segunda-feira, 9 de junho de 2014

Restos de alimentos viram adubo



A adubação dessas hortas é feita de forma limpa, sem o uso de agrotóxicos, com fertilizantes naturais oriundos de composteiras formadas com restos de alimentos das próprias casas. “É privilégio ter acesso a esse tipo de alimento, especialmente em termos de segurança alimentar, pois o agricultor sabe o que produz e como”, afirma Claudinei Moisés Baldissera, da Emater. 
Baldissera cita exemplos do RS, que tem tradição nesse tipo de cultivo, com o desenvolvimento de alimentos de cadeias curtas, com redução de perdas e gastos energéticos. As sementes são quase sempre crioulas. Muitos optam pela utilização de mudas. “Assim são criadas hortas comunitárias acessadas por moradores”, observa.

Projeto promove inclusão social em áreas urbanas



No bairro Mathias Velho, o maior de Canoas (RS), a população demonstra como a cooperação pode trazer excelentes resultados. Uma horta comunitária de apenas um hectare é utilizada por cerca de 100 famílias, que conseguem produzir alimentos saudáveis e garantir sua soberania alimentar.
A horta conta com produção de alimentos bastante diversificada: hortaliças, leguminosas e grãos, como o milho. Uma parcela é utilizada pelas famílias da Associação Horta Comunitária União dos Operários, que foi fundada há mais de 20 anos por moradores do bairro. Cada família integrante possui o seu canteiro na horta e é responsável pela sua manutenção.
Outra parte do espaço é utilizada por beneficiários do Programa Bolsa Família. “No caso deste grupo, o trabalho é realizado de maneira conjunta e os alimentos são repartidos entre todos, de forma coletiva”, detalha técnico da Emater de Canoas, Roberto Schenkel. O projeto é conveniado com a Prefeitura. 
De acordo com a assistente social e coordenadora do projeto da horta comunitária, Genildes da Silva Paim, geralmente são as mães que ajudam no plantio. “O trabalho em conjunto resulta em uma alimentação mais balanceada para as famílias, além de diminuir suas despesas”, diz. O excedente da produção é comercializado em feiras de economia solidária e, no fim do ano, o valor arrecadado é dividido ou investido em atividades para o benefício de todos.

Produção sustentável ocupa pouco espaço e harmoniza ambiente




As hortas domésticas aproveitam pequenos espaços e mantêm o equilíbrio ambiental. Com esse enfoque, técnicos da Emater/RS ensinam a preparar hortas e a utilizar o Sistema de Produção Agroecológica Integrada Sustentável (Pais). 
O Pais propõe a integração entre hortaliças, frutas, plantas condimentares e aromáticas, plantas alimentares não convencionais e animais. Dessa forma, é possível que, com a introdução de galinhas no sistema, seja utilizado o esterco como adubo. Além disso, a produção de diferentes hortaliças gera menos dependência de insumos vindos de fora da propriedade, o que diminui a ocorrência de pragas, diversifica a produção, incentiva a prática sustentável e permite a produção em harmonia com os recursos naturais. 
O aproveitamento de espaços também permite que qualquer pessoa possa ter uma horta doméstica. É preciso escolher um local arejado e ensolarado. O cultivo pode ser feito em vasos, jardineiras, pneus ou canos de PVC, com 30 cm de diâmetro, cortados ao meio. No caso das hortaliças, elas precisam de, no mínimo, cinco horas diárias de luz solar, por isso devem ficar próximas a janelas ou varandas. 

Indicação - As hortaliças com raízes curtas são as mais indicadas, como alface, coentro, cebolinha, salsa, pimentão, couve-folha, tomate-cereja e morango. Após a semeadura, é necessário que se tenha alguns cuidados com a umidade da terra (verificar todas as manhãs e controlar para que não esteja nem seco, nem encharcado), verificar se há presença de insetos e acompanhar o desenvolvimento das plantas. Segundo a nutricionista da Emater/RS, Leonice Maria Kreutz, o objetivo é trabalhar a segurança alimentar e a sustentabilidade. “É preciso saber o que estamos comendo, como é produzido, se é sem agrotóxico ou não, e se é um alimento limpo e preparado de forma saudável”, destaca.

Trabalho é multidisciplinar



Nas cidades, ainda existem famílias de baixa renda e em situação de insegurança alimentar e nutricional que buscam melhor condição de vida com o apoio da Emater. Uma das saídas são as hortas. Elas contribuem para a subsistência da família, com produtos frescos e saudáveis, e funcionam como terapia ocupacional. O trabalho multidisciplinar dos escritórios também envolve cursos, oficinas, receitas fáceis e cartilhas educativas sobre alimentação saudável, higiene e aproveitamento integral dos alimentos. Em feiras, como a Expointer, a Emater mantém espaço cativo detalhando forma de cultivos, insumos, compostagem e outras informações para hortas urbanas.
Para as famílias beneficiadas, não tem nada melhor que ter uma horta do lado da porta de casa. O que não é consumido, é distribuído ou até levado para vender. “Uma das principais vantagens da horta doméstica é o aproveitamento de qualquer espaço e, dessa forma, a produção de alimentos saudáveis, sem a presença de agrotóxicos”, frisa o extensionista da Emater Mário Jesus Padilha.

CORREIO RIOGRANDENSE 23 DE ABRIL


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