a produtividade do cafeeiro, ressalta Julio. Em meio a
técnicas convencionais que utilizam práticas de capina com enxada ou
roçadas mecanizadas para controle das plantas daninhas, a pesquisa
comprovou na adoção das leguminosas como parte do manejo integrado, uma
alternativa adequada às demandas de cafés de base ecológica,
certificados e especiais pelo mundo. Na medida em que também está
adequada aos interesses da agricultura de baixo carbono, limita o uso de
produtos químicos (herbicidas) na lavoura, permite a recuperação de
áreas e o aumento da área de vegetação entre cultivos perenes como café.
O
resultado é uma tecnologia que contribui para a sustentabilidade da
cafeicultura, com melhoria da qualidade do solo e do cafezal, redução de
capinas e diminuição de custos. A continuação do projeto será com uma
seleção de plantas leguminosas para inibição de plantas daninhas em
lavouras de café nas regiões da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
Teor proteico elevado contribui para ganho de peso
Marina Salles
Há oito anos, Francisco Militão Matheus Brito começou a ter
problemas com morte súbita de pasto em suas propriedades em Alta
Floresta (MT), onde cultivava braquiária brizanta, conhecida como
braquiarão. “No início era um ponto que secava aqui, outro ali, formava
uma reboleira, mas o problema se agravou”, diz.
Passados quatro anos, o pecuarista precisou intervir. Iniciou um
processo de reforma de pastagens quando já tinha em torno de 70% da área
sob estresse. De acordo com o que se apurou na época, a morte súbita de
pasto tem causas múltiplas, entre elas a ação de fungos, encharcamento
da terra, superpastejo e mudança de uso do solo. Segundo o Instituto
Centro de Vida, ONG que presta entre outros serviços assistência técnica
a produtores que precisam reformar a pastagem, diante do
comprometimento de 60% da área é necessário iniciar a substituição do
capim.
No caso de Francisco, outra motivação para trocar o brizantão pelo
mombaça, capim do gênero Panicum, mais resistente, foi a intenção de
aumentar a produtividade. Nos piores estágios de degradação, seu pasto
não suportava mais de 0,7 unidades animais/ha. Hoje, ele conta que já
alcança a média de 2,5 UA/ha nas áreas ainda em processo de reforma.
Feita gradativamente, a implantação do mombaça custou R$ 2 mil por
ha, incluídos custos com adubação e calcareamento. Não estão
contabilizados aí gastos com infraestrutura. “O mombaça é mais exigente
quanto aos nutrientes do solo, mas nos trouxe bons resultados e, agora,
queremos seguir investindo no uso sustentável da pastagem”, afirma. O
plano do criador é fazer testes com consórcios das gramíneas humidícola e
estrela africana com amendoim forrageiro. O objetivo é diversificar as
opções de pastagem e não ficar refém só de um capim.
“Consórcios de leguminosas com gramíneas são velhos conhecidos de
produtores do Acre”, comenta o pesquisador da Embrapa, Judson Ferreira
Valentim. No Estado, o surto da morte do braquiarão veio há mais tempo
e, hoje, o amendoim forrageiro já é adotado em mais de 138 mil hectares
de pastagem. A puerária, outra leguminosa, em mais de 450 mil ha. “Temos
que estar preparados para o ataque seja de fungos, cigarrinhas ou
lagartas. Fazer isso é ter alternativas para não perder todo o capim”,
diz o pesquisador da Embrapa Acre.
Os benefícios do consórcio vão além. “Ele reduz o risco de ataque por
pragas e doenças, mas também aumenta a qualidade da forragem, é
suprimento nitrogenado para o capim e ainda encurta o tempo de
terminação dos animais, diminuindo suas emissões de metano”, afirma
Judson. Com a implantação de consórcios assim, o aumento na produção de
carne e leite por hectare pode chegar a 40% em relação ao manejo
tradicional.
A principal explicação é a melhora na nutrição animal. Por mais bem
manejado que seja, o capim mombaça não apresenta teor de proteína bruta
maior que 14%. Nas condições ambientais do Acre, o amendoim forrageiro
cultivar Belmonte tem teor proteico entre 20 e 25%. Os animais engordam
mais rápido e são abatidos mais cedo. “Enquanto em pasto puro o criador
abate um boi Nelore após 36 meses, a pasto consorciado consegue abater
aos 30. Se for cruzamento industrial, o tempo cai de 30 para 24 meses na
média”, afirma Judson.
A alta digestibilidade da leguminosa reduz as emissões de metano em até
30%/kg/carne produzida e influencia no ganho de peso dos animais, diz o
pesquisador. Na safra 2013/2014, com o amendoim forrageiro presente em
10% da área de pasto de humidícola, observou-se um incremento de
produtividade de 18% no rebanho que ficou em pasto consorciado em
relação àquele que ficou em pasto puro, só de gramínea. Em termos reais,
o valor saltava de 278 kg/ha, em 101 dias de experimento, para 330
kg/ha. Já na safra 2014/2015, com a leguminosa tendo ocupado 25% da
área, o incremento de peso foi de 45% na comparação do primeiro com o
segundo grupo. O recomendado pela Embrapa é que a proporção entre capim e
leguminosa seja de 70% um, 30% outro, respectivamente.
As combinações de espécies são muitas. Judson explica que o amendoim
forrageiro, por exemplo, é mais indicado para a prática da pecuária
intensiva do que a puerária. Por ser rasteiro, o amendoim resiste mais
ao pisoteio e vai bem em sistemas rotacionados com taxas de lotação de 2
a 2,5 UA/ha. Também é uma planta que gosta de sombra e se desenvolve
melhor nos períodos de seca quando consorciada ao capim. “A puerária já é
diferente. Mais indicada para sistemas de pastejo contínuo com lotação
de 1,5 UA/ha, é uma trepadeira e, se não resiste tanto ao pisoteio, por
outro lado, pode ser consorciada com capins mais altos”, diz o
pesquisador.
Para fazer a manutenção do pasto, principalmente na pecuária intensiva,
o manejo do consórcio depende muito mais da altura do capim que de um
tempo fixo de descanso dado aos piquetes (ver tabela abaixo). Indicadores para uso consorciado de gramíneas com o amendoim forrageiro em sistemas de pasto rotacionado
Tipo de capim
Altura para entrada
dos animais
Altura para saída
dos animais
Brachiaria humidicola
30 cm
10-15 cm
Brachiaria brizantha
40-45 cm
20-25 cm
Estrela africana
40 cm
20 cm
Massai
60-70 cm
30 cm
O uso de variadas espécies é um trunfo com vantagens ilimitadas na mão
do pecuarista. “O capim humidícola aguenta bem o pisoteio, o solo
infértil, mas é menos nutritivo. Pode, então, ser uma boa opção para
colocar vacas secas. No caso de uma boiada de terminação, vale a pena
investir num Panicum, seja tanzânia, mombaça, ou cultivares novas, como zuri ou tamani”, indica Judson.
amendoim forrageiro
Quanto aos cuidados com o solo, as leguminosas acabam fazendo a maior
parte do trabalho. Fixadoras de nitrogênio, adubam o pasto e promovem
uma economia considerável. “Em uma pastagem com 30% de amendoim
forrageiro consorciado você consegue incorporar até 60kg/N/ha/ano, o
equivalente a 133 kg de ureia por ha”, afirma Judson. “Sem falar que
elas não trazem despesas extras com máquinas ou operadores para fazer
essa aplicação”, completa. Custos
Corrigido pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), o custo de um
hectare de pastagem consorciada (implantada em 2012) seria hoje de
aproximadamente R$1.500. O valor compreende gastos com correção do solo,
adubação, mão de obra e insumos. Plantio das leguminosas
Em se tratando do amendoim forrageiro, o mais comum é que o produtor
adquira as mudas e faça o cultivo em pequenos viveiros e sua posterior
distribuição na pastagem.
Espécies comumente dispersadas por sementes podem ser plantadas a lanço
ou direto no solo. Outra possibilidade é fazer a implantação com a
ajuda do gado. “Para o produtor que não tem máquinas ou quer diminuir
custos, uma prática válida é misturar sementes na ração. Ainda no rúmen
dos animais acontece a quebra da dormência da semente e quando o gado
defeca faz a distribuição delas ao acaso”, explica o pesquisador.
Havendo um pastejo uniforme das áreas, a técnica se mostra eficiente.
#souagro| A BRS Oquira é uma cultivar de amendoim forrageiro desenvolvida pela Embrapa que é rica em proteína e com alta produção de forragem, a tecnologia é alternativa para intensificar a produção de carne e leite e viabilizar uma pecuária a pasto mais sustentável.
Os estudos mostraram que, em cultivos adubados e irrigados, o teor de proteína bruta na planta chega a 29%, valor que garante alimento de qualidade para o rebanho e melhora a produtividade animal.
Resultado de avaliação e seleção de materiais genéticos, a nova cultivar foi testada nas condições de clima e solo de três biomas e, entre outros aspectos, se destaca, principalmente, pela alta concentração de proteína, elevada produtividade de forragem e maior tolerância à seca. As pesquisas de 15 anos contaram com a parceria da Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Amazônia Oriental (PA), Embrapa Pecuária Sudeste (SP) e Embrapa Gado de Corte (MS).
A pesquisadora Giselle de Assis, coordenadora do Programa de Melhoramento Genético do Amendoim Forrageiro, da Embrapa Acre, explica que, diferente de outras leguminosas que concentram a proteína nas folhas, o amendoim forrageiro possui elevado teor proteico também nos talos, característica que possibilita uma forragem de alta qualidade. Em experimentos sem adubação e irrigação, a cultivar BRS Oquira apresenta 22% de proteína bruta, teor de fibra em torno de 43% e 68% de digestibilidade de matéria seca (forragem).
“Quando adubada e irrigada, o percentual de proteína na planta pode chegar a 29%, com digestibilidade de 75%, valores semelhantes aos da alfafa, uma das leguminosas mais utilizadas no mundo em função da excelência da forragem produzida. Pastagens consorciadas com essa leguminosa fornecem aos animais os nutrientes necessários para a produção de carne ou leite a pasto, aumentam a produtividade do rebanho e ajudam a tornar esses sistemas pecuários mais eficientes e competitivos”, ressalta Assis.
Mais alimento para o gado
Por ser nutritivo e palatável, o amendoim forrageiro pode ser utilizado na dieta de bovinos, equinos e ovinos, sob pastejo direto, em pastos consorciados com gramíneas, em plantios puros que funcionam como bancos de proteína ou fornecido no cocho como forragem verde picada, feno e silagem. A BRS Oquira demonstrou alto desempenho também na produtividade de forragem, em relação a outras cultivares de amendoim forrageiro.
Em cultivos sem uso de adubação e irrigação, a cultivar produziu entre 13 e 16 toneladas de massa seca de forragem por hectare/ano na Amazônia, enquanto, no Cerrado, a produção variou de 10 a 13 toneladas por hectare/ano. No bioma Mata Atlântica, experimentos adubados e irrigados produziram entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare/ano. “Esse desempenho representa um aumento que varia de 10% até 44% na produtividade de forragem, capaz de proporcionar ganhos reais na produtividade do rebanho”, ressalta Giselle de Assis.
O amendoim forrageiro tem um valor nutritivo superior à maioria das leguminosas tropicais. Se você tem gado de corte na propriedade, indicamos a leitura desta dica.
Aqui, você vai entender as características importantes dessa espécie. Como resultado, sua produtividade poderá ser maior.
Ter um pasto que atende as necessidades nutricionais do gado garante um bom desempenho. A escolha da espécie é o primeiro passo.
Então, se está em busca da melhor pastagem para seu rebanho, a Boi Saúde irá te auxiliar na escolha. Quem sabe o amendoim forrageiro é a melhor alternativa para você?
O que é a espécie amendoim forrageiro?
Em primeiro lugar, o amendoim forrageiro (Arachis pintoi) é uma leguminosa rica em proteínas, nativa do Cerrado.
Caso o sistema de integração de lavoura pecuária esteja nos seus planos, essa espécie se dá muito bom nesse método.
É classificada como uma espécie perene. A propagação é feita por meio de sementes, com crescimento contínuo. As flores são brancas, amarelas, laranjas ou creme.
O índice de digestibilidade atinge entre 60% e 70%. Além disso, tem boa aceitação por parte dos bovinos. Outro ponto positivo é que pode ser consumido também por equinos, ovinos e caprinos. Triturado serve para aves. Cortado é indicado para porcos.
Entre as vantagens está a fixação do nitrogênio. O nitrogênio absorvido pelo amendoim forrageiro vira adubo. O resultado é uma melhor recuperação daquele pasto onde foi plantado. E também, sendo aproveitado pelas outras plantas em caso de consórcio.
Até em solos com média e baixa fertilidade, o amendoim forrageiro vinga.
Contudo, tem resistência a baixas temperaturas e a áreas com alagamentos temporários.
Várias cultivares estão disponíveis.
Como é feito o plantio?
Existem dois formatos: por sementes e por mudas.
Se a sua escolha for mudas, as formas mais baratas são em covas e também em sulcos.
No caso de covas abertas com enxadas, o espaçamento deve ser entre 1m e 1,5m. Sobre quantidade, são indicados 240 quilos de mudas para cada 1 hectare, por exemplo.
Agora, se a escolha de plantio for em sulcos, a profundidade deve ser de 10cm. O espaçamento de 1 metro. Aqui, são necessários 368 kg para plantio por hectare.
No plantio de sementes, a quantidade ideal é de 10 a 12 quilos por hectare.
Não esqueça da aplicação de calagem e adubo. Para uma orientação adequada, faça a análise de solo que irá indicar quais as proporções.
Quais são as indicações de manejo?
Após o plantio, o pasto precisa de um descanso entre 30 e 40 dias. Portanto, não insira os animais no local durante esse período. O amendoim forrageiro precisa desse tempo para criar raiz das mudas.
Passado o descanso, o gado pode consumir a forrageira durante 7 dias seguidos. Entretanto, dê um descanso de até 35 dias. Com essa atividade, o pisoteio e pastejo em excesso são evitados. A partir daí, terá condições de oferecer realmente o resultado esperado.
O produtor que deseja mudas pode entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor da Embrapa.
É ideal para consórcio?
Sim, de acordo com a Embrapa, é a espécie ideal para consórcio com as seguintes forrageiras: braquiária brizantha, marandu, xaraés, massai. Além de capim-braquiarão, capim-braquiarinha, capim-tangola e grama-estrela-roxa.
Ideal para a recuperação de pastagens, que estão em fase de degradação, o consórcio do amendoim forrageiro com as espécies acima pode ser a salvação para a propriedade.
Como manter uma boa produtividade do amendoim forrageiro?
O plantio deve ser no início da época de chuvas. Ao apresentar umidade, o solo estará mais adequado para receber o amendoim forrageiro. Além disso, as chances de se estabelecer é maior.
Caso a região não tenha muitas chuvas, indica-se que a irrigação seja implementada.
Cuide sempre ao fazer rondas para monitoramento. Afinal, evitar pragas como cigarrinhas e cupins garantem uma saúde extra. Sem contar que parasitas precisam ficar longe.
Quanto mais você preservar o seu pasto, com adubo, herbicidas e fertilizantes, maior será o rendimento.
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E se esse conteúdo fez a diferença no seu conhecimento, deixe seu comentário! Em breve, iremos respondê-lo.
Referência:
Métodos de introdução do amendoim forrageiro em pastagens já estabelecidas no Acre. Comunicado Técnico 152. Embrapa, novembro de 2002.
Pesquisador da Embrapa Acre destacou que área consorciada
produziu 11 arrobas a mais em um ano na comparação ao
piquete com Humidicola solteira
CRIADO EM 07/10/2021 ÀS 15H28 - ATUALIZADO EM 07/10/2021 ÀS 11H41
Episódio da série especial Embrapa em Ação que foi ao ar nesta quinta, dia 07, mostrou na prática os benefícios que o consórcio de capim com o amendoim forrageiro traz para dentro das porteiras das fazendas de pecuária do Acre. O sistema, conforme resumiu pesquisador da Embrapa Acre, pode dobrar o ganho de peso do gado na época seca e incrementar a produção em 11 arrobas por hectare ao ano.
Uma das áreas em que os efeitos desta integração estão sendo testados é na propriedade do pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle, que chegou ao Acre no início dos anos 80 e migrou do cultivo da seringueira para a bovinocultura de corte.
Conforme destacou o produtor, o sistema viabilizou a criação de animais meio-sangue na Região Norte. “Nós fazemos matriz Nelore e em cima dessa matriz
por conta dessa peculiaridade que você observou, a gente introduziu lá atrás,
inicialmente, puerária como consórcio de gramínea e leguminosa e depois,
sempre junto com a Embrapa, em parceria, […] a gente começou a introduzir
o amendoim forrageiro”, confirmou Luiz.
Leia mais em https://www.girodoboi.com.br/noticias/consorciar-capim-com-amendoim-forrageiro-pode-dobrar-ganho-de-peso-na-seca/
forneço mudas de amendoim forrageiro
Na propriedade de Luiz, o consórcio do capim é feito com a cultivar BRS Mandobi, desenvolvida pela Embrapa com foco na facilidade de propagação, por semente – ao passo que outras variedades de amendoim forrageiro só podem ser plantadas por muda.
“Nós passamos por um período de estabelecimento de uns dois anos com 7% da área com amendoim forrageiro. […] Nesse primeiro trabalho que foi feito, de avaliação e desempenho, a gente já conseguiu o diferencial de 10% de aumento no ganho de peso. […] Com três anos, a gente já estava aqui com 11% a 12% de amendoim forrageiro na área. Esse desempenho estava subindo, chegando em 15%. A gente estava no caminho certo. Mas a gente chegou num momento até 2015 que essa composição estabilizou e de certa forma estagnou. E a gente percebeu […] que os animais estavam superpastejando as linhas de plantio e o amendoim forrageiro não estava conseguindo se estabelecer passados aqueles 10%. Nós mudamos o manejo, foi o momento que nós colocamos o pastejo rotacionado. Nós começamos a dar descanso para as áreas. Com esse descanso, de um ano para outro, já subiu para 17%. Em 2016 foi a 23% e, de lá para cá, está estabilizado em 25% de amendoim na área. […] Em termos de produção média geral, nós conseguimos 11@ a mais por ano no pasto consorciado em relação a um pasto de Humidicola pura, sem amendoim”, apresentou o pós-doutor em agronomia Maykel Sales, pesquisador da Embrapa Acre.
Sales listou a série de benefícios que o consórcio traz para a propriedade, que ajudam a explicar o resultado final de 11 arrobas a mais produzidas no ano, exaltando também a redução do custo com fertilização da área. “A gente sabe que esse amendoim forrageiro nessa área está fixando algo em torno de 120 a 150 kg de nitrogênio por hectare. São mais ou menos seis a sete sacos de ureia por hectare/ano que ele está jogando naturalmente nessa fazenda. É mais um cálculo: quanto custam sete sacos de ureia por ano? Esse é o retorno que oamendoim forrageiro te dá. […] Em termos de desempenho, houve 47% de aumento no ganho em média. Durante a época da chuva, 30%, durante a época da seca, quase 100% de aumento do ganho de peso. Quase que dobra o desempenho dos animais na época da seca quando eles estão nesse ambiente. É um ambiente que traz uma oferta de forragem de melhor qualidade e aumenta a oferta também por causa da adubação nitrogenada. Nesse ambiente nós conseguimos aumentar a taxa de lotação em 20% em relação ao pasto que não tem amendoim. Nós conseguimos aumentar a produção porque esses animais, nesse ambiente, consomem mais alimento, mais pasto, mas o pasto produz mais, então a gente não teve redução de lotação, e sim aumento. Esse é uma compensação natural”, analisou o pesquisador.
DICA DO PRODUTOR
O pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle aconselhou os produtores que querem buscar soluções similares para os seus sistemas produtivos. “A pesquisa é uma parceira do produtor e ele deve ir atrás. Não fique esperando ela vir até você, não! Vá atrás que você vai obter conhecimentos muito bons para você aplicar na sua propriedade”, declarou.
Como forma de dar sequência à série de eventos virtuais sobre a cadeia produtiva da erva-mate, o Polo Ervateiro Alto Taquari realizou na noite desta quinta-feira (27/05) sua edição do Seminário Gaúcho Sobre Produção de Erva-Mate. Transmitida pelo canal da Emater/RS-Ascar no Youtube e acompanhada por técnicos, produtores, viveiristas e representantes de entidades do setor ervateiro, a atividade teve o objetivo de estimular o aumento da qualidade e da produtividade da erva-mate nas cinco regiões produtoras do Estado.
O Seminário integra as ações do Programa Gaúcho Para a Qualidade e Valorização da Erva-Mate da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado. Representando a secretária Silvana Covatti, o engenheiro florestal do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) Jackson Freitas destacou a importância do trabalho desenvolvido pela Emater/RS-Ascar com envolvimento em toda a cadeia produtiva, o que permite aos agricultores o acesso as mais diversas politicas públicas da pasta.
Já o presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, lembrou o fato de o Polo Ervateiro Alto Taquari representar cerca de 60% da produção total do Estado, tendo uma importância não apenas agrícola, mas também cultural, história e social. Reconhecendo o valor do cultivo, Sandri lembrou a Abertura da Colheita da Erva-Mate, evento realizado na última segunda-feira (24/05), em Ilópolis, do qual esteve presente. Trata-se de um cultivo que não gera apenas renda, mas também desenvolvimento e qualidade de vida para as famílias produtoras, destacou.
Dividido em três painéis, o Seminário sintetizou, inicialmente, o capítulo Solo do Diagnóstico Nutricional dos Ervais. Nesta etapa, o extensionista da Emater/RS-Ascar Fabiano Zenere apresentou resultado de trabalho realizado nos municípios de Ilópolis, Arvorezinha, Putinga, Anta Gorda e Doutor Ricardo, em que se procurou saber quais se havia indicativos de algum tipo de deficiência nutritiva do solo e quais os caminhos para a correção. Em sua fala, valorizou ainda a análise de solo como ferramenta fundamental para que sejam feitas as recomendações adequadas no que diz respeito à adubação.
Em um segundo momento, o extensionista da Emater/RS-Ascar Cezar Burille ministrou painel sobre Controle de pragas com ênfase na ampola da erva-mate. Além de falar do comportamento da ampola, das condições para o seu desenvolvimento, os prejuízos causados e as maneiras de identificar a sua presença no erval, Burille apontou maneiras de prevenir a adversidade. Nesse sentido, é importante manter vegetação variada no erval, adubar de forma criteriosa, cultivar com árvores companheiras, não podar na primavera e colher um limite de 70% da massa foliar, pontou. É uma questão de manejo, completou.
Na sequência, a terceira e última parte contou com a participação dos extensionistas da Emater/RS-Ascar Cleber Schuster e Julio Marcon, que debateram Adoção de Cobertura de Solo e do Sombreamento em Cultivos de Erva-Mate. Em sua fala, Schuster enfatizou os efeitos físicos, químicos e as funções da cobertura verde, que protege o solo, aumenta a matéria orgânica, diminui a amplitude térmica, fixa o nitrogênio e reduz a população de plantas daninhas, entre outras vantagens. Fora o fato de que também reduz erosão e os custos com adubos químicos, além de melhorar a fertilidade, explicou.
Finalizando, Schuster apresentou exemplos de plantas para cobertura do solo, como crotalária, feijão de porco, amendoim forrageiro, trigo mourisco e painço. O que percebemos é que os agricultores têm investido cada vez mais nas coberturas de inverno, sendo também importante evoluir no verão. Fechando a noite, Marcon falou das funções do sombreamento no erval e quais as formas de planejá-lo para que haja uma boa ciclagem de nutrientes, sem competição. Condição que aumentará a biodiversidade, ocupará o espaço produtivo e ainda reduzirá a incidência de pragas e doenças, complementou.
Mediado pelo extensionista da Emater/RS-Ascar Ilvandro Barreto de Melo, o Seminário fecha um ciclo que contou ainda com atividades nos polos ervateiros Alto Uruguai (16/04), Região dos Vales (30/04), Nordeste Gaúcho (07/05) e Missões Celeiro (14/05). Em todos os produtores puderam tirar dúvidas, havendo ampla participação dos mais variados municípios gaúchos, de fora do Estado e até do exterior. Todos os Seminários estão disponíveis no Youtube. O do Pólo Ervateiro Alto Taquari pode ser encontrado no link: https://www.youtube.com/watch?v=_Dta2L9JWNA.