quarta-feira, 1 de setembro de 2021

O “Projeto Produtor de Água”

 

Plantio de árvores nativas no DF faz água brotar do solo

Projeto incentiva produtores rurais a reflorestar áreas e criar cobertura vegetal que aumenta a infiltração da água na terra

  • BRASÍLIA Lucas Nanini, do R7, em Brasília

RESUMINDO A NOTÍCIA

  • Projeto possibilita produção de água a partir de reflorestamento
  • Programa é parceria de 17 entidades e agricultores da bacia do Ribeirão Pipiripau
  • Criação de cobertura vegetal permite melhor infiltração de água e cria reservatório subterrâneo
  • DF está com reservatórios de água em níveis acima da média e não há risco de racionamento

Enquanto o Brasil atravessa uma das piores crises hídricas de sua história, o Distrito Federal segue no contrafluxo e está com seus reservatórios em níveis acima da média. Com o volume de chuvas dentro da normalidade e o abastecimento à população sem grandes riscos, a capital também realiza programas para melhorar ainda mais a gestão do recurso natural, como o projeto que possibilita a agricultores reflorestar áreas e fazer a água brotar do solo, literalmente.

O “Projeto Produtor de Água” foi elaborado para reduzir erosão e assoreamento de mananciais em áreas rurais com a finalidade de melhorar a qualidade da água. O programa é realizado junto a agricultores voluntários na região da bacia hidrográfica do Ribeirão Pipiripau, na região de Planaltina.

Os produtores contribuem fazendo o plantio de vegetação nativa para melhorar as condições de infiltração da água da chuva no solo, criando uma espécie de “caixa d’água subterrânea”. Com isso, surgem mais nascentes e há maior produção de água para utilização na atividade agrícola e para o consumo da população.

Mudas que serão plantadas para aumentar a produção de água na Bacia do Pipiripau, em Planaltina
Mudas que serão plantadas para aumentar a produção de água na Bacia do Pipiripau, em Planaltina
REPRODUÇÃO

"Tendo uma boa cobertura vegetal, seja de palha, de árvore ou outras plantações, a copa das árvores amortece a velocidade da água da chuva. Com isso, essa água desce mansamente pelos troncos e folhas das árvores e tem condições de infiltrar no solo. Quando há um excesso no lençol freático, ela brota", afirma o engenheiro-agrônomo e produtor rural Sumar Magalhães Ganem, do Núcleo Rural Taquara.

Ganem é um dos produtores voluntários que participam do projeto. Ao todo, 187 propriedades rurais já receberam R$ 2,4 milhões para ações de conservação ambiental apenas de recursos vindos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater), durante os dez anos de programa no DF.

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Outro produtor participante é Rodinaldo Xavier Pereira, dono de uma propriedade de 18 hectares, sendo 10 ha para cultivo de grãos, 4 ha para produção de frutas e 4 ha em área de preservação ambiental. Foram plantadas 15 mil mudas apenas nas terras dele.

Lago formado a partir de produção de água em propriedade rural do Pipiripau, no DF
Lago formado a partir de produção de água em propriedade rural do Pipiripau, no DF
REPRODUÇÃO

“É perceptível que há mais água, novas nascentes, animais que não se via e que hoje se vê. Tudo se deve a esse reflorestamento. É difícil dizer, mas uns 30% de volume de água e de mais nascentes com certeza aumentou”, afirma Pereira.

A água produzida no local é destinada quase toda para a natureza, segundo Pereira. Ele declara que não utiliza nem 1% do que é gerado em sua propriedade.

“Todo ele é para a natureza, vai abastecer até cidades mesmo. Forma um volume que vai abastecer Planaltina e Sobradinho, e ainda sobra água.”

Mudas serão utilizadas para aumentar a produção de água na bacia do Pipiripau
Mudas serão utilizadas para aumentar a produção de água na bacia do Pipiripau
PROJETO PRODUTOR DE ÁGUA NO PIPIRIPAU/DIVULGAÇÃO

O projeto

O programa está em operação desde 2001 e foi adotado no DF em 2011. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a iniciativa já possibilitou o plantio de 400 mil mudas e outros 48 hectares de vegetação por semeadura direta durante o período.

Como cada propriedade tem uma característica diferente e as técnicas utilizadas também variam de acordo com a localidade, a agência informa não ser possível quantificar a produção hídrica a partir do programa.

Tanques cheios

Os dois principais reservatórios de água para abastecimento da população do Distrito Federal têm registrado níveis acima da média neste ano. O DF passou por uma crise hídrica em 2017, mas desde então não teve mais problemas nessa área.

Quadros no site da Adasa com informações sobre os níveis de água nos dois principais reservatórios do DF
Quadros no site da Adasa com informações sobre os níveis de água nos dois principais reservatórios do DF
REPRODUÇÃO

O volume útil do reservatório do Descoberto estava em 91,1% em 20 de agosto último. O índice é 7% maior do que o valor de referência para este período, de acordo com a Adasa.

A última vez que o índice esteve abaixo de 70% foi em 4 de janeiro de 2020, quando o percentual chegou a 69,5%. Em novembro de 2017, no auge da crise hídrica na capital, o nível chegou a 5,3%.

O reservatório de Santa Maria estava com 91,6% de volume útil em 20 de agosto. Em novembro de 2019, o percentual chegou a 21,8, nível mais baixo dos últimos cinco anos. Segundo a Adasa, o valor atual é 8% acima do valor de referência.

Barragem do Descoberto, reservatório de água que abastece a população do DF
Barragem do Descoberto, reservatório de água que abastece a população do DF
ADASA/DIVULGAÇÃO

Gestão de recursos hídricos

O volume de chuvas registrado no DF está dentro do normal em 2021, em relação à média histórica anual, segundo o superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, Gustavo Carneiro. No ano hídrico que se encerra no fim de agosto, as 20 estações de monitoramento da agência registraram um total de 1,3 mil milímetros cúbicos de chuva acumulada.

“Há dez anos, ter um volume de 1,5 mil metros cúbicos de chuva era razoável para atender as demandas da população do DF. Hoje, conseguimos atender a essa demanda com um volume menor de chuvas porque a gestão da água é melhor”, diz Carneiro.

Lago formado após produção de água em área próxima à bacia do Pipiripau, em Planaltina
Lago formado após produção de água em área próxima à bacia do Pipiripau, em Planaltina
REPRODUÇÃO

O superintendente afirma que o “Projeto Produtor de Águas” é um dos programas que contribuem positivamente para a gestão de recursos hídricos. Com o plantio de vegetação nativa e maior infiltração de água no solo, os agricultores podem utilizar o recurso natural em suas produções e consumir menor quantidade de toda a água do sistema de abastecimento.

“Eles também passam a disponibilizar mais águas para outros produtores, outros proprietários passam a adotar os procedimentos, tudo se torna mais eficiente. O projeto ajuda a integrar ações e a conectar os atores envolvidos. Isso ajuda no intercâmbio de boas práticas”, declara o gestor da Adasa.


Cooperação

O Projeto Produtor de Água é coordenado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa) e conta com a colaboração técnica de mais 16 entidades, entre elas ANA, Emater, Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade de Brasília (UnB).

A iniciativa foi premiada com o segundo lugar no concurso “Water ChangeMaker Awards” (Produtores de Mudanças em Relação à Água), que recebeu 340 projetos de sustentabilidade de 80 países de todo o mundo. O anúncio foi feito durante o Climate Adaptation Summit (CAS2021), evento internacional sobre adaptação às mudanças climáticas, realizado na Holanda.

Com o sucesso do programa, o intuito dos organizadores é ampliá-lo para outras regiões do DF. “Só aqui na Bacia do Pipiripau, onde hoje estamos na faixa de 200 participantes, há uma expectativa de a gente incrementar em mais 100% o número de produtores, já no próximo ano ou, no mais tardar, em um ano e meio”, afirma o produtor Sumar Ganem.

sábado, 28 de agosto de 2021

Curso Ufsm

Curso da UFSM busca criar rede de voluntários para identificar e relatar fenômenos meteorológicos | Rio Grande do Sul | G1 https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2021/08/28/curso-da-ufsm-busca-criar-rede-de-voluntarios-para-identificar-e-relatar-fenomenos-meteorologicos.ghtml

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Carolina, piriquiti ou falso pau brasil - Fabaceae - Adenanthera pavonina L

 fonte http://rubens-plantasdobrasil.blogspot.com/2012/04/adenanthera-pavonina-l.html

Fabaceae - Adenanthera pavonina L.

Flores pediceladas, pentâmeras, antera rimosa com glândula adnata (f. 1)
Inflorescência multiflora (f. 2)
Inflorescência congesta com flores amarelas (f. 3)
Folha bipinada e inflorescência em botões florais (f. 4)
Botões obovoides (f. 5)
Vistante flora uma Apis melifera (f. 6)
Filetes vistosos amarelos (f. 7)
 Legume típico, valvas lineares (f. 8)
 Semente  presa a cápsula (f. 9)
Semente com testa dura lisa, vermelha (f. 10)
Semente obovada, hilo central (f. 11)
Hábito arbóreo  (f. 12) 
Folhas bipinadas (f. 13)
Detalhe do caule com casca rugosa (f. 14)

Leguminosae, Mimosoideae, Mimoseae, Adenanthera L. 13 espécies (Lewis et al. 2005).

Adenanthera pavonina L., Species Plantarum 1: 384. 1753.

Adenanthera palavra de origem grega: Adeno=glândulas, antera= antera: em alusão a presença de uma glândula aderida a antera.

Árvore com 10-15 m alt.; tronco rugoso, ramificado;  copa fechada; ramos jovens glabros, inermes, verdes depois tornando-se rufos. Estípulas não observada. Filotaxia alterna, espiralada. Folhas bipinadas, 3-6 pares de pina, opostos; foliólulos alternos, oblongos ou ovadas, ápice obtuso ou mucronado, margem inteira, base assimétrica, face adaxial e abaxial glabras, membranácea, raque maior que o pecíolo. Inflorescência axilares, racemo, botões ovoídes. Flores pequenas, pedicelada, actinomorfa, monoclina; sépalas 5, amarelas; corola gamopétala, pétalas 5 elípticas, reflexas, amarelas; estames 10, filetes curtos, anteras rimosas com uma glândula adnata a antera; gineceu 1, unicarpelar, unilocular, ovário oblongo, glabro. Fruto legume típico, constrito na região espermática, imaturos verdes e maduro enegrecidos. Sementes obovada, testa lisa, vermelhas, pleurograma circular.

Comentário

Planta muito utilizada na arborização no Brasil, planta subespontânea. Floresce o ano inteiro. 
Suas sementes são utilizadas no artesanato.

Nativa da Jamaica - América Central 

Amplamente utilizada na arborização das cidades Paraíbanas.

Nome popular: Carolina, carolina tento, falso pau brasil, pau brasil (Silva et al. 2014)

Fotos: Rubens Teixeira de Queiroz, Unicamp, Campinas, São Paulo, Brasil.


Referencias

-Lewis, G.; Schrire, B.; Mackinder, B. ; Lock, M. 2005 Legumes of the World. Kew, Royal Botanic Gardens

- Lewis GP (1987) Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p.

-Silva, M.F. de, Souza, L.A. G. de & Carreira, L.M. de M. 2004.  Nomes populares das Leguminosas do Brasil. Manaus. Edua. 

terça-feira, 24 de agosto de 2021

O calcanhar de aquiles da agricultura segue piorando: FertilizantesA


fertilizantes

Foto: Gabriel Souza Martins/Embrapa

 

Fonte; Blog  canal rural

Autor Benedito Rosa

Graduado em administração pela FGV/RJ

Estimativa do mercado é de que o consumo de adubos deverá alcançar 43 milhões de toneladas em 2021. O resultado desse quadro são importações batendo recorde a cada ano, trazendo vulnerabilidade à produção brasileira

23 de agosto de 2021 às 10h54

O crescimento recente no consumo interno de fertilizantes é da ordem de 8,5% ao ano, face a uma produção interna pequena, estagnada e sem perspectiva de aumento expressivo em médio prazo. Por seu turno, a produção de grãos avança para 300 milhões de toneladas, explicando porque somos o terceiro maior consumidor de fertilizantes do mundo. A estimativa do mercado é de que o consumo de fertilizantes deverá alcançar 43 milhões de toneladas em 2021. O resultado desse quadro são importações batendo recorde a cada ano.

Vulnerabilidade alta para a agricultura

Produção interna pequena e estável – o Brasil produziu apenas 6,1 milhões de toneladas em 2020. O item mais decepcionante é o do cloreto de potássio, que mal conseguimos atender 3,5% do consumo.

Poucos fornecedores – apenas uma meia dúzia de países e poucas empresas gigantes abastecem o mundo com exportações volumosas de produto tão essencial para uma centena de países. Portanto, há sempre o risco de interrupções no fluxo, inclusive as provocadas por restrições de ordem geopolítica, como é o atual caso da União Europeia contra a Bielorrússia, que juntamente com a Rússia fornece 2/3 do fosfato monoamônico importado pelo Brasil.

Mercado volátil – grandes volumes podem ser adquiridos por países dependentes provocando queda de oferta e elevação de preços, como foi a situação criada por recente e grande compra realizada pela Índia de cloreto de potássio da China, provocando falta e aumento no seu preço. Outro caso que assustou os brasileiros foi a paralisação nas exportações de glifosato por parte da China (de onde provém quase 100% das nossas importações) com a justificativa apresentada de realização de reformas e manutenção em seus portos.

Produção interna sem perspectiva – além dos custos de produção elevados, inclusive de energia, os brasileiros não conseguem organizar um modelo racional e aceitável pelas partes diretamente envolvidas: indústrias-ambientalistas-indígenas-população municipal, todos sob pressão dos políticos e seus partidos e o sistema judiciário invasivo na área executiva. É patético constatar que jazidas colossais de minerais existem e continuarão deitadas em berço esplêndido enquanto o país segue como o maior importador do mundo, que é obrigado a gastar US$ 9 bilhões por ano para suprir a demanda interna do setor mais dinâmico da economia, que sustenta um quarto do PIB e do emprego e movimenta R$ 1 trilhão.

Dentre as jazidas existentes, destaca-se uma gigantesca localizada no centro-oeste do Pará e do Amazonas, descobertas na década de 70 do século passado. As estimativas iniciais dos geólogos foram de que se trata de jazidas de diversos minerais, com destaque para os sais de potássio (silvita) que se constitui na maior do planeta com suas 3,2 bilhões de toneladas. Se explorada, o Brasil inverteria sua posição, de quase total dependência de importações para grande fornecedor mundial de um produto estratégico para garantir segurança alimentar.

Logística interna ruim e custos altos para os agricultores

A maior parte dos fertilizantes importados entra pelos portos de Santos e Paranaguá, e daí seguem por caminhões até as misturadoras, que, depois para os centros de distribuição e consumo, num roteiro que vai até o Norte do Brasil.

As perspectivas para médio prazo são ruins do ponto de vista de investimentos na área. Os projetos de exploração são complexos, demorados e exigem muita negociação até iniciar a produzir. O lodaçal da burocracia e o jogo de democracia sem limites emperram os investimentos. Os atuais grandes produtores Rússia, China, Bielorrússia e Marrocos conseguiram superar obstáculos e dificuldades. Durante o governo militar foi criada a Petromisa, para atuar no setor e concorrer com as gigantes internacionais. Posteriormente, a empresa foi adquirida pela Vale que, por sua vez, secundarizou a pesquisa e a lavra de minerais que não o ferro. De forma semelhante, a Petrobras também se concentrou no petróleo, abandonando outros minerais. Para piorar, concessões a empresas estrangeiras não avançaram, e ficamos no vazio atual.

Continuamos tampando o sol com a peneira, e não enfrentamos de frente este problema sério e prioritário que torna vulnerável, sujeito a interrupções, a continuidade do trajeto bem-sucedido da agricultura brasileira. Não se trata de opinião, mas de constatação da realidade.

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