VARIEDADES E CARACTERÍSTICAS DA PLANTA
2. Quais são as variedades definidas para o plantio comercial?
Algumas variedades de acerola desenvolvidas mediante a seleção e clonagem de genótipos, agronomicamente superiores, têm sido cultivadas na maioria das regiões produtoras, a saber: Barbados, Flor Branca, Inada, Número 1, Okinawa, Olivier e Sertaneja. Esta última foi lançada em 1998 pela Embrapa Semi-Árido, como resultado de um programa de seleção de genótipos superiores para áreas irrigadas do Nordeste. Outra variedade de interesse comercial, selecionada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura é a Variedade Cabocla, adequada para o consumo como fruta doce e de boa palatabilidade.
3. Qual a produtividade média das principais cultivares utilizadas no Brasil?
Em condições técnicas adequadas para um plantio comercial, principalmente relacionada à adubação, irrigação e uniformidade de plantas no pomar, pode-se alcançar uma produção acima de 40 kg/planta/ano.
4. Quais são as principais características da acerola comercial para a indústria e de frutas doces?
Tem sido utilizada a grande variabilidade genética observada entre plantas de acerola oriundas de semente, associada à clonagem, via propagação vegetativa, daqueles genótipos que reúnem maior número de características agronomicamente desejáveis. As plantas selecionadas devem apresentar elevada produção de frutos (acima de 40 kg/planta/ano), sendo estes de tamanho médio a grande e com alto conteúdo de polpa em relação ao caroço, ricos em vitamina C (acima de 1.000 mg de ácido ascórbico/100 g de polpa), de casca vermelha, grossa, e polpa firme, visando resistir a danos mecânicos durante a colheita e transporte; além disso, os frutos devem apresentar sabor agradável, conforme a preferência pessoal e uso: frutos doces para consumo in natura, ácidos para processamento industrial e exportação, e semi-doces para uso geral. O hábito de crescimento é variável entre genótipos, sendo que alguns produtores preferem o tipo globular e aberto.
EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS E NUTRICIONAIS, CALAGEM E ADUBAÇÃO
5. Quais a faixas de temperatura e precipitação ideais para o cultivo da aceroleira?
A acerola pode ser cultivada em quase todo o território nacional, havendo restrições em localidades que apresentam temperaturas muito baixas e chuvas em excesso.
Devido à sua rusticidade, a acerola desenvolve-se bem tanto em climas tropicais como subtropicais. Temperaturas médias, em torno de 26ºC, são consideradas adequadas.
Plantas adultas, cuja folhagem é persistente, têm-se mostrado resistentes a temperaturas inferiores a 0ºC, comuns nas regiões Sul e Sudeste do país. Árvores adultas suportam temperaturas em torno de –2ºC por curtos períodos, sem danos à sua sobrevivência. Em períodos secos e frios, todavia, o desenvolvimento da planta permanece estacionário, observando-se que temperaturas ao redor de 10ºC e inferiores a esta determinam a queima de flores, causando sérios prejuízos à produção de frutos. Quanto às plantas jovens, estas são mais sensíveis ao frio, não suportando temperaturas inferiores a –1ºC.
Com a ocorrência de chuvas e de temperaturas mais elevadas, o crescimento vegetativo, o florescimento e a frutificação são acelerados. Em razão disso, o período de maior frutificação acontece na primavera-verão. Precipitações pluviais variando entre 1.200 mm e 1.600 mm, bem distribuídas ao longo do ano, são consideradas ideais.
Em regiões com precipitações anuais inferiores a 800 mm a ocorrência de déficit hídrico é mais pronunciada, sendo necessária a complementação do suprimento natural de água com irrigação.
6. Como devemos proceder para identificar as necessidades de correção do solo no cultivo da acerola?
Entre os métodos de avaliação dos teores de nutrientes do solo os mais comuns são a utilização das análises químicas do solo, de tecido vegetal e experimentação em condições de campo.
A análise química do solo é o método que mais se adapta às necessidades dos agricultores em função à sua praticidade, rapidez e baixo custo. Tem o objetivo de predizer a disponibilidade dos nutrientes e a presença de elementos tóxicos. A amostragem deve ser representativa e criteriosa conforme as orientações técnicas visando obter informações corretas.
Em plantios a serem formados, a amostragem do solo deve ser efetuada antes da aração e a amostra representar uma área de até 10 ha, composta de 25 a 30 subamostras, coletadas ao acaso, nas profundidades de 0-20 cm e 20-40 cm.
Em plantios em produção deve-se retirar amostras nos locais onde foram aplicados os adubos, nas mesmas profundidades.
Estas amostras deverão ser encaminhadas ao laboratório de análise de solo após a coleta.
7. Quais as etapas para coletar uma amostra de solo no cultivo da acerola?
Os solos variam entre locais e até dentro de uma mesma quadra, exigindo a subdivisão da área em sub-áreas mais ou menos homogêneas, de maneira a se obter uma amostra representativa e que reflita o estado nutricional da gleba amostrada. Para tal, consideram-se a topografia, a cor e o tipo de solo, bem como a textura, grau de erosão, drenagem, vegetação e histórico de utilização.
Desse modo, é fundamental que a amostragem do solo seja executada corretamente, pois, quando realizada de modo inadequado, compromete a validade da própria análise química e, nesse sentido, recomenda-se considerar os seguintes aspectos:
Inicialmente, deve-se dividir a propriedade em quadras com áreas de, no máximo, 10 hectares, sendo cada uma delas uniforme quanto à topografia, cor, textura, drenagem, histórico de utilização de adubos e corretivos;
Em cada quadra, as amostras devem ser retiradas da camada superficial (0-20 cm), tendo-se o cuidado de remover restos de cultura ou qualquer outro material orgânico existente na superfície do solo. Deve-se evitar, também, a retirada de amostras em locais próximos a galpões, estradas, formigueiros, depósitos de adubos, pocilgas, currais e residências. Na avaliação inicial de uma área e para acompanhamento das transformações ocorridas no solo em função do manejo, recomenda-se coletar, a cada dois a três anos, amostras nas camadas de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm;
A área amostrada deve ser percorrida em zigue-zague, retirando-se ao acaso, com auxílio de trado, pá, enxada ou calha de jardineiro, amostras de 15 a 20 pontos diferentes. Essas amostras devem ser reunidas em partes iguais em um recipiente limpo, completamente homogeneizadas, para constituir a amostra composta que será enviada ao laboratório, juntamente com a ficha questionário devidamente preenchida. Para evitar contaminações, deve-se limpar as ferramentas entre uma amostra e outra;
Cada amostra composta deve ser identificada com o mesmo número registrado na ficha de coleta, ou outros apontamentos de controle;
As amostras de solo podem ser coletadas em qualquer época do ano, aconselhando-se, porém, amostrar o solo com uma certa antecedência ao plantio, pois, se houver necessidade de calagem, esta deve ser efetuada um ou dois meses antes do plantio.
8. Quais são os solos mais adequados para o plantio de aceroleira?
Na escolha do solo, deve-se considerar suas propriedades físicas, químicas e biológicas, pois destas dependerá o desenvolvimento da planta, principalmente quanto à distribuição e vigor do sistema radicular.
A planta da acerola, devido à sua rusticidade, desenvolve-se bem em diversos tipos de solos, preferindo, porém, aqueles férteis, profundos, bem drenados, podendo ser cultivada tanto em solos arenosos como em argilosos, com preferência para os argilo-arenosos. Os solos rasos, excessivamente pesados, encharcados e arenosos oferecem restrições ao cultivo. Os arenosos, em geral, devem ser evitados, por apresentar menor fertilidade, menor retenção de umidade, além de maior facilidade de infestação por nematóides. Solos compactos (muito argilosos) e limosos, sujeitos ao encharcamento e à salinização, também não são recomendáveis, haja vista os problemas relacionados com o desenvolvimento do sistema radicular, bem como os custos elevados com as práticas de manejo, pois nos períodos de chuva é comum a má oxigenação das raízes, enquanto que na seca a indisponibilidade de água é acentuada. Assim, os solos intermediários dos grupos argilo-arenoso, franco-argilo-arenoso, franco-argiloso e franco são mais desejáveis por permitir maior vigor, rendimento e longevidade da planta. Independentemente do grupo citado, é importante considerar a profundidade e a declividade.
9. Em que momento devemos realizar a correção da acidez do solo no cultivo da acerola?
Essa prática tem a finalidade de corrigir a acidez do solo e suprir as possíveis deficiências de cálcio e magnésio (Ca e Mg), neutralizar elementos tóxicos, elevar o pH, haja vista que esses fatores estão interligados.
A recomendação de calagem é, basicamente, realizada em função dos resultados da análise química do solo.
O cálculo para estimar a quantidade de calcário é efetuado considerando-se a percentagem de saturação por bases e também os níveis de Ca++ + Mg++ e/ou Al+++ trocáveis. A faixa, considerada como ótima de pH para aceroleira está entre 5,5 e 6,5 com saturação por bases em torno de 70%.
Em solos deficientes em Ca e Mg, com altos teores de Al no perfil, além da calagem pode-se aplicar gesso em quantidade definida pela análise química do solo, visando o fornecimento de Ca e S e propiciando maior movimentação de Ca e Mg para as camadas mais profundas, resultando na neutralização do Al e favorecendo o aprofundamento das raízes.
Para a recomendação do gesso não existem critérios bem definidos, podendo-se, entretanto, associá-lo à calagem. Assim, quando esta é baseada na saturação por bases, deve-se substituir 25% do CaO para a forma de gesso; quando se eleva os teores de cálcio e magnésio e/ou neutraliza o Al, deve-se adicionar 25% a mais de CaO com base no teor deste no calcário recomendado.
10. Quais são os nutrientes mais exigidos pela aceroleira e quais são os adubos recomendados?
A adubação é uma prática indispensável para a obtenção de produtividade econômica. A cultura é exigente em nutrientes, principalmente potássio e nitrogênio. A exportação pelos frutos obedece a ordem decrescente K > N > Ca > P > S > Mg > Fe > Zn > Mn > Cu. A maioria dos pomares estão implantados em solos de baixa fertilidade natural, principalmente em fósforo. O início da produção a partir do segundo ano após o plantio e a possibilidade de produzir até seis safras anuais contribuem para conceituar a espécie como exigente em nutrientes.
O potássio é o elemento extraído em maior quantidade pelos frutos seguido do nitrogênio e cálcio, evidenciando a importância destes elementos na nutrição da acerola.
A adubação nitrogenada e a fosfatada são essenciais para o desenvolvimento inicial da aceroleira, tanto da parte aérea como do sistema radicular.
As fontes de adubos devem ser as mais disponíveis no mercado, considerando-se o custo por nutriente e incluindo sempre uma fonte que contenha enxofre. As fontes de nitrogênio recomendadas são: uréia (45% N), sulfato (20% S) e nitrato (32% N) de amônio. As de fósforo são: superfosfatos simples (18% P2O5) e triplo (41% P2O5), fosfato mono amônico (48% P2O5) e diamônico (45% P2O5). E as de potássio: cloreto (60% K2O) e sulfato (48% K2O) de potássio.
11. De que forma devemos aplicar a adubação orgânica na cultura da acerola?
A adubação orgânica favorece o desenvolvimento inicial das mudas. São recomendados 20 litros de esterco de curral ou 15 litros de esterco de galinha/planta, bem curtidos, colocados na cova antes do plantio, e duas vezes por ano em cobertura na projeção da copa face a melhoria que promove nas propriedades físicas, biológicas e químicas do solo.
Quando necessário, conforme análise de solo, podemos associar o uso do esterco de curral à torta de mamona e elementos químicos, sempre baseados na análise química da área a ser cultivada.
PROPAGAÇÃO E PRODUÇÃO DE MUDAS
12. Por que obter mudas pelo métodos de propagação por estaquia?
Dentre as práticas de propagação vegetativa, a estaquia possibilita a formação de mudas geneticamente uniformes, em maior quantidade em relação à enxertia e com início de produção mais precoce, 6 a 8 meses após o plantio. As plantas oriundas desse processo, porém, possuem um sistema radicular superficial e pouco desenvolvido, mostrando-se mais sujeitas ao tombamento em regiões de ocorrência de ventos fortes, bem como mais suscetíveis ao estresse hídrico, em razão da menor profundidade de seu sistema radicular e ausência de raízes pivotantes. Além disso, o percentual de enraizamento das estacas é baixo em algumas variedades exigindo o uso de reguladores de crescimento como o ácido indolbutírico para acelerar o processo de enraizamento.
13. Como podemos obter mudas por estaquia?
O material propagativo usado na estaquia deve ser coletado a partir de matrizes pré-selecionadas, comprovadamente produtivas e com boa qualidade de frutos, livres de pragas e doenças. É importante observar a utilização de estacas herbáceas (ramos terminais), vigorosas, túrgidas, com 0,3 a 0,4 cm de diâmetro e 10 a 15 cm de comprimento, contendo de dois a quatro internódios e dois pares de folhas, sendo recomendável plantá-las o mais rápido possível após a coleta, pois isto determina um maior percentual de enraizamento.
14. Quais são os tipos de recipientes, substratos e sistema de irrigação mais adequados para o enraizamento das estacas de acerola?
Como leito de enraizamento, além de bandejas, tubetes, sacos plásticos, canteiros, entre outros, diversos substratos podem ser empregados, a exemplo de:
- areia lavada;
- areia lavada acrescida de vermiculita, na proporção de 1:1;
- areia lavada acrescida de casca de árvore triturada, a exemplo do pinheiro, ou de serragem, na proporção de 1:1;
- areia lavada acrescida de esterco bovino, curtido, na proporção de 3:1;
- vermiculita acrescida de casca de árvore triturada, a exemplo do pinheiro, ou de serragem, na proporção de 1:1;
- vermiculita acrescida de esterco bovino, curtido, na proporção de 3:1.
O processo de enraizamento das estacas é favorecido pela utilização de um sistema de irrigação por nebulização intermitente, que assegure a plena saturação de umidade no ambiente onde as estacas serão enraizadas. Visando acelerar o enraizamento, recomenda-se utilizar fitohormônios, como os ácidos indolbutírico ou indolacético, em concentrações em torno de 200 mg/l, imergindo a base das estacas (terço inferior) na solução por um período aproximado de 14 horas.
Após o período de enraizamento, em bandejas, cuja duração média varia em torno de 50 a 60 dias, as mudas enraizadas são transplantadas para tubetes ou sacos plásticos.
15. Quais as vantagens em produzir mudas de acerola pelo processo de enxertia?
A enxertia, é uma prática que tem a vantagem de aproveitar os efeitos benéficos de porta-enxertos que conferem à combinação copa/porta-enxerto a possibilidade de apresentar uma maior resistência/tolerância a nematóides e ao estresse hídrico, entre outros fatores adversos, associados ao sistema radicular das plantas. Além disso, presume-se que o porta-enxerto possa influenciar o vigor, produtividade, qualidade de frutos, resistência/tolerância a pragas e doenças, a exemplo do que se observa em outras espécies frutíferas propagadas por enxertia.
Cabe lembrar que as mudas propagadas por enxertia, tendo, como base, porta-enxertos obtidos de sementes, possuem um sistema radicular vigoroso, o qual, por apresentar raiz pivotante, confere uma maior firmeza da planta ao solo, efeito este que deve ser levado em conta principalmente na implantação de pomares em áreas sujeitas a ventos fortes.
16. Como obter sementes de acerola visando a produção de mudas/porta-enxertos?
As sementes devem ser obtidas de frutos maduros, evitando aqueles que se encontram caídos no solo. Uma vez colhidos, os frutos devem ser lavados para a retirada dos caroços que contêm as sementes, eliminando toda a polpa. Uma vez limpos, os caroços devem ser secos à sombra, em ambiente ventilado, até que sua umidade fique em torno de 12%. Este nível de umidade pode ser alcançado em três dias a uma temperatura ambiente em torno de 27oC e umidade relativa do ar entre 60% e 70%.
17. Quais os tipos de recipientes e canteiros apropriados para a sementeira e quando inicia a germinação das sementes de acerola?
Recomenda-se que a germinação das sementes seja feita em canteiros ou em caixas de madeira, plástico ou isopor. Os canteiros devem medir 1 m de largura, 15 cm a 20 cm de altura e 10 m a 20 m de comprimento, separados entre si por caminhos de 50 cm a 60 cm de largura.
O início da germinação ocorre 20 a 25 dias após a semeadura, sendo recomendável evitar períodos sujeitos a baixas temperaturas (iguais ou inferiores a 15oC). Quando as plantas atingirem 5 cm de altura, pode-se realizar sua repicagem para sacos plásticos, tubetes ou outros recipientes. Nesta etapa, deve-se proceder a eliminação de plantas desuniformes, fora do padrão do conjunto, a exemplo daquelas raquíticas, albinas e malformadas.
18. Qual o recipiente e ambiente mais adequado para a produção de mudas de acerola após a repicagem?
A partir da repicagem para sacos plásticos (sacos de polietileno preto com dimensões de 18 cm a 20 cm de diâmetro x 20 cm a 25 cm de altura x 0,010 mm de espessura), a fase de viveiro pode ser conduzida a céu aberto ou sob condições de ambientes protegidos com estruturas formadas com palhas, ripas, telas sintéticas ou outros materiais disponíveis, recomendando-se 60% a 70% de luminosidade natural. Em se tratando de tubetes (8 cm de diâmetro x 20 cm de altura), é preferível que a condução do viveiro não seja feita a céu aberto, de modo a evitar a ocorrência de estresses hídricos, em razão do pequeno volume de solo disponível ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas e do fato dos tubetes, por serem sustentados por uma estrutura que os mantêm afastados do solo, ficarem mais expostos à perda de umidade em decorrência de uma maior circulação do ar em torno de suas superfícies.
19. Quais as orientações do processo de enxertia na produção de mudas de acerola?
Quando a haste do porta-enxerto atingir o diâmetro de 4 mm a 6 mm, aproximadamente ao diâmetro de um lápis, a 15 cm a 20 cm do colo da planta, pode-se realizar a enxertia. Sob condições adequadas de cultivo, espera-se que as plantas alcancem este desenvolvimento entre seis a oito meses após a germinação. A enxertia pode ser feita mediante as técnicas de garfagem no topo ou fenda-cheia e de garfagem lateral ou a inglês-simples. Há evidências de que os métodos de borbulhia em T normal e em placa com lenho não apresentam resultados satisfatórios quanto à percentagem de pegamento de enxerto. É importante, ainda, atentar para a necessidade de que os propágulos (garfos) devem possuir o mesmo diâmetro dos porta-enxertos na região da enxertia, caso contrário a soldadura dos tecidos do garfo e do porta-enxerto não será bem sucedida. Após esta operação, deve-se fixar o local da enxertia mediante o uso de uma fita plástica apropriada para esta finalidade (elástica, com 2 cm de largura x 25 cm de comprimento e 0,010 mm de espessura), observando-se sua disposição no sentido de baixo para cima de modo a evitar a penetração de umidade, removendo-a cerca de 20 a 30 dias após. Este processo não deve ser realizado em dias chuvosos, pois nessas condições o pegamento dos enxertos é comprometido pelo excesso de umidade. Sob condições adequadas, espera-se uma percentagem de pegamento de enxerto em torno de 80%. Cerca de 60 dias após a enxertia, a muda deve estar apta para plantio no campo, desde que ocorram condições adequadas de desenvolvimento vegetativo.
20. De onde provêm os garfos para a enxertia e qual o período ideal para a coleta?
Os garfos devem ser obtidos de plantas matrizes selecionadas em função de sua elevada produtividade, boa qualidade de frutos e estado fitossanitário satisfatório (isentas de pragas e doenças). Tais garfos devem apresentar-se semi-lenhosos, de coloração marrom, com comprimento de 15 cm a 20 cm e diâmetro de 4 mm a 6 mm, aproximado ao diâmetro de um lápis.
O período ideal da coleta de garfos é aquele posterior à recuperação vegetativa da planta, que ocorre após a safra.
21. Mudas de acerola podem ser transportadas na forma de raiz nua?
Sim. Visando facilitar e diminuir custos referentes ao transporte à longa distância, recomenda-se o manejo de mudas com raiz nua, protegendo-as com tecido, papel, serragem, vermiculita, palhas, entre outros envoltórios, deixando-os úmidos até o momento do plantio no campo. Tomados os devidos cuidados, o pegamento é elevado em nível de campo.
PLANTIO, TRATOS CULTURAIS E CULTURAS INTERCALARES
22. Como obter uma muda de acerola padronizada e de boa qualidade e quando deve ser feito o plantio?
Atualmente, existem normas que definem padrões relativos à produção de mudas de acerola. Assim, recomenda-se que a aquisição de mudas seja feita a partir de viveiristas credenciados e idôneos, que garantam não só a qualidade fitossanitária como também a boa procedência genética desses materiais.
O plantio deve ser feito, preferencialmente, no início da estação chuvosa, por facilitar o pegamento e o desenvolvimento da muda. Porém, com a possibilidade de irrigação, pode-se realizá-lo em qualquer época do ano, desde que se evite períodos de baixas temperaturas, inferiores a 15oC.
23. É necessário aclimatar as mudas de acerola antes do plantio?
Após sua formação, quando a muda se encontra pronta para o plantio, é fundamental que se faça sua prévia aclimatação, visando evitar danos à mesma causados pela insolação. Esta prática é efetuada ainda no viveiro, consistindo na remoção gradual do sombreamento. Este, durante o período de formação da muda, deve ser da ordem 30 a 40%, a depender da intensidade local de insolação. Por ocasião da aclimatação, o sombreamento deve ser reduzido gradativamente, até sua eliminação total.
24. De que maneira se faz o plantio da acerola?
Quando a muda atinge a altura de 30 a 40 cm, procede-se o seu plantio no local definitivo. Nessa ocasião, é importante que o colo da planta (região limítrofe entre o início do sistema radicular e o caule) fique no mesmo nível ou um pouco acima da superfície do solo, visando evitar danos causados por fungos.
É recomendável que as mudas sejam plantadas em dias nublados ou nas horas mais frescas, sempre que possível, de modo a aumentar seu índice de pegamento. Logo após o plantio, recomendam-se regas leves e freqüentes, observando-se o tipo de solo (leves ou pesados) e o sistema de irrigação. O plantio das mudas em áreas não irrigadas deve ser feito durante o período de chuvas.
25. Quais as dimensões dos sulcos e covas para o plantio?
Caso o plantio seja feito em sulcos, estes devem ter uma profundidade de 40 a 60 cm. Se forem abertas covas, estas devem ter as dimensões de, no mínimo, 40 cm x 40 cm x 40 cm. A abertura das covas pode ser feita utilizando-se uma broca acoplada ao trator, o que resulta em maior rendimento, atentando-se, porém, para os inconvenientes da compactação lateral do solo nas paredes das covas. Nesta situação, deve-se quebrar a superfície vertical interna da cova, que ficou endurecida na operação de abertura, impedindo a penetração das raízes.
Caso as covas sejam abertas manualmente, recomenda-se que a terra retirada da superfície (camada "A") seja colocada em um lado e a da porção mais profunda (camada "B") em outro lado da cova. Na porção superficial, são misturados os fertilizantes químicos e orgânicos e então a cova é preenchida, invertendo-se as camadas: primeiro a camada "A" (terra superficial misturada aos adubos) e depois a camada "B".
26. Quais os espaçamentos mais indicados para a cultura da acerola?
Em um pomar de acerola, o espaçamento é escolhido em função do nível de manejo a ser adotado (mecanizado ou não), do porte da variedade (ereto ou globular) e da maior ou menor fertilidade do solo. O espaçamentos mais utilizados variam de 5,0 m x 1,5 m a 5,0 m x 2,0 m, em regiões semi-áridas, e de 5,0 m x 2,0 m a 5,0 m x 4,0 m em regiões com precipitação elevada, acima de 1.400 mm. Os espaçamentos mais adensados poderão sofrer ajustes posteriores, em conseqüência de possíveis diminuições da produtividade. Esta prática consiste em eliminar plantas na linha de plantio, reduzindo a concorrência entre plantas.
27. Quais os cuidados especiais que devemos ter na instalação de um pomar de acerola?
É aconselhável proceder a instalação de um sistema de irrigação adequado nas situações em que as condições climáticas locais apresentem limitações relacionadas a baixos índices pluviométricos (inferiores a 1.200 mm). Por outro lado, é recomendável o emprego de um sistema eficiente de drenagem em terrenos sujeitos a alagamentos constantes. Em situações onde a declividade for acentuada, faz-se necessário adotar práticas conservacionistas, como plantio em curvas de nível, terraceamento, entre outras. Cabe mencionar, também, que a acerola é muito exigente quanto a insolação, sendo contra-indicados locais sombrios, frios e pouco arejados. Além disso, recomenda-se o plantio intercalado de pelo menos duas variedades de acerola visando favorecer o vingamento de frutos com a polinização cruzada.
28. Quais as técnicas de controle de plantas daninhas em um pomar de acerola?
O controle de plantas daninhas no pomar de acerola pode ser manual, químico ou mecânico. O controle manual por meio de capinas é comum em pequenas propriedades, que utilizam mão-de-obra familiar, de forma satisfatória e de baixo custo.
Em grandes áreas, o controle de plantas daninhas pode ser feito com aplicação, nas linhas de plantio, de herbicidas pós-emergentes, e nas entrelinhas, com controle mecânico utilizando grade (apenas nos primeiros meses após o plantio) ou roçadeira.
29. Quais as vantagens em manter o solo isento de plantas daninhas e com cobertura morta?
O controle de plantas daninhas tem como objetivo principal evitar que elas prejudiquem o desenvolvimento da aceroleira. Além disso, contribui para o controle preventivo de pragas e doenças e facilita a circulação na área para a realização das atividades de colheita, manejo da irrigação, fertilização e podas.
O uso de cobertura morta nas linhas de plantio proporciona a conservação da umidade no solo, a diminuição de danos causados por nematóides, o controle de plantas daninhas, a regulação da temperatura do solo e a incorporação de matéria orgânica, sendo indicada especialmente para solos arenosos.
30. São necessárias podas na aceroleira?
Sim. Podas de formação, de frutificação e de limpeza, quando bem executadas, facilitam significativamente o manejo da cultura e principalmente a colheita.
A partir da instalação do pomar, após quatro meses (ambientes com precipitação acima de 1200 mm) ou seis meses (ambientes semi-áridos, com precipitação entre 800 a 1000 mm), deve-se iniciar a desbrota ao longo de um segmento de até 50 cm de altura do tronco da planta, visando a formação de uma única haste, até este ponto.
A poda de formação objetiva originar uma planta com copa baixa, aberta, com 3 a 4 ramos principais dispostos simetricamente entre 30 a 40 cm de altura da superfície do solo. Esta poda inicia-se no viveiro e se estende até o primeiro ano após o plantio para um crescimento uniforme das plantas. Podas de limpeza são recomendadas após cada colheita, retirando-se ramos velhos, secos e debilitados. Anualmente pode ser realizada uma poda dos ramos terminais, no final do inverno, antes da brotação primaveril para estimular novas brotações que contêm os botões florais.
Em razão do aparecimento de brotações laterais, tanto no tronco principal como também nos quatro a cinco ramos secundários, são necessárias podas corretivas. A eliminação dessas brotações evitará o adensamento da copa, melhorando seu arejamento e penetração dos raios solares, favorecendo a frutificação. Além disso, podas corretivas também podem ser dirigidas aos ramos basais localizados na projeção da copa (saia) em contato com o solo, de modo a facilitar outras práticas culturais como irrigação, adubação de cobertura e controle fitossanitário.
31. O vento pode prejudicar a aceroleira?
Sim. Em regiões sujeitas a ventos fortes e contínuos é comum a quebra de ramos e o tombamento de plantas, principalmente no caso de mudas obtidas por estaquia devido ao menor desenvolvimento de seu sistema radicular. Assim, nessas situações, como medida de proteção, recomenda-se a implantação de quebra-ventos, tutoramento das plantas jovens e realização de podas visando promover o engrossamento dos ramos principais, tornando-os mais resistentes.
32. É possível usar culturas intercalares no pomar de acerola?
Sim. O plantio de culturas intercalares como alternativa para reduzir os custos com o controle de plantas daninhas, também possibilita proteger o solo contra erosão, além de diversificar o meio ambiente, aumentando a presença de inimigos naturais de determinadas pragas, e obter uma renda suplementar. É recomendável que se utilize entre as linhas do pomar culturas de ciclo curto, a saber: abacaxi, amendoim, feijão Caupi, feijão-de-porco, crotalária, milho, mamão, maracujá, batata-doce, mandioca, inhame, fumo entre outras.
IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO
33. Qual a vantagem do uso da irrigação no cultivo da acerola e quais os métodos mais indicados?
O uso da irrigação implica em acréscimos de produtividade de pelo menos 100%, além de aumentar o número de safras por ano e aumentar o tamanho dos frutos. Em regiões onde a temperatura média mensal se mantém em patamares mais elevados pode-se chegar a nove safras por ano, o que não é recomendável devido o esgotamento excessivo da planta. Recomenda-se até seis safras, no máximo, por ano com uso de irrigação. A irrigação é recomendada para regiões onde ocorre déficit hídrico significativo em alguns meses do ano, como na região semi-árida do nordeste.
A acerola adapta-se bem aos métodos de irrigação pressurizados (aspersão e localizada) e por gravidade (sulcos). A escolha do método e do sistema de irrigação depende principalmente dos recursos hídricos disponíveis, da topografia do terreno, do clima, do solo e da disponibilidade de recursos financeiros do produtor. Locais regulares (planos), onde as fontes de água não constituem limitação, com solos de textura argilosa são propícios ao uso de irrigação por superfície (sulcos). Solos de textura média a argilosa em terrenos irregulares podem ser irrigados por sistemas pressurizados. Pode ser usada a aspersão convencional com aspersores de hastes longas de modo que os mesmos fiquem no nível da copa das plantas, podendo o sistema ser fixo ou móvel. Outros sistemas de aspersão como o pivô-central podem, também, serem usados para a acerola. Em solos de textura média, onde há limitação de água, a irrigação localizada (gotejamento ou microaspersão), pela maior eficiência, pode ser mais adequada. Em solos de textura arenosa, com baixa retenção de água, a irrigação localizada é mais adequada, sendo que o sistema de microaspersão é mais indicado pela maior área molhada no solo.
34. Como devemos instalar os sistemas de irrigação mais indicados?
No caso do uso da microaspersão, independente do espaçamento entre fileiras, quando o espaçamento entre plantas for igual ou inferior a 3m, os microaspersores podem ser instalados entre plantas ao longo da fileira, na disposição de um microaspersor para duas plantas. Para espaçamentos entre plantas ao longo da fileira iguais ou superiores a 4 m, recomenda-se instalar o emissor junto a planta no primeiro ano, movendo-o para uma posição entre duas plantas a partir do segundo ano. No uso do sistema de gotejamento, optar por quatro gotejadores por planta dispostos em anel em torno da planta.
DOENÇAS E PRAGAS
35. Quais as doenças mais comuns na aceroleira?
Várias doenças atacam a aceroleira, cuja severidade depende da região e das condições climáticas. Dentre as doenças mais comuns destacam-se a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), a cercosporiose (Cercospora sp.), e a seca descendente de ramos (Lasiodiplodia theobromae).
36. Quais são as medidas gerais para controle de doenças e pragas da aceroleira?
O uso de produtos químicos sempre aparece como uma alternativa para o controle de doenças e pragas. No caso do cultivo de acerola, entretanto, a utilização desta alternativa esbarra em dois problemas básicos:
- Ausência de produtos com registro para uso em cultivos de acerola;
- Risco de resíduos em frutos, devido ao curto período entre a floração e a colheita (aproximadamente 21 dias).
Considerando as características da aceroleira, deve-se enfatizar e priorizar o uso do controle integrado com a aplicação de práticas culturais que reduzam a incidência e/ou severidade de doenças e pragas, destacando-se:
- Utilização de podas de limpeza, para eliminação de ramos secos muitas vezes afetados por Lasiodiplodia theobromae, bem como ramos atacados por cochonilhas;
- Utilização da poda de raleio, para a eliminação do excesso de ramos, muito comum na aceroleira. Isto melhora o arejamento da copa, reduz o nível de umidade no seu interior, permite maior penetração de luz e, consequentemente, reduz a proliferação de fungos.
- Coleta e enterrio dos frutos atacados e caídos no solo.
As principais pragas da aceroleira são as seguintes: pulgão (Aphis spp), percevejo vermelho (Crinocerus sanctus), ortézia (Orthezia praelonga), bicudo do botão floral (Anthonomus acerolae), cigarrinha (Bolbonata tuberculata), mosca-das-frutas (Ceratitis capitata), cochonilha parda (Coccus hespiridium) e formigas cortadeiras (Atta spp).
Das espécies descritas, o pulgão, o percevejo vermelho e a ortézia são as que causam os maiores prejuízos. A inspeção dessas pragas no pomar deve ser feita quinzenalmente durante o período de setembro a janeiro.
38. Quais são os sintomas de ataque de nematóides na aceroleira e quais são as medidas de controle mais eficazes?
Dentre os problemas fitossanitários que afetam a produtividade de pomares de acerola, destaca-se a presença de nematóides, especialmente o nematóide-das-galhas (Meloidigyne spp). O ataque caracteriza-se pela formação de entomescimentos nas raízes, denominados galhas. Quando a formação de galhas nas raízes é elevada, a aceroleira exibe amarelecimento na parte aérea, redução no tamanho das folhas e nanismo, podendo resultar em declínio e morte das mesmas.
As medidas mais eficazes no controle de nematóides são as preventivas, destacando-se: a) obtenção de mudas sadias em solo tratado com nematicida fumigante; e b) o plantio em áreas livres do nematóide, com adição de matéria orgânica e adubação química adequada.
COLHEITA E PÓS-COLHEITA
39. Qual o período de início da colheita de acerola e qual a produção esperada?
O período, após o plantio, necessário para o início da produção de frutos da aceroleira está relacionado à origem da muda. A planta, quando proveniente de propagação vegetativa (plantas enxertadas ou obtidas de estacas), produz os primeiros frutos ainda no primeiro ano, intensificando sua produção a partir de 2,5 a 3,0 anos do plantio, quando chega a produzir acima de 40 kg de frutos/planta/ano. Plantas obtidas a partir de sementes inicia normalmente a sua produção a partir do segundo ano, mesmo quando irrigadas em ambiente semi-árido ou cultivada em regiões com precipitação pluviométrica elevada. Nestas condições, as plantas tendem a crescer com alto vigor, o que também contribui para atrasar a frutificação.
40. Existe alguma relação entre os diferentes ecossistemas e o florescimento e frutificação da acerola?
O florescimento e a frutificação ocorrem de quatro a sete vezes por ano, espaçados por pequenos períodos de crescimento vegetativo. Em regiões de clima continuamente quente, a planta pode apresentar frutos durante quase o ano todo, sobretudo sob condições irrigadas. Nas demais regiões, porém, a planta passa por um repouso vegetativo e produtivo durante o período frio (ou menos quente), que, no caso dos Tabuleiros Costeiros do Nordeste (a exemplo de Cruz das Almas, Bahia) se estende do final de junho a início/meados de setembro.
41. De que forma podemos realizar a colheita da acerola?
Na safra, a colheita é manual, podendo ser realizada diariamente, em dias alternados ou a cada três dias, o que implica em alta demanda de mão-de-obra: cerca de 4-5 pessoas por hectare, com um rendimento médio de 10 a 15 caixas colhidas por pessoa/dia (aproximadamente 15 kg/caixa). O acondicionamento dos frutos deve ser feito em caixas plásticas de baixa profundidade (20 a 30 cm), vazadas lateralmente e polidas ou lisas no seu interior para evitar danos aos mesmos durante o manejo. Os colhedores devem ser adequadamente treinados para o trabalho de colheita, procurando evitar danos mecânicos nos frutos que aceleram a sua deterioração. Além disso, devem vestir roupas adequadas por causa da pilosidade da planta que pode causar irritações na pele. Os frutos devem ser colhidos preferencialmente nas horas mais frescas do dia, esfriadas rapidamente e armazenadas à temperatura de 7oC para reduzir perdas antes do processamento.
42. Qual é o estádio de maturação mais adequado para a colheita dos frutos de acerola?
O fator determinante do ponto de colheita é o destino que se pretende dar aos frutos. No caso de congelamento ou processamento na forma de suco ou polpa e para consumo ao natural em mercados locais, os frutos devem ser colhidos com coloração vermelho intensa (maduros), mas ainda firmes para suportar o manuseio. Neste estádio de maturação o fruto apresenta teor de açúcar mais elevado e acidez mais baixa. Os frutos maduros são também mais saborosos e suculentos, mas exigem consumo imediato (dentro de 24 horas após a colheita), caso não sejam congelados, pois a sua epiderme (pele) é bastante delicada e qualquer impacto provoca rupturas e rápida fermentação da polpa. Os frutos devem ser colhidos ainda verdes ou imaturos quando se destinam à fabricação de produtos onde o teor de vitamina C é a característica mais importante, a exemplo de produtos em pó ou liofilizados, ultra filtrados, cápsulas e concentrados para enriquecimento de outros alimentos.
Os frutos "de vez" ou entremaduros, em início de maturação e de mudança de coloração da casca, com predominância de amarelo, são mais ácidos e mais ricos em vitamina C e resistem melhor ao manuseio e comercialização. Além disso, devido à sua maior consistência, podem ser comercializados durante três a quatro dias. Imediatamente após esta fase de maturação ocorre uma diminuição acentuada do teor de vitamina C. Ainda no estádio "de vez", o fruto atinge seu maior tamanho médio e apresenta menor rendimento em suco em relação ao fruto maduro.
É importante que o produtor defina claramente, em seu planejamento de colheita, o tipo de mercado que pretende atingir. Os frutos deverão ser colhidos "de vez", quando se requer transporte a longas distâncias e, por conseguinte, um maior período entre a colheita e o consumo/processamento, ou maduros, para consumo imediato em mercados locais, ou quando destinados ao congelamento, sob a forma de "bola de gude", visando à sua conservação para posterior processamento.
43. Quais as dificuldades que podemos ter no armazenamento de acerola?
A acerola é um fruto que apresenta maturação e senescência muito rápidas, o que dificulta o seu manuseio e o seu armazenamento e conservação pós-colheita. Isto resulta de uma atividade de respiração muito intensa do fruto, sendo este classificado entre os frutos climatéricos, isto é, aqueles que apresentam aumento acentuado da taxa de respiração na fase de amadurecimento, acompanhado por perda da firmeza (textura), mudança na coloração e o desenvolvimento do sabor e do aroma. Na acerola ocorre geralmente um pico respiratório na fase de mudança da pigmentação da casca, do amarelo para o vermelho. Todos os fatores que possam diminuir as taxas respiratórias e de síntese e atividade do etileno precisam ser acionados para aumentar a vida útil da acerola. Neste contexto, deve-se atentar, sobretudo, para a redução da temperatura ambiente, que sabidamente diminui as atividades metabólicas, além de se evitar lesões nos frutos, que sempre resultam em aumento da evolução de etileno, constituindo-se também em portas de entrada de microorganismos.
44. Quais os cuidados de manuseio pós-colheita de acerola necessários à comercialização da fruta?
Inicialmente, os frutos colhidos devem ser protegidos do sol, pois a sua exposição à radiação diminui o teor de vitamina C e os deprecia por perda de umidade, e devem ser transportados o mais rápido possível para o beneficiamento. Lá, os frutos são submetidos a uma seleção rigorosa, eliminando-se frutos feridos, podres, moles e quaisquer detritos, além de frutos imaturos. Em seguida, os frutos são lavados com água fria, se possível clorada, visando proteger os frutos de contaminação por diversos fungos que atuam na fase pós-colheita. Após, os frutos são acondicionados em embalagens, a exemplo de pequenas cumbucas plásticas, e pesados.
45. Quais as faixas de temperatura para a conservação da acerola?
Os frutos de acerola não destinados ao congelamento devem ser conservados por refrigeração à temperatura de 7ºC a 8ºC e à umidade relativa igual ou superior a 90%. Nestas condições, ocorre uma redução acentuada da atividade respiratória dos frutos, tornando mais lento o processo de deterioração, o que possibilita a sua conservação por um período de até 10 dias a partir da colheita, viável apenas para mercados mais próximos.
Se a acerola for destinada a mercados distantes, sobretudo à exportação, precisa-se recorrer ao seu armazenamento sob congelamento a temperaturas iguais ou inferiores a -20oC, a única forma de se conservá-la por período mais longo, sem perdas mais significativas de sua qualidade, inclusive com a melhor conservação do seu conteúdo em vitamina C.
46. Temperaturas muito baixas alteram as qualidades da acerola?
Tem sido constatado que acerolas colhidas verdes, semi-maduras e maduras, não alteraram algumas das suas características químicas como acidez, pH, teores de sólidos solúveis totais e de ácido ascórbico, quando mantidas a temperaturas de –19ºC a –21ºC por um período de até 40 dias. No entanto, mesmo a temperaturas tão baixas podem ocorrer mudanças físicas, bioquímicas, microbiológicas e nutricionais, que variam em função do tempo e da temperatura de armazenamento dos frutos congelados.
PRODUTOS E VALOR NUTRITIVO
47. Quais os principais produtos derivados da acerola?
O fruto da aceroleira é consumido tanto in natura como industrializada, sob a forma de sucos, geléias, xaropes, licores, doces em calda, néctares, polpa, produtos liofilizados e ultrafiltrados (indústria farmacêutica), picolés, sorvetes, balas, suco integral, cápsulas de vitamina C, cosméticos, adicionado a sucos de outras frutas (mix) e diferentes outros produtos tanto no mercado externo como interno.
48. Qual é o valor nutricional da acerola?
A acerola é considerada uma excelente fonte de vitamina C, além de conter vitamina A, vitaminas do complexo B como tiamina (B1), riboflavina (B2), peridoxina (B6) e niacina, e minerais como cálcio, ferro e fósforo.
ASPECTOS ECONÔMICOS
49. Quais são as principais regiões produtoras e qual é a produtividade da aceroleira?
A acerola é culticada nos E.U.A (Havaí e Flórida), em alguns países da América Central e no Brasil, onde se destacam os Estados de Pernambuco, Paraíba, Bahia, Ceará e São Paulo. A produtividade média em áreas não irrigadas está em torno de 10 a 15 t/há/ano, podendo aumentar com o uso de irrigação, especialmente em regiões com déficit hídrico acentuado.
50. Qual o custo de produção da acerola?
O custo de produção pode variar em função de uma série de fatores, dentre os quais destacam-se a capacidade do produtor utilizar as tecnologias disponíveis, as características da região onde a cultura é explorada, a disponibilidade de mudas de boa qualidade e a variação dos preços dos insumos e da mão-de-obra. Por essa razão, a informação abaixo, na tabela, não traz o custo de produção, apenas os coeficientes técnicos. Optou-se por deixá-la em aberto, para que o próprio produtor a complete com base nos preços, atualizados, dos insumos e da mão-de-obra de sua própria região.