segunda-feira, 11 de abril de 2022

Emergência climática: soluções existem, mas é preciso agir agora. USP

 

Emergência climática: soluções existem, mas é preciso agir agora

Emissões globais precisam cair 43% até 2030 para evitar aumento acima de 1,5 ºC, segundo o IPCC. Governo brasileiro divulgou meta menos ambiciosa do que a anterior

Tragédia de Petrópolis (RJ) em 2022 mostra o poder de destruição do clima - Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

  Publicado: 08/04/2022  Atualizado: 11/04/2022 as 11:02

Autor: Herton Escobar

Arte: Rebeca Fonseca

“Ainda há tempo de evitar o pior das mudanças climáticas, mas esse tempo está se esgotando. É preciso agir já.” Se você acha que já ouviu essa mensagem antes — muitas vezes até, provavelmente —, sim, você está certo. Ela vem sendo repetida há anos, exaustivamente, pelos cientistas, e o problema é exatamente esse: o recado não muda porque a situação não muda (só piora) e o tempo disponível para agir está cada vez mais curto. 

Esse é o principal recado, mais uma vez, do sexto Relatório de Análise (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que teve seu terceiro e último fascículo publicado no início desta semana, 4 de abril. Os dois primeiros blocos (divulgados em agosto de 2021 e fevereiro de 2022) trataram das evidências científicas do aquecimento global, das suas consequências para o clima do planeta e para a espécie humana, e da necessidade urgente de preparação e adaptação a essas mudanças. Já este terceiro fascículo descreve o que é necessário fazer para impedir que a situação piore ainda mais daqui para frente — as chamadas “medidas de mitigação”. E atenção: o cenário não é nada bom.

Vamos aos números: as emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs) na década de 2010 a 2019 foram as maiores de todos os tempos. Ou seja, a espécie humana nunca jogou tanto gás carbônico na atmosfera como agora, apesar de todos os alertas, desastres e acordos climáticos das últimas décadas. A média no período foi de 56 bilhões de toneladas lançados na atmosfera por ano; 9 bilhões a mais por ano do que na década anterior (2000-2009) e bem mais do que em qualquer outro período da história humana.

Cerca de dois terços dessas emissões, segundo o relatório, são de dióxido de carbono (CO2) gerado pela queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) na indústria, principalmente para a geração de energia e transportes. As emissões de CO2 oriundas das chamadas “mudanças de uso do solo e florestas” são 11% do total, enquanto que as de metano (CH4) respondem por 18%, segundo o relatório. É nessas duas últimas categorias que o Brasil dá sua maior contribuição para o aquecimento do planeta, por meio do desmatamento (que libera quantidades enormes de COpara a atmosfera) e da agropecuária (que é uma grande fonte de CH4), como mostra o último relatório do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.

Diante deste cenário (que já elevou a temperatura média do planeta em 1ºC), a janela de oportunidade que a humanidade tem para frear as mudanças climáticas está mais apertada do que nunca. Ainda não se fechou por completo, mas resta apenas uma fresta — falta saber se vamos passar por ela. 

Para ter uma chance razoável (acima de 50%) de manter o aquecimento abaixo de 1,5ºC — que é o “limite de segurança” estipulado pela ciência e definido como meta pelo Acordo de Paris — as emissões globais de GEE precisam parar de subir até 2025, no máximo, e depois cair 43% até 2030, segundo o relatório. Para um limite de 2ºC, essa redução precisa ser de 25%. 

De um jeito ou de outro, os cortes são grandes, e precisam começar imediatamente. Pelo andar da carruagem atual, se nada for feito além do que já está sendo feito agora, segundo o IPCC, o aumento de temperatura será de 3,2ºC em 2100; um cenário desastroso para o planeta. A previsão é que os eventos climáticos extremos se tornem cada vez mais frequentes à medida que a temperatura aumenta, potencializando o risco de falta de alimentos, falta de energia, escassez hídrica, extinção de espécies, incêndios, inundações, ondas de calor, enchentes e tempestades, como as que arrasaram a cidade de Petrópolis (RJ) no início deste ano. Entre outras ameaças. (No gráfico ao lado, a linha vermelha representa para onde estamos indo; as linhas verde e azul mostram para onde deveríamos ir para cumprir o Acordo de Paris.)

“Mais do que qualquer outro relatório lançado (até agora), este aponta a necessidade da urgência de redução de emissões”, disse o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, em um webinário sobre o tema, organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “O relatório fala que nós precisamos agir já”, completou ele, ressaltando que as mudanças climáticas não são mais uma preocupação do futuro, mas “uma questão do presente”. 

Paulo Artaxo - Foto: Wikimedia

Reduzir as emissões rapidamente é absolutamente necessário, mas não suficiente, pois os gases do efeito estufa, ainda que em menor quantidade, continuarão se acumulando na atmosfera por longos períodos. Para frear de vez o aquecimento do planeta, segundo o IPCC, o mundo precisa se tornar “carbono neutro” por volta de 2050 (para estabilizar o aquecimento em 1,5ºC) ou 2070 (para o limite de 2ºC). Isso significa que todo o carbono lançado por atividades humanas na atmosfera precisa ser reabsorvido de alguma forma, seja por vias naturais ou tecnológicas. Para cada molécula de carbono que sobe, uma precisa descer.

“Para isso vamos ter que construir uma nova sociedade, muito diferente da que temos hoje; muito mais sustentável e com muito mais igualdade econômica e social”, disse Artaxo — um dos 21 cientistas brasileiros que participaram diretamente da confecção do relatório (AR6 completo), produzido por um exército científico de quase 800 autores e revisores internacionais, ao longo de sete anos, com base em dezenas de milhares de estudos publicados sobre o tema na literatura científica.

“É agora ou nunca, se quisermos limitar o aquecimento global a 1,5°C”, disse Jim Skea, especialista em clima e tecnologia do Imperial College London, que foi um dos coordenadores do Grupo de Trabalho 3 do IPCC (responsável por este último fascículo do relatório). “Sem reduções imediatas e profundas de emissões em todos os setores, será impossível.”

Ativistas levantam uma turbina eólica na África do Sul - Foto: Shayne Robinson / Greenpeace

Soluções limpas, boas e baratas

A boa notícia, em meio a esse cenário desalentador, é que “já temos todas as soluções tecnológicas que precisam ser implementadas” para dar essa guinada, “em todos os setores”, pontua Artaxo. E a custo relativamente baixo: segundo o IPCC, a adoção ampla de medidas com custo abaixo de US$ 100 por tonelada de gás carbônico já seria suficiente para reduzir pela metade as emissões globais de GEE até 2030, comparado a 2019. As opções estão aí, só falta vontade para implementá-las.

Um dos infográficos mais interessantes do novo relatório (SPM.7, disponível aqui) mostra a relação custo-benefício das várias estratégias atualmente disponíveis para mitigar o aquecimento global. A opção que se destaca como a mais barata e eficiente para reduzir emissões no curto prazo é a substituição de energia fóssil por energia solar e eólica — que, além de limpas e renováveis, tiveram seu custo de produção significativamente reduzido nos últimos dez anos. Em seguida aparecem estratégias ligadas ao setor de agricultura e florestas: redução do desmatamento, sequestro de carbono pela agricultura, reflorestamento e restauração florestal — também com alto potencial de mitigação de emissões, porém a custo maior do que o das energias renováveis.

Fronteira de área agrícola com vegetação nativa do Cerrado, na região conhecida como Matopiba - Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace

Algumas intervenções chegam a ter custo negativo, no sentido de que permitem reduzir gastos ao mesmo tempo que reduzem emissões e melhoram a qualidade de vida das pessoas. Por exemplo: a redução de demanda e aumento da eficiência energética nos setores de transporte e construção, com a adoção de carros e prédios mais econômicos e menos poluentes.

“Reduzir as emissões de gases do efeito estufa em todo o setor de energia requer grandes transições, incluindo uma redução substancial no uso geral de combustíveis fósseis, a implantação de fontes de energia de baixa emissão, a mudança para transportadores alternativos de energia e eficiência e conservação de energia”, diz o Sumário para Tomadores de Decisão, um resumão simplificado de todo o conteúdo científico do relatório, feito para subsidiar as discussões políticas e diplomáticas sobre o tema.

O desafio é enorme, mas não inatingível. Segundo o relatório, com uma combinação de boas políticas, boas tecnologias e bons comportamentos (pautados pela sustentabilidade) é possível reduzir as emissões globais de GEE em 40% a 70% até 2050, sem precisar inventar nenhuma roda. O que já seria suficiente, segundo os cientistas, para segurar o aquecimento global abaixo de 2ºC, pelo menos.

O custo econômico dessa mudança seria alto, claro, mas com uma relação de custo-benefício excelente. O impacto no PIB mundial seria de apenas alguns pontos porcentuais até 2050, segundo o relatório do IPCC. Ou seja, a economia mundial continuaria crescendo, apenas cresceria um pouco menos, com a vantagem nada desprezível de evitar o caos climático no planeta. “O custo da mitigação é alto, mas o custo de não reduzir emissões é pelo menos três vezes mais alto”, pontuou Artaxo. “É um preço muito grande que a nossa sociedade vai ter que pagar, e portanto temos que evitar e minimizar os danos o máximo possível.”

Navio plataforma da Petrobras - Foto: André Ribeiro / Agência Petrobras

Captura de carbono

Feita essa redução emergencial de emissões, a conquista da neutralidade de carbono, necessária para estabilizar a temperatura do planeta a longo prazo, vai exigir um esforço adicional de captura, estocagem e até remoção de gás carbônico da atmosfera — um conjunto de ações descrito pela siglas em inglês CCS (de carbon capture and storage) e CDR (de carbon dioxide removal).

“O novo relatório nos alerta para a necessidade de reduzirmos drasticamente as emissões num prazo muito curto e, depois, ainda implementarmos processos de captura do carbono já liberado anteriormente. Neste cenário, tanto tecnologias para captura de CO2 concentrado na fonte quanto disperso na atmosfera terão papel importante, algumas em momentos mais preponderantes que outras”, diz o engenheiro Gustavo Assi, professor da Escola Politécnica da USP e diretor de inovação e difusão de conhecimento do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases do Efeito Estufa (RCGI). 

Gustavo Assi - Foto: RCGI

Inaugurado em 2016 na Poli, com financiamento da Fapesp e da empresa Shell, o RCGI investe fortemente no desenvolvimento de tecnologias de CCS e CDR — além de CCU, que contempla também a utilização do carbono capturado como matéria-prima para produção de energia e outros materiais.

“O contexto do Brasil é muito interessante”, avalia Assi. “Repare que o novo relatório atribuiu um papel importantíssimo para a mitigação das emissões através de reflorestamento, agricultura, biocombustíveis, energia eólica e energia solar. Estas soluções aparecem com a melhor relação custo-benefício para implementação urgente, e sabemos que o Brasil tem muito potencial para contribuir nestas áreas.” 

O que não significa, porém, que o Brasil deva simplesmente abandonar sua indústria de óleo e gás do dia para a noite, diz o professor. “Ao mesmo tempo que novas soluções precisam aparecer no cenário para redução de emissões, necessitaremos de uma drástica descarbonização dos setores alimentados por combustíveis fósseis”, afirma Assi. “A exploração de hidrocarbonetos ainda é uma necessidade para o desenvolvimento dos países, mas a transição da matriz energética deve ser mais que um discurso bonito. Como solucionar estas duas demandas que parecem conflitantes? A resposta está na transformação da indústria de óleo e gás, na sua integração com novas fontes de energia, na sua integração com a nova matriz energética do hidrogênio e na busca por uma indústria de hidrocarbonetos neutra em emissões. Este movimento, que parece utópico — extrair óleo e gás sem emitir carbono — é possível através de uma revolução tecnológica no setor.”

Pedalada climática

Na contramão de todos esses alertas da ciência, o governo brasileiro apresentou nesta quinta-feira (7 de abril) a nova versão da sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) — o conjunto de ações que o país se compromete a realizar, de forma voluntária, em contribuição ao esforço internacional de enfrentamento da mudanças climáticas globais, norteado pelo Acordo de Paris, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Fonte: Observatório do Clima / Reprodução

A nova NDC traz uma atualização dos compromissos assumidos pelo Brasil em 2015, na gestão da presidente Dilma Rousseff, que previam uma redução de 37% das emissões nacionais de GEEs até 2025 e de 43%, possivelmente, até 2030, em relação ao que o País emitia em 2005. Em 2020, já na gestão do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil enviou à ONU uma atualização dessa NDC, que basicamente mantinha as mesmas metas de redução, porém utilizando uma nova base de cálculo (a Terceira Comunicação Nacional, de 2016), que revisava para cima as emissões do País em 2005 e, consequentemente, reduzia o tamanho das reduções que precisavam ser feitas proporcionalmente até 2025 e 2030. Uma manobra contábil de carbono que ficou conhecida na comunidade científica e ambiental como “pedalada climática”.

A nova NDC, apresentada agora, eleva a meta de corte de emissões de 43% para 50% até 2030, mas segue permitindo que o País emita mais carbono até esta data do que estava previsto na NDC original, de 2015, segundo uma análise divulgada pelo Observatório do Clima. Em suma: o novo compromisso reduz o tamanho da pedalada, mas continua pedalando. “É como ter uma dívida no cartão de crédito e pagar só uma parte da fatura. Continua sendo um retrocesso, num momento em que as Nações Unidas fazem um chamado para os países aumentarem suas ambições. O Brasil não responde ao chamado e ainda continua retrocedendo”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, em nota da organização.


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sexta-feira, 8 de abril de 2022

Composteira doméstica - Como fazer


Aprenda a fazer uma composteira doméstica. Uma maneira fácil, barata e prática de reduzir os impactos ambientais gerados pela produção de lixo e ainda ter um excelente fertilizante.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Como CUIDAR de HERAS


Hera é uma planta tão flexível como seus ramos: sobe quando tem apoio, desce quando é pra fazer cosplay de espécie pendente; é encontrada com folhas com formas e cores diversas. Nossa jardineira Carol Costa fala sobre essas caraterísticas da hera e conta muitas outras, neste vídeo feito em uma das estufas do Sítio São Jorge, um grande produtor dessas plantas, em Holambra (SP). Tem alguma dúvida sobre como cuidar de hera? Com esse vídeo e as dicas profissionais da louca das plantas, sua dúvida já era ("era", entendeu... de "hera"). Chega de gracinha e bora aprender tudo sobre heras! A hera é uma planta mais que democrática. Praticamente tudo o que você quiser fazer com ela, desde que regando e adubando certinho, sua hera obedecerá e crescerá feliz e verdinha... ou estampadinha... Isso porque você pode encontrar uma quantidade bem grande de espécies, cultivares e híbridos de heras: hera-dedo-de-moça (Hedera helix "Mona Lisa") , com suas folhas dentadas; hera-variegata (Hedera helix "Glacier"), de folhas largas e com estampa "camuflada"; hera "Gloire de Marengo" (Hedera algeriensis "Gloire de Marengo"), com contornos amarelos; hera-amarela (Hedera hybrid), parecida com uma tela amarela com pinceladas verdes; hera-coração (Hedera helix "Tear Drop") e seu formato de... coração! Essa planta é uma forração, ou seja, a hera gosta de espaço e cresce no solo, se esticando em todas as direções. Mas, se quiser cultivá-la como planta pendente, basta plantá-la em um vaso e pendurá-la: seus ramos crescerão como longas cabeleiras. Se quiser que ela "suba", uma treliça ou outra armação pode servir de tutor para que a hera cresça de forma ascendente. É uma planta tão gente boa, que pode ser cultivada em ambiente de sombra, meia-sombra e até mesmo, num local com um pouco mais de sol – só não vale aquele solzão forte. Se quiser colocar sua hera numa área mais ensolarada, faça a chamada "rustificação". Apresente a planta gradativamente ao ambiente de sol, para não queimar suas folhas. Heras crescem felizes em locais com boa claridade mas, não abuse. Não deixe a plantinha longe da janela ou trancada em um quarto que vive com a cortina fechada – ou pior – num lavabo! Um dos charmes da hera são suas folhas variegatas (ou variegada). Isso é uma característica de algumas plantas terem folhagens com manchinhas mais claras, quase brancas. Não é um "defeito" e sim, uma característica: a planta se desenvolve normalmente. Produtores especializados, como o Sítio São Jorge, selecionam as plantas com essa característica e as cultivam, possibilitando uma variedade de tons. Imagine um arranjo com várias heras diferentes, indo do verde mais escuro ao branco, passando para bordas amarelas e detalhes em tons bem clarinhos. Dá para criar uma composição usando vasos mais altos, aproveitando o caimento natural da hera? Claro de dá! Mas e a recomendação de evitar vasos muito profundos? No vídeo, Carol consegue criar um arranjo só com heras, escolhendo vidros bem alto da TS Brasil e, ainda, usando um truque esperto para evitar acúmulo de água: um enoooorme fundo falso, preenchendo a maior parte do longos vidros cilíndricos com vasos de plástico vazios. Nas partes mais externas do arranjo, são adicionadas camadas de substrato. Casca de arroz, musgo fofão, areia, substrato e vermiculita dispostos em sobreposições, criam padrões e formas interessantes, aproveitando a transparência do vidro. Só lá no topo do arranjo é que vai uma camada de substrato, bem rasa, para plantas as heras. Com três vidros longos, de alturas diferentes e, usando espécies variadas de heras, dá pra criar um conjunto bem interessante. Quer aprender a fazer mudas de hera? Ou um arranjo incrível? Saber se a planta é segura para quem tem pets em casa? Quer comprar as heras e os insumos mostrados neste vídeo sem sair de casa e precisa de endereços de lojas online? Esse dossiê sobre a hera ficou tão grande e detalhado que o complemento tá lá no site Minhas Plantas - clica aqui: https://minhasplantas.com.br/tv/segre... Produtor: Sítio São Jorge - https://www.instagram.com/sitiosaojor... Além de heras, o Sítio São Jorge produz uma enorme variedade de plantas ornamentais e as comercializa com exclusividade para o Veiling Holambra. Agradecimentos: TS Brasil - https://www.instagram.com/tsbrasil_/ All Garden - https://www.instagram.com/all_garden_... Veiling Holambra - https://www.instagram.com/veilinghola... Vídeo recomendado Tesoura de poda ou de desbaste? https://www.youtube.com/watch?v=1nj6O... Materiais: casca de arroz carbonizada substrato para mudas All Garden musgo fofão vaso plástico tesoura de desbaste Lojas que estão atendendo online e têm entrega pra todo Brasil: Click Jardim: https://www.clickjardim.com.br/ Net Shop Garden: https://www.netshopgarden.com.br/

terça-feira, 5 de abril de 2022

Como Compostar – e os benefícios para o ambiente

 

fonte: https://www.natgeo.pt/meio-ambiente/2022/04/como-compostar-e-os-beneficios-para-o-ambiente

Descubra a ciência que envolve a reciclagem de restos de comida caseira e como este processo reduz as emissões dos aterros sanitários.

PUBLICADO 1/04/2022, 11:39
Balde de compostagem

Este composto é feito de uma mistura de restos de comida e resíduos encontrados nos quintais, como folhas caídas. Quando este adubo é adicionado ao solo, ajuda as plantas a prosperar.

FOTOGRAFIA DE SEVERIN WOHLLEBEN, LAIF/REDUX

Cerca de um terço da comida produzida no mundo inteiro vai para o lixo, e grande parte acaba em aterros sanitários – onde se torna numa fonte de metano, um gás de efeito estufa 25 vezes mais forte do que o dióxido de carbono. Eliminar o desperdício é a solução definitiva, mas há sempre algum desperdício que fica de parte. Contudo, existe uma solução que praticamente qualquer pessoa pode fazer: compostagem.

E independentemente de fazermos compostagem no nosso quintal ou numa instalação comunitária, os especialistas dizem que isto reduz o lixo que produzimos e, de certa forma, ajuda a combater as alterações climáticas.

“Não é preciso ter medo. É relativamente fácil. É um processo onde podemos errar, mas facilmente aprendemos e corrigimos”, diz Bob Rynk, autor principal de The Composting Handbook e professor emérito da SUNY Cobleskill.

O que acontece numa pilha de compostagem?

Os alimentos transformam-se em composto através do trabalho árduo de pequenos microrganismos como bactérias, fungos e protozoários.

“Quando temos uma pilha de compostagem, tornamo-nos numa espécie de agricultor de micróbios. Estamos a fazer a gestão de micróbios”, diz Rhonda Sherman, especialista em compostagem da Universidade da Carolina do Norte. “E os micróbios precisam do quê? Precisam das mesmas coisas que nós, ou seja, ar, água, comida e abrigo.”

Em pequena escala, quer seja no nosso quintal ou bairro, uma pilha de compostagem deve consistir em três coisas: restos de comida, água e material seco e lenhoso, como aparas da vegetação do quintal ou folhas caídas.

Para além de evitar que uma pilha se desmorone, o material seco é mais volumoso e cria espaço para o oxigénio se mover por toda a pilha. Este oxigénio ajuda os minúsculos micróbios a decompor os resíduos dos alimentos através de um processo chamado digestão aeróbica.

Nos aterros sanitários, os enormes montes de lixo impedem a passagem do oxigénio até aos alimentos em decomposição e, em vez disso, estes são decompostos por micróbios que conseguem sobreviver sem ar. A digestão anaeróbica praticada por estes tipos de micróbios produz metano.

Por outro lado, à medida que os micróbios aeróbicos decompõem os resíduos – “primeiro os compostos açucarados mais fáceis e depois as proteínas, gorduras e, finalmente, as fibras”, diz Bob Rynk – emitem dióxido de carbono, que também é um gás de efeito estufa, mas é menos agressivo que o metano.

Os micróbios também emitem calor e, numa pilha grande e bem gerida, este calor pode ultrapassar os 54 graus Celsius, o suficiente para matar patógenos.

A compostagem fresca após vários meses fica num estado de decomposição mais lento; que é rico em microrganismos e nutrientes como nitrogénio, fósforo e potássio.

Como fazer uma pilha funcional

Em casa, devemos mexer ou misturar a pilha periodicamente e mantê-la húmida. Ambas as etapas aceleram o processo de decomposição. Mexer a pilha permite ao oxigénio alcançar todos os recantos, e a humidade garante a sobrevivência dos microrganismos.

Na verdade, a razão mais comum pela qual as pilhas de compostagem feitas em quintais não são bem-sucedidas deve-se ao facto de estarem demasiado secas. Mas não devemos alagar a pilha – a adição de mais verduras, que contêm humidade, pode ser suficiente. Caso contrário, podemos borrifar suavemente água sobre a pilha para a manter húmida.

Torça uma esponja molhada e observe como a sua textura fica levemente húmida: “É assim que a sua pilha de compostagem deve parecer e sentir”, diz Rhonda Sherman. “Vai poder ver que a pilha fica humedecida, mas não fica a pingar por todo o lado.”

Rhonda Sherman está constantemente a dizer às pessoas para terem recipientes de compostagem com cerca de um metro de altura, para que possam acumular calor suficiente – mas também para as manterem à sombra, onde não secam.

“As pessoas acreditam que têm de colocar as pilhas ao sol para aquecer. Mas isso é um mito! A ação dos microrganismos é que aquece os materiais na pilha”, diz Rhonda.

Porém, nem todos os restos de comida são recomendados para uma pilha de compostagem no quintal. Os restos de frutas e vegetais geralmente podem ir para a pilha, mas a carne ou os laticínios por consumir têm mais propensão para emanar odores e atrair pragas. E também contêm níveis mais elevados de gordura, que demora mais tempo a decompor. Apesar de não ser invulgar ver roedores num recipiente de compostagem, remexer a pilha regularmente impede-os de criar ninhos, e a compostagem pode ser feita em recipientes fechados.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA tem uma lista detalhada dos itens que não devem ser atirados para uma pilha de compostagem. Isto inclui coisas como aparas de jardim tratadas com pesticidas, que podem matar microrganismos.

Monte de lixo - França

O desperdício alimentar aqui mostrado foi recolhido pelos habitantes de Lyon, em França, e vai ser processado numa instalação comercial de compostagem. Ao adicionar a recolha de resíduos alimentares aos programas regulares de reciclagem e recolha de lixo, as cidades podem reduzir a quantidade de lixo enviada para os aterros sanitários.

FOTOGRAFIA DE NICOLAS LIPONNE, HANS LUCAS/REDUX

Algumas comunidades têm agora contentores para os restos de comida ao lado dos caixotes do lixo e da reciclagem. Os restos de comida recolhidos ao nível urbano normalmente vão para instalações enormes de compostagem industrial, onde os itens são geralmente triturados ou picados à chegada e processados a altas temperaturas. Este tipo de compostagem pode ser feita em pilhas gigantes ou em silos. Nestes casos, onde se enviam resíduos alimentares para instalações industriais de compostagem, os municípios tendem a aceitar uma maior variedade de restos do que aquelas que podemos usar no nosso quintal, mas os regulamentos variam de acordo com cada cidade.

Para quem não tem quintal ou simplesmente não quer mexer numa pilha de compostagem, pode tentar aderir a um serviço de resíduos alimentares gerido pela cidade – há muitas hortas urbanas e mercados de agricultores que aceitam o composto.

E para quem está preocupado com o odor de ter restos por perto ou na cozinha, antes de os mover para a pilha grande de compostagem, Rhonda Sherman diz que colocar os restos de comida no congelador “muda tudo”. Ao congelar as sobras, pausamos o processo de decomposição e evitamos a formação de odores.

Como se faz a compostagem com minhocas?

A compostagem com minhocas, ou “vermicompostagem”, produz um adubo ainda mais valioso. Os vermes digerem os restos e segregam as carcaças ricas em nutrientes para as plantas. Os investigadores também estão a descobrir que os microrganismos vivos, que se encontram sobretudo no “vermicomposto”, podem ajudar a proteger as plantações de doenças comuns e reduzir a necessidade de utilização de herbicidas e pesticidas.

Contudo, embora as minhocas sejam por vezes encontradas naturalmente no fundo de uma pilha de compostagem, não devem ser adicionadas a um recipiente grande e quente de compostagem.

As minhocas não têm pulmões, respiram pela pele, que precisa de permanecer húmida para evitar que sequem e morram. Embora um recipiente de compostagem deva estar húmido, normalmente não tem humidade suficiente para as minhocas sobreviverem.

Em vez disso, diz Rhonda Sherman, as minhocas devem ficar em recipientes mais pequenos, com menos de 60 centímetros de altura. Como prosperam em espaços mais apertados, as minhocas ficam facilmente contidas num recipiente fechado sob o lava-loiça da cozinha ou na varanda de um apartamento, tornando a chamada vermicompostagem numa opção para as pessoas que não têm quintal. Nos EUA, o Conselho de Defesa de Recursos Naturais tem um tutorial que mostra como construir um recipiente de vermicompostagem em casa.

O que fazer com embalagens de alimentos biodegradáveis/compostáveis?

Os produtos rotulados como “compostáveis” ou “biodegradáveis”, como os materiais de embalagens ou utensílios, estão a ficar mais populares, mas têm de ser processados numa instalação de compostagem industrial.

Ian Jacobson, presidente da Eco-Products, uma fabricante de produtos compostáveis, diz que a sua empresa vendia cerca de 200 produtos diferentes em 2010, mas agora tem mais de 450. Os recipientes rotulados como compostáveis podem ir desde papel até bioplástico, que é plástico feito de plantas como milho. Alguns destes produtos, mas não todos, são certificados pelo Instituto de Produtos Biodegradáveis (BPI), o maior certificador de compostáveis nos EUA, que testa produtos compostáveis para garantir que podem ser processados em instalações comerciais.

Os recipientes de comida para levar geralmente são feitos de papel compostável. “Mas se atirarmos simplesmente a embalagem para a nossa caixa de compostagem, ela vai ficar lá”, diz Rhonda Sherman. Devemos triturar o recipiente em pedaços pequenos, não maiores do que cinco centímetros, para facilitar a sua decomposição por parte dos micróbios.

Ainda assim, este processo pode demorar. Apesar de uma pilha de compostagem de quintal bem gerida poder atingir temperaturas elevadas, as temperaturas mais altas produzidas numa instalação industrial decompõem o material de forma mais eficaz. Rhonda Sherman também refere que os produtos de papel compostável, como os jornais ou toalhas de papel, podem ficar “encharcados” e compactados numa pilha de compostagem, ficando sem ventilação.

As embalagens de alimentos feitas de bioplásticos não são compostáveis numa lixeira doméstica porque geralmente têm fortes ligações de polímeros que só podem ser quebradas numa instalação industrial. No entanto, nem todos os bioplásticos podem ser processados em instalações comerciais de compostagem porque alguns bioplásticos contêm aditivos químicos tóxicos que os impermeabilizam ou conferem mais resistência

(Tudo o que precisa de saber sobre o plástico feito de plantas.)

Como é que a compostagem ajuda o ambiente?

Em 2018, os EUA produziram quase 300 milhões de toneladas de lixo, cerca de 2,2 quilos por pessoa. A seguir aos produtos de papel, os alimentos foram a segunda maior categoria de resíduos, abrangendo cerca de 21% do tudo que atiramos fora e aumentando o tamanho dos aterros sanitários, que são a fonte de 34% das emissões de metano.

Se for feita em grande escala, a compostagem pode reduzir as emissões. A cidade de São Francisco, que estabeleceu a compostagem obrigatória em 2009, tem conseguido desviar anualmente 80% dos resíduos dos aterros sanitários, mais de 2.5 milhões de toneladas no total.

Uma estimativa feita pelo Conselho de Defesa de Recursos Naturais descobriu que as leis de compostagem de São Francisco reduziram o equivalente a 90.000 toneladas de dióxido de carbono por ano, o mesmo número de emissões de cerca de 20.000 veículos de passageiros.

Para além de reduzir as emissões nos aterros, a compostagem também torna o solo mais saudável. Quando esta matéria é colocada sobre o solo num jardim ou numa quinta, a matéria orgânica presente no composto melhora os solos. E também ajuda a unir as partículas do solo e retém mais água. Um solo mais saudável ajuda a suportar o crescimento das plantas, algo que pode ajudar a capturar mais carbono da atmosfera. Um solo mais forte e rico em nutrientes também reduz a necessidade de utilização de fertilizantes e pesticidas, que são poluentes e muitas vezes são produzidos com práticas de mineração destrutivas e uma pegada de carbono elevada.

Na verdade, a única desvantagem da compostagem pode ser o “fator nojo”. Nesse aspeto, Rhonda Sherman diz que as pessoas não se devem preocupar.

“Não é uma coisa fedorenta nem nojenta. Eu só vou uma vez por semana à pilha grande de compostagem no quintal e demoro três minutos a fazer tudo. Eu tento encorajar sempre as pessoas. Tento dizer às pessoas que é extremamente fácil de fazer.”
 

Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site nationalgeographic.com

Ideias para reciclar garrafas de plástico para fazer um lindo jardim sus...

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Espécies exóticas invasoras: conheça para não plantar na calçada e ter uma incomodação.

fonte: projeto pincel

Em um país como o Brasil, que detém uma das maiores biodiversidades do mundo, não falta opções de espécies de árvores nativas indicadas para a arborização urbana, como já mencionei em posts anteriores e na página “Faça sua parte”. Apesar disso, o nosso hábito ancestral de carregar conosco espécies que conhecemos para novos lugares explorados, intercambiando muitas delas e até estabelecendo redes tradicionais de reciprocidade, culminaram nessa miscelânea de espécies nos ambientes alterados pelo homem, rurais ou urbanos, se estendendo até em áreas de florestas que muitos julgam erroneamente como sendo virgens ou intocadas. Consequência disso, são inúmeros os exemplos malsucedidos de introdução de espécies exóticas, muitas vezes resultando em competição com nossas nativas e até extinguindo algumas. Lembrando que espécies exóticas são aquelas presentes fora da sua área natural de distribuição presente ou passada.

Em São Paulo, a maior parte das árvores presentes nas nossas calçadas e áreas verdes é constituída por espécies exóticas, algumas consideradas invasoras devido ao seu comportamento agressivo e competitivo que não raro resulta na eliminação de espécies nativas. Prova disso é que a invasão de espécies exóticas em um determinado ambiente é a 2ª maior causa da perda de biodiversidade no planeta. Não obstante, as espécies invasoras produzem mudanças nas cadeias tróficas, na estrutura, nos processos evolutivos, na dominância, na distribuição da biomassa e nas funções de um dado ecossistema, provocando também alterações nas propriedades ecológicas do solo e na ciclagem de nutrientes. Por fim, essas espécies podem produzir híbridos ao cruzar com nativas e eliminar genótipos originais, ocupando o espaço de espécies nativas e levando-as a diminuir em abundância e extensão geográfica, aumentando os riscos de extinção de populações locais.

Na tentativa de reverter esse processo, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente do município de São Paulo estabeleceu em 2009 a Portaria 154/09, disciplinando medidas visando à erradicação e ao controle de espécies vegetais exóticas invasoras. Assim, instituiu também a Lista de Espécies Vegetais Exóticas Invasoras do Município de São Paulo, constituída até o momento pelas seguintes espécies arbóreas:

Acácia-Negra – Acacia mearnsii
Alfeneiro – Ligustrum japonicumLigustrum lucidumLigustrum vulgare
Eucalipto – Eucalyptus robusta
Falsa-seringueira – Ficus elastica
Figueira – Ficus benjamina
Leucena – Leucaena leucocephala
Palmeira Seafórtia – Archontophoenix cunninghamiana
Pinheiros do gênero Pinus – Pinus caribaeaPinus elliottiiPinus taeda

Todas essas espécies listadas são bastante comuns em São Paulo e em muitas cidades do país, mas gostaria de destacar a presença da figueira asiática Ficus benjamina, certamente uma das 3 espécies mais comuns nas nossas calçadas. A principal causa disso decorre do hábito de muitas pessoas plantarem no chão aquele arbusto que vem crescendo há anos no vaso e, já maiorzinho, “merece” ganhar vida livre no solo. Prova disso é queFicus benjamina é a árvore mais fácil de ser encontrada em lojas de plantas e supermercados, tanto a variedade de folhas verdes como a de folhas rajadas de verde e branco (variegata). Muitos também plantam propositalmente o Ficus na calçada para que tenha aquele aspecto de “cotonete”, uma vez que a espécie tolera bem podas. Eu particularmente acho de extremo mal gosto uma árvore podada com formas geométricas, sem dizer que isso maltrata a árvore, tira o aspecto natural da sua copa e ainda diminui os serviços prestados por árvores com copa larga, como sombreamento e filtragem de poluentes. Além disso, trata-se de uma espécie de grande porte, com troncos adultos bastante largos e raízes agressivas que comprometem tubulações subterrâneas e equipamentos públicos, como muros, ruas e calçadas. Enfim, é mais uma espécie exótica invasora que deve, no máximo, ser mantida apenas em vasos. Chega de plantá-las equivocadamente no chão.

Os pinheiros do gênero Pinus passam por processo semelhante, afinal, quantas pessoas já não plantaram no chão o pinheirinho que comprou para o Natal e depois ficou esquecido no quintal? Mais um erro! Os pinheiros são originários do Hemisfério Norte e suas folhas possuem efeito alelopático, ou seja, quando caem eliminam substâncias no solo que inibem o desenvolvimento de outras espécies de plantas, por isso é comum vermos bosques de pinheiros sem sub-bosque. Aqui no Brasil, os pinheiros são amplamente cultivados nas zonas rurais para a produção de madeira e celulose. Nas cidades, são comuns em quintais e áreas verdes.

eucalipto também é cultivado para a produção de celulose, mas também é presente em muitas áreas verdes e parques da cidade. No Parque do Ibirapuera, por exemplo, os eucaliptos foram plantados no século passado para drenar o solo, uma vez que a região era formada por áreas alagadiças e brejosas. As espécies do gênero Eucalyptus são originárias da Austrália, possuindo porte bastante avantajado e com grande demanda de água. Não que o eucalipto consuma mais água que outras espécies, mas o fato é que sua fama de beberrão que seca o solo contribuiu para sua dispersão no processo de ocupação e transformação do ambiente urbano.

falsa-seringueria é uma árvore enorme, originária da Ásia Tropical e comum em calçadas e áreas verdes de São Paulo. Como foi plantada sem planejamento no século passado, hoje podemos ver velhos exemplares e verificar o quão imprópria é a espécie no ambiente urbano. Seus troncos possuem diâmetros enormes que obstruem calçadas, além de raízes agressivas que comprometem tubulações subterrâneas, meios-fios, ruas, muros e calçadas. Enfim, um bom exemplo de espécie que não devemos plantar.

palmeira-seafórtia é originária da Austrália e muito abundante em São Paulo. Parte delas sequer foi plantada, simplesmente são fruto do alto poder de dispersão e colonização da espécie, que se desenvolve até em áreas verdes não manejadas, competindo com palmeiras nativas e eliminando-as. No bosque da biologia, no campus da USP no Butantã, existe um programa de pesquisa e manejo da palmeira-seafórtia visando conhecer a ecologia da espécie e adotar medidas de controlar suas populações.

Já o alfeneiro (Ligustrum japonicum) é uma árvore originária do Japão e uma das espécies mais comuns nas calçadas de São Paulo, consequência da fama que a árvore ganhou como espécie ideal para ser utilizada na arborização urbana. Seus frutos são dispersos por aves, contribuindo para que a espécie colonize áreas verdes e ocupe o espaço de nativas. Mais um engano que se espalhou pela cidade…

Em suma, essa lista é bastante enxuta e deverá ser constantemente revisada e ampliada, dado o grande número de espécies exóticas que ameaçam a existência das nativas, principalmente no ambiente urbano. De qualquer forma, é sempre bom que o cidadão pesquise a origem e características fenotípicas e ecológicas das espécies antes de plantá-las. Exemplos de plantios inconsequentes e os resultados catastróficos disso são abundantes.

O famoso Ficus benjamina encontrado a venda até em supermercados. Seu tronco pode ser reto ou retorcido, como esse da foto.


O mesmo Ficus benjamina pode apresentar variedades com folhas verdes rajadas de branco (variegata), como ilustrado na foto.


Ficus benjamina plantado em uma calçada, com a horrenda poda que deixa a árvore com aspecto alienígena.


Um exemplar adulto de Ficus benjamina em uma calçada. Suas raízes quebram calçadas, elevam o asfalto de ruas e atingem tubulações.


Exemplo de Pinus plantado em quintal. O pinheirinho de Natal cresce muito e se dispersa facilmente.


Um jovem eucalipto plantado em um canteiro da Marginal Pinheiros. Essa espécie australiana é muito abundante em áreas verdes de São Paulo.


Falsa-seringueira (Ficus elastica) plantada em uma calçada de São Paulo. Essa árvore enorme é um exemplo de espécie absolutamente inadequada para a arborização urbana.


Vista aproximada da falsa-seringueira para ilustrar o que acontece com o "passeio livre" da calçada. Sem dizer que muro, calçada e rua estão em parte comprometidos.


Palmeira seafortia, espécie australiana de fácil dispersão, coloniza áreas verdes e compete com nossas nativas.


Alfeneiro, espécie originária do Japão amplamente utilizada na arborização urbana de São Paulo e de muitas cidades brasileiras.


Detalhe do fruto do alfeneiro, no inverno as árvores se enchem de cachos com esses pequenos frutos arroxeados.


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A Importância da Fruticultura na Arborização Urbana

 


  FONTE https://ruygripp.com.br/2018/11/11/importancia-fruticultura-arborizacao-urbana/

Com o título “Fruticultura em áreas urbanas ” de Ivo Manica, Ed. Cinco Continentes, 1997, encontramos informações técnicas recentes, ainda pouco divulgadas sobre o assunto acima, que vamos transcrever alguns trechos, visando despertar nossas autoridades administrativas para a importância da arborização de um modo geral, e em especial com fruteiras, como abaixo:

fruticultura em áreas urbanas

“A arborização urbana com plantas frutíferas é uma atividade praticada em milhares de comunidades de uma maneira simples e espontânea, em projetos isolados, com a mínima orientação técnica, falta de planejamento adequado ou sistemático, sem o resultado de trabalho em equipe e da plena participação da comunidade.

São praticamente inexistentes os trabalhos realizados com êxito e publicados no mundo tratando da arborização urbana com plantas frutíferas. É muito reduzido o número de pessoas especializadas, conhecedoras do assunto e com dedicação exclusiva à tarefa de planejar e implementar uma arborização urbana racional e equilibrada, especialmente com árvores que florescem, frutificam e formam belos frutos.

Em milhares de residências, chácaras e sítios das regiões metropolitanas existem pomares domésticos cultivados de maneira empírica, sem considerar as necessidades nutritivas dos seus moradores e a composição das frutas, a sua disponibilidade durante todos os meses do ano, o número de pessoas da família e o aproveitamento integral de toda a produção.

Este livro sobre a Fruticultura em Áreas Urbanas orienta a maneira correta de desenvolver esta atividade, enriquece a escassa literatura existente e pretende ser o ponto de referência para um amplo debate sobre este assunto que desperta um grande interesse em todo o mundo. Pag. 9 e 10.

A fruticultura pode ser dividida da seguinte maneira: 1- fruticultura comercial; 2- fruticultura para pomar doméstico ou familiar; 3- pesquisa e extensão em fruticultura; 4- fruticultura didática, ensino / extensão; 5- fruticultura ornamental; 6- fruticultura recreativa ou como lazer; 7- fruticultura ecológica.

A fruticultura comercial compreende o trabalho realizado em pequena, média ou grande propriedade, com o uso intensivo de capital, mão de oba bem treinada e emprego de práticas especializadas, contando com um avançado conhecimento sobre a cultura ou com disponibilidade permanente de assessoria técnica competente e tem como finalidade principal a obtenção de lucro financeiro para garantir o sustento familiar do proprietário e o sucesso econômico de uma cooperativa, sociedade ou empresa.

A fruticultura doméstica, caseira ou familiar, geralmente praticada em pequenas áreas rurais ou urbanas ou mesmo em pequenos lotes ou glebas nas pequenas, médias ou grandes cidades, tem como principal finalidade a produção de frutas para seu aproveitamento ao natural e utilizadas na preparação de produtos de primeira qualidade para o consumo da própria família e de seus dependentes.

Os trabalhos de pesquisa na fruticultura e as parcelas experimentais buscam a descoberta de novos conhecimentos, tecnologias, produtos, cultivos, espécies e variedades, visando sempre melhorar a qualidade, produtividade, aumentar a quantidade produzida, diminuir os custos gerais, aumentar os lucros, melhorar a oferta de frutas ao natural e produtos elaborados durante os doze meses do ano, sempre para um maior número de pessoas, sendo portanto uma atividade de grande alcance social, de resultado econômico e de plena realização profissional ”. (Pag. 11 e 12 de Fruticultura em áreas urbanas )

Continuando a divulgação dos ensinamentos do livro “Fruticultura em áreas urbanas” de Ivo Manica, abaixo transcrevemos alguns trechos a partir da página 12 : “ Na fruticultura ornamental as plantas são cultivadas tendo como principal finalidade embelezar ambientes, áreas, ruas, avenidas, residências, parques, jardins, estacionamentos, pátios de fábricas, onde nestes locais as árvores frutíferas com seus ramos e folhas verdes, flores e frutos coloridos, melhoram, enriquecem, embelezam e produzem muita sombra e bem estar, um ambiente equilibrado, agradável, com diferentes espécies vegetais para serem apreciadas e servindo de ornamento para os seus moradores e frequentadores destas áreas verdes.

A fruticultura recreativa ou como lazer, compreende o desenvolvimento de uma atividade altamente compensadora a qual permite passar horas e horas em uma atividade bastante agradável, relaxante e gratificante, na realização de um trabalho produtivo durante o preparo de uma sementeira, o plantio das mudas, praticar os tratos culturais e colher das árvores os frutos maduros das espécies que estão sendo cultivadas.

Também a fruticultura recreativa e de lazer pode ser praticada para arborizar ou plantar mudas frutíferas em áreas destinadas a recreação ou de lazer em clubes sociais, parques, jardins, praças, criando um ambiente sombreado, bonito e sadio, onde pequenos grupos de pessoas ou associados podem desfrutar de excelentes momentos em áreas verdes, como muita sombra, oxigênio, distantes e protegidos da balbúrdia e agitação diária e permanente da zona urbana de quase todos os centros das grandes cidades.

A fruticultura ecológica busca criar ambientes saudáveis, com sistemas naturais equilibrados, onde exista uma harmonia entre flora e a fauna, com a produção de frutas naturais de primeira qualidade as quais podem ser consumidas sem a preocupação da possível presença de resíduos químicos. Um meio com a presença diversificada de abelhas, pássaros, diferentes espécies de animais e vegetais onde as pessoas convivem em local bastante aprazível e com o predomínio de um microclima agradável, sem a ocorrência de uma variação violenta entre a temperatura diurna e noturna, principalmente em clima tropical e subtropical. Neste local com o predomínio de plantas, áreas verdes. de água circulando ou com muita água represada, existe uma ação reguladora, um “ microssistema ” refrescante, permite desfrutar de uma vida mais equilibrada, sadia e harmoniosa na interação de espécies, com ausência de poluição visual e ambiental, melhorando a qualidade de vida das plantas, dos animais e principalmente das crianças, adultos e das pessoas idosas.

O plantio de árvores frutíferas, ornamentais ou florestais para regular a temperatura ambiente e principalmente para evitar valores extremos nas diferentes estações do ano é uma prática bastante conhecida a muitas décadas. Além do efeito direto das árvores de proporcionar sombra nos locais , ruas, casas, apartamentos, pátios e parques esfriando o “ambiente envolvido” elas também produzem vapor de água que retira calor e sendo eliminado para a atmosfera contribuindo assim diretamente para diminuir a temperatura ambiente. A arborização urbana com plantas frutíferas é uma atividade que tem sido praticada em muitos municípios, estados e países, mas quase sempre de uma maneira simples e espontânea, em projetos isolados , com pouca orientação técnica e com a falta de um planejamento adequado ou sistemático como resultado de um trabalho de equipe e da plena participação da comunidade .” Nota : Orientação acima sobre fruticultura foi reproduzida do livro citado, com a finalidade de despertar nossos agricultores, autoridades e técnicos para este importante assunto. Os interessados devem adquirir a obra do Dr. Ivo Manica , para assim se aprofundarem dos argumentos, ensinamentos e técnicas ali tão bem abordados.

Ruy Gripp-5/05/99

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