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sexta-feira, 19 de maio de 2023

Como fazer adubo com o lixo orgânico que você produz em casa

Casca de fruta, casca de ovos, borra de café, erva mate,resto de verduras e legumes, iogurte… tudo isso pode virar adubo
O nome desse processo é compostagem. Quando você transforma seu lixo em adubo, pode oferecer ao solo um material rico em nutrientes (no caso de uma horta ou mesmo para as plantas do seu jardim) e, principalmente, ajuda a reduzir a quantidade de lixo que vai diariamente para os aterros e lixões do Brasil. Aprenda a fazer a compostagem doméstica e mãos à obra!
PASSO 1 – O recipienteVocê deve ter um recipiente para colocar o material orgânico. Pode ser um pote de sorvete, uma lata de tinta ou um balde. Vale usar a criatividade com o que estiver ao seu alcance. Se der para reaproveitar algum recipiente, melhor ainda. É importante furar o fundo. Você pode fazer isso manualmente, variando o tamanho dos buracos. É por eles que o chorume (líquido eliminado pelo material orgânico em decomposição) vai passar.
Um detalhe importante é que o chorume pode ser reaproveitado, pois, neste caso, é um fertilizante de alto potencial (já que é originado apenas de matéria orgânica). Você pode recolhê-lo e devolver à mistura da sua compostagem ou ainda jogar em plantas, diluído (anote a proporção: 1 copo de chorume para 9 copos de água).
PASSO 2 – A composteiraEmbaixo do recipiente no qual você vai colocar o material orgânico, deve haver outro que vai “recolher” o chorume. Pode ser uma bacia mais rasa, por exemplo. Ela não pode ficar em contato direto com a lata ou o pote, pois o chorume deve ter um espaço para escorrer. Use um calço – como pedaços de tijolo – para colocar em baixo da lata e deixá-la um pouco mais “alta” em relação à bacia. (A compostagem até pode ser feita em contato direto com o solo, mas neste caso o terreno deve ter boa drenagem e ser inclinado, para que o chorume não acumule em um local só).
PASSO 3 – Hora de colocar o lixoFazer compostagem em casa não é só jogar o lixo orgânico de qualquer jeito e deixar que a natureza faça “o resto sozinha”. Existe um método para viabilizar, facilitar e acelerar a decomposição do material orgânico. O segredo é sobrepor os tipos de resíduos orgânicos, ou seja, o processo é feito em camadas.
O que regula a ação dos microorganismos que vão decompor o material é a proporção de nitrogênio e carbono. Essa relação deve ser de três para um. Ou seja, uma camada de nitrogênio para três camadas de carbono. O que é nitrogênio? É o material úmido (o lixo, em si). O que é o carbono? É matéria seca, como papelão, cascalho de árvore, serragem, folhas secas, aparas de grama e palha de milho. (Se a relação for diferente desta, não significa que não ocorrerá o processo de compostagem, apenas que vai levar mais tempo).
E… pique, pique, pique! Quanto menor estiver o material que você colocar (tanto o seco quanto o úmido), melhor. Comece com uma camada de material seco, depois coloque o material úmido. Depois coloque outra camada de material seco, umedeça-o um pouco e continue o processo. É importante que a última camada (a que vai ficar exposta) seja sempre seca, para evitar mau cheiro. Uma opção é colocar cal virgem por cima. Outro detalhe essencial é: não tampe a composteira. O material orgânico não pode ficar abafado.  Ah, procure sempre manusear a sua composteira com luvas.
O que você pode usar:– Resto de leite;
– Filtro de café usado;
– Borra de café;
– Cascas de frutas;
– Sobras de verduras e legumes;
– Iogurte;
O que você não pode usar:– Restos de comida temperada com sal, óleo, azeite… qualquer tipo de tempero;
– Frutas cítricas em excesso, por causa da acidez;
– Esterco de animais domésticos, como gato e cachorro;
– Madeiras envernizadas, vidro, metal, óleo, tinta, plásticos, papel plastificado;
– Cinzas de cigarro e carvão;
– Gorduras animais (como restos de carnes);
– Papel de revista e impressos coloridos, por causa da tinta.
PASSO 4– Espere, mas cuideDepois que você montou toda a estrutura, é hora de dar tempo ao tempo. A primeira fase é de decomposição, quando a temperatura interna do material que está na composteira pode chegar a 70°C. Isso dura cerca de 15 dias, no caso da compostagem doméstica. Nesse período, o ideal é não mexer. Depois, revolver o material é super importante para fornecer oxigênio ao processo. Essas “mexidas” podem ser feitas de diversas formas: com um “garfo de jardim” ou trocando o material de lugar –  para uma outra lata, por exemplo.
Nesse ponto, você pode se perguntar: mas eu gero lixo orgânico todo dia. Posso jogá-lo na composteira diariamente? Melhor não. Você tem algumas alternativas. O ideal é acrescentar matéria orgânica cada vez que for “mexer” na sua composteira, ou seja, a cada 15 dias, mais ou menos. Nesse intervalo, guarde as suas cascas de frutas, verduras e o resto que for reaproveitável em um potinho na geladeira.
O tempo para ter o adubo final varia em função da quantidade de lixo usado e pela forma como a compostagem é feita. É possível chegar ao final do processo em 2 ou 3 meses. O indicativo de que o húmus (adubo) está pronto é quando a temperatura do composto se estabiliza com a temperatura ambiente. Para saber, use os sentidos: a cor é escura, o cheiro é de terra. E , quando o esfregamos nas mãos, elas não ficam sujas.
(Fonte: Escola de Jardinagem do Parque do Ibirapuera, em São Paulo/SP)

sábado, 18 de junho de 2022

Borra de café: cinco usos que podem ajudar as plantas do SEU jardim

Conheça cinco dicas para dar um destino mais eficiente e sustentável às sobras do café

O café é uma das bebidas preferidas dos brasileiros, afinal, somos o segundo maior consumidor desse estimulante no mundo. Mas além de delicioso, o café também é um ótimo fertilizante para a terra, pois torna o solo mais fértil, rico em nutrientes, contribuindo para o bom desenvolvimento das plantas. Abaixo, listamos cinco fins que você pode dar para a borra do café, que, quando jogada no lixo, se decompõe e libera metano, gás cujo efeito é 20 vezes mais potente que o CO2 no desequilíbrio do efeito estufa (veja mais aqui). Com essas simples atitudes, portanto, você dará uma cara mais bonita ao seu jardim sem agredir o meio ambiente. Confira:
Na fertilização
A borra de café oferece vários nutrientes para o solo, além de proteger (elimina bactérias e outros micro-organismos danosos ao solo) e tornar as plantas mais produtivas. Mas antes de colocá-la na terra, é aconselhável adicionar um pouco de fósforo (farinhas de sangue e ossos ou esterco de aves) e potássio (esterco de outros animais), para que ela não roube o nitrogênio para se decompor, podendo, com isso, criar fungos;
Na compostagem
Com a borra de café adicionada à pilha de compostagem, esta emanará um cheiro mais ameno, ficará mais quente e conservará a umidade. Para maior eficácia, é recomendável adicionar folhas secas, que evitam o mau cheiro, e serragem, para reduzir a umidade (veja mais sobre compostagem aqui);
Como repelente de pragas
Ao usar o repelente químico é preciso considerar que, embora eficaz no combate às pragas, ele tem uma sobrevida maior na terra, pode matar outros insetos que são benéficos para a plantação, além de prejudicar a qualidade da planta. Para evitar esses transtornos, uma boa opção é utilizar a borra de café como repelente, principalmente se você mesmo tiver moído o café - ele se torna ainda mais efetivo no combate às pragas;
Para atrair minhocas
Minhocas adoram borras de café. Por isso, além de grãos de café, adicione restos de alimento e serragem. Desse modo, você convidará uma leva de minhocas para o seu jardim, o que o deixará mais rico em termos nutritivos. Dica preciosa: as minhocas adoram borras de café antigas. O cheiro de fermentação e de mofo é o preferido delas;
Na mudança ou alteração do solo
Se você estiver pensando em construir ou aumentar um canteiro ou ainda em consertar alguma seção do seu jardim, a borra de café é uma boa pedida. O solo e a terra devem ser misturados numa proporção de 50/50. Após efetuar a mistura, espere aproximadamente 60 dias para plantar alguma semente ou vegetal.

fonte; site ecycle

segunda-feira, 12 de abril de 2021

O chorume que polui o ambiente pode ser transformado em adubo orgânico



Célia Guerra
Reportagem Local
A poluição ambiental causada pelo chorume, um dos grandes problemas da suinocultura, agora tem solução. Ele pode ser não só um aliado da agricultura como também um gerador de lucro extra na propriedade. Pesquisa realizada pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) mostra que o chorume (conjunto de fezes, urina, pêlos e água da lavagem dos chiqueiros) pode ser usado como adubo orgânico em áreas de plantio direto. O pesquisador Celso de Castro Filho, coordenador da área de solos do Iapar, está fazendo uma experiência numa propriedade em Palotina (96 km ao norte de Cascavel). Usando chorume ele já conseguiu aumentar a produtividade da soja em 35%.

O pesquisador explica que o uso do chorume como adubo não é recente mas a prática, sem fundamentação da pesquisa e em áreas de plantio convencional, transformou o produto num causador de danos ao solo. Há registros de erosão, perda da capacidade de infiltração da água, contaminação de lençóis freáticos e mananciais. A gordura presente no chorume, cujo teor é elevado, é um dos responsáveis por esses danos.

''A gordura estabelece uma hidrofobia (ação repelente à água) o que diminui a capacidade de infiltração'', destaca Castro Filho. Por isso a recomendação é apenas para o uso em áreas de plantio direto. De acordo com Castro Filho, a palhada de cobertura da terra retém o agente agressor e permite que apenas os nutrientes sejam incorporados ao solo.
Dosagem - A quantidade de chorume a ser aplicada, conforme testes realizados pelo pesquisador, é determinada pelo tipo de solo da propriedade. Devem ser levadas em conta características como a declividade do solo, quantidade de argila, profundidade e distância de lençóis freáticos. A dosagem máxima recomendada para um solo ideal (plano, argiloso, profundo e situado no topo do relevo), é de 90 metros cúbicos por hectare (a experiência usou até 120 metros cúbicos).

''Quando se aplica 90 metros cúbicos de chorume por hectare, a quantidade de nitrogênio é de no máximo 30 quilos, bastante inferior à dosagem contida na adubação química'', compara. Outra vantagem do chorume apontada pela pesquisa é que ele é rico em fósforo, um mineral existente em pequena quantidade nos solos. ''Os dois minerais são importantes nutrientes para plantas'', explica.
Além da riqueza de nutrientes, o chorume tem a vantagem de não agregar custos diretos no seu preparo. O pesquisador cita que a criação de suínos já deve prever a construção de um local, a esterqueira, para acomodação dos dejetos. Para a aplicação no solo o chorume deve ficar em repouso por, no mínimo, 90 dias. Nesse período ocorre naturalmente a fermentação do produto e a morte dos microorganismos danosos ao ambiente, eliminando ainda o mau cheiro.

''O uso do chorume não dá problemas, ou melhor, livra o criador de um problema e dá mais lucratividade'', resume o agricultor Carlos Piovesan, dono da propriedade onde estão sendo realizados os testes, em Palotina. O sítio de 23 hectares tem uma granja para a produção de matrizes suínas, com um plantel de 160 animais. Pela dosagem de chorume recomendada pela pesquisa, o produtor diz que poderia até aumentar o plantel pois a propriedade absorveria todos os dejetos produzidos.
Efeito na soja - Piovesan traz no computador todos os dados da propriedade e diz que o único gasto com o chorume é no transporte e aplicação. Pelos cálculos comparativos ele tem registrado uma economia de R$ 60,00/ha em relação aos gastos que teria com a adubação química. Sobre o aumento da produtividade da soja, o produtor não esconde a surpresa: ''eu não acreditava que pudesse atingir esse índice''.

O agricultor, que estava acostumado a colher 52,5 sacas por hectare, na última safra colheu 70,3 um aumento de 35%. Por se tratar de um experimento, a dosagem de chorume utilizada pela pesquisa foi acima da recomendada. O Iapar acompanhou fazendo análises periódicas do solo.
O único dano registrado na propriedade, segundo Piovesan, foi a compactação do solo nos trechos de circulação do trator que faz o transporte e aplicação do chorume na lavoura. ''Estamos estudando a compra de um equipamento de irrigação para a aplicação do chorume'' diz Piovesan. O suinocultor suspendeu a utilização de adubo químico na propriedade e pretende continuar com a pesquisa ''até quando tiverem interesse''.
Além da propriedade de Palotina, o pesquisador Celso de Castro Filho realiza experimentos semelhantes em Cianorte (80 km a leste de Umuarama) e Marmeleiro (7 km a leste de Francisco Beltrão), regiões com diferentes tipos de terra. Os resultados também são positivos. Em Marmeleiro, região com menor profundidade de solo, a produtividade do milho aumentou em 50 sacas/ha. Já em Cianorte, onde o solo é mais arenoso, os testes ocorrem em área de pastagem. A produção de massa verde foi elevada e linear. Castro Filho diz que ''o pasto bonito, com folhas mais tenras, resultado do uso chorume, é o preferido pelo gado''.

Outra opção de uso do chorume, sugere o pesquisador, é para a produção de humus, como faz um empresário no oeste do Estado (veja matéria ao lado). A dica, entretanto, vale como opção de comercialização para os produtores que possuem muito chorume. ''A melhor opção para os pequenos produtores é utilizar os dejetos na propriedade, um resíduo antes considerado como lixo, mas que pode aumentar a produtividade'', finaliza Celso de Castro Filho. Serviço
Mais informações podem ser obtidas no Iapar - área de solos - com o pesquisador Celso de Castro Filho, telefone (43) 3376-2391 ou e-mail: ccastrof@iapar.br.
fonte: Folha de Londrina, 28/06/03

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Adubação: dicas espertas para você!!


Fonte: jardineiro.net



Existem fertilizantes para cada momento e tipo de planta do seu jardim, horta ou pomar. Conheça-os e saiba utilizá-los na hora certa para o máximo desempenho das suas plantas. Foto de  UGA College
Existem fertilizantes para cada momento e tipo de planta do seu jardim, horta ou pomar. Conheça-os e saiba utilizá-los na hora certa para o máximo desempenho das suas plantas. Foto de UGA College
1. Faça a adubação quando as plantas necessitam dos nutrientes e seja específico com suas necessidades. Durante o crescimento, dê atenção à quantidade equilibrada de nitrogêniofósforo e potássio, para um crescimento vigoroso. Já em momentos como floração e frutificação, leve em consideração a redução do nitrogênio e o aumento de fósforo e potássio, importantes nessa fase.
2. Evite adubar as plantas quando elas entram em dormência, por dois motivos: Elas pouco aproveitam os fertilizante, já que seu crescimento estará naturalmente estagnado, e você evita de colocar dinheiro fora. Mas Raquel, quando as plantas entram em dormência? Geralmente no período frio ou no período seco. Algumas espécies resolvem ser ativas no inverno, florescendo ou frutificando, como algumas orquídeas, a flor de maio, etc. Use a regra geral, mas não esqueça de conhecer as individualidades de cada espécie.
3. Não negligencie a calagem. A correção do pH é primordial para que as plantas possam absorver os fertilizantes do solo. De nada adianta colocar litros de adubo em um solo excessivamente ácido. A absorção será pequena e você vai perder muito dinheiro, já que muitos fertilizantes são rapidamente perdidos para o ambiente. Por isso, antes da implantação e na manutenção de jardins, hortas e pomares, solicite a análise de solo. Ela lhe dá o diagnóstico correto do estado atual do solo, em termos de fertilidade e características físicas, além da necessidade de calcário.
4. Na praia e em outros solos arenosos, acostume-se a fertilizar com mais frequência. Isso acontece por os nutrientes percolam com mais facilidade neste tipo de solo, assim você os perde mais rapidamente para o ambiente.

A flor-de-maio está a todo vapor no inverno. Florescendo com esplendor. Não deixe de fertilizá-la nesta fase. Foto de  Björn Sahlberg
A flor-de-maio está a todo vapor no inverno. Florescendo com esplendor. Não deixe de fertilizá-la nesta fase. Foto de 
Björn Sahlberg
5. A adubação de base pode ser a diferença entre o sucesso e fracasso do plantio e transplante. Enriquecer o solo com uma boa quantidade de matéria orgânica, como esterco de curral bem curtido, e nutrientes próprios para um perfeito desenvolvimento das raízes, como fósforo e potássio, fazem toda a diferença no vigor inicial da planta muitas vezes no seu desenvolvimento final. Deixe para colocar as doses maiores de nitrogênio quando a planta já estiver bem estabelecida, dando sinais de crescimento. Nitrogênio na base pode ser utilizado, mas preferencialmente com adubos de liberação lenta e em quantidades modestas. A chance dele queimar as raízes feridas durante o transplante e as delicadas raízes em formação são grandes.
6. Jamais deixe faltar água às plantas durante o período subsequente à adubação. Elas tendem a acumular os sais dos fertilizante e podem se desidratar facilmente. Irrigando bem, você previne sérios danos às plantas.
7. A adubação ideal é aquela que é gradual e de acordo com a fase da planta, em termos de quantidade e qualidade de nutrientes. No entanto, geralmente os adubos de liberação lenta são caros e sua compra pode ser inviável. Aproveite a capacidade que as plantas tem de armazenar nutrientes em seus tecidos, como o nitrogênio por exemplo e lembre-se disso quando foi fertilizar hortaliças. Não adube se já estiver pensando na colheita. Os altos níveis de nitrogênio acumulados podem ser prejudiciais à saúde de quem consumir folhas e frutos.
8. Sempre aplique os fertilizantes em dose menor ou igual à indicada na embalagem do produto. Principalmente se eles forem adubos ricos em nitrogênio, como uréia, estercos, ou NPK 10-10-10, por exemplo. É muito comum as plantas murcharem e morrerem da noite para o dia, devido à aplicação excessiva de adubos.
9. Os dias nublados são os melhores para fertilizar as plantas. Evita-se a ação do sol intenso sobre as plantas, que ficam sensibilizadas e perde-se menos nitrogênio por volatilização. Da mesma forma, os dias chuvosos provocam grandes perdas de nutrientes, que são carregados pela água.

Um pomar bem nutrido produz em abundância e é mais resistente a doenças. Foto de  Jon RB
Um pomar bem nutrido produz em abundância e é mais resistente a doenças. Foto de Jon RB
10. Jamais utilize estercos frescos ou mal curtidos, assim como restos de alimentos, cascas, diretamente sobre o solo. A fermentação destes materiais produz substâncias que são muito prejudiciais às plantas, podendo queimar a apodrecer raízes e colo. Faça sempre a compostagem destes materiais antes de utilizar, para evitar este tipo de problema e aproveitar melhor os ricos nutrientes que eles contém.
11. A fertilização mal calculada, seja em excesso ou aplicada em dias impróprios, não é somente um desperdício de dinheiro. Os nutrientes perdidos para o ar por volatilização são prejudiciais à camada de ozônio. Da mesma forma, os que são carregados pela água da chuva e regas, podem percolar até os lençóis subterrâneos e contaminar importantes fontes de água potável. Além disso, ainda é bastante comum que cheguem aos cursos de água, como lagos e rios, e provoquem a eutrofização, por crescimento exagerado de algas e plantas aquáticas.

Foto de Samuel
Foto de Samuel

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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Tudo o que você precisa saber sobre adubos!

Casa Campo & CiaJardinagemTudo o que você precisa saber sobre adubos e fertilizantes
 Tudo o que você precisa saber sobre adubos e fertilizantes
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Adubar uma planta é fornecer nutrientes que serão utilizados na produção do alimento que ela precisa. As plantas, diferentemente de nós, produzem seu próprio alimento, que pode aumentar ou diminuir de qualidade e quantidade em função dos nutrientes disponíveis no processo de produção. Quando adubamos uma planta, estamos enriquecendo o solo e disponibilizando um estoque de nutrientes para que o alimento por ela produzido seja de qualidade e possa suprir todas as suas necessidades. Bem nutridas, as plantas nos retribuem com a beleza de suas folhagens e muitas flores e frutos.
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Tipos de adubos

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Químicos ou minerais

Adubos constituídos de compostos químicos inorgânicos, sintetizados em laboratório ou retirados de rochas.
Vantagens: Liberação rápida. Devido à rápida absorção, alguns já podem ser localizados na planta em questão de horas. Baixo custo e alto rendimento.
Desvantagens: Curta duração e risco de queima da planta quando utilizados em excesso ou deixados em contato direto com folhas e troncos.

Orgânicos

São os fertilizantes constituídos de compostos orgânicos de origem vegetal ou animal.
Vantagens: Liberação lenta, alta durabilidade no solo. Além de fornecer nutrientes, a incorporação de matéria orgânica traz uma série de outras vantagens: ajuda a evitar a compactação do solo, que impede a oxigenação e dificulta o desenvolvimento das raízes; ajuda as plantas a absorverem melhor os nutrientes minerais; e serve de alimento para uma série de organismos essenciais para o bom desenvolvimento das plantas, desde minhocas até bactérias diversas.
Desvantagens: Demoram mais tempo para serem aproveitados pelas plantas, uma vez que precisam passar por processos químicos para poderem ser absorvidos. São economicamente inviáveis para culturas com grande necessidade nutricional, como os cereais.
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Principais adubos orgânicos

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Húmus de Minhoca

O húmus é resultado do processamento dos nutrientes presentes no esterco bovino que, depois de passar pelo organismo das minhocas, fica totalmente solubilizado, tornando mais fácil sua assimilação pelas plantas. Rico em matéria orgânica, além de fertilizar, o húmus recupera as características físicas, químicas e biológicas do solo natural, favorecendo, assim, o bom desenvolvimento das plantas.

Esterco

Os mais utilizados são os de gado e de frango. O esterco de gado contém maior quantidade de fibras, o que evita a compactação do solo e ajuda a reter maior quantidade de água. O de frango, por sua vez, é mais concentrado, extremamente rico em nutrientes. Porém, a grande quantidade de alguns elementos aumenta o risco de tornar o solo mais ácido e salino.
Atenção: Todo esterco só deve ser utilizado se estiver curtido, pois o esterco fresco pode queimar as plantas.

Torta de Mamona

É o bagaço que sobra após a retirada industrial do óleo de mamona. Além de ser muito rica em nitrogênio (cerca de 5%) ainda possui ação nematicida (os nematoides são vermes que atacam as raízes das plantas).
Embora excelente para as plantas, ela é extremante venenosa para os animais de estimação. Além da ricina (veneno presente na mamona), há concentrações elevadas de metais pesados como o cádmio e o chumbo.

Farinha de ossos

Resultante da moagem ou autoclavagem de ossos de boi, a farinha de ossos é rica em cálcio, fósforo e matéria orgânica. É muito indicada para utilização em plantas floríferas e no controle da acidez do solo.
Um solo rico precisa apresentar todos os componentes essenciais ao desenvolvimento de uma planta. Alguns desses componentes são necessários em quantidades maiores e são denominados macronutrientes: nitrogênio, fósforo e potássio. Outros, apesar de essenciais nas reações químicas e fisiológicas das plantas, são utilizados em quantidades menores, são os micronutrientes: cálcio, magnésio, enxofre, boro, cloro, cobre, ferro, manganês, zinco e molibdênio.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Adubação de plantios de espécies nativas em Restauração Ambiental

Fonte: site eflora web

Adubação de plantios de espécies nativas em Restauração Ambiental

Bruno Almozara Aranha (contato@mudacerta.com.br)
Introdução e Objetivos do Post
Hoje eu vou escrever sobre um tema que não tem relação direta com a botânica, mas é uma dúvida ou uma dificuldade recorrente entre profissionais que trabalham com restauração da vegetação nativa. Você já deve ter se perguntado sobre:
– Qual é a adubação correta/necessária para plantios de espécies nativas, ou seja, qual é a recomendação de adubação?
A adubação é uma etapa fundamental para o sucesso de qualquer plantio, mas para espécies nativas ainda há muita desinformação (Foto 1). Neste artigo eu vou buscar esclarecer alguns pontos e apresentar algumas fontes relevantes para que você possa tomar a melhor decisão quando se deparara com essa demanda.
Foto 1 – Mudas nativas em desenvolvimento no Viveiro Árvores Brasileiras, integrante do Programa Muda Certa (Fonte: Suzana Aleixo).
Foto 1 – Mudas nativas em desenvolvimento no Viveiro Árvores Brasileiras, integrante do Programa
Muda Certa (Fonte: Suzana Aleixo).
As dificuldades de adubação nos plantios mistos de espécies nativas
Antes de qualquer coisa eu vou delimitar o que eu quero dizer com plantio de espécies nativas. Aqui estamos nos referindo a espécies arbustivo-arbóreas nativas plantadas em consorciação com outras espécies congêneres, compondo um plantio com alta riqueza de espécies, com finalidade de restauração da cobertura vegetal e biodiversidade ou produção de madeira.
Quando falamos “plantio de espécies nativas”, por exemplo, podemos estar nos referindo a um plantio, de mandioca, que é uma espécie nativa plantada em monocultura. E o que eu quero mostrar aqui é que a dificuldade de se ter informações precisas sobre a recomendação de adubação para plantio de espécies nativas é justamente por esse plantio não ser uma monocultura de espécies comerciais.
Uma espécie plantada em uma monocultura com fins comerciais em primeiro lugar é uma espécie domesticada, e a intenção de seu plantio é que ele produza o máximo com o mínimo de adubação. Para isso há diversos estudos para desenvolver a melhor variedade para cada região e a melhor recomendação de adubação. Assim, para essas culturas há uma série de informações que propiciam uma adubação ótima, com recomendações muito precisas para cada tipo de variedade e tipo de solo. Já para o plantio de espécies nativas o quadro é bastante diferente.
As espécies nativas utilizadas para a restauração ou para a recomposição de Reservas Legais com vistas à produção de madeira são variedades selvagens e a intensão, principalmente no caso do plantio de restauração, é que tenhamos a menor mortalidade possível e que as mudas se desenvolvam e recuperem a cobertura vegetal.
Observem que o objetivo não é a máxima produção, ele é bem mais prosaico: que ao menos as mudas sobrevivam! O plantio é, na imensa maioria das vezes, composto por muitas outras espécies e não uma monocultura. Consequentemente, temos plantadas no mesmo espaço espécies selvagens de linhagens evolutivas muito distantes. Como, por exemplo, espécies da família Lauraceae, a família das canelas, e espécies da família Bignoniaceae, dos ipês, cujo último ancestral comum viveu a 179 milhões de anos atrás! Dessa maneira o que menos teremos é uma uniformidade na exigência nutricional.
Outra diferença importante do plantio de espécies nativas é seu objetivo de longo prazo. Para a produção de madeira, o tempo estimado é de 20 a 30 anos e de forma muito mais duradoura, quando queremos restaurar a cobertura vegetal e a biodiversidade. Assim, além de querer reduzir a mortalidade, queremos que as mudas se desenvolvam e que os indivíduos plantados suportem as intempéries climáticas, a herbivoria e as dificuldades nutricionais que virão.
A adubação para plantios de espécies nativas, então, visa dar suporte ao desenvolvimento inicial das mudas e o resto tem que ser com elas mesmas, pois, afinal, elas terão que suportar por conta própria o local onde foram plantadas num processo natural de rustificação. É claro que essa estratégia de adubação pode ser relaxada quando nosso objetivo é produção madeireira. Ou seja, podemos considerar um reforço na adubação para conseguirmos uma melhor produção de madeira, mas mesmo assim a resposta não é rápida e tão direta, porque ainda estamos tratando com variedades selvagens.
Portanto, a adubação para espécies nativas deve levar em consideração que:
i) há uma grande heterogeneidade de exigências nutricionais, pois estamos plantando diversas espécies e cada qual pertencente a uma linhagem evolutiva e com diferentes estratégias de nutrição;
ii) estamos lidando com variantes selvagens, ou seja, não domesticadas e melhoradas para apresentar uma melhor resposta à adubação; e
iii) não estamos visando indivíduos produtivos, mas sim indivíduos rústicos que estejam aptos a suportar as condições ambientais e se estabelecerem permanentemente no local.
Isso posto, fica mais fácil entender o porquê de não existirem muitas recomendações de adubação específicas para o plantio de espécies nativas. O que temos é uma recomendação genérica que visa dar um suporte nutricional inicial para as mudas até que elas consigam “pegar”. Porém, qual é a melhor adubação “genérica” para o meu plantio (Foto 2)?
A seguir, vou dar algumas dicas valiosas sobre nutrição vegetal.
Foto 2 – Plantio compensatório de restauração da cobertura vegetal nativa em Santa Isabel, SP, no domínio Mata Atlântica.
Foto 2 – Plantio compensatório de restauração da cobertura vegetal nativa em Santa Isabel, SP,
no domínio Mata Atlântica.
Conceitos básicos em nutrição vegetal
Existem dois tipos de nutrientes que são essenciais para o desenvolvimento das plantas: os macronutrientes e os micronutrientes; classificados de acordo com a quantidade exigida pelas plantas.
Os macronutrientes são: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S). E os micronutrientes são: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo) e Zinco (Zn).
Todas as plantas precisam desses elementos químicos para se desenvolver, além de, é claro, Carbono (C), Oxigênio (O) e Hidrogênio (H). E por todos serem essenciais, a pequena quantidade ou a indisponibilidade de um só elemento limita o crescimento da planta, independentemente se todos os demais estiverem disponíveis em abundância.
Os macros e micronutrientes estão disponíveis para as plantas no solo, mais precisamente na solução do solo. E essa disponibilidade, ou melhor, o acesso a esses nutrientes pelo sistema radicular das plantas depende da acidez do solo, porque a acidez do solo influencia na Capacidade de Troca Catiônica (CTC). Não vou me estender muito aqui, pois não é o foco do artigo, mas se alguém se interessar sobre o assunto tem mais informações aqui.
O problema é que os solos tropicais são muito ácidos, pois nos trópicos há muita umidade e consequentemente muita lixiviação e intemperismo. Esse processo está associado a uma transformação profunda associado ao desgaste das rochas e dos solos, através de processos químicos, físicos e biológicos. Em outras palavras, os solos tropicais são muito lavados e estão muito alterados física e quimicamente.
Assim, quanto mais ácido o solo, menor a disponibilidade de nutrientes para as plantas. É por isso que dizem que os solos tropicais têm baixa fertilidade.
Então, você pode me perguntar: “Mas se as espécies nativas estão acostumadas a sobreviver em solos de baixa fertilidade, por que elas precisam de adubação então”?
Na verdade funciona assim: a maior parte da nutrição das espécies arbustivo-arbóreas vem da camada superficial do solo. Essa camada está coberta pela serrapilheira, que são folhas e demais restos vegetais em decomposição. É esse o processo de decomposição dos restos vegetais que disponibiliza os nutrientes para as plantas.
A ciclagem de nutrientes entre planta/solo/planta é regido através dos ciclos biogeoquímicos e são eles que permitem florestas tão exuberantes em solos tão inférteis. É por isso, também, que a avaliação da camada de serrapilheira é um indicador muito importante para se classificar o estágio de regeneração das florestas J. Veja mais nas Resoluções CONAMA disponíveis para a classificação do estágio de sucessão de vegetação de cada Estado aqui!
No entanto, áreas em restauração com plantio de mudas não possuem camadas de serrapilheira formadas e, então, parte do ciclo biogeoquímico se encontra em ruptura na sua dinâmica. Dessa forma, devemos fornecer nutrientes pela via da adubação para as espécies arbustivo-arbóreas que plantamos. E, portanto, a adubação é necessária porque vai fornecer o suporte nutricional até que a vegetação se desenvolva ao ponto de iniciar a ciclagem nutricional e se tornar autossustentável. O que acontece mais ou menos quando há o fechamento das copas no caso de ecossistemas florestais.
Embora quando tratamos de um plantio de espécies nativas estamos lidando com uma grande heterogeneidade de espécies e de exigências nutricionais, é possível organizar a exigência nutricional em dois grupos: pioneiras e não pioneiras. As espécies pioneiras, de crescimento mais rápido, são aquelas que demandarão maiores quantidades de nutrientes nos anos iniciais de desenvolvimento da vegetação em restauração.
Ao passo que para as não pioneiras a demanda é mais distribuída ao longo do tempo. Dessa maneira, a adubação deve prever o suporte nutricional para os dois grupos, visando um alto consumo inicial pelas pioneiras e evitando a perda ou a imobilização de nutrientes que faltarão quando a demanda das não pioneiras aumentar.

Recomendações básicas de adubação nos diferentes domínios de vegetação do Brasil
Mata Atlântica
A referência clássica para a recomendação de adubação para espécies nativas da Mata Atlântica é:
Gonçalves, J.L.M.; Raij, B. van e Gonçalves, J.C. Florestais. In: Raij, B. van; Cantarella, H.; Quaggio, J.A. e Furlani, A.M.C., eds. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômico e Fundação IAC, 1996. p. 247-259.
Essa referência, entretanto, é um capítulo de livro, por isso não está disponível facilmente.
Para a nossa sorte, o professor Leonardo Gonçalves escreveu praticamente o mesmo texto em 1995 e essa publicação está disponível aqui. Recomendo que leia essa publicação na integra, pois estão apresentadas a fórmula para a recomendação de calagem (aplicação de calcário) e a tabela de referência com intervalos de valores dos parâmetros obtidos na análise do solo e a respectiva recomendação da quantidade de nutrientes que deve conter na adubação.
As tabelas de recomendação diferem entre as duas publicações, dessa forma vou reproduzir, mais abaixo, as tabelas de recomendação da publicação de 1996.
Visto tudo isso, vamos para o passo a passo da adubação. A primeira coisa que se deve fazer é uma análise do solo. Existe disponível na internet diversos manuais de como se fazer a análise de solo, esse aqui apresenta as informações de maneira bem sucinta e clara. A análise do solo é que vai indicar quais os parâmetros para sabermos a quantidade de nutrientes que devemos ter nos adubos.
Com os parâmetros da análise de solo nas mãos, o próximo passo é fazer a calagem. Aplicar calcário na área tem dois objetivos:
  1. i) reduzir a acidez, e assim aumentar a disponibilidade dos nutrientes e
  2. ii) aumentar a saturação por bases do solo (chamada de V%), fornecendo mais Ca e Mg para as plantas.
A indicação é aplicar um tipo de calcário chamado dolomítico, pois ele possui um teor maior de Mg. Geralmente os valores de calcário aplicados giram em torno de 1,5 a 2,5 toneladas por hectare, mas podem chegar até 3,0 toneladas por hectare. A calagem deve ser feita por toda a área ou somente nas linhas de plantio, sem a incorporação no solo e em um dia sem chuva.
Após 30 dias, tempo necessário para que a calagem alcance os seus objetivos, iniciamos a adubação junto com o plantio das mudas. A adubação deve ser feita ao redor dos berços (ou covas, como preferir) também em um dia sem chuva. Os principais componentes do adubo são o Nitrogênio (N), o Fósforo (P) e o Potássio (K) e sempre associado às formulações vem o Enxofre (S). O N, P e K possuem comportamentos diferentes no solo.
O P é facilmente imobilizado, isso quer dizer que ele muito facilmente se torna indisponível para as plantas. Já o N e o K são muito voláteis e, assim, são facilmente lixiviados. Você se lembra de que na adubação para espécies nativas nós temos que prever as demandas para as espécies pioneiras e não pioneiras? Para isso, a recomendação de adubação prevê o fornecimento de quantidades de nutrientes que não serão aproveitadas de imediato e vão ficar no solo a espera do consumo das plantas.
Porém, como o N e o K são muito voláteis se toda a quantidade recomendada fosse aplicada de uma vez só haveria muita perda desses nutrientes. Por isso a adubação é dividida em duas etapas: a adubação de base e a adubação de cobertura. A adubação de base é realizada antes do plantio e a adubação de cobertura, que pode ser dividida em mais aplicações, é executada depois das mudas plantadas.
Na adubação de base são aplicados 100% do P e de 20 a 40% de N e K. Consequentemente, na adubação de cobertura são aplicadas doses de 80 a 60% do N e K recomendado de acordo com a análise do solo. O que vai definir as doses da adubação de cobertura é a quantidade de chuva que tem a região.
Quanto mais chuvosa for a região menor e mais dividida serão as doses da adubação de cobertura. Por outro lado, quanto mais operações de adubação mais caro ficará o plantio. Dessa maneira, recomenda-se a divisão da adubação de cobertura em duas etapas. A primeira em três meses após o plantio e a segunda em seis meses após o plantio.
Vamos fazer um exemplo, considerando um plantio de restauração da cobertura vegetal e biodiversidade no domínio Mata Atlântica e utilizando as espécies florestais nativas desse domínio.
Após a análise do solo na profundidade de 0 – 20 cm encontramos os seguintes resultados:
V% = 35;
CTC a pH 7 = 75 mmol.dm-3;
Teor de Matéria Orgânica (M.O.) = 14 g.dm-3;
Teor de P = 4 mg.dm-3;
Teor de K = 0,5 mmol3.dm-3; e
Teor de argila no solo = 20%.
Conforme o mencionado, o primeiro passo é fazer a calagem. Na prática a calagem visa aumentar o V% para 50%. Para saber a quantidade de calcário para isso devemos aplicar a seguinte fórmula:
N.C. = [T x (V2 – V1) x p] / (10 x PRNT)
Onde:
N.C. – Necessidade de calcário (t.ha-1);
T – Capacidade de Troca de Catiônica (CTC) a pH 7 em mmol.dm-3;
V2 – Saturação por Base do solo desejada;
V1 – Saturação por Base encontrada no solo;
p – Fator de profundidade de incorporação do calcário no solo: 1,0 para 0 – 20 cm; e 1,5 para 0 – 30 cm;
PRNT – Poder Relativo de Neutralização do calcário (fornecido pelo fabricante do calcário).

Assim, dado PRNT = 85%:
N.C. = [79 x (50 – 35) x 1] / (10 x 85) => 1.185 / 850 => N.C. = 1,39 t.ha-1 ou 1,5 t.ha-1

De acordo com as tabelas de recomendação, temos:
Tabela 1. Recomendação de adubação com Nitrogênio (N) de acordo com o teor de Matéria Orgânica (M.O.) no solo. Adaptado de Gonçalves et al. 1996.
Dose de N Teor de Matéria Orgânica (M.O.) no solo (g.dm-3)
0 – 15 16 – 40 > 40
kg.ha-1 60 40 20

Tabela 2. Recomendação de adubação com Fósforo (P) de acordo com o teor de argila e de P disponível no solo. Adaptado de Gonçalves et al. 1996.
Teor de argila no solo Teor de Fósforo (P) por resina no solo (mg.dm-3)
0 – 2 3 – 5 6 – 8 > 8
% Dose de P205 (kg.ha-1)
< 15 60 40 20 0
15 – 35 90 70 50 20
> 35 120 100 60 30

Tabela 3. Recomendação de adubação com Potássio (K) de acordo com o teor de argila e de K trocável no solo. Adaptado de Gonçalves et al. 1996.
Teor de argila no solo Teor de Potássio (K) trocável no solo (mmol3.dm-3)
0 – 0,7 0,8 – 1,5 > 1,5
% Dose de K2O (kg.ha-1)
< 15 50 30 0
15 – 35 60 40 0
> 35 80 50 0

Dose N = 50 kg.ha-1; Dose P = 70 kg.ha-1; e Dose K = 60 kg.ha-1.
Portanto, nesse exemplo para a adubação de espécies nativas florestais do domínio Mata Atlântica devemos fazer a calagem do solo com 1,5 toneladas de calcário dolomítico por hectare e aplicarmos, por hectare:
– 180 kg de adubo;
– 50 kg de N,
– 70 kg de P e
– 60 kg de K.
Sendo que o N e o K devem ser parcelados em três adubações: a de base (40%) e as duas de cobertura (60%). Também se recomenda a aplicação, na adubação de cobertura, dos micronutrientes Boro (B) e Zinco (Zn) nas concentrações de 0,3 e 0,5% ou 0,33 e 0,55 kg.ha-1.

Cerrado
No caso do Cerrado a lógica de adubação voltada para vegetações florestais não se aplica. Embora os solos do Cerrado sejam tão inférteis como os solos florestais, a quantidade de nutrientes acumulada na biomassa é muito diferente entre uma floresta e uma savana.
Assim, o ciclo biogeoquímico é distinto entre as fisionomias abertas e as florestais. Ademais, as espécies típicas do Cerrado são adaptadas à alta toxidade de Alumínio (Al) existente no solo. Algumas espécies chegam a absorver grandes quantidades de Al no seu processo nutricional.
Dessa maneira, procedimentos de correção do solo via calagem quando se deseja restaurar a vegetação original do Cerrado é um erro grosseiro. Da mesma maneira, é um erro introduzir espécies florestais em locais onde a fisionomia é savânica. Esse é um dos motivos de se escolher a Muda Certa para os locais apropriados!
As espécies típicas do Cerrado possuem menor exigência nutricional do que as espécies florestais. Então não há necessidade de doses cuidadosas de nutrientes. A recomendação é que a adubação seja feito com adubos orgânicos (esterco curtido ou lodo de esgoto), sobretudo em locais com solos arenosos. A matéria orgânica dos adubos orgânicos em solos arenosos irá contribuir com a formação de agregados no solo e isso contribui como o aumento na CTC e, consequentemente, no aumento da disponibilidade de nutrientes para as plantas.
Outro detalhe importante. Quando se trata da restauração do Cerrado, muitas vezes a melhor opção não é plantar mudas, mas sim conduzir e estimular a regeneração natural. Contudo, como nem sempre é possível contar somente com a regeneração natural, a restauração deve ser executada somando o potencial de regeneração natural com a introdução de espécies nativas.
Desconheço publicação que apresente recomendação de adubação para espécies do Cerrado como há para as espécies da Mata Atlântica. No entanto, essas publicações aqui e aqui recomendam utilizar de 20 a 30% do volume do berço de adubos orgânicos ou uma combinação de adubação orgânica com adubação química, utilizando 2,5 litros de esterco curtido com 200g de adubo formulado NPK 4-14-8 por berço.

Amazônia e Caatinga
Também desconheço publicações semelhantes a existente para recomendação de adubação para espécies da Mata Atlântica voltada para espécies dos domínios Amazônico e da Caatinga.
No entanto, como a Amazônia é um ecossistema parecido com a Mata Atlântica, as mesmas recomendações de adubação podem ser utilizadas sem prejuízo. Por outro lado, a Caatinga é um ecossistema que apresenta solos com razoável fertilidade. Por conta da baixa precipitação típica do clima semi-árido, os solos da Caatinga são menos intemperizados que os demais solos tropicais. Dessa maneira, esses solos não são muito ácidos, possuem argilas mais reativas as quais permitem uma maior CTC e, assim, maior disponibilidade de nutrientes.
O maior estresse das plantas da Caatinga não é nutricional, é hídrico. Infelizmente não tenho informações seguras para compartilhar a respeito de adubação para plantio de espécies nativas da Caatinga. Caso você conheça compartilhe conosco no campo dos comentários!

Considerações finais
Com esse artigo, eu espero ter ajudado você a compreender melhor essa atividade tão fundamental para a restauração que é a adubação.
Há muitos outros assuntos para abordar sobre esse tema, tais como: a regulação da CTC, como são as perdas de nutrientes, o papel das micorrizas na absorção de nutrientes e etc. Se trabalhássemos esses temas aqui, o artigo ficaria mais extenso do que já está. A ciência do solo é uma disciplina muito interessante que tem bastante relação com a botânica, vale a pena dar uma aprofundada nesse tema.
Espero, também, que tenha ficado clara a importância de se considerar as espécies corretas para a restauração da vegetação nativa. Ou seja, plantar espécies da Mata Atlântica na Mata Atlântica, espécies de Cerrado no Cerrado e assim por diante. Apenas as espécies originais do domínio têm as adaptações necessárias para se estabelecer no ecossistema que se deseja restaurar.
Introduzir espécies da Mata Atlântica para restaurar uma área de Cerrado pode até trazer bons resultados iniciais – quando aplicado todos os procedimentos de adubação – mas no longo prazo o projeto está fadado ao insucesso.
Dessa maneira, além de saber como executar um projeto de restauração é importante a fase do diagnóstico inicial, no qual é importante saber reconhecer qual formação vegetal e fitofisionomia se enquadra a área que se deseja restaurar. É importante um conhecimento botânico das espécies que você vai introduzir na área para não introduzir espécies erradas.
Para auxiliá-lo(a) nessas etapas, o portal eFlora e o Curso “O Segredo da Identificação de Plantas” são excelentes oportunidades para você saber mais sobre caracterização da vegetação e identificação de plantas. E no âmbito do portal eFlora há iniciativas correlatas bem aplicadas à Restauração Ambiental, como o Programa Muda Certa, o qual auxilia viveiros florestais e restauradores a selecionar as espécies mais indicadas, com identificação adequada e revisada pela equipe especializada, para serem introduzidas no local que se deseja restaurar.

Leituras recomendadas
Gonçalves, J.L.M.; Raij, B. van e Gonçalves, J.C. Florestais. In: Raij, B. van; Cantarella, H.; Quaggio, J.A. e Furlani, A.M.C., eds. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômico e Fundação IAC, 1996. p. 247-259.
Haridasan, M. Nutritional adaptations of native plants of cerrado biome in acid soils. Brazilian Jornal of Plant Physiology. 20(3): 188-195, 2008.
Neto, A.E.F.; Siqueira, J.O.; Curi, N. e Moreira, F.M.S. Fertilização em reflorestamento com espécies nativas. In. Gonçalves, J.L.M e Benedetti, V. eds. Nutrição e fertilização florestal. Instituto de Pesquisas Florestais, Piracicaba, 2000. p. 351-353.
Toledo, M.C.M.; Oliveira, S.M.B. e Melfi, A.J. Intemperismo e formação do solo. In: Teixeira, W.; Toledo, M.C.M.; Fairchild, T.R. e Taioli, F., eds. Decifrando a Terra. Oficina de Texto, São Paulo, 2000. p. 139-166.

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