quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Alho - um ótimo repelente natural




O alho conhecido por ser um excelente antibiótico natural, e se apresenta também com um ótimo repelente e supressor de parasitas, tanto em animais como em vegetais.

 O modo de preparos caseiros a base de alho é bastante simples, bastando apenas de 03 cabeças de alho, 01 colher grande de sabão de côco picado e 02 colheres de parafina líquida, onde amassamos as cabeças de alho após misturá-la em parafina líquida.

Na hora de aplicar basta-se somente diluir em 10 litros de água contendo sabão de côco picado e com um pulverizador aplicar sobre a planta.

Experiência mostra impacto de agrotóxicos no organismo

O impacto de agrotóxicos no organismo
21 de Novembro de 2014 • Atualizado às 08h00

Em uma pesquisa realizada pela engenheira química Camila C Braghetto Obst , foram selecionadas duas batatas, sendo uma convencional e outra orgânica, no dia 13/05/2014. Ambas foram colocadas em vidros distintos, nas mesmas proporções, tampados e analisadas por quarenta dias.
Durante a decomposição dos alimentos, foi identificado que enquanto a batata orgânica continuava com aspecto preservado e produzia brotos de seu interior, já a convencional murchou e ficou praticamente imersa pela água que ela mesma liberou. A decomposição exalava forte odor mesmo permanecendo sob vedação, enquanto a batata orgânica teve leve mal cheiro perceptível somente quando o recipiente foi aberto. Esta experiência foram expostas na loja Tutto Natural onde os clientes puderam identificar e acompanhar pessoalmente as diferenças entre elas.
O intuito da engenheira e também proprietária do local Camila C. Braghetto, foi de esclarecer ao público a quantidade de ingestão química através de produtos cultivados com agrotóxicos e seus malefícios. Para Braghetto, a utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos nos alimento provoca maior absorção de grande quantidade de água, além dos próprios resíduos químicos, o que a deixa mais perecível e explica o forte odor lançado pelo alimento, sendo que os orgânicos permanecem bons para consumo por mais tempo, o motivo é o cultivo natural onde cresce absorvendo os nutrientes naturais da terra.
Nos últimos anos, a procura por produtos orgânicos tem crescido consideravelmente. E por consequência disso, Hoje quase todos os supermercados possuem prateleiras exclusivas para esses alimentos além de feiras orgânicas e hortifruti para suprir a demanda.
Segundo artigo científico da Unicamp,os brasileiros tem mudado alguns hábitos na busca de consumir alimentos mais saudáveis e a opção tem sido os orgânicos, termo rotulado para definir produtos cultivados sem agrotóxicos. Desde 2003 foi regulamentada a lei federal nº 10.831para agricultura orgânica, que visa à produção de frutas, legumes e verduras sem adição de adubos químicos ou que contenha o percentual insignificante de pesticidas, com finalidade de aumentar a transição ecológica que é a desintoxicação gradual do solo, água e dos alimentos.
Fonte: ciclo vivo

Click here

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Parque em SP oferece curso de horta caseira e compostagem



No próximo domingo (7), a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), em São Paulo, vai oferecer um curso para quem quer começar a dar os primeiros passos para o desenvolvimento de uma horta em casa e a realização da compostagem – técnica para decompor materiais orgânicos.
Ao longo do dia, o curso vai ensinar a realizar agricultura orgânica e agricultura urbana. Também será abordado o conceito da Trofobiose, uma teoria pela qual se explica o porquê de uma planta com poucos nutrientes ser mais suscetível a pragas e patógenos.

Ainda serão passadas noções de fisiologia das plantas na absorção de nutrientes e luz, como plantio, adubação, cobertura morta, pragas e doenças, colheita. Mas, como fazer tudo isso em pequenos espaços? Esse será outro ponto da conversa, que falará sobre as hortas em canteiros, vasos com ervas condimentares e medicinais.

Outro assunto interessante que os iniciantes vão aprender é sobre as “plantas companheiras”, que trata-se daquelas que podem ser plantadas no mesmo espaço, pois se ajudam e se complementam mutuamente, seja na ocupação do espaço, utilização da água, luz e nutrientes, como também nas interações químicas.
Por fim, o curso abordará o processo biológico, chamado de compostagem, em que microrganismos são transformados em materiais orgânicos que podem ser utilizados na agricultura. Essa técnica é importante para fortalecer a horta e ainda reduzir o lixo orgânico produzido em casa.

O curso será ministrado pelo consultor e agrônomo Marcelo Noronha, no dia 7 de dezembro, das 9h às 14h, no Parque da Água Branca. Para os associados do parque, a oficina custará R$ 65,00, já para os não associados R$ 80,00.

Para se inscrever, basta preencher este formulário com o nome do curso “Horta Caseira e Compostagem” ou, se preferir, ligar para o atendimento: (11)3875-2625. As informações necessárias para fazer o depósito aparecerão logo após o envio da inscrição deste formulário.

Redação CicloVivo

Click here

domingo, 30 de novembro de 2014

Ministério do Meio Ambiente oferece curso gratuito online sobre Cadastro Ambiental Rural


A inscrição deverá ser feita até o dia 19/12. O curso tem como objetivo capacitar facilitadores para a inscrição de imóveis rurais no CAR, prioritariamente dos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, dando continuidade às ações de fomento e apoio à implementação da Lei nº 12.651/2012 (Novo Código Florestal).
Ministério do Meio Ambiente oferece curso gratuito online sobre Cadastro Ambiental Rural
Estão abertas as inscrições para o curso gratuito de Capacitação para o Cadastro Ambiental Rural (CapCAR), realizado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com a Universidade de Lavras, o Serviço Florestal Brasileiro e o IBAMA.

O CapCAR é realizado online e tem como objetivo capacitar facilitadores para a inscrição de imóveis rurais no CAR, prioritariamente dos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, dando continuidade às ações de fomento e apoio à implementação da Lei nº 12.651/2012 (Novo Código Florestal).

A inscrição deverá ser feita até o dia 19/12/2014. Clique aqui para se inscrever.

Saiba mais sobre o curso.

Cadastro Ambiental Rural

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um instrumento fundamental para auxiliar no processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais. Consiste no levantamento de informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental.

Ferramenta importante para auxiliar no planejamento do imóvel rural e na recuperação de áreas degradadas, o CAR fomenta a formação de corredores ecológicos e a conservação dos demais recursos naturais, contribuindo para a melhoria da qualidade ambiental, sendo atualmente utilizado pelos governos estaduais e federal.

No governo federal, a política de apoio à regularização ambiental é executada de acordo com a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que criou o CAR em âmbito nacional, e de sua regulamentação por meio do Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012, que criou o Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SICAR, que integrará o CAR de todas as Unidades da Federação.

Na Amazônia, o CAR já foi implantado em vários estados, constituindo-se em instrumento de múltiplos usos pelas políticas públicas ambientais e contribuindo para o fortalecimento da gestão ambiental e o planejamento municipal, além de garantir segurança jurídica ao produtor, dentre outras vantagens. O Ministério do Meio Ambiente tem trabalhado ativamente para a implementação do CAR na região, por meio de projetos tais como: Projeto de Apoio à Elaboração dos Planos Estaduais de Prevenção e Controle dos Desmatamentos e Cadastramento Ambiental Rural; Projeto Pacto Municipal para a Redução do Desmatamento em São Félix do Xingu (PA) e Projeto de CAR, em parceria com a TNC (The Nature Conservancy), este último, encerrado em dezembro de 2012.

Além desses, o MMA, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desenvolveu programa específico voltado às instituições públicas e privadas interessadas em elaborar projetos de de CAR, no âmbito do Fundo Amazônia, cujo gestor é o próprio banco.

Para mais informações sobre o CAR, acesse o site www.car.gov.br

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Biologia sintética: “Essa tecnologia é necessária?” Entrevista com Silvia Ribeiro


“Não existem legislações adequadas à biologia sintética e há total ignorância acerca dos efeitos dos produtos derivados da biologia sintética sobre a saúde”, adverte a pesquisadora do Grupo ETC.
Foto:sp.es-static.us
“Supostamente mais amigável com o meio ambiente”, tendo a biomassa como matéria-prima para produzir combustíveis e plástico, a biologia sintética não é uma proposta para sair da dependência dos combustíveis fósseis, diz Silvia Ribeiro àIHU On-Line.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, ela adverte que as transnacionais petroleiras, empresas químicas e farmacêuticas que financiam as pesquisas de biologia sintética visam à “construção em laboratório de sequências genéticas sintéticas para construir, por exemplo, rotas metabólicas que alterem funções específicas em microrganismos ou para criar micróbios sintéticos inteiros com novas funções, capazes de produzir substâncias industriais”. Segundo ela, a manipulação ou criação de micróbios através da biologia sintética possibilitará “processar qualquer fonte de carboidratos como base para a construção de polímeros que podem ser processados, como combustíveis, farmacêuticos, plásticos ou outras substâncias industriais. Atualmente, isto é em grande parte teórico ou está apenas na fase experimental, mas em alguns setores já funciona no âmbito da produção industrial”.
Silvia adverte ainda que, com o desenvolvimento da biologia sintética, a tendência é de que haja um “aumento exponencial da exploração da biomassa planetária”, já que “tudo o que esteja vivo ou tenha estado, seja natural ou cultivado, seja resíduos de colheitas ou plantações florestais, alimentos, algas, fibras vegetais, passa a ser categorizado como ‘biomassa’, uma matéria-prima universal que pode ser processada com biologia sintética”. Nessa perspectiva, enfatiza, os territórios e produções camponesas e indígenas “se verão despojados por esta nova indústria baseada na biologia sintética”.
Apesar de as principais pesquisas sobre biologia sintética estarem sendo desenvolvidas nos Estados Unidos e naEuropaSilvia informa que “a indústria está deslocando a produção – não a pesquisa – para países como o Brasil, com biomassa abundante e barata e, no caso da produção da cana-de-açúcar, até com trabalho semiescravo”. E acrescenta: “Por isso, no Brasil, há empreendimentos como o da Amyris, que além do farneseno estão produzindo esqualeno (naturalmente derivado da oliva) e patchouli para a indústria cosmética”.
Silvia lembra também que, além das implicações relacionadas ao meio ambiente e à vida de comunidades indígenas e camponesas, a biologia sintética permite a possibilidade de “fabricar vida totalmente artificial a partir do zero e micróbios com capacidades que não existiam. Por essa razão, sua liberação intencional ou acidental – o que é muito fácil de acontecer, pois os tanques não são instalações de alta segurança, apenas outro processo industrial a mais – poderia ter consequências imprevisíveis e potencialmente devastadoras”.
Silvia Ribeiro é pesquisadora e coordenadora de programas do Grupo ETC, grupo de pesquisa sobre novas tecnologias e comunidades rurais, com sede no México. Ela tem ampla bagagem como jornalista e ativista ambiental no UruguaiBrasil e SuéciaSilvia também produziu uma série de artigos sobre transgênicos, novas tecnologias, concentração empresarial, propriedade intelectual, indígenas e direitos dos agricultores, que têm sido publicados em países latino-americanos, europeus e norte-americanos, em revistas e jornais, bem como vários capítulos de livros. Ela é membro da comissão editorial da Revista Latino-Americana Biodiversidad, sustento y culturas, e do jornal espanhol Ecología Política, entre outros.
Confira a entrevista.
Foto: www.etcgroup.org
IHU On-Line - Como e a partir de quais interesses a biologia sintética se desenvolveu nos últimos anos?
Silvia Ribeiro - No final do milênio e facilitada pela manifestação de múltiplas crises globais, começou a tomar forma a visão de uma economia “pós-petroleira”, supostamente mais amigável com o ambiente, baseada no uso industrial da biomassa como matéria-prima. Sem uma análise cuidadosa, isso poderia representar uma opção sensata para sair da dependência de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão e gás. Mas, o que é realmente?
Assim como as outras propostas englobadas na chamadabioeconomia ou “economia verde”, a economia industrial da biomassa não faz nenhum questionamento aos padrões dominantes de consumo e produção, nem às injustiças sociais, econômicas e ecológicas globais que estes provocaram. Propõe apenas outras rotas para poder continuar com o mesmo modelo, neste caso mudando a fonte das matérias-primas e as tecnologias usadas.
Um elemento central para esta nova “economia da biomassa” é o uso da biologia sintética: a construção em laboratório de sequências genéticas sintéticas para construir, por exemplo, rotas metabólicas que alterem funções específicas em microrganismos ou para criar micróbios sintéticos inteiros com novas funções, capazes de produzir substâncias industriais.
Com micróbios manipulados (ou criados) com biologia sintética, seria possível processar qualquer fonte de carboidratos como base para a construção de polímeros que podem ser processados como combustíveis, farmacêuticos, plásticos ou outras substâncias industriais. Atualmente, isto é em grande parte teórico ou está apenas na fase experimental, mas em alguns setores já funciona no âmbito da produção industrial.

“A primeira pergunta a ser feita é se esta perigosa tecnologia é necessária. A resposta é ‘não’”

Neste horizonte, toda a natureza, os ecossistemas, tudo o que esteja vivo ou tenha estado, seja natural ou cultivado, seja resíduos de colheitas ou plantações florestais, alimentos, algas, fibras vegetais, passa a ser categorizado como “biomassa”, uma matéria-prima universal que pode ser processada com biologia sintética. Por isso, esta perspectiva implica um aumento exponencial da exploração da biomassa planetária.
Sem contar que esta “biomassa”, em muitos casos, não é tal, mas são territórios e produções camponesas e indígenas que se verão despojados por esta nova indústria baseada na biologia sintética. Há, pois, um problema global: a apropriação industrial de biomassa planetária, segundo os institutos que calculam apegada ecológica, como o Global Ecological Footprint Network, já rebaixou em muito os limites da sua capacidade de renovação. Isto quer dizer que já antes mesmo desta nova expansão industrial, consome-se a biomassa mais rapidamente que sua capacidade de regeneração, pelo que já não é um recurso renovável.
Investidores em biologia sintética
Entre os grandes investidores em biologia sintética encontram-se seis das dez maiores empresas petroleiras e de energia, seis das dez maiores empresas químicas, seis das dez maiores empresas de agronegócios e as sete maiores farmacêuticas em nível global. Agora se somaram também muitas das indústrias de cosméticos e aditivos alimentares.
Por exemplo, encontramos empresas como a ShellExxonBPChevronTotal, BasfDowDuPontMonsanto,CargillADMBungeValePfizerSanofi-Aventis, GlaxoSmithKlineNovartisRocheMerck, e agora também aGivaudanInternational Flavours & Fragances Inc. Várias dessas empresas têm investimentos em biologia sintéticano Brasil, assim como também a Petrobras. Em geral, com acordos com companhias novas menores, dedicadas especificamente à biologia sintética, como AmyrisSolazymeCodexisLS9 e outras similares.
IHU On-Line - Quais são os objetivos da biologia sintética no longo prazo?
Silvia Ribeiro - O objetivo fundamental, porque é o mais lucrativo, é a produção de combustíveis, e em segundo lugar de plásticos, o que explica que todas as grandes petroleiras e a indústria petroquímica estejam investindo nesta indústria. No entanto, encontraram dificuldades para aumentar a produção, motivo pelo qual parte da indústria se voltou, com as mesmas tecnologias, para outros ramos, sem abandonar o setor energético. O setor industrial debiologia sintética que mais rapidamente cresce é a produção com biologia sintética de fármacos, saborizantes e fragrâncias de origem botânica, que, ao contrário da produção de combustíveis, se concentra em produtos de pouco volume e alto valor agregado. Este setor da indústria ameaça diretamente milhões de camponeses e camponesas doTerceiro Mundo que vivem deste tipo de produção como sua fonte de sustento.
O caso mais avançado em combustíveis derivados com biologia sintética é o produzido pela Amyris, companhia líder do setor, que inclusive instalou uma subsidiária no Brasil. A partir de contratos com grandes companhias de grãos e cana-de-açúcar no Brasil (CosanAçúcar Guarani e a transnacional Bunge no Brasil), começou a produzir o farneseno a partir de uma levedura modificada com biologia sintética, que é usado como combustível em ônibus emSão Paulo. A Amyris, por sua vez, fez outros acordos para a produção de combustíveis com petroleiras (Total,ChevronShell) e outras do setor automotivo, como a Mercedes Benz e a Michelin Tire.
IHU On-Line - Quais são os produtos desenvolvidos pela biologia sintética?
Silvia Ribeiro - Como já mencionei, além do farneseno da Amyris no Brasil, há “biorrefinarias” da DuPont produzindo algo parecido ao plástico, para o que usam milho, mas o resultado não é biodegradável. Procuram enganar o público dizendo que é “biobaseado”, mas na realidade tomam mais de 150 mil toneladas de milho para produzir aproximadamente 45 mil toneladas desse produto, ou seja, não tem nada de sustentável e, além disso, exacerba a competição com a produção alimentar e provoca o aumento do preço dos alimentos, situações já graves porque osEstados Unidos destinam 40% do milho a agrocombustíveis. A chamada segunda e seguintes gerações de agrocombustíveis baseiam-se, em sua grande maioria, em biologia sintética e absolutamente não vão resolver o conflito com os alimentos.
Afora que todos os produtos de biologia sintética que estão desenvolvendo são substituições de produtos que já existiam no mercado, derivados botânicos que são usados para farmacêuticos, saborizantes, fragrâncias e produtos de higiene, como o óleo de vetiver, baunilha, açafrão, esqualeno (umectante), patchouli, óleo de ácido láurico e mirístico (que são comumente derivados da palma e babaçu). No ramo farmacêutico, a empresa Sanofi está produzindo artemisinina, para a malária.
Em todos os casos, são produtos que já existiam, são mercados que não necessitavam de uma produção maior e que vêm da produção natural camponesa. Portanto, a biologia sintética não agrega nenhum benefício. São grandes transnacionais que tentam substituir os produtos camponeses de alto valor agregado por produção industrial em tanques, com o único objetivo real de aumentar seus lucros.

“Assim como as outras propostas englobadas na chamada 'bioeconomia' ou 'economia verde', a economia industrial da biomassa não faz nenhum questionamento aos padrões dominantes de consumo e produção, nem às injustiças sociais, econômicas e ecológicas globais que estes provocaram”

IHU On-Line - Em quais países a pesquisa sobre biologia sintética está sendo desenvolvida?
Silvia Ribeiro - A pesquisa está sendo desenvolvida, sobretudo, na Europa e nos Estados Unidos, embora haja também alguma pesquisa em alguns poucos países do Sul. Por exemplo, a Embrapa tem um laboratório de nanotecnologia e biologia sintética.
O que está claro é que a indústria está deslocando a produção – não a pesquisa – para países como o Brasil, com biomassa abundante e barata e, no caso da produção da cana-de-açúcar, até com trabalho semiescravo. Por isso, noBrasil, há empreendimentos como o da Amyris, que além do farneseno estão produzindo esqualeno (naturalmente derivado da oliva) e patchouli para a indústria cosmética.
Também a Solazyme associou-se à Bunge, e receberam um financiamento do BNDES, em 2013, da ordem de 246 milhões de reais para produzir óleo de ácido láurico e mirístico, que substitui o óleo de palma, coco, cacau e babaçu. Esta produção é feita com algas manipuladas com biologia sintética, mas feita em tanques, ou seja, são heterotróficas, não usam a luz para se reproduzirem, mas têm que ser alimentadas com açúcares, o que aumenta também essa demanda. Portanto, não trazem nada de novo; somente deslocam a produção de camponeses e indígenas, como as quebradeiras de coco babaçu e outras produções similares. A transnacional Unilever comprometeu-se a comprar daSolazyme a sua produção, que é usada em sabonetes e outros produtos de higiene.
IHU On-Line – Em que medida a biologia sintética impacta as comunidades indígenas e camponesas? Pode dar alguns exemplos de como isso acontece?
Silvia Ribeiro - O que acabo de relatar é um exemplo claro, que se repete em todos os produtos derivados botânicos citados. Por exemplo, o óleo de vetiver é uma renda econômica fundamental para 60 mil famílias camponesas em países como o Haiti; o mesmo acontece com o açafrão no Irã. A baunilha natural é fonte de ingressos para mais de 200 mil camponesas e camponeses no MéxicoIndonésia, Madagascar e outros países.
Talvez o caso mais brutal seja o da artemisinina. A produção com biologia sintética foi desenvolvida, com recursos públicos dos Estados Unidos, por Jay Keasling, que depois fundou sua empresa, a Amyris. A Amyris licenciou a tecnologia para a transnacional Sanofi para produzir o princípio ativo para os tratamentos contra a malária e afirmou que seria mais barato que a já existente. Ambas as empresas e cientistas, que não conhecem bem o caso, percorrem o mundo tomando isso como exemplo das contribuições da biologia sintética para a saúde.
No entanto, a realidade é que a artemisinina, que é derivada da planta Artemísia annua (absinto doce), já era produzida, em quantidades suficientes para suprir todo o mercado mundial, por mais de 200 mil camponeses, sobretudo na África, mas também na América Latina e na Ásia. A produção é feita em propriedades rurais de em média 0,2 hectare, além de produzir alimentos. Portanto, a artemisinina, além de ser um composto natural, era também a fonte de renda efetiva de 200 mil famílias camponesas, que, dessa maneira, podiam permanecer no campo.
Com o anúncio da Sanofi de que venderia a artemisinina sintética mais barata, o preço pago aos camponeses caiu aproximadamente pela metade, tornando inviável para eles a produção. Com o desaparecimento da artemisinina natural, a Sanofi voltou a aumentar o preço, que passou a ser vendida novamente pelo mesmo preço de antes ao consumidor, mas os lucros agora são das transnacionais.
A artemisinina de biologia sintética da Amyris-Sanofi, além disso, produz resistência mais rapidamente, razão pela qual estão destruindo, além dos meios de vida de camponeses pobres da África, o único remédio atualmente eficaz contra a doença.
IHU On-Line - Quais são os dilemas éticos implicados no desenvolvimento e rendimento da biologia sintética?
Silvia Ribeiro - Além dos já citados, estamos falando da possibilidade de fabricar vida totalmente artificial a partir do zero e micróbios com capacidades que não existiam. Por essa razão, sua liberação intencional ou acidental – o que é muito fácil de acontecer, pois os tanques não são instalações de alta segurança, apenas outro processo industrial a mais – poderia ter consequências imprevisíveis e potencialmente devastadoras. Imagine a fuga de micróbios que comem celulose, que está presente em toda a matéria vegetal.
IHU On-Line - Que problemas e relações são fundamentais numa discussão sobre o desenvolvimento da biologia sintética?
Silvia Ribeiro - Assim como com os transgênicos, a primeira pergunta a ser feita é se esta perigosa tecnologia é necessária. A resposta é “não”. Os transgênicos produzem menos e usam muito mais agrotóxicos que as sementes híbridas, que já trazem embutidos muitos problemas e não resolveram a questão da fome. A biologia sintética vai no mesmo sentido: substituir o que existe, mas mudando quem obtém os benefícios, neste caso, que os lucros fiquem com as transnacionais. O impacto socioeconômico e cultural da biologia sintética pode ser devastador e não foi debatido nem em público nem muito menos com as populações atingidas.
Além disso, a biossegurança relacionada à biologia sintética é um tema novo, já que as legislações existentes não a cobrem. O deficiente funcionamento da CNTBio no Brasil mostra-se novamente autorizando produtos de biologia sintética como se fossem simples transgênicos, quando se trata de inserir até 200 genes, mudar rotas metabólicas, usar tecnologias que nunca antes foram liberadas, etc. Não existem legislações adequadas à biologia sintética e há total ignorância acerca dos efeitos dos produtos derivados da biologia sintética sobre a saúde.

“O impacto socioeconômico e cultural da biologia sintética pode ser devastador e não foi debatido nem em público nem muito menos com as populações atingidas”

Brasil, como país cultural e biologicamente megadiverso, corre riscos muito maiores e, por isso, este tema merece uma ampla discussão pública. Mas, para que não soframos os impactos antes de poder decidir, faz-se necessário uma moratória da liberação comercial e ao ambiente da biologia sintética. Isto é urgente, até porque todos os produtos dabiologia sintética já existem, e não há nenhuma urgência. A única coisa que justifica a não adoção de uma moratória para abrir um amplo debate público informado é proteger os lucros das transnacionais.
IHU On-Line - Quer acrescentar algo?
Silvia Ribeiro - Em outubro, reúne-se a 12ª Conferência das Partes do Convênio da Diversidade Biológica na Coreia. O tema da biologia sintética está na agenda e há a proposta de uma moratória da liberação comercial e ao ambiente. Mesmo que não se proponha uma moratória da pesquisa, o Brasil é dos poucos países que se opõe a essa moratória. Isso vai contra os interesses nacionais e do povo brasileiro, já que os únicos beneficiados da comercialização desta tecnologia são empresas transnacionais.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Controlando a erosão do arroio com soluções simples,após dois anos


outubro 2012

Frente a força das águas e sem recursos financeiros, temos que partir para soluções simples que estão ao nosso alcance.Conservar as matas e ou vegetação ciliar (na beira de cursos dágua) é fundamental.
Utilizei dois vegetais: o capim elefante Pennisetum purpureum e o amendoim forrageiro Arachis pintoi.
Depois de dois anos conseguimos estabilizar a erosão, vejam as fotos.








Em outubro de 2012 plantei o capim elefante para minimizar a erosão do arroio e recompor a mata ciliar. 
Abaixo a foto do mesmo local em setembro de 2013. Agora plantei 20 mudas de uva-do-japão atrás da linha dos capim elefantes.
outubro 2012

setembro 2013
novembro 2014
Vejam que após dois anos, não conseguimos enxergar o solo na margem esquerda, devido ao crescimento do capim elefante.
Adubei nosso pomar de laranjeiras do céu com o biofertilizante e já observei o crescimento das mudas de amendoim forrageiro que havia plantado nas entrelinhas das laranjeiras em julho deste ano.

 O amendoim forrageiro é uma excelente adubação verde, que fixa o nitrogênio do ar no solo, melhorando a qualidade e diversidade.Suas raízes crescem até 40 cm de profundidade, por isso estabiliza a erosão.

amendoim forrageiro


Postagem em destaque

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO ORGÂNICO DOMÉSTICO?   ...