sexta-feira, 23 de março de 2012

Pesquisadores suíços confirmam efeito letal de toxina Bt sobre joaninhas


Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça (ETH), em Zurique, confirmaram a descoberta anterior de que a toxina Bt Cry1Ab produzida por plantas de milho transgênico aumenta a mortalidade de larvas jovens de joaninha de duas pintas (Adalia bipunctata L.) em testes de laboratório. Esses insetos são típicos “organismos não alvo” que supostamente não seriam afetados pelo milho transgênico. Além disso, são insetos benéficos, que promovem o controle biológico de outras pragas.

Em 2009 a equipe de pesquisadores liderados pela Dra. Angelika Hilbeck publicou o estudo original, que foi incluído, juntamente com muitas outras pesquisas, entre as provas utilizadas pelo governo alemão para justificar o banimento do plantio comercial de milho transgênico que expressa a toxina testada.

Não demorou para que a pesquisa começasse a ser atacada pelos defensores dos transgênicos, que em fevereiro de 2010 publicaram um conjunto de artigos na revista “Transgenic Research” acusando o estudo de ser baseado em “pseudo-ciência” e apresentando pesquisas próprias com o objetivo de desmentir o trabalho de Hilbeck.

Agora, em 15 de fevereiro de 2012, a equipe da Dra. Hilbeck publicou os resultados de testes complementares que confirmam as descobertas publicadas em 2009.

Os pesquisadores suíços também investigaram porque as pesquisas que buscavam desmentir as descobertas não puderam repetir os primeiros resultados, e chegaram a uma simples conclusão: “Mostramos que os protocolos aplicados por Alvarez-Alfageme et al. 2011 eram significativamente diferentes daqueles usados em nossos primeiros estudos, e muito menos propensos a detectar efeitos adversos de toxinas do que o estudo de 2009, assim como dos nossos experimentos complementares”, explicou Hilbeck. “Quando testamos os protocolos de Alvarez-Alfageme et al. 2011 com organismos alvo susceptíveis ao Bt, no caso a lagarta do cartucho, eles também não foram afetados pela toxina Bt – isso claramente desqualifica o método para avaliar efeitos negativos do Bt em organismos não alvo”.

Os autores da nova pesquisa destacaram ainda que as pesquisas que apresentam resultados que aparentemente sustentam os argumentos da ausência de riscos dos transgênicos recebem muito pouco escrutínio, aceitando-se, comumente, ciência de baixa qualidade. Por exemplo, crítica comparável à que atacou a pesquisa da Dra. Hilbeck não foi difundida em casos em que o organismo selecionado para testes foram larvas de Chrysopidae, que sem dúvida não eram capazes de ingerir a toxina Bt oferecida – portanto, fornecendo resultados do tipo “falso negativo”.

Embora o Departamento de Proteção Ambiental do governo dos EUA (EPA, na sigla em inglês) tenha reconhecido há alguns anos a inadequação da Chrysopidae para experimentos de avaliação de riscos de lavouras transgênicas, estudos com o inseto ainda constituem a base para a aprovação de lavouras transgênica Bt e são considerados “ciência rigorosa” por autoridades europeias.

“É surpreendente que as autoridades europeias, após implementarem a legislação de biossegurança, que é baseada no Princípio da Precaução e que demanda pesquisas de avaliação de risco ecológico cientificamente robustas e acompanhamento por duas décadas, ainda se fiem em protocolos sistematicamente falhos e em dados produzidos e promovidos pela indústria de biotecnologia e seus cientistas colaboradores”, declarou o Prof. Brian Wynne, do Centro de Estudos dos Aspectos Econômicos e Sociais da Genômica (Cesagen), da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

“A inútil controvérsia a respeito dos experimentos com a joaninha chama atenção para a necessidade do estabelecimento de protocolos e de pesquisas de avaliação de riscos ambientais relevantes. Instamos as autoridades europeias a superar sua confiança na expertise de apenas um setor – dominado pela indústria – ao estabelecer padrões para a aprovação de organismos transgênicos. Além disso, é necessária uma revisão das autorizações comerciais vigentes para o cultivo de plantas transgênicas.”, concluiu o Dr. Hartmut Meyer, coordenador da Rede Europeia de Cientistas para a Responsabilidade Social e Ambiental (ENSSER).


Extraído de:

Swiss researchers confirm lethal effects of genetically modified Bt toxin on young ladybird larvae - Counter-research based on flawed methodology. ENSSER, 27.02.2012. (Via Genet)



FONTE: Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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quinta-feira, 15 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

Justiça restringe o cultivo de transgênicos no entorno de unidades de conservação no RS


A Justiça Federal do RS (JFRS) decidiu que os limites ao plantio e cultivo de organismos geneticamente modificados previstos no Decreto nº 5.950/2006 não se aplicam às unidades federais de conservação situadas no Rio Grande do Sul. Dessa forma, no entorno dessas áreas, devem prevalecer as regras e os limites espaciais de 10 quilômetros previstos no Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do RS.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Semente crioula. tesouro dos povos - parte 2



Tecnologia terminator foi criada para escravizar os agricultores

As sementes são o maior patrimônio dos agricultores. São a base para a produção agrícola, por tanto para a alimentação de qualquer nação. Durante dez mil anos, comunidades de agricultores, indígenas e povos tradicionais melhoraram e multiplicaram suas sementes livremente, fazendo da troca de sementes um momento de união e partilha entre povos e nações.

Não é por outro motivo que acordos mundiais como o Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura e a Convenção da Diversidade Biológica protegem e incentivam o empoderamento das práticas comuns como armazenamento, troca, venda e melhoramento de sementes on farm (nas unidades produtivas) pelos agricultores, ações fundamentais para a conservação da biodiversidade e da agrobiodiversidade.

Nos últimos anos é que as sementes se tornaram um grande negócio. Pequenas mudanças feitas pelas multinacionais podem ser patenteadas, e as sementes, que sempre foram de livre intercâmbio, passaram a ser privatizadas e passaram das mãos dos agricultores para as das grandes empresas.

Exterminador - Com a evolução dos transgênicos, as multinacionais desenvolveram um tipo de transgenia que permite o controle total e absoluto das sementes, fazendo com que os agricultores fiquem reféns para poder obtê-las. O alimento passará a ser controlado por 4 ou 5 empresas que dominam mais de 60% do mercado mundial. Essa tecnologia se chama de terminator.

A terminator (quer dizer exterminador) se refere a modificações genéticas feitas nas plantas para produzir sementes estéreis (não se reproduzem). No meio científico, é chamada de Gurts, que é a sigla em inglês para “Tecnologias Genéticas de Restrição de Uso”. Desse modo, há controle biológico do uso próprio, já que a semente que é guardada da colheita de uma variedade com essa tecnologia não poderá ser usada para plantio na safra seguinte, pois não germinará, ela está morta.

Cultivares poupam recursos naturais e insumos

A conservação das sementes crioulas faz parte de campanha mundial de soberania dos povos quanto à posse de suas sementes, como estratégia de segurança nacional. A sua utilização visa o resgate e o aumento no uso da biodiversidade local frente ao processo da agricultura moderna, focado na uniformização dos cultivares e utilização de pequeno número de culturas com interesse comercial - arroz, soja, trigo, milho e batata.

Essa agricultura tem ocasionado perda acelerada da agrobiodiversidade pela substituição de cultivares crioulas e tradicionais por variedades modernas e altamente dependentes de insumos agroquímicos. “Isso está conduzindo à perda de genes constantes das crioulas, os quais poderiam dar grande contribuição para a agricultura, se melhor conhecidos e estudados”, diz Gilberto Bevilaqua, pesquisador da Embrapa.
As crioulas apresentam ampla adaptação aos sistemas locais de produção. Elas possuem grande potencial para o desenvolvimento de novas cultivares adaptadas a sistemas de produção com baixa utilização de insumos e poupadoras de recursos naturais.

Segundo Bevilaqua, essas cultivares possuem comportamento mais estável quanto à produtividade, apresentando potencial de rendimento menor que as melhoradas e híbridas, entretanto, produzem relativamente bem em anos e condições climáticas desfavoráveis.

 
Consumo influencia escolha da cultivar

As sementes crioulas são usadas em larga escala por agricultores orgânicos. A perspectiva tende a aumentar com a exigência dos órgãos certificadores que exigem sementes ecológicas nos cultivos.

Existem bancos de sementes espalhados pelo país, iniciativas de grupos organizados, cooperativas e até da Embrapa. Os bancos são importante estratégia para que os agricultores tenham acesso a estas cultivares. “Programas públicos específicos para a agricultura familiar, como o troca-troca, poderiam dar grande contribuição no sentido de que exigissem, mesmo que parcialmente, a utilização de sementes crioulas”, opina o pesquisador Irajá Ferreira Antunes.

O comportamento do consumidor é determinante na escolha da cultivar por parte do produtor. “O consumidor tem preferência por produtos com aparência homogênea, desconsiderando o valor nutricional e o sistema em que foi produzido”, Gilberto Bevilaqua. “A mudança de hábito quanto a produtos com aparência menos impactante terá forte influência na escolha do material genético e na alteração dos sistemas de produção”, conclui

FONTE: Correio Riograndense

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Semente crioula, tesouro dos povos - parte 1

  
As variedades são patrimônio da humanidade e guardam o passado para garantir o futuro !


Presentear parentes e vizinhos com sementes era prática comum quando as famílias de agricultores se visitavam. Ainda hoje é bem presente a troca de mudas, sementes ou animais entre parentes e vizinhos de comunidades do interior. Esse gesto é garantia de melhoramento de espécies ou variedades de plantas e raças de animais.

Alicerçada nessas práticas, a humanidade produziu e se alimentou por mais de 10.000 anos. Mas, em apenas pouco mais de 50 anos, a produção de alimentos sofreu grandes transformações. “O modelo industrial agroquímico aplicado no campo negou essas práticas populares de manutenção e melhoramento das espécies e raças classificando-as como atrasadas”, observa Valdemar Arl, engenheiro agrônomo e doutor em agroecologia.


A nova tecnologia adotada na agricultura mundial proporcionou avanços na área do melhoramento, mas teve efeitos negativos e criou problemas. Entre eles, a redução drástica na base alimentar dos povos: existem mais de 10.000 espécies de plantas comestíveis - os povos primitivos se alimentavam de 1.500 a 3.000 espécies.


Base - A agricultura antiga produzia com base em mais de 500 espécies. Já a agricultura industrial restringiu a base da alimentação humana a nove espécies, que são aquelas que dão mais lucro ao mercado. O trigo, arroz, milho e soja representam 85% do consumo de grãos no mundo.

Outro dando crescente é a deficiência nutricional na alimentação humana: isso é consequência direta da redução de diversidade alimentar e também porque essas espécies oferecidas pelo mercado são pobres em muitos minerais e proteínas.

Ocorre também a redução da biodiversidade: muitas espécies e variedades já se perderam e as monoculturas vão tomando conta do campo. Há ainda perda da diversidade genética e as plantas vão se tornando cada vez mais susceptíveis a pragas e doenças. A perda da diversidade desequilibra os sistemas, tanto os sistemas naturais quanto os cultivados, segundo a rede Ecovida, que atua na região Sul.

 
Dependência - Outro problema é a crescente dependência de grandes corporações empresariais. Algumas poucas empresas querem dominar a produção e distribuição de alimentos no mundo. “Estamos cada vez mais dependentes dessas empresas para nos alimentarmos e, portanto, sujeitos às suas decisões quanto ao que devemos comer e quanto devemos pagar por isso”, diz Arl. “A ofensiva dos transgênicos é parte dessa estratégia de controle e dominação”, emenda.

As sementes não podem ser privatizadas ou contaminadas com genes estranhos à espécie, como acontece nos transgênicos, e nem tornar-se objeto de dominação dos povos por parte de corporações empresariais.

“As sementes são patrimônio da humanidade, pois são um legado de nossos antepassados”, afirma. Tão importantes para a existência humana que são constantemente celebradas e consagradas.

Alimentação baseia-se em espécies nativas da América

Grande quantidade de espécies, usadas na alimentação atual, é nativa das Américas. Foram deixadas pelos indígenas (astecas, maias, incas), entre elas milho, batata, mandioca, feijão, algodão tomate, pimenta, amendoim, cacau e abóbora. Outras foram trazidas de outros continentes, como o trigo e o arroz, mas por centenas de anos são conservadas e melhoradas pelos agricultores. Essas sementes são chamadas de sementes crioulas.

A disponibilidade e continuidade dessas sementes são virtude e missão da agricultura familiar. São fundamentais para a garantia de segurança e soberania alimentar dos povos. “As sementes crioulas são adaptadas aos ambientes locais, portanto mais resistentes, e menos dependentes de insumos”, descreve o pesquisador da Embrapa Irajá Ferreira Antunes.

São também a garantia da diversidade alimentar e contribuem com a biodiversidade dentro dos sistemas de produção. A biodiversidade é a base para a sustentabilidade dos ecossistemas (sistemas naturais) e também dos agroecossistemas (sistemas cultivados).


Método massal é semelhante à seleção natural


O método de seleção massal (coleta), semelhante à seleção natural, permitiu aos produtores desenvolveram variedades crioulas. As características envolvendo adaptação às condições locais são retidas, juntamente com aspectos de rendimento e desempenho, mantendo-se ainda a variabilidade genética.

As sementes crioulas são adaptadas às condições locais e possuem características que as diferenciam em relação às demais variedades. Possuem, internamente, maior variabilidade genética quando comparada às obtidas por outros métodos.

As crioulas atendem a um dos princípios básicos da agroecologia que é o de desenvolver plantas adaptadas às condições locais, capazes de tolerar variações ambientais e ataque de organismos prejudiciais. Outro aspecto consiste na maior autonomia do agricultor.


Como coletar e armazenar

Antigas de muitas gerações: são sementes que foram conservadas através das gerações pelo mundo, passando dos avós para os filhos, dos vizinhos para outros vizinhos e assim por diante.

Variedades locais: são sementes de plantas cultivadas por muitos anos em uma determinada região. Conversar com as famílias mais antigas do local é uma forma de obter informações dos possíveis locais onde encontrar estas sementes

Variedades não disponíveis comercialmente: sementes de variedades tradicionais que antes eram vendidas por alguma empresa e deixaram de serem lucrativas. Uma boa estratégia é contactar agricultores familiares do local

e feirantes sobre a possibilidade de conseguir sementes desse tipo, inclusive variedades exóticas ao paladar

Variedades imigrantes: estas sementes fazem parte daquele grupo trazido pelos imigrantes e colonizadores,

os pioneiros da região, que trouxeram sua gastronomia. Asiáticos e europeus trouxeram as variedades adaptadas ao clima de origem e sabor de suas culturas, que posteriormente se aclimataram em nosso país. Procurar lojas especializadas e feiras étnicas é uma forma de se tentar obter esse material.

Históricas: são sementes que possuem um significado histórico na região em que eram multiplicadas e plantadas. Geralmente, estão associadas  a um alimento preparado para um determinado evento.

Estas sementes são muito apropriadas para se usar em práticas de educação ambiental

FONTE: jornal correio riograndense

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

OBRIGADO A VOCÊ! 60.000 VISITAS!

Bom dia!
Nosso blog superou as 60.000 visitas, desde janeiro de 2009!
Obrigado a cada um que visitou e prestigiou este meio de partilhar saberes!
Conto com a tua divulgação dos conteúdos deste blog e com sugestões, críticas e comentários.
um abraço
alexandre

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lodo de esgoto pode substituir adubo mineral



Estudo da USP mostra que resíduos de esgoto apresentam vantagens ambientais e ecológicas, e pode aumentar a produtividade e diminuir custos de produção

Após secagem, o lodo, rico em nitrogênio e fósforo, é removido do leito e está pronto para ser usando na plantação

 

Estação de tratamento de esgoto: local pode se transformar em fonte de resíduos para fabricação de adubo orgânico, rico em nitrogênio


A utilização de lodo de esgoto na adubação pode substituir em 100% o adubo mineral nitrogenado. Além dos benefícios ambientais e ecológicos, a técnica pode aumentar a produtividade e diminuir custos. Essas são as conclusões da pesquisa coordenada pelo professor Cassio Hamilton Abreu Junior, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba.

Pela vantagem de eliminar ou minimizar o uso de adubos minerais, a utilização do lodo de esgoto no solo brasileiro para fins agrícolas é estudada há quase 30 anos. “Apesar desse tempo todo de pesquisa, o assunto é relativamente recente no Brasil quando comparado com Estados Unidos, Europa e Ásia, onde a prática é mais antiga”, afirma Abreu Junior. Porém, a preocupação do pesquisador em estudar o assunto ultrapassou o processo de produção agrícola: abordou a contaminação do solo, dos lençóis freáticos e dos próprios alimentos.

Segundo o professor, a atividade humana nas cidades gera dois importantes resíduos: lixo urbano e lodo de esgoto (oriundo do tratamento dos esgotos domésticos). “Lembrando que os solos brasileiros são pobres em matéria orgânica, a utilização de composto do lixo para fins agrícolas vem sendo difundida por estudos acadêmicos porque, além de rica fonte de matéria orgânica, elimina ou minimiza o uso de adubos minerais”, destaca Abreu Junior. “No caso do uso agrícola do lodo de esgoto doméstico, sua aplicação é controlada por autorização da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). “Apesar de o lodo possuir matéria orgânica e nutrientes importantes para o crescimento das plantas como nitrogênio e fósforo, também pode conter patógenos, metais pesados e compostos orgânicos”, explica.

Outra importante vantagem ambiental é o prolongamento da vida útil dos aterros sanitários, destino dos resíduos domésticos. “Se o lixo e o lodo possuem matéria orgânica e nutrientes benéficos para o solo, além de atenderem às normas para uso agrícola, por que jogar no aterro algo que é nobre?”, questiona o pesquisador ao se referir aos altos custos de implantação de aterros controlados. “Isso sem contar o impacto ambiental causado por estes locais. Ninguém quer um aterro perto de casa”, completa.

Por enquanto, os estudos são conduzidos em plantações de eucalipto e na cultura de cana-de-açúcar. Dados já confirmados nessas culturas dão como certa a capacidade de o lodo substituir o adubo mineral que contém nitrogênio e fósforo.

Os experimentos com cana estão mais adiantados em comparação ao ciclo do eucalipto, que dura sete anos. “Na cana, há o aumento de 12% da produtividade nos locais que receberam o lodo aplicado como substituto do nitrogênio e complementado com adubo contendo potássio (o lodo é pobre nesse nutriente)”, esclarece o professor. “Com relação à cana, podemos afirmar que 100% do adubo mineral nitrogenado que deveria ser aplicado pode ser substituído pelo lodo de esgoto”, garante o pesquisador, ressaltando que as doses de fósforo são supridas em até 30%.”

Eucalipto

Em eucalipto, esse tipo de adubação substitui totalmente o uso de nitrogênio e supre 66% do fósforo necessário. O pesquisador alerta que os resultados devem ser interpretados com cautela. “Apesar da farta abundância nas estações de tratamento de esgoto, o lodo deve ser aplicado seguindo os critérios exigidos pela norma do Conama”. Outro subproduto gerado pelas estações de tratamento de esgoto e que pode ser muito utilizado na agricultura é a água residuária, rica fonte de irrigação por conter nutrientes. “O lodo e a água provenientes de estações de tratamento, quando gerados de forma correta, têm uso agrícola interessante. Basta tratá-los de forma adequada. O mais importante é que o esgoto seja urbano e não industrial”, alerta Abreu Junior.

Mais uma vantagem ambiental dessas pesquisas são as alternativas para a substituição do fósforo na adubação, material que está se tornando escasso.

http://www.nippobrasil.com.br/campo/especiais/especial559.php

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Postagem em destaque

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO ORGÂNICO DOMÉSTICO?   ...