segunda-feira, 24 de abril de 2023

Poluição do ar afeta o crescimento de árvores em São Paulo, segundo estudo da FAPESP

 



foto tipuanas em santa cruz do sul


Elton Alisson  |  Agência FAPESP – Além de causar graves efeitos à saúde humana, a poluição do ar também afeta um dos elementos que ajudam a atenuar esse problema ambiental nas cidades: as árvores.

Usando como modelo a tipuana (Tipuana tipu) – uma das espécies de árvores mais comuns em São Paulo –, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostraram que os poluentes atmosféricos restringem o desenvolvimento dessas plantas, interferindo também nos serviços ambientais por elas prestados.

Entre esses serviços estão filtrar a poluição do ar ao acumular metais em suas cascas e no tronco, assimilar dióxido de carbono, reduzir o efeito de ilha de calor, ao atenuar a radiação solar, e mitigar o escoamento da água da chuva, controlando a umidade.

Resultados do estudo, apoiado pela FAPESP, foram publicados na revista Science of the Total Environment.

“Observamos que, nos anos em que as concentrações de material particulado na atmosfera foram maiores, por exemplo, as árvores cresceram menos. Com isso, essas plantas vão demorar mais para oferecer serviços ecossistêmicos importantes para redução da poluição atmosférica e para mitigação e adaptação das cidades às mudanças climáticas”, disse Giuliano Maselli Locosselli, pós-doutorando no Instituto de Biociências (IB) da USP com Bolsa da FAPESP e primeiro autor do estudo.

A fim de avaliar o impacto da poluição do ar e também do clima no crescimento de árvores em São Paulo, os pesquisadores analisaram amostras de 41 tipuanas localizadas em diferentes distâncias do polo industrial de Capuava, em Mauá. Uma das áreas mais industrializadas da Região Metropolitana de São Paulo, o bairro é composto por áreas residenciais e comerciais e um polo industrial formado por refinarias de petróleo e fábricas de cimento e fertilizantes, por onde circula uma grande quantidade de caminhões e carros.

Com auxílio de um instrumento semelhante à broca de uma furadeira, mas com o interior oco, chamado sonda Pressler, foram extraídas amostras cilíndricas das cascas e dos anéis de crescimento – círculos concêntricos na parte interna do tronco – na altura do peito das plantas, a 1,3 metro do solo.

Ao analisar a composição química das cascas e o tamanho dos anéis de crescimento, os pesquisadores conseguiram medir a variação dos níveis de poluição do ar por diversos elementos químicos a que as plantas foram expostas durante o desenvolvimento e como esse fator influenciou seu crescimento.

“A tipuana é uma ótima marcadora e representa muito bem os níveis de poluição do ar por metais pesados e outros elementos químicos nas cidades”, disse Locosselli.

A casca da tipuana retém o material particulado em suspensão no ar, que se deposita passivamente nessa parte externa do tronco da árvore ao longo dos anos. Já os anéis de crescimento indicam como a poluição se refletiu em cada ano de vida da planta. Anéis muito grandes ou largos indicam anos de crescimento bom – quando os níveis de poluição foram menores –, enquanto anéis de crescimento menores ou mais estreitos apontam anos de crescimento ruim – quando os níveis de poluição foram maiores.

As análises dos anéis de crescimento das tipuanas revelaram que as árvores com idade média de 36 anos cresceram mais rápido nas partes mais quentes de Capuava e sob maiores concentrações de fósforo no ar. Em contrapartida, as árvores mais próximas às vias de tráfego e expostas a concentrações mais altas de alumínio, bário e zinco, geradas pelo desgaste de peças de automóveis, apresentaram menor crescimento ao longo dos anos.

O material particulado com tamanho de até 10 micrômetros (PM10), emitido pelo polo industrial, também reduziu em até 37% a taxa de crescimento do diâmetro das árvores mais próximas à área.

“Constatamos que as árvores expostas mais diretamente à poluição do polo industrial apresentaram um crescimento menor de diâmetro do caule ao longo de seu desenvolvimento em comparação com as plantas com exposição média e baixa”, afirmou Locosselli. “Sob condições normais de crescimento, o diâmetro de uma tipuana, na altura do peito, pode chegar a um metro”, disse Locosselli.

Os resultados das análises da composição química das amostras das cascas foram corroborados por dados obtidos por meio de séries temporais de emissões de material particulado na região de Capuava por cerca de 20 anos, elaboradas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

A concentração média de PM10 foi responsável por 41% da variabilidade do crescimento anual das árvores. As concentrações mais altas desses poluentes durante os meses mais secos – entre abril e setembro – reduziram ainda mais as taxas de crescimento das plantas, constataram os pesquisadores.

“O diâmetro do caule das árvores com crescimento normal aumenta muito rapidamente, já o das árvores com crescimento mais lento varia muito pouco”, comparou Locosselli. “A magnitude de serviços ambientais oferecidos por uma árvore de grande porte chega a ser 70 vezes maior do que o de uma árvore de pequeno porte."

Efeitos em árvores

De acordo com os autores do estudo, os metais pesados e o material particulado influenciam o desenvolvimento das árvores ao mudar as propriedades ópticas da superfície das folhas. Dessa forma, aumentam a temperatura e reduzem a disponibilidade de luz para a fotossíntese da planta. Além disso, podem reduzir as trocas gasosas das árvores ao se acumular nos estômatos foliares – um conjunto de células nas folhas da planta que permitem a troca de gases com o ambiente e a transpiração do vegetal.

“Pretendemos avaliar se a poluição também afeta a longevidade dessas árvores. Como esse fator restringe diversos sistemas fisiológicos, impedindo que a planta cresça, é provável que também a torne mais vulnerável a efeitos que levem à senescência”, disse Marcos Buckeridge, professor do IB-USP e responsável pelo projeto.

O pesquisador considera que os efeitos da poluição podem se estender a outras espécies de árvores da mesma família da tipuana encontradas em São Paulo, como a sibipiruna (Caesalpinia pluviosa) e o pau-ferro (Caesalpinia leiostachya).

“Medidas para diminuir a poluição do ar, como o uso de biocombustíveis, a eletrificação dos meios de transporte e o desenvolvimento de materiais para diminuir a emissão de metais pesados, poderiam favorecer a manutenção e melhorar os serviços ecossistêmicos prestados por essas árvores às cidades”, disse Buckeridge.

O artigo The role of air pollution and climate on the growth of urban trees (doi: 10.1016/j.scitotenv.2019.02.291), de Giuliano Maselli Locosselli, Evelyn Pereira de Camargo, Tiana Carla Lopes Moreira, EnzoTodesco, Maria de Fátima Andrade, Carmen Diva Saldiva de André, Paulo Afonso de André, Julio M. Singer, Luciana Schwandner Ferreira, Paulo Hilário Nascimento Saldiva e Marcos Silveira Buckeridge, pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969719307892.


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

domingo, 23 de abril de 2023

FOLHAS PRETAS NAS PLANTAS , COMO RESOLVER ! COMO ELIMINAR FUMAGINA

Doenças do inverno: Como combater a fumagina


A fumagina é uma doença causada por fungos.Estes fungos se reproduzem nas folhas, frutos e caules formando uma película de cor preta. É um fungo que desenvolvem sobre o melaço que excretam as pragas como os pulgões , as cochonilhas e a mosca branca .O principal dano causado não é diretamente mas sim indiretamente. O fungo não prejudica em nada o tecido da folha . Como a película que forma sobre o tecido é escura e opaca , não permite entrar nada de luz nem ar provocando a queda prematura das folhas e impede a realização da fotossíntese enfraquecendo a planta até causar sua morte.

DESCRIÇÃO:

A fumagina é causada por fungos do gênero Capnodium sp., vivendo associada ao pulgão, que excreta uma substância açucarada propícia ao desenvolvimento do fungo fuliginoso.

SINTOMAS:

Caracteriza-se pela presença de uma crosta espessa e negra cobrindo total ou parcialmente a parte dorsal das folhas e ramos do hospedeiro.

DANOS:

Não ataca os tecidos da planta, apenas recobre-os com uma cobertura preta constituída de micélio, onde coloniza as secreções dos insetos. Ela aparece após as plantas serem infestadas por insetos, como pulgões, cochonilhas e moscas brancas que sugam a seiva das plantas e liberam o excesso de líquido sobre as folhas onde se estabelece o fungo. A camada preta que está nas folhas é prejudicial porque dificulta a fotossíntese e causa ressecamento. Com isso, a planta terá menos energia e poderá morrer. Copnodium citri é o agente causal da fumagina.

As substâncias açucaradas produzidas por pulgões, cochonilhas e moscas brancas atraem pequenas formigas pretas que se encarregam de espalhar o material em toda a planta.

CONTROLE :

A fumagina é facilmente controlada com poda de limpeza e controle das cochonilhas com óleo mineral de Neem. Não aplicar durante o período de floração e nas horas mais quentes do dia. Com as aplicações e sem ambiente propício, a fumagina será eliminada naturalmente, principalmente quando iniciar as chuvas.

fonte:https://www.ecoirrigacaoejardim.com.br/dicas

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Os segredos para cultivar um berço agroflorestal produtivo



Podas em frutíferas, pessegueiro, kiwi e videira

Algumas plantas que necessitam de podas mais elaboradas para obter boas produções:
pessegueiro
Pessegueiro
Os pessegueiros somente frutificam nos ramos novos, formados na última estação de crescimento ou nas pontas de ramos que já frutificaram. A poda de frutificação fazemos quando a planta está em repouso vegetativo, eliminando os ramos que já produziram, os ramos vegetativos (que não irão produzir) e desbastando o excesso de ramos floríferos. Um sistema que dá bons resultados é o de eliminar, no inverno, os ramos que já produziram e floresceram, podando-os bem rente ao tronco. Esse mesmo sistema se aplica às nectarineiras.
figueira
Figueira
É uma árvore muito sensível a doenças como a ferrugem das folhas e a broca da figueira. Devido a esse fator  aliado ao figo só frutificar em ramos novos, adota-se uma poda drástica depois da colheita de cada safra. De julho a agosto todos os ramos velhos devem ser podados até o tronco. Devemos deixar apenas duas ou no máximo três gemas de onde brotarão os ramos novos.
Fruta-kiwi
Kiwi
O kiwi apresenta uma vegetação muito densa e vigorosa, devendo ser feita no inverno a eliminação dos brotos ladrões e a limitação dos braços frutíferos. Mantenha em cada braço de seis a oito borbulhas. recomenda-se um desbaste no período vegetativo para reduzir um pouco a folhagem. Cuidar para que os ramos não cheguem muito próximos do chão.
uva
Videira
Para as videiras são indispensáveis dois tipos de poda: a poda de inverno e a poda verde. A poda de inverno é feita durante o período vegetativo da videira, para decidir sobre o momento mais adequado, exige-se um olho bem tarimbado. É quando as gemas dos ramos que serão podados se mostrarem inchadas ou quando através do corte da ponta do ramo a videira começa a “chorar”. Usa-se como prática, podar as videiras durante a fase da lua minguante de agosto, porque neste período a seiva da planta se concentra nas raízes, não ocorrendo o perigo de a planta “chorar” demais, enfraquecendo-se.
Quem não fizer a poda de inverno se arrisca a ver brotarem todas as gemas da planta, formando um número excessivo de ramos que vão carregar até três cachos, como resultado teremos ramos e frutos de mau aspecto. A poda de inverno disciplina o  crescimento, criando um equilíbrio na planta, com produção de qualidade.
A poda de inverno pode ser curta, longa ou mista. A poda curta é indicada para as variedades Niágara (de mesa) é uma poda que preserva apenas uma ou duas gemas, cada ramo brotado da gema produzirá de um a três cachos. A poda longa é praticada nas culturas de uva Itália e Rubi. Ela preserva um ramo mais longo com um limite de doze gemas conforme o vigor da planta, faz-se isso porque a Itália só produz cachos a partir da terceira gema. A poda mista mantém alguns ramos curtos e outros longos. Pode ser utilizada com sucesso em todas as variedades de mesa. O critério da poda é do produtor que irá estabelecer quais os ramos que devem permanecer curtos ou longos para uma produção equilibrada.
Em qualquer caso deve-se pincelar as gemas um ou dois dias após a poda com calciocianamida ou cianamida nitrogenada para estimular uma brotação mais uniforme das gemas.
A poda verde inclui todas as operações realizadas durante o período vegetativo da videira, desde a brotação até a colheita, para que a planta produza melhor. Na desbrota deixe apenas dois brotos onde houver aglomerados deles, também elimina-se os brotos do tronco da videira até a altura do arame da espaldeira.
Após, eliminar os ramos que nascem nas axilas das folhas conhecidos por ramos netos. Devemos cortar a extremidade dos ramos herbáceos do ano, que devem ficar, no máximo, com seis folhas após o último cacho, isso favorecerá e estimulará o desenvolvimento dos frutos. Os cachos não podem ficar encobertos por folhas que impeçam a passagem do ar e da luz ou que dificultem a nossa visão sobre o cacho. Finalmente promova o desbaste, quando as bagas estiverem ainda pequenas eliminando os grãos que se apresentem defeituosos permitindo cachos de muito mais qualidade.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Agricultores transformam deserto em floresta no Semiárido brasileiro


Uma mancha esverdeada se destaca na paisagem ondulada dos arredores de Poções, pequeno município no Semiárido baiano. Ali, a profusão de cactos, suculentas e árvores da Caatinga contrasta com a pastagem degradada e os solos nus do entorno. O responsável pelo "oásis" é o engenheiro aposentado Nelson Araújo Filho, de 66 anos. Sentado na sombra de um umbuzeiro, Araújo conta que por muitos anos aquela área, que pertence a seu pai, abrigou roças de milho e aipim. Depois, virou pasto para gado. Mas os anos de uso intensivo esgotaram o solo e o deixaram em vias de virar deserto — fenômeno que atinge cerca de 13% das terras do Semiárido brasileiro, segundo o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas. Araújo começou a reverter o processo há três anos com a implantação de um sistema agroflorestal em 1,8 hectare, área equivalente a dois campos de futebol. O método, que tem sido adotado em várias regiões brasileiras e do mundo, se espelha no funcionamento dos ecossistemas originais de cada região. Araújo é "aluno" do suíço Ernst Gotsch, que migrou para o Brasil nos anos 1980 e é um dos principais difusores dos sistemas agroflorestais no Brasil. Ele transformou sua propriedade de 500 hectares em Piraí do Norte (BA), antes muito degradada, em um exemplo de recuperação, levando muitas pessoas e até empresas multinacionais a procurarem Gotsch para ajudá-las em seus plantios. Neste vídeo, nosso repórter João Fellet foi encontrar ambos no semiárido para mostrar como, nas palavras de Gotsch, é possível introduzir florestas e "plantar água" em terras em processo de desertificação. Confira. Reportagem em texto: https://www.bbc.com/portuguese/brasil... Curtiu? Inscreva-se no canal da BBC News Brasil! E se quiser ler mais notícias, clique aqui: www.bbc.com/portuguese #BBCNewsBrasil #Semiárido #Agricultura

Formigas, incansáveis plantadoras de floresta. Agricultura sintrópica.


As formigas são, como os cupins, excelentes plantadoras de florestas. Precisamos olhar para elas de forma ampla na dimensão temporal, pois se estão cortando nosso cultivo principal, não fazem isso com objetivo de diminuir a quantidade e qualidade de vida consolidada, mas de fazer prosperar as plantas que mais tem chance de se estabelecerem nesse local, recriando as florestas originais em sua forma e função. Quando entendemos de fato o papel das formigas, estabelecemos um novo patamar de comunicação com elas, criamos uma nova ressonância baseada na cooperação e amor incondicional, buscando nos colocar no papel delas como seres plantadores de florestas. Calçando os "sapatos" das formigas talvez fique mais fácil de entender qual o papel delas nesse processo de recuperação das florestas, pois as formigas, assim como os cupins existem aos milhares em florestas primárias. Por exemplo, em pesquisa realizada em março de 2018, a equipe da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) cavou crateras na terra seca de roças abandonadas no Parque Nacional do Catimbau, na região central de Pernambuco, para examinar o interior de ninhos de saúva. Os pesquisadores viram que, em áreas de solo raso como as que escavavam, as formigas guardavam matéria orgânica a até 3 metros (m) de profundidade, dificultando o acesso das plantas a nutrientes e retardando a regeneração da vegetação original. Em outras expedições, já tinham observado que a densidade das colônias de saúva aumentava de duas por hectare (ha) nas áreas de vegetação nativa para 15 por ha nos trechos usados para cultivo agrícola ou pastagem. As saúvas sobrepõem-se a outras espécies de formigas à medida que a vegetação nativa é retirada. Sob a luz do principio XV da agricultura sintrópica, criado por Ernst Götsch, as formigas colocariam a matéria orgânica inacessível às plantas neste momento, com o objetivo de afastar o emissor causador das interferências desarmônicas àquele ambiente, o próprio ser humano, o qual impossibilitado de produzir seu próprio alimento abandona o lugar para que ele se recupere, e as formigas tem o papel de auxiliar nessa recuperação. Precisamos ter a compreensão correta do papel das formigas para termos uma ação correta. Entender esse papel apenas intelectualmente nos impede de avançar para o próximo nível, quando esse saber se torna parte de nossa cultura e nos impede, moralmente, espiritualmente e culturalmente de matar qualquer ser vivo em nosso agroecossistema.
Imagem da capa e filme: https://biologo.com.br/bio/as-sauvas/ ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA A TERCEIRA EDIÇÃO DO CURSO ON LINE, AO VIVO, CEPEAS BIOMAS - informações - www.lojaplantandoflorestas.com APOIE O CEPEAS, O SEU APOIO NOS PERMITE CONTINUAR PESQUISANDO E PRODUZINDO FILMES GRATUITOS. Acesse: https://www.cepeas.org/como-contribuir Agora você pode comprar a segunda edição impressa do livro, Agricultura Sintrópica segundo Ernst Götsch, com desenhos inéditos e originais de Ernst. Comprando o livro você apoia as pesquisas de Ernst Götsch e do CEPEAS. Acesse a loja no link abaixo: https://www.lojaplantandoflorestas.com

quarta-feira, 12 de abril de 2023

A revolução de uma palha


Foi trabalhando em um projeto com dendê na Amazônia que Ernst teve a inspiração de usar a força das gramíneas africanas como um instrumento para alavancar a recuperação de nossas florestas. Assim, o que era sempre visto como um obstáculo pelo agricultor, um empecilho para o crescimento de suas frutíferas, se tornou um dos mais incríveis aliados. Isso acontece quando trocamos os paradigmas, ou seja, abandonamos o paradigma da matança e estabelecemos o paradigma da prosperidade da vida, a vida como principal alicerce do nosso trabalho. A palha acumulada nas linhas das árvores tem a dupla função de impedir o crescimento do próprio capim (o que poderia sufocar nossas plântulas de árvores) e alimentar a vida no solo, o que impreterivelmente vai acabar alimentando nossas árvores. A crosta terrestre tem todos os minerais que nossas plantas necessitam, porém a destruição dos ecossistemas causada pelos seres humanos, torna esses minerais indisponíveis para nossos cultivos. Com uma agricultura de processos, a qual fornece carbono e cria um ambiente adequado para os microrganismos, estes tornam os minerais biodisponíveis novamente. Muitas pessoas nos perguntam qual o espaçamento que devo plantar as árvores de sombreamento, as frutíferas... Um bom começo é escolhermos um carro chefe, por exemplo, café. O café é estrato baixo e pode ocupar até 80 - 90% desse estrato, assim podemos encher o campo , plantar quase em um espaçamento de monocultura. Logo as pessoas pensam em maximizar os lucros e querem fazer uma monocultura de citrus (estrato médio) em cima de uma monocultura de café, e uma monocultura de abacate (estrato médio alto) em cima de uma monocultura de citrus, e uma monocultura de noz pecã (estrato emergente) em cima de uma monocultura de abacate. Lembre-se: plantar estratificado não é sobtrepor monoculturas, estamos plantando floresta, precisamos ter a visão ampla da floresta. Se fizermos sobreposição de monoculturas, quem serão nossas árvores de sombreamento , as quais são podadas anualmente e com isso fertilizam nossos campos? e o mais importante: a poda drástica anual das árvores de sombreamento traz informação de crescimento para todo nosso agroecossistema quando rebrotam, além da matéria orgânica que cobre todo o campo. As porcentagens de sombra de cada estrato (20, 40, 60 80%) são importantes, mas tão importante quanto a porcentagem correta de sombra de cada estrato, é o distúrbio controlado causado pela poda anual. Quando nosso carro chefe é por exemplo abacate ( estrato médio alto) é preciso visitar uma monocultura convencional de abacate e observar se aquele espaçamento de monocultura é adequado para os outros estratos, ou se aquele espaçamento vai deixar os estratos médio e baixo com pouca luminosidade, se isso acontecer eu aumento o espaçamento do meu carro chefe, nesse caso abacate, para poder plantar árvores de sombreamento e criar o espaço adequado para os outros estratos, os quais também me trarão um retorno econômico, como castanha do Pará como emergente, citrus e lichia como médios, cacau ou café como baixo, mas eles não entram em monocultura , eles entram em espaçamentos maiores que da monocultura, porque terão muitas outras árvores de sombra em cada estrato, as quais serão podadas e são a peça chave para uma vida longa de nossa floresta. Para isso dar certo é fundamental no início plantarmos em alta densidade, como exemplo, podemos plantar 3300 pés de café por hectare, intercalados cada um com uma árvore de sombra, com o passar do tempo vamos podando e raleando as árvores de sombra, talvez depois de 5 anos teremos apenas 1100 árvores por cima dos cafés e depois de 10 anos isso caia para 700 árvores, o que depois de 20 anos pode cais para 350 árvores de sombra por hectare, pois elas vão crescendo e sombreando um área muito maior, não havendo necessidade de tantos indivíduos por hectare, mas ter plantado em alta densidade no inicio foi fundamental, pois foi graças a isso que nossos cafeeiros cresceram com tanta saúde, pois sempre tiveram o solo coberto e sombra adequada.

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JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

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