domingo, 23 de outubro de 2016

Formação de capineira de capim elefante - excelente pastagem

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Dentre os recursos disponíveis para minimizar os problemas com a escassez de forragem, a utilização de uma área formada com capim para corte e posterior fornecimento aos animais é denominada de capineira e se mostra uma ótima alternativa que, se bem planejada, pode produzir forragem de boa qualidade, a baixo custo e alto rendimento por unidade de área em épocas críticas de produção de pastagens.
No entanto, é preciso relacionar a área disponível na propriedade para implantação da capineira com o número de animais a serem tratados, juntamente com a espécie forrageira a ser cultivada. Além disso, deve ser implantada em áreas próximas do local de fornecimento aos animais (estábulo, curral, etc.), com o objetivo de facilitar o transporte e as operações de colheita, adubação e manejo.
As gramíneas mais empregadas na formação de capineiras são as do “grupo elefante” (Pennisetum purpureum Schum), por apresentarem uma produção forrageira de alta qualidade inclusive na estação seca (Tabela 1). Dentro desse grupo existe diversas cultivares (Napier, Cameroon, Paraíso) que podem ser utilizadas (Tabela 2), dependendo do clima e do solo da região.

Tabela 1. Idade de corte, altura da planta, produção por corte de matéria seca (PMS), de forragem verde (PFV), teor de proteína bruta (PB) e digestibilidade “in vitro” da matéria seca (DIVMS) da forragem do capim elefante em quatro idades de corte.


Tabela 2. Percentual de fibra em detergente ácido (FDA), lignina, celulose e cinzas, nas folhas e colmos de dois genótipos avaliados em condições de campo, em colheita realizada aos 6 meses de cultivo (1ª colheita).


Para dimensionar a área da capineira para produção de forragem suficiente ao rebanho, deve-se considerar que o alimento proveniente dessa fonte será responsável por 25% do consumo diário de alimento dos animais, pois a pastagem fornecerá os 75% restantes. O consumo total diário de forragem verde dos animais é 10% do peso vivo e, portanto, considerando animais com 450 kg teremos 45 kg/vaca/dia. Logo, a fração do consumo total diário de forragem verde a ser suprida pela capineira é de 11,2 kg/animal/dia (25% de 45 kg). Em relação ao consumo anual de forragem verde temos 4.088 kg (11,2 kg x 365 dias).
Dessa forma, considerando um intervalo de corte de 42 dias, a produção anual de forragem será de 120 t de forragem verde, por hectare. Com isso, na Tabela 3 é encontrado o resultado dos cálculos da área da capineira de capim elefante, por número de animais a serem suplementados.
Tabela 3. Área da capineira de capim elefante, por número de animais a serem suplementados.


A área para instalação da capineira deve ser preparada no final do período seco (novembro a dezembro), iniciando-se pela limpeza da área, aração, gradagem e correção do solo. O material de propagação utilizado é o colmo (não se usa sementes). Para assegurar maior índice de pegamento, os colmos do capim devem ser retirados de plantas matrizes com rebrote de 90 a 120 dias. O plantio deve ser realizado logo após as primeiras chuvas e pode ser feito de duas maneiras, em covas ou em sulcos.

Plantio de capineiras em covas
A planta é desfolhada e os colmos são cortados em estacas de três a quatro nós. Cada planta inteira pode produzir de 7 a 10 estacas. Em cada cova, de 15 a 20 cm de profundidade, devem ser plantadas duas estacas, inclinadas em forma de "V" (Figura 1). O espaçamento utilizado pode ser uniforme de 1,00 m ou 1,20 m x 0,50 m, ou em linhas duplas, afastadas de 1,00 m de cada fileira dupla, sendo o espaçamento nas linhas de 0,40 x 50 cm (Figura 2). 


Figura 1. Detalhes do plantio de estacas dos capins elefante, Napier e Cameroon em covas (notar lateral das gemas). Fonte: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. (Ilustração: Guilherme Azevedo)

Figura 2. Espaçamentos das covas no plantio dos capins elefante, sendo A e B: espaçamento uniforme e C: espaçamento em linhas duplas. Adaptado de: Embrapa Amazônia Oriental, 2005.
Plantio em sulcos
As estacas ou os colmos inteiros são plantados longitudinalmente, um após outro, distanciados 10 cm entre si, em sulcos de profundidade de 10 cm. A distância entre sulcos pode ser de 1m, podendo ser em linhas duplas, como no caso de plantio com estacas (Figura 3).

 
Figura 3. Detalhes do plantio de estacas dos capins elefante, em sulcos.
Fonte: Adaptado de Embrapa Amazônia Oriental, 2005. (Ilustração: Guilherme Azevedo)

A adubação deve ser realizada antes de colocar a muda no sulco ou na cova, utilizando a dose de acordo com a recomendação baseada em análise do solo. O ideal é adubar conforme a condição do solo, porém, existe a seguinte sugestão: 30 - 40 kg/ha de nitrogênio, 20 - 40 kg/ha de fósforo e 40 - 60 kg/ha de potássio. Não desejando utilizar adubo químico, pode-se usar 20 - 30 t/ha de esterco de curral, o que corresponde a cerca de 2 a 3 kg por metro de sulco.
O custo de implantação da capineira varia conforme o local, adubos usados, aquisição de mudas de terceiros ou produção própria e etc. A partir de uma boa formação e estabelecimento adequado da capineira, será possível otimizar seu uso e potencial como recurso alimentar. Com o plantio feito adequadamente é possível aproveitar o crescimento que as forrageiras tropicais apresentam, bem como ter sempre disponível na propriedade uma forragem com padrão de qualidade constante ao longo do ano.


Fontes consultadas
Azevedo, G. P. C. de; Camarão, A. P.; Veiga, J. B. da. Criação de Gado Leiteiro na Zona Bragantina: Formação e utilização de capineira. Embrapa Amazônia Oriental: Sistemas de Produção, 02, versão eletrônica, 2005.
Carvalho, L. A.; Novaes, L. P.; Gomes, A. T.; Miranda, J. E. C. de; Ribeiro, A. C. C. L. Sistema de Produção de Leite (Zona da Mata Atlântica). Embrapa Gado de Leite, Sistemas de Produção, 1, versão eletrônica, 2003.
Evangelista, A.R. Manejo e uso de capineiras. Lavras: ESAL, 1988. 24p. ESAL. Boletim Tecnico, 10.
Vilela, H., Barbosa, F.A., Rodriguez, N. e Benedetti, E. Efeito da idade planta sobre a produção e valor nutritivo do capim elefante Paraíso (Pennisetum hybridum). Anais: XXXVIII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Julho de 2001. Piracicaba/SP. 320 a 321, p. 2001.

Elaborado por
Casa do Produtor Rural
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP
Mateus Calderan Pereira
Graduando em Engenharia Agronômica
Estagiário - Casa do Produtor Rural - ESALQ/USP
Foto da capa: Luciano Ribeiro (SEAGRO –Tocantins)
Acompanhamento técnico
Fabiana Marchi de Abreu
Engenheira Agrônoma
CREA 5061273747
Casa do Produtor Rural
Coordenação editorial
Marcela Matavelli
Agente de Comunicação
DRT 5421SP
Casa do Produtor Rural

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