sexta-feira, 24 de junho de 2011

A AGRICULTURA BIODINÂMICA

O QUE É A AGRICULTURA BIODINÂMICA




Bernardo Thomas Sixel*



Rudolf Steiner (1861 – 1925), fundador da Antroposofia, colocou, durante o Congresso de Pentecostes, em 1924, a pedra fundamental do berço do Movimento Biodinâmico, em forma de um ciclo de 8 palestras para agricultores. Esse congresso teve lugar no castelo Koberwitz perto de Wroclaw/Breslau, que hoje abriga a prefeitura de Kobierzyce, Polônia.





O impulso da Agricultura Biodinâmica, sendo uno com a Antroposofia, tem como conseqüência natural à renovação do manejo agrícola, a sanação do meio ambiente e a produção de alimentos realmente condignos ao ser humano.

Esse impulso quer devolver à agricultura sua força original criadora e fomentadora cultural e social, força que ela perdeu no caminho à industrialização direcionada à monocultura e à criação em massa de animais fora do seu ambiente natural.

A Agricultura Biodinâmica quer ajudar aqueles que lidam no campo a vencer a unilateralidade materialista na concepção da natureza, para que eles possam, cada um por si mesmo, achar uma relação espiritual – ética com o solo, com as plantas e os animais e com os coirmãos humanos.

A Biodinâmica quer lembrar todos os homens que: “A Agricultura é o fundamento de toda cultura, ela tem algo haver com todos”.

O ponto central da Agricultura Biodinâmica é o Ser Humano que conclui a criação a partir de suas intenções espirituais baseadas numa verdadeira cognição da natureza.
Esse quer transformar sua fazenda ou sítio em um organismo em si concluso e maximamente diversificado; um organismo do qual a partir de si mesmo for capaz de produzir uma renovação. O sítio natural deve ser elevado a uma “espécie de individualidade agrícola”

O fundamento para tal é a integração de todos os elementos ambientais agrícolas como culturas do campo e da horta, pastos, fruticulturas e outras culturas permanentes, florestas, sebes e capões arbustivos, mananciais hídricas e várzeas etc.. Caso o organismo agrícola se ordene em volta desses elementos nasce uma fertilidade permanente e a saúde do solo, das plantas, dos animais e dos seres humanos.

 

A partida e a continuidade desse desenvolvimento ascendente da totalidade do organismo empresa é assegurado pelo manejo biodinâmico dos tratos culturais agrícolas e do uso de preparados apresentados pela primeira vez por Rudolf Steiner durante o Congresso de Pentecostes. Trata-se de preparados que incrementam e dinamizam a capacidade intrínseca da planta a ser produtora de nutrientes, seja por mobilização química, transmutação ou transubstanciação do mineral morto ou por harmonização e adequação na reciclagem das sobras da biomassa produzida. Preparados que simultaneamente apóiam a planta a ser transmissor, receptor e acumulador do intercâmbio da Terra com o Cosmo

 
Adubar na biodinâmica significa, portanto aviventar ou vivificar o solo e não fornecer nutrientes para as plantas.

A única preocupação que devemos ter é o que fazer para que isso aconteça. Nesse caso é possível abster-se de tudo que hoje em dia parece ser imprescindível. Na Agricultura Biodinâmica não se usam adubos nitrogenados minerais, pesticidas sintéticos, herbicidas e hormônios de crescimento etc. A concepção do melhoramento biodinâmico dos cultivares ou das raças esta em irrestrita oposição a tecnologia transigência. A ração para os animais é produzida no próprio sítio ou fazenda e a quantidade dos animais mantidos esta em relação com a capacidade natural da área ocupada.

O agricultor biodinâmico está empenhado a fazer somente aquilo pelo qual ele mesmo pode responsabilizar-se. a saber, o que serve ao desenvolvimento duradouro da “individualidade agrícola”. Isto inclui o cultivo e a seleção das suas próprias sementes como também a adaptação e a seleção própria de raças de animais. Além disso, significa uma orientação renovada na pesquisa, consultoria e formação profissional.

O agricultor biodinâmico aprende, dentro do processo de trabalho, ele a ser mesmo um pesquisador, aprende a participar e transmitir sua experiência a outros e formar dentro do seu estabelecimento um local de formação profissionalizante para gerações vindouras.

Uma renovação desta natureza desperta o interesse das pessoas que vivem nas cidades. Elas ligam-se com esta ou aquela fazenda ou sítio, apóiam e ajudam como podem, tornando-se fieis fregueses. Elas colaboram na formação de mercados regionais tornando-se como associados solidários mútuos. Há iniciativas novas de importância fundamental em toda parte para que a agricultura possa enfrentar com sua autonomia regional a globalização do mercado mundial. Agricultura não é somente profissão para ganhar dinheiro, mas é principalmente encargo de vida, é vocação.

Em mais de 50 países da Terra a Agricultura Biodinâmica é praticada ao serviço do cultivo do meio ambiente e alimentação saudável do ser humano. No mundo inteiro os produtos biodinâmicos são uniformemente comercializados sob a marca “DEMÉTER”. A marca DEMÉTER garante uma cultura agrícola baseada em medidas novas nos campos culturais – espirituais, políticos – legais, econômicos e ecológicos.

Para o desenvolvimento da agricultura e da cultura em geral no Brasil será de maior significação, achar personalidades suficientes que tenham a coragem e a força de iniciativa de se colocar ao serviço desta renovação da agricultura.

* Fonte: Sociedade Antroposofica Brasileira

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O agroecologista DODÔ - sitio dos herdeiros - Lami - Porto Alegre

O agricultor ecologista Salvador Rosa da Silva, o Dodô, que há 12 anos produz folhosas, frutas, ovelhas e vacas, numa área de 18 mil metros quadrados no bairro Lami. Foi entrevistado pela TVE, assista o vídeono endereço http://www.emater.tche.br/suporte/midia/video_tv_601.wvx

Ele tem, como preocupação, produzir para abastecer o mercado, “que pede alimentos mais saudáveis”, diz Dodô, que todo sábado de manhã comercializa seus produtos nas bancas 2 e 4 da Feira do Bonfim.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Visita a ECOCITRUS. Usina de Compostagem de Resíduos Agroindustriais!!!

Nesta segunda feira a turma da disciplina de produção orgânica de hortaliças, da faculdade de Agronomia da UFRGS, visitou a cooperativa Ecocitrus em Montenegro/RS. Esta usina surgiu da necessidade de suprir os agricultores com adubação orgânica nas suas produções agrícolas.

 Em 1995, para recuperar suas áreas, a cooperativa criou uma base de beneficiamento de adubos orgânicos, chamada de . Em parceria com 35 agroindústrias da região, os resíduos orgânicos destas empresas são destinados para a Usina de Compostagem da Ecocitrus, que os transforma em adubo orgânico.











Assim, os 107 associados plantam e colhem frutas sem o uso de agrotóxicos, poupando o meio ambiente da ação de venenos e produtos químicos. Ao todo, a cooperativa recicla 45 mil toneladas de resíduos industriais por ano e produz 15 mil toneladas de composto (sólido) e 15 mil toneladas de biofertilizante líquido por ano.










Em 2008, a Ecocitrus realizou um grande investimento na remodelação da estrutura da Usina de Compostagem, com a construção de novas valas e pavilhões. A usina, que ocupa 12 hectares de área útil, na localidade de Passo da Serra, no município de Montenegro, também foi modernizada, com a introdução de novas tecnologias, como a aceleração do processo de compostagem, melhorando a qualidade do adubo orgânico. Com a ampliação da estrutura, será possível triplicar a produção.

 

A usina possuía uma licença de operação para 3,4 mil metros cúbicos mensais. Na renovação desta licença, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental autorizou recentemente o processamento de 12 mil metros cúbicos mensais de resíduos Classe II (LO 3203/2009).




Para entrar em contato

Área comercial de resíduos

ademar@ecocitrus.com.br

Área técnica

adriana@ecocitrus.com.br

Área comercial de adubo

joana@ecocitrus.com.br



fonte: http://www.ecocitrus.com.br/index.htm

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Vídeo - Bases Agroecologicas para Conversão a Agricultura Orgânica

O que é a Agroecologia ?




Os defensores da Revolução Verde sustentam que os países em desenvolvimento deveriam optar por um modelo industrial baseado em variedades melhoradas e no crescente uso de fertilizantes e pesticidas a fim de proporcionar uma provisão adicional de alimentos as suas crescentes populações e economias. Mas, como analisamos anteriormente a informação disponível demonstra que a biotecnologia não reduz o uso de agroquímicos nem aumenta os rendimentos. Também não beneficia nem aos consumidores nem aos agricultores pobres. Dado este cenário, um crescente número de agricultores, ONGs e defensores da agricultura sustentável propõe que no lugar deste enfoque intensivo em capital e insumos, os países em desenvolvimento deveriam propiciar um modelo agroecológico que coloque ênfase na biodiversidade, na reciclagem de nutrientes, na sinergia entre cultivos, animais, solos e outros componentes biológicos, assim como na regeneração e conservação dos recursos naturais (Altieri, 1996).

Uma estratégia de desenvolvimento agrícola sustentável que melhore o meio ambiente deve ter por base princípios agroecológicos e numa metodologia de maior participação para o desenvolvimento e difusão de tecnologia. A Agroecologia é a ciência que tem por base os princípios ecológicos para o desenho e manejo dos sistemas agrícolas sustentáveis e de conservação de recursos naturais, e que oferece muitas vantagens para o desenvolvimento de tecnologias mais favoráveis ao agricultor. A Agroecologia se baseia no conhecimento indígena e em seletas tecnologias modernas de baixos insumos capazes de ajudar a diversificar a produção. O sistema incorpora princípios biológicos e os recursos locais para o manejo dos sistemas agrícolas, proporcionando aos pequenos agricultores uma forma ambientalmente sólida e rentável de intensificar a produção em áreas marginais (Altieri et al, 1998).

Estima-se que aproximadamente 1,9 a 2,2 milhões de pessoas ainda não foram atingidas direta ou indiretamente pela tecnologia agrícola moderna. Na América Latina a projeção era de que a população rural permaneceria estável em 125 milhões até o ano 2000, mas, 61 por cento desta população é pobre e a expectativa é de que aumente. As projeções para a África são ainda mais dramáticas. A maior parte da pobreza rural (cerca de 370 milhões de pessoas) vive em zonas de escassos recursos, muito heterogêneas e sujeitas a riscos. Seus sistemas agrícolas são de pequena escala, complexos e diversificados. A maior pobreza se encontra com mais freqüência em zonas áridas o semiáridas e nas montanhas e ladeiras, que são vulneráveis desde o ponto de vista ecológico. Estas propriedades e seus complexos sistemas agrícolas se constituem em grandes desafios para os pesquisadores.

fonte: http://cabiouel.files.wordpress.com/2010/04/altieri-biotecnologia-mitos-e-riscos-ambientais.pdf

terça-feira, 7 de junho de 2011

Entrevista/José Lutzenberger

"A natureza é algo divino, e nós humanos somos apenas parte dela."



José Lutzemberger.


Pioneiro do movimento ecológico do Rio Grande do Sul, José Lutzenberger é símbolo de contestação. Das lutas contra os agrotóxicos, nos anos 70, ao combate aos transgênicos e à globalização, nesse início de século, é reconhecidamente um dos nomes mais importantes no país no trabalho de preservação do planeta e dos que vivem nele.

Às vésperas de completar 75 anos, Lutzenberger continua combativo, voltado para promoção do desenvolvimento rural sustentável, difusão da agricultura regenerativa e educação ambiental, dando assessoramento através da Fundação Gaia, que fundou em 1987 e preside. O ecologista e agrônomo com mais de 40 prêmios no currículo, tem sua marca na criação da lei de Agrotóxicos do Rio Grande do Sul, primeira do país, na criação da AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - e em projetos contra o desmatamento, extinção da fauna e poluição ambiental. Foi Secretário Especial de Meio Ambiente entre 1990 e 1992, durante o governo Collor, contribuindo para a demarcação dos territórios indígenas, entre outros projetos.

Nessa entrevista, Lutzenberger fala sobre as perspectivas da agricultura sustentável, dos agricultores familiares e dos transgênicos e a perda da autonomia do agricultor.
 
 
E a questão dos transgênicos, então?

Lutzenberger - O transgênico é mais uma manobra para tirar uma das últimas coisas que o agricultor ainda tem domínio próprio,que é a semente. Na Alemanha, hoje, se um agricultor trocar a semente com seu vizinho já é punido. Se nós deixarmos entrar os transgênicos, não demora, vamos poder plantar somente as sementes registradas. Hoje, já não se consegue crédito para milho que não seja híbrido.

Revista - O governo do Rio Grande do Sul quer que o Estado seja livre de transgênicos.

O senhor acha que é possível?

Lutzenberger - Claro que é possível. Temos como fazer isso. Não precisamos nem proibir os transgênicos. É só não aceitar as patentes e pronto. Aí eles não oferecem mais essa semente. Baseada nas patentes, a Monsanto já processou mais de quatro mil agricultores nos Estados Unidos. Isso significa que a lavoura deles é destruída, eles são obrigados a pagar multas de dezenas de milhares de dólares e acabam entregando a propriedade ao banco.

Essas grandes empresas querem o controle total dos insumos. Agricultura moderna é isso. E nem o agricultor, nem o consumidor têm como se defender. Temos que olhar o panorama completo, em vez de simplesmente bater palmas para a globalização, achar que isso é bom.

O agricultor e o consumidor não têm mais escolha. Esta se estruturando um governo mundial tecnoditatorial, que não precisa fazer repressão. Não precisa soldados. Não precisa proibir. Através de infra-estrutura tecnoburocrática legalizada, cada vez mais abrangente, criam-se contingências tecnológica inescapáveis.

Revista - Como está a formação dos profissionais das ciências agrárias?

Lutzenberger - Eles aprendem pacotes tecnológicos prontos. Em geral, eles não aprendem a pensar e não têm horizonte científico amplo. Aqui vai meu apelo aos jovens profissionais: ampliem seu horizonte intelectual em ciências naturais, tecnologia e filosofia.

Isso não significa trabalho árduo, ao contrário, as ciências naturais são a maior aventura do espírito humano. Não tem prazer maior que o prazer de desvendar os mistérios da natureza. A verdadeira revolução, a verdadeira contestação é ampliar o horizonte científico, técnico e filosófico. Só quem tem esse horizonte tem condições de se dar conta do que está acontecendo.

"O que realmente houve na agricultura dita moderna foi uma desapropriação do camponês. (...) Agora, o agricultor moderno é um tratorista, nada mais, um espalhador de veneno."

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Masanobu Fukuoka. Da "agricultura natural" ao "reverdecer"

por Toni Marin


Sessenta anos junto à natureza lhe deram o saber para entender quem somos, o que devemos ser e o que temos que fazer no futuro para ser. A alma deste homem humilde (vive com sua aposentadoria), honesto, comprometido até às entranhas, camponês, poeta, filósofo, intelectual, ilumina as mentes e os corações de milhares de pessoas pelo mundo. É um revolucionário, um grande sábio.

Com seus livros e suas palavras nos faz pensar sobre nossa maneira de viver e nos indica o caminho e como chegar nele. Seu método revolucionário de agricultura natural, seu invento das "nendo dango" (bolinhas de argila em japonês) para converter desertos em bosques, seus livros, tudo o que diz e sua filosofia de vida o convertem sem dúvida em um personagem excepcional.

Sua filosofia de vida, faz-lhe feliz?

Se não tivesse me conectado à minha filosofia, há anos que estaria morto. Só existe uma coisa: que todo é um. Também descobri que não há nada que exista neste mundo, esta é a idéia que tenho perseguido. Tenho tentado entrar cada vez mais nos detalhes do mais profundo do NADA. A única grande idéia que tive aos 25 anos é que tudo é o mesmo.

Em geral seu pensamento está conectado com o NADA, “MU”, FAZER NADA. De acordo com este pensamento, até a educação é inútil. O conhecimento em si mesmo é algo que separa as coisas. Fukuoca diz "se utilizas este pensamento para separar o vermelho do negro, aprendeste a separar o vermelho do negro, mas nada sobre o vermelho ou o negro".

Como se explica que uma pessoa de sua idade tenha tal vitalidade?
Todo o secreto é que não me preocupo em absoluto com minha saúde. Talvez seja o fato de que há 60 anos decidi fazer-me de louco e fazer loucuras.

Crê que sua filosofia é transcendente?
(Sorri) Demasiado simbólico. Não sinto que seja assim. Sou um homem muito simples, muito normal. Meu grande privilégio foi ter descoberto que sou louco. Por isso não me sinto ofendido quando alguém diz algo estranho sobre mim, como tampouco me sinto maravilhado quando me elogiam. Penso que não tenho talento para fazer uma ONG. Por outro lado nunca vi uma organização funcionando bem, necessitam dinheiro e infra-estrutura para funcionar. Para reverdecer só são necessárias sementes e argila.

O que lhe pareceu a paisagem do Mediterrâneo desde a Grécia, Itália e Espanha (com a ilha de Mallorca)?
Também comparando com as paisagens africanas estas aqui são desertos rochosos, que serão muito difíceis de reverdecer. Às verduras, parece-me que lhes falta o sabor delicado. Creio que este sabor delicado que lhes falta é como se a natureza fosse muito simples e os nutrientes também. Parece que isso se passa com toda a natureza. À natureza falta-lhe vitalidade e esta deficiência se transmite aos alimentos e através deles, às pessoas. Não vejo variedades nos campos.


Que lhe parece esta paisagem tomada de oliveiras?
Parece ser a árvore que mais agüenta este clima. Uma árvore ideal para o deserto. E aqui é um deserto. Podes pensar que isso (o que vemos aquí) é a natureza tal qual. Numa área de uns 10 mts. só há cinco tipos de frutíferas diferentes. Com 30 tipos de frutíferas e que cada uma delas tenha 5 a 6 variedades poderíamos ter 150 tipos de fruta. Fazem 2.000 anos que se cortaram as árvores da floresta para se construir barcos. Começou a erosão e o avanço do deserto. Venho o deserto da Espanha para esta ilha (Mallorca). A agricultura moderna e a erosão são as causas para que este processo continue. Desapareceram a cultura e o uso dos bosques. A fome do mundo, a violência social e étnica. Estas coisas ocorrem porque se acelerou a destruição da natureza, se se perder mais uns 3% mais dela, o mundo se destruirá. Abri este livro (tem nas mãos um livro sobre a Mallorca e o mediterrâneo), demonstrando que é assim que o mundo pode chegar a ser. Sacrificar la natureza para o desenvolvimento de uma civilização. A civilização e a cultura vão em declínio e terminaremos neste deserto de pedra e terra. Este local deveria ser um bosque com árvores de 100 mts. Agora só nos resta a água armazenada nas pedras e esta é nossa última oportunidade.

Como solucionar a questão da fome?
O erro básico é quando o ser humano pensa que é ele que produz a comida. Por isso utiliza produtos químicos. As coisas que se faz para controlar a água, barragens, diques, é um erro. Parar o fluxo do rio, suja a água. A água ao fluir com as pedras é muito melhor, a água se purifica. O ser humano pensa que o problema se soluciona fazendo barragens, mas não faz nada para solucionar a falta de água. A água é produzida pela quantidade de folhas que há no solo. Este local está deserto não por falta d’água, mas sim pela falta de vegetação. Na Espanha, no Egito, na Líbia, tiram a água do fundo da terra, agravando o problema, ao tentarem puxá-la do fundo da terra. Destruindo liquens e folhas, pioramos a possibilidade de obter água. Tiramos a água do mar para produzir riqueza. Com este método cremos que estamos controlando a água. O trabalho que esse processo inclui realmente destrói a natureza. O homem queima madeira, carvão, urânio, crê que está criando mais e mais energia, mas está fazendo o contrário. A energia não serve para nada.



O que pensa das sementes híbridas?
Não. Não utilizo híbridos. Venho tentando explicar isso há uns 40 anos. Os japoneses não entendem porque só compreendem uma parte do problema, não sua totalidade. Quando falo do todo se converte em grande. Quando falo de algo concreto se torna pequeno. 60 anos buscando uma boa solução, um bom método, não encontrei. Tornei-me um pouco pessimista, agora tento explicar meus pensamentos com poemas. Si semeias sementes e lhe acrescentas fertilizante de um certo ponto de vista pode estar bem. Mas visto incluindo todas as partes pode o fertilizante ser um erro. Pode-se dizer que hoje em dia na raça humana para aqueles que crêem piamente na ciência que esta se converteu em uma religião. Faz 60 anos que cheguei ao conceito do “não fazer”. A única palavra em minha cabeça tem sido “UM”. Todas as coisas que tem valor realmente não existem. O conhecimento humano não tem nenhum valor, não tem valor a separação das cores, de algo que existe, que não existe.



Como imagina um livro para crianças?
A única esperança para esta situação são as crianças e talvez sejam os únicos sobreviventes. O problema está nos professores, pois eles podem criar mal-entendidos às crianças. Em uma palestra com estudantes na Univ. de Kioto, uma fala de duas horas, converteu-se em uma de 8 h. O tema principal da conversação foi que cremos que o professor de escola média é menos do que um de universidade. Este é um equívoco e me tomou 20 h. para explicá-lo e porque os seres humanos são muito mais estúpidos que os cães. O ser humano crê que tem a habilidade de saber conhecer, e isso não é certo. O ser humano tem dois olhos, os cães também, nós estamos pensando que vemos as mesmas coisas. Os cães e os gatos vêem uma coisa através dos olhos, e não fazem discriminação se é boa ou má, homem-mulher. Os gatos não vêem, é próprio dos humanos. O ser humano crê que conseguiu capturar a cor azul. O ser humano olha a montanha, o vale e vê cada um de uma maneira separada. Pensa que conhece a cada um separadamente. Os gatos e os cães vêem estes elementos, mas não separados. O ser humano dividiu a natureza em 4 partes, os cães as vêem como uma unidade. O ser humano crê que conhece a natureza, no entanto a única coisa que fez, foi dividi-la. O homem a fragmentou em 4 partes, pensando que realmente a conhece, mas não é verdade. Os cães e gatos conhecem-na verdadeira, os homens a dividem em partes. É como se tivéssemos um vaso e o rompemos em 4 pedaços. O ser humano observa um dos pedaços e pensa que é a totalidade, além do mais pensando que é mais inteligente que os cães e gatos que vêem a totalidade. Crê que conhece um ponto, uma linha, entretanto na realidade não conhece nem o ponto nem a linha. De acordo com as palavras de Sócrates: só sei que nada sei. Os seres humanos nem se quer conhecem-se a si mesmos. O único que sabemos é que o ser humano é diferente dos cães e dos gatos, e tendem a pensar que conhecem tudo.



Qual crê que é a razão de que só estudamos o pontual?
O problema se resolve admirando a totalidade. A razão do problema é que utilizamos o conhecimento científico e este é o verdadeiro problema.

Como podemos deixar de ver as coisas deste ponto de vista científico?
Quando o homem se afasta da natureza não pode sentir o coração da natureza. Quando pensamos em cobrar da natureza de forma científica isso é impossível. A razão porque a temos destruído é porque o que fazemos à ela, estaremos fazendo em nosso próprio benefício.

O que pensa dos cientistas?
Só pensam em fazer dinheiro. Utilizando o fundo de uma mina a 3.000 mts. Os cientistas do Instituto Fukuba estão pesquisando a antimatéria e estudos sobre supercondutores. Em uma piscina aceleram as partículas e observam como se comportam.
Aonde nos levarão estes experimentos? Porque buscamos coisas que já sabemos que existem? Porque buscamos coisas que já sabemos que não existem? Estes estudos podem ter algum valor?
Não se pode chamar progresso aquilo que não sabemos como pode acabar. Poderia chegar a resultados de uma força superior à bomba atômica. Se formos capazes de findar com estes experimentos, haveria dinheiro para salvar a África duas ou três vezes. A investigação da antimatéria pode se converter em a coisa mais perigosa que jamais existiu. É tão perigoso porque é somente algo antinatural. Hoje em dia podem ser geradas ratas maiores do que gatos. Imagina-se u ratão perseguindo um gato.

Isto é algo precioso ou monstruoso?
Esse momento está se aproximando. A montanha no rio e as ervas na árvore estão destroçadas. Aqui não existe Deus nem Buda. O humanos estão fragmentando a natureza em minúsculos pedaços.


Quando tempo ainda para a queda do ser humano se isso não se reverte?
No Japão a TV recorreu a cientistas de todo o mundo para discutir este tema e o que se disse é que nos restam 10 anos de vida. Eu avalio em uns 25-30 anos de vida. As coisas chegaram a um limiar. Em todas as questões que envolvem a natureza estamos em um ponto crítico. Penso que se perdermos mais uns 3% da vegetação a humanidade estará em perigo. Se perdermos estes 3%, perderemos a alegria da vida.




Por que perderemos a alegria da vida?
No Japão quando floresce a cerejeira a gente vai ao campo alegre, para ver sua flor, se senta embaixo das árvores e fazem festa. Estão felizes. Bebendo sakê admirando as flores. Quando as plantas florescem, produzem uma oxigenação isso produz ar puro. Se há muito ar puro estamos contentes e bebemos sakê. Se perdermos os 3% da natureza é igual a perder ar puro y perderemos o sentimento de bailar e beber sakê, e as pessoas se esfriarão. Creio que a melhor maneira de recuperar é atirar as bolinhas de argila. Estou dizendo para jogar fora os livros e deixar de pensar. Podes anotar o que quiseres desta entrevista, mas o último parágrafo deves colocar “esta entrevista não serve para nada”. Temos que semear as bolinhas de argila com rapidez porque não tem mais tempo. Depende de cada um de vocês para que isto seja um ponto de partida para o reflorestamento de todo o planeta ou nos restará somente reverdecer somente esta ilha. Não devemos deixar que esta ilha se converta no último paraíso. Aqui deve haver um paraíso para demonstrar para o resto do mundo com um reflorestamento de verdade.



O “nendo dango” é um experimento?
Não posso dizer que seja um invento, é uma imitação da natureza. Quando jogamos nendo dango , semeamos como Deus. Quando fazemos nendo dango temos que nos sentir que somos Deuses. Quando se faz os nendo dango estamos colocando alma na bolinha de argila. Que tipo de sementes devemos semear e quais não? Já não se trata de introduzir ou não espécies não autóctones, trata-se de “sobrevivência”. Tenho um plano de fazer uma olimpíada verde de repovoamento florestal para o Mediterrâneo. A Espanha, sobretudo, padece de um grave caso de desertificação.

Como podemos chegar à consciência das pessoas ante o problema de que a natureza está morrendo?
Vocês terão que inventar as palavras. Eu sou capaz de transmitir este pensamento em poucas palavras. Aqui nesta região da Europa há pouca água, portanto há que dançar e tocar o tambor para atrair a água.

Qual é o seu último projeto? O que está fazendo ultimamente?
Na Grécia com um grupo, estamos levando a cabo um projeto de reverdecer uma extensa área de 10 mil hectares desértica com a ajuda de 500 voluntários e espalhando por todo o espaço bolinhas de argila. Utilizaram 70 toneladas de argila e 12 toneladas de sementes, 5 toneladas de algodão e três toneladas de jornais. Todo mundo colaborou, daí não precisar de dinheiro nem organização. Eu dizia aos jovens: vocês têm que semear bolinhas com alma para que cresçam melhor. Quando semeias “nendo dango”, és como Deus.

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, dezembro de 2005.
fonte: http://www.nossofuturoroubado.com.br/old/12te%20fuku.htm

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um terço dos alimentos é desperdiçado




O congresso internacional “Save Food” (Economize Comida), realizado nesta semana em Düsserdorf, Alemanha, começou com uma péssima notícia: pelo menos um terço de todos os alimentos produzidos no mundo para consumo humano é desperdiçado. Ou seja: joga-se no lixo ou se perde pelo caminho quantidade de comida que poderia erradicar completamente a fome no planeta, drama que atinge atualmente mais de 900 milhões de pessoas.



O dado impressionante consta no relatório divulgado parcialmente na semana passada e apresentado integralmente no congresso pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O desperdício ocorre de forma diferenciada nos países ricos e nos pobres. Nos ricos, parte dos alimentos vai para o lixo antes do vencimento da data de validade, enquanto nos pobres o desperdício ocorre nas fases de produção, colheita e processamento.


Na América Latina, o maior índice de desperdício se dá na produção de frutas e vegetais. Segundo a FAO, mais de 40% das frutas e vegetais produzidos são desperdiçados durante o processo de produção, pós-colheita e embalagem.

De acordo com o estudo, denominado “Global Food Losses and Food Waste” (Perdas e Desperdício de Alimentos no Mundo) e elaborado entre agosto de 2010 e janeiro deste ano pelo

instituto sueco de alimentos e biotecnologia (SIK), 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano. A quantidade equivale a mais da metade de toda a colheita de grãos no mundo. Representa, para uma comparação local, oito vezes toda a produção brasileira de grãos em um ano, lembrando que o país deve colher em 2011 safra recorde de 160 milhões de toneladas. Imaginem oito “brasis” produzindo alimentos para descarte total.

O estudo afirma ainda que o mundo emergente e os países desenvolvidos desperdiçam aproximadamente a mesma quantidade de alimentos: 670 milhões de toneladas por ano nos países ricos e 630 milhões nas nações em desenvolvimento.



Diferenças - O relatório da FAO revela ainda que nos países ricos muitos alimentos vão para o lixo antes mesmo de expirar a data de validade. Seriam, portanto, ainda aproveitáveis As médias de desperdício per capita também são muito maiores em países industrializados. Na Europa e América do Norte, cada pessoa desperdiça entre 95 a 115 quilos de alimentos por ano. Na África Subsaariana, a média per capita é de 6 a 11 quilos. No Brasil, segundo a Embrapa, uma família de classe média joga fora o equivalente a 182,5 quilos de alimentos por ano.

As frutas e hortaliças, assim como as raízes e tubérculos, são os alimentos com a maior taxa de esbanjamento, e a quantidade de mantimentos que se perde ou desperdiça a cada ano equivale a mais da metade da colheita mundial de cereais (2,3 bilhões de toneladas em 2009-2010). “A produção total de alimentos ‘’per capita’’ para o consumo humano se situa em cerca de 900 quilos anuais nos países ricos, praticamente o dobro dos 460 quilos produzidos nas regiões mais pobres”, afirma relatório da FAO.

O estudo das Nações Unidas destaca o impacto negativo do desperdício no meio ambiente. “Isso invariavelmente significa que grande parte dos recursos empregados na produção de alimentos é usada em vão, e que os gases que provocam o efeito estufa causados pela produção de alimentos que são perdidos ou desperdiçados também são emissões em vão”, afirma o documento apresentado no congresso da Alemanha.

O levantamento da FAO informa ainda que no mundo emergente o problema maior é a falta de estrutura produtiva. Já nos países ricos, o principal fator é o comportamento dos consumidores. A quantidade total de alimentos desperdiçados nos países industrializados apenas pelos consumidores (222 milhões de toneladas) é quase equivalente ao volume de alimentos produzidos em toda a África Subsaariana (230 milhões de toneladas).



Reduzir perdas - “Reduzir as perdas pode significar um impacto imediato e significativo nos meios de subsistência e na segurança alimentar”, indica o documento da FAO. Especialistas oferecem diversas propostas para reduzir perdas e desperdício. Segundo o estudo, são desperdiçadas grandes quantidades de alimentos devido às normas de qualidade que dão excessiva importância à aparência. “As pesquisas indicam que os consumidores estão dispostos a comprar produtos que não cumpram as exigências de aparência caso não sejam nocivos e tenham um bom sabor”, indica a agência das Nações Unidas. O relatório também recomenda aos países a adoção de projetos de educação das crianças nas escolas e apoia iniciativas políticas para mudar a atitude dos consumidores.



Brasil joga fora toneladas de comida

O volume de alimentos desperdiçados no Brasil pode variar de acordo com a fonte, mas em nenhum dos casos ele deixa de ser gigantesco. A Associação Prato Cheio calcula que cerca de 30% dos alimentos produzidos no Brasil vão parar no lixo - sem qualquer chance de aproveitamento. Pesquisa de ONG que combate a fome e o desperdício de comida apontou as principais causas desse desperdício: problemas no manuseio de frutas, verduras e legumes durante a colheita e o transporte. No centro da discussão está a falta de treinamento da mão-de-obra.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o Brasil desperdiça, por ano, comida que poderia alimentar 62 milhões de pessoas. Mais de 60% do que é plantado se perdem entre colheita, transporte, processamento e hábitos alimentares. Mas esses números referem-se a 2008. Presume-se que tenham crescido. O que não mudou muito é a divisão por fases: do total de desperdício no país, 10% ocorrem durante a colheita; 50% no manuseio e transporte dos alimentos; 30% nas centrais de abastecimento; e 10% diluídos entre supermercados e consumidores.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) informa que só no transporte rodoviário de grãos o prejuízo anual é de pelo menos R$ 2,7 bilhões. Os produtores e distribuidores não são os únicos culpados. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que família de classe média joga no lixo, por ano, 182,5 quilos de alimentos próprios para o consumo.

Conforme Embrapa, são desperdiçados por ano no Brasil só nas centrais de abastecimento nacionais 26 milhões de toneladas de alimentos, volume suficiente para abastecer 35 milhões de brasileiros, mais do que o dobro dos 14 milhões que, segundo o IBGE, estão em situação de fome crônica no país.

Um outro importante palco de desperdício é formado por restaurantes, lancherias e outros estabelecimentos do gênero. Não há estudos conclusivos que determinem o volume, mas estima-se que a perda no setor de refeições coletivas atinja 15%. Já nas casas, o índice sobe para 20%. No caso dos restaurantes há um atenuante para os donos: por lei, eles não podem doar sobras.

FONTE; CORREIO RIOGRANDENSE
Edição 5.244 – Ano 103 – Caxias do Sul - RS, 18 de maio de 2011.  

quarta-feira, 18 de maio de 2011

BIOFERTILIZANTE ANAERÓBIO - Adapta Sertão

Manual de Capacitação

BIOFERTILIZANTE ANAERÓBIO


É um produto agrícola de baixo custo e rápido preparo (20 a 40 dias), saudável para o produtor e consumidor e não agressivo ao meio ambiente. É produzido a partir da mistura de estercos, enriquecido ou não com uso de cinzas e fosfatos, em meio aquoso sem a presença de oxigênio. O próprio nome diz, bio-(vida) fertilizante, ou seja, é um adubo vivo, pois é constituído de microorganismos vivos.

Como é feito o biofertilizante?
Ele é feito a partir do processo de fermentação sem a presença de ar.


Para que serve o biofertilizante?

O biofertilizante serve para nutrir e proteger as plantas que estão sendo cultivadas além de melhorar a terra pois faz com que aumente a retenção de água e a facilidade de infiltração. O biofertilizante se aplica nas folhas da planta e vem absorvido pela mesma, enriquecendo-a com elementos que são necessários para garantir o bom funcionamento do seu metabolismo.


Por que fazer o biofertilizante?

1. Porque muitos nutrientes são liberados e transformados para que a planta absorva mais facilmente;

2. Porque ele aumenta a quantidade de microorganismos benéficos presentes no solo, reduzindo a possibilidade do aparecimento de doenças;

3. Porque no processo de produção, ele produz gás que pode ser aproveitado em processos de combustão na fazenda.

O que é preciso para fazer biofertilizante? (receita para fazer 180 litros)

1 tambor plástico de 200 litros com tampa de boca larga hermeticamente fechada

(O processo é anaeróbico e não pode entrar ar no tambor)

1 mangueira plástica ½” de 3 metros

1 vasilha 2 litros

50 kg de esterco bovino fresco

15 kg de farinha de ossos

5 kg de cinza de madeira

4 kg melaço de cana ou de rapadura ou açúcar mascavo

100-120 litros de água (sem ser clorada)

100 ml de EM1 puro a ser ativado com o melaço ou rapadura
 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

AGROHOMEOPATIA



A agrohomeopatia pode ser definida como a aplicação da ciência homeopática na agricultura. Homeopatia é uma palavra de origem grega que quer dizer “doença semelhante” (homoios = semelhante, e pathos = sofrimento, doença). É uma ciência que pode ser aplicada a todos os seres vivos, sejam seres humanos, animais domésticos ou silvestres, vegetais ou microorganismos. Desde que exista energia ou força vital, ou seja, capacidade do organismo em reagir, os medicamentos homeopáticos interferem em sua saúde, restabelecendo-a.

O médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemamm é considerado o pai da homeopatia (figura 1). Dr. Hahnemamm viveu entre os anos de 1755 e 1843. Em 1790 ao traduzir a “Matéria Médica”, do médico escocês Dr. Willian Culen, ficou fascinado com o capítulo sobre o capítulo da quina para o tratamento da malária. Lembrou-se do aforismo de Hipócrates (460 - 350 a.C) “semelhante cura semelhante” e iniciou as experimentações em si.

A homeopatia baseia-se em quatro pilares fundamentais: semelhante cura semelhante, experiência no organismo são, doses mínimas e medicamento único.Pelo princípio da similitude (similia similibus curentur): a substância que em indivíduos sãos é capaz de provocar determinados sintomas é também capaz de curar estes sintomas em indivíduos que os estejam apresentando.

A experimentação no organismo sadio (experientia in homine, plantarum sano) é o segundo pilar da doutrina homeopática: os ensaios patogênicos são desenvolvidos em indivíduos sadios. As doses mínimas (dose minima) praticamente começam a partir da concentração do medicamento, em que sua ação farmacodinâmica se converte em ação terapêutica, não sendo necessariamente imponderáveis. A utilização de doses mínimas é uma forma de diminuir a toxicidade de substâncias em doses ponderais. Através da diluição e sucussão vigorosa é possível conseguir efeitos iguais ou superiores ao obtidos com doses massivas. É por isso que a homeopatia permite utilizar os princípios curativos de substâncias muito venenosas, sem causar mal aopaciente. O método de preparação dos medicamentos através da diluição e sucussão (agitação mecânica vertical) é denominado de dinamização.

A prescrição de apenas um medicamento por vez (unitas remedit) é o que seguem os homeopatas unicistas, que se fundamentam no fato das experimentações homeopáticas em indivíduos sadios serem realizadas com substâncias únicas. A homeopatia é uma ciência que individualiza o paciente, promovendo a integração entre seus sintomas físicos e suas características mentais. No entanto ao se aplicar a populações extensas a Homeopatia pode ser integrada com segurança de sua eficácia, pois estaremos utilizando uma técnica desenvolvida pelo próprio mentor da Homeopatia: o denominado Genius epidemicus. Explicar e exemplificar esta técnica é simples: todos os indivíduos que compõe o grupo são considerados como um único ser. Os sintomas são considerados a partir da estatística de importância, selecionados homeopaticamente. Os sintomas são considerados a partir do grupo e não de indivíduos isolados. Desta forma o medicamento indicado é fornecido a todo o grupo. É dessa maneira que o agrônomo homeopata trata uma plantação.

O Organon da Arte de Curar, em sua 6ª edição, dispõe de forma sistemática (em parágrafos §) os conhecimentos básicos, representativos da fundamentação dos conceitos da Homeopatia (Hanhemann, 2001). No §4 Hahnenann escreveu: “Deve-se afastar do paciente os fatores que provocam e sustentam a doença.” Entende-se, desse modo, que para a efetividade para cura do sistema produtivo agrícola é necessário praticar uma agricultura que não favoreça o adoecimento das plantas, do solo e do meio ambiente. No entanto, a intensa utilização de produtos químicos (adubos solúveis e agrotóxicos) na produção de alimentos afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas. Dessa maneira, percebemos a importância do sistema orgânico de cultivo, no qual são respeitadas e valorizadas as condições de meio-ambiente onde os vegetais se desenvolvem, bem como no qual se busca uma nutrição adequada e balanceada para as plantas. A agricultura orgânica exclui o uso de fertilizantes solúveis ou agrotóxicos. Ela tem como base de seu trabalho a preservação dos recursos naturais, com ênfase no solo como base do processo produtivo!

A agrohomeopatia, enquanto tecnologia altamente viável ao sistema produtivo, vem sendo empregada principalmente pelos produtores orgânicos, nas mais diversas escolas de agricultura alternativa: orgânica, ecológica, biodinâmica, natural, sustentável, regenerativa, biológica, agroecológica, bem como a permacultura. A agricultura vitalista é proposta como outra concepção de sistema produtivo, embora apresente semelhanças em vários aspectos com os diferentes modelos de agricultura citados acima.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos – A teoria da Trofobiose

Este livro traz a comprovação científica que faltava a respeito dos malefícios dos agrotóxicos e fertilizantes químicos solúveis à agricultura. O autor expõe com clareza e linguagem acessível a problemática do controle de pragas e doenças através de venenos. Fartamente documentado com pesquisas, mostra como os agrotóxicos e fertilizantes químicos solúveis predispõem e desencadeiam desequilíbrios, favorecendo as pragas e provocando o surgimento de novas doenças e viroses. O ponto culminante da obra é a formulação da teoria da trofobiose: a saúde das plantas está intimamente ligada à saúde de seu habitat, e este lhe permite uma alimentação equilibrada, fonte de resistência aos fatores adversos, não permitindo a instalação de pragas, desenvolvimento de doenças e manifestação de viroses.




Francis Chaboussou

Editora Expressão Popular

Número de Páginas: 320 páginas

ISBN: 85-87394-93-2



Resenha:

Francis Chaboussou, ao enunciar a teoria da trofobiose, lançou um dos pilares da agroecologia. Ao longo desta obra, o leitor encontrará uma sólida argumentação científica, demonstrando que os parasitas não atacam as plantas cujos sistemas nutricionais estejam equilibrados; em contrapartida, são os fertilizantes solúveis e os agrotóxicos que os atraem, gerando, assim, um ciclo de dependência. As pragas e doenças vegetais hoje chegam à casa do milhar, com o uso crescente desses agrotóxicos e fertilizantes. Resultantes desse processo está o fracasso da “revolução verde” e do “agronegócio”, com suas lamentáveis e sombrias conseqüências para o planeta. O equilíbrio da composição mineral do solo é condição sine qua non para a sua fertilidade; o problema está em como alcançar esse equilíbrio. Nesta obra pioneira, Chaboussou, mostra como o equilíbrio biocenótico da fertilidade do solo propicia a produção de alimentos limpos, sem uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos. Aí está, para os cientistas e para os agricultores pesquisadores, a base de uma tecnologia da vida - a agroecologia -pela qual se propõe alcançar
 a maravilhosa harmonia da natureza com a própria consciência humana, por um modelo de produção capaz de alimentar a humanidade, sem dilapidação dos recursos não renováveis. * A tradução literal do título deste livro em francês é As plantas doentes pelos pesticidas (Les plantes malades des pestícides). Entretanto, no Brasil, a partir da década de 1970, os pesticidas agrícolas passaram a ser chamados de agrotóxicos, denominação, sem dúvida, mais apropriada e usada na tradução original, posição seguida nesta revisão. (N. do R.) Sobre o autor e as correntes da agricultura orgânica e sustentável O biologista e agrônomo francês Francis Chaboussou, é pesquisador e ex-diretor do INRA (Institute National de la Recherche Agronomique). Em 1969, defendeu a sua tese de mestrado em Paris, sobre a “Teoria da Trofobiose”, desenvolvida ao longo deste livro, e que pode ser sintetizada pela afirmação do autor: “desequilíbrios nutricionais conduzem as pragas e doenças às plantas e animais”. Sua teoria da trofobiose influenciou o trabalho de Claude Aubert, um dos grandes difusores da agricultura biológica (Hans Peter Muller - Suíça). Surgindo quase simultaneamente a agricultura biodinâmica (Rudolf Steiner -1924 -Europa), a agricultura orgânica, ( Albert Haward -1925/ Jeome Irving Rodale - 1940 - EUA) e a agricultura natural (Mokiti Okada - 1935 - Japão), compõe junto com estas, as primeiras correntes alternativas ao modelo convencional de agricultura, contrapondo-se à introdução da prática de adubação química (Justus Von Liebig - Alemanha), que se tornou predominante na época. A partir dos anos 80, o conjunto das práticas agrícolas dessas modernas correntes alternativas passou a ser designado como agroecologia. E nos anos 90, esse conceito é ampliado, e logo se difunde como agricultura sustentável. Conforme recente estudo**, as várias correntes que hoje integram o que se entende por agricultura orgânica (biodinâmica, biológica, natural, permacultura, ecológica, agroecológica, regenerativa e em alguns casos, a agricultura sustentável), têm em comum a busca de um sistema de produção sustentável no tempo e no espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos à saúde humana e ao meio ambiente, mantendo o incremento da fertilidade e a vida dos solos, a diversidade biológica e respeitando a integridade cultural dos agricultores. ** DALROT, Moacir Roberto. As Principais Correntes do Movimento Orgânico e suas particularidades. http://www.planetaorganico.com.br/trabdurolt.htm Dalrot é doutor em meio ambiente, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).

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