sábado, 15 de julho de 2023

Falta biodiversidade na dieta de 99% dos brasileiros USP

 


Fonte jornal da USP

Mapeamento mostra que somente 1 em cada 100 brasileiros consome os chamados alimentos biodiversos, que incluem vegetais regionais, carnes de caça e cogumelos

  05/06/2023 - Publicado há 1 mês

Texto: Camilla Almeida

Arte: Gabriela Varão

Fotomontagem: Jornal da USP – Fotos: Freepik e Wikimedia Commons

O Brasil possui uma das mais notáveis biodiversidades do planeta, que se estende para a oferta de alimentos. São milhares de espécies nativas que garantem à culinária brasileira diversidade com sabores únicos do País. Do tucumã, fruta típica da região amazônica, ao pequi, típico do Cerrado, os chamados alimentos biodiversos incluem plantas alimentícias não convencionais (Panc), carnes de caça e cogumelos comestíveis. Costumeiramente regionais e representativos da biodiversidade brasileira, alguns deles têm potencial para contribuir com a segurança alimentar da população e para uma dieta mais saudável. 

Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, em parceria com as universidades federais do Pará (UFPA), do Rio Grande do Norte (UFRN), de Campina Grande (UFCG), da Paraíba (UFPB) e de Pernambuco (UFPE), investigou o consumo desses alimentos pelos brasileiros e constatou que apenas 1,3% da população tem acesso a uma dieta biodiversa.

Foram utilizados dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada pelo IBGE, acerca do recordatório alimentar das últimas 24 horas de mais de 46 mil pessoas, de todos os Estados. “Nós utilizamos modelos matemáticos para identificar as quantidades e as frequências de alimentos consumidos, além de encontrar quais eram as variáveis socioeconômicas associadas a esse consumo”, explica Aline de Carvalho, professora da FSP, ao Jornal da USP. Para uma melhor compreensão de tais informações, os diferentes nomes regionais para o mesmo alimento foram considerados. 

Aline de Carvalho - Foto: Arquivo Pessoal

Aline de Carvalho – Foto: Arquivo Pessoal

Com isso, os pesquisadores elaboraram uma lista de alimentos biodiversos separada entre as Panc, carnes e cogumelos, unificando dados como estados de aparição, vezes em que foram mencionados e nome científico. O alimento que mais apareceu foi o pequi, fruto popular da culinária do Cerrado, que foi citado 135 vezes, principalmente por goianos. Algumas frutas como o jenipapo, o babaçu e o butiá foram reportadas apenas uma vez, por moradores da Bahia, Maranhão e Paraná, respectivamente.

PANC: plantas alimentícias não convencionais – Fotomontagem: Jornal da USP – Fotos: Freepik e Wikimedia Commons

Além disso, foram analisados os perfis socioeconômicos dos consumidores de cada subdivisão. “Foi possível observar que as plantas são mais consumidas por mulheres, principalmente não brancas, das regiões Norte e Nordeste do País, e com uma menor renda per capita”, diz Aline Carvalho.

Os cogumelos, por sua vez, foram mais encontrados na mesa de mulheres brancas, das regiões Sul e Sudeste, com uma maior renda. 

Com relação às carnes de caça, como paca, jacaré e cotia, homens negros e indígenas em situação de insegurança alimentar, que também residem na zona rural no Norte e no Nordeste, são os maiores consumidores.

Vale ressaltar que no Brasil a caça de animais silvestres é proibida, com exceção para a caça de subsistência (necessidade de alimentar a si mesmo ou à própria família) e para alguns casos autorizados pelos órgãos competentes.

Alimentação saudável e diversa

A pesquisadora destaca a ausência de estudos sobre alimentação biodiversa, e coloca esses alimentos como negligenciados pela maioria da população. “Eles são muito pouco consumidos, o que pode ter vários motivos: ou aquele alimento já não é mais considerado cultural naquele local, ou porque ele nem mesmo está presente no supermercado”, explica Aline de Carvalho. O enfraquecimento da relação humano-natureza e o afastamento dos centros urbanos com a diversidade natural podem ser citados como fatores que contribuem para a falta desses alimentos na nossa mesa.

A notável falta de biodiversidade na dieta brasileira é uma preocupação para a saúde da população, que cada vez mais consome alimentos ultraprocessados. “É preciso promover a segurança alimentar, uma alimentação que seja de qualidade e em quantidade suficiente para toda a população. Esse trabalho vai desde nós mostrarmos de que maneira esses alimentos [biodiversos] poderiam ser consumidos, mas complementar com diversos outros projetos que fomentem uma alimentação natural.”

projeto Sustentarea, um Núcleo de Extensão Universitária da USP coordenado pela pesquisadora, busca popularizar esses alimentos por meio de hortas urbanas e livros culinários – medidas que procuram incentivar a busca e a implementação desses elementos na dieta da população. Oficinas são promovidas todos os meses no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp). Elas contam com demonstração de receitas, roda de debates e introduções teóricas sobre diferentes temas, de maneira dinâmica e prática. 

Projeto Sustentarea - Fotos: Reprodução/Sustentarea-USP Sustentabilidade

Iniciativas como as realizadas pelo Sustentarea são peças fundamentais não só na popularização desses frutos, vegetais e plantas, mas também para a conscientização da importância de uma alimentação diversificada e in natura – livre de agrotóxicos e conservantes. “Nós estamos perdendo nossa relação com a comida ao longo do tempo. É muito importante nos reconectarmos para assim termos uma alimentação mais saudável, com menos impactos ao meio ambiente”, afirma a pesquisadora.

Agora, o objetivo é compreender a qualidade nutricional desses alimentos e suas implicações no campo econômico e social. A pesquisadora espera que o mapeamento realizado pelo estudos sirva como incentivo para novas investigações e reflexões sobre alimentação biodiversa.

Os resultados do estudo foram publicados no artigo Biodiversity is overlooked in the diets of different social groups in Brazil, disponível na revista Scientific Reports.

Mais informações: e-mail alinenutri@usp.br, com Aline Martins de Carvalho.


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quinta-feira, 13 de julho de 2023

MAIS BENEFÍCIOS DA BATATA-DOCE REPLETA DE VITAMINAS

 




A batata-doce (Ipomoea batatas), também chamada batata-da-terra, é uma planta da família das convolvuláceas, da ordem das Solanales. É um alimento tipicamente latino-americano, originária dos Andes se espalhou por todo o mundo.

Algumas batatas-doces têm polpa alaranjada, enquanto outras têm polpa arroxeada ou mesmo branca. É um desafio dizer qual é o melhor tipo de batata-doce porque todas são saudáveis à sua maneira. A maior diferença entre as cores da polpa é a experiência de consumo, pois possuem texturas, aromas e níveis de doçura variados que tornam cada cor única.

A batata-doce é considerada uma fonte de carboidrato bastante saudável, rica em fibras, proteínas, vitaminas do complexo B, vitamina A, C e diferentes sais minerais. A vitamina A é um nutriente essencial importante para o desenvolvimento infantil, o sistema imunológico e nossa visão A presença de tantas vitaminas fortalece o sistema imunológico, enquanto os sais minerais ajudam a controlar a pressão arterial. A batata-doce é rica em polifenóis, que também são compostos que possuem propriedades antioxidantes associadas a benefícios à saúde.

As batatas-doces roxas são especialmente ricas na classe de polifenóis chamadas antocianinas que lhes conferem sua cor púrpura profunda e têm sido associadas a uma miríade de efeitos promotores de saúde (por exemplo, antioxidante, anti-inflamatório, retarda a digestão do amido, ajuda a regular as atividades metabólicas). A batata-doce também é uma boa fonte de fibra.

A batata-doce é um vegetal único, pois as enzimas que degradam o amido são muito aceleradas durante os processos de cozimento. Estas enzimas convertem parte do amido em maltose e adoçam a batata-doce enquanto assa. É por isso que normalmente há uma calda que vaza na assadeira. Cozinhar pode degradar alguns dos compostos que promovem a saúde, mas a maioria permanecerá. Por outro lado, o beta-caroteno pode tornar-se mais biodisponível após o cozimento e a biodisponibilidade pode aumentar ainda mais quando consumido com gordura (por exemplo, batata-doce frita).

Ver também: BATATA-DOCE E SEUS BENEFÍCIOS PARA A ALIMENTAÇÃO E A SAÚDE.

Referências:

https://www.ars.usda.gov/oc/utm/getting-more-uses-out-of-the-vitamin-packed-sweetpotato/

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