quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ana Primavesi, precursora da agroecologia no Brasil, completa hoje 93 anos.


COPIADO DO BLOG ORGÂNICOS BRASIL

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ana primavesi
Captura de tela do vídeo “Vida na Terra”, da Lavoura Produtora em parceria com a AAO
Hoje, dia 3 de outubro, a engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi faz 93 anos. Mesmo já tendo vivido tudo o que viveu, a dra. Ana Primavesi e seus ensinamentos sobre vida no solo e agroecologia continuam apontando para uma direção: o futuro.
Nunca toda a ciência que elaborou, observando a interação entre micro-organismos nos solos tropicais, seus minerais e vegetais, e a necessidade de preservar a vida dos solos, esteve tão atual e premente.
Vários dos seus ensinamentos e pesquisas, que lançaram as bases da agricultura orgânica tropical, são, de tão irrefutáveis, cada vez mais absorvidos até pela chamada agricultura convencional. Esta agricultura, aliás, na visão da dra. Ana Primavesi, não deveria ser “convencional”, já que suas práticas – baseadas principalmente no uso de adubos químicos e agrotóxicos – têm por volta de cem anos no máximo, enquanto a humanidade se alimentou por milhares de anos da agricultura orgânica, que privilegia a manutenção da vida plena no solo, o equilíbrio do ecossistema e a produção de plantas saudáveis e que, por isso, têm defesas naturais contra pragas e doenças.
“Antigamente só existia orgânico, em 5 mil anos todo mundo se alimentou de orgânicos. A Revolução Verde todo mundo sabia que foi feita pela indústria, e não pela agricultura. Porque os agricultores não se interessaram por isso. As indústrias é que se interessaram em vender seus produtos”, declara a dra. Ana, no vídeo feito pela Lavoura Produtora em parceria com a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), Vida na Terra.
Nos livros da dra. Ana – entre eles os mais difundidos estão “Manejo Ecológico do Solo” e “Cartilha do Solo” -, vários ensinamentos são tão simples e óbvios e ao mesmo tempo tão poderosos que nos obrigam a refletir por que, afinal de contas, a agricultura tomou o rumo que tomou, com degeneração do solo, desertificação, assoreamento dos rios, envenenamento do meio ambiente, das pessoas e dos animais com produtos químicos e a produção de plantas altamente dependentes de agrotóxicos e pobres em nutrientes.
E aí caímos novamente no que a dra. Ana cita no vídeo Vida na Terra, sobre a atual forma de se fazer agricultura em larga escala: “Não podemos mais deixar simplesmente essas políticas existirem. Porque o que as políticas vão querer? Cada vez mais dinheiro. Só.” E continua: “Temos de tentar fazer uma agricultura cada vez mais natural. Voltar para os tempos antigos, onde nós tínhamos agricultura natural. Porque hoje em dia a gente pensa: ah, tem muita gente, precisa de muita química para produzir mais. Mas se a terra está boa, não precisa tanto. Só que a terra está cada vez pior, então eu vou precisar de cada vez mais químico para poder produzir.” Simples assim.
Abaixo,  alguns trechos do livro Cartilha do Solo, de Ana Maria Primavesi:
“O combate de pragas e doenças elimina os sintomas, mas não controla as causas. Causas não se combatem, mas se previnem. É absolutamente contraproducente trabalhar com um solo doente e plantas doentes e, depois, tentar evitar que pragas e doenças as ataquem. Uma planta está doente antes de ser atacada e continua doente mesmo quando o parasita está morto: tanto faz se foi morto por um agrotóxico, um ‘caldo orgânico’ ou um inimigo natural. Todos controlam somente o parasita, mas não curam a planta.”
“… insetos e micróbios são somente a ‘polícia sanitária’ do nosso planeta, sendo programados através de enzimas e substâncias inacabadas, que circulam na seiva sem uso e destino. A natureza considera uma planta destas como doente, e tudo que é doente tem que ser exterminado. (…) Os parasitas (…) somente atacam uma planta quando ela constitui um perigo para a continuação da vida (…) Sabe-se que fungos, bactérias, vírus e insetos são ligados a deficiências minerais.”
Sobre isso, a dra. Ana Primavesi sempre repete que a agricultura convencional trabalha com no máximo sete nutrientes – os chamados macronutrientes, providos pelos adubos químicos – nitrogênio, fósforo e potássio -, e alguns poucos micronutrientes, “quando uma planta precisa de no mínimo 45 nutrientes para ser saudável”, costuma repetir a agrônoma.
Eis mais um trecho do livro:
“Solo doente = planta doente. De solos decaídos, doentes, não se pode esperar culturas sadias. Culturas doentes, que são atacadas por parasitas, têm sempre um valor biológico baixo…(com o uso de agrotóxicos) a folha (de palma de santa rita, no caso) é limpa da ferrugem, porém o campo magnético da planta mostra uma perda violenta de energia, o que significa que a planta está gravemente doente, embora sem um ataque parasita, que está sendo ‘controlado’. O controle de parasitas não cura a planta, somente a mantém limpa.”
E, finalmente:
“As plantas são saudáveis somente quando conseguem formar todas as substâncias a que são capacitadas geneticamente. Neste caso, o produto vegetal é de alto valor biológico, por ser integral. O produto de uma planta deficiente e, consequentemente, doente, é de valor biológico baixo. O homem que se nutre com estes alimentos também não é saudável, mas doente de corpo e de espírito, por isso, existem tantas doenças, físicas e mentais, especialmente as depressivas.”

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